Prévia do material em texto
Embriologia do Fígado Hepatogênese O fígado se origina do endoderma do intestino primitivo anterior (duodeno). A diferenciação do fígado acontece no 22º dia, durante o fechamento do corpo do embrião, pela proliferação das células endodérmicas na extremidade distal do intestino primitivo em sua região anterior – formando a placa hepática. Essa placa origina o divertículo/broto hepático, que vai determinar a forma do órgão no final de todo o processo. O mesênquima que participa da formação do fígado é derivado do mesoderma intermediário (septo transverso) ou lateral (cardiogênico). O divertículo hepático origina os dutos biliares extra-hepáticos, a vesícula biliar e o pâncreas ventral. Estas estruturas podem ser reconhecidas em embriões na 5º sem. O epitélio da placa hepática se organiza a partir de um epitélio colunar em um pseudoestratificado com influência dos genes Homeobox Hex (Hhex ou Hex). Quem tem esse gene silenciado, não apresenta desenvolvimento do broto hepático. Existem também o HNF-4, importante para as modificações bioquímicas e morfológicas para a formação do tecido hepático. As células epiteliais da placa hepática perdem suas características adesivas e migram pelo mesênquima ate o septo transverso, formando o divertículo hepático e suas ramificações (cordões hepáticos). Nesses cordões tem-se os hepatoblastos (hepatócitos), que já expressam gene para produção de albumina e alfa-fetoproteína. A expressão dessas proteínas depende da FoxA e HNF-4. O armazenamento de glicogênio e produção de enzimas para a síntese de ureia começam precocemente. Os cordões hepáticos mantem contato com o mesoderma esplâncnico do septo transverso, que ajuda no crescimento e proliferação das células. O fator de crescimento hepático HGF (produzido pelas cel. mesodérmicas é fundamental nesse processo. As células nobres ou hepatoblastos se diferenciam em colangiócitos (formam o revestimento dos ductos biliares intra- hepa ́ticos) por meio da sinalização de HNF-6, da ativação da via de sinalização do fator de crescimento TGF-b e de NOTCH e, da expressão de SOX-9. Neste processo, os hepatoblastos formam a placa ductal ao redor da veia porta, formando alças celulares que constituem o duto biliar. As células do duto biliar sa ̃o denominadas de colangiócitos; a rede de dutos é componente intra-hepático do sistema de dutos biliares. As células hematopoiéticas, de Kupffer e o estroma (que sustenta o órgão) se originam do mesoderma do septo transv. e do esplâncnico. Embriologia do Fígado Os cordões hepáticos estão entrelaçados com os capilares (primórdios dos sinusoides hepáticos). Os capilares mais tarde se ligarão às veias vitelínicas. Os sinusoides são os 1ºs vasos a se formarem, surgindo do mesênquima pró- epicárdico e do septo transverso, de onde vai surgir células entreladas que armazenam vit. A e residem no espaço de Disse entre os hepatócitos e o endotélio sinusoidal. Após o nascimento, são ativadas e atuam modulando a circulação sinusoidal, contribuindo para a fibrose hepática. O fator de crescimento endotelial (VEGF), responsável pelo crescimento dos capilares sinusoides, é produzido pelos hepatoblastos, hepatócitos e células hematopoiéticas. Os hepatócitos continuam a proliferar até o final do desenvolvimento pós- natal por mecanismos auto ́crinos. A partir dai ́, as células requerem fatores de crescimento externos como o EGF e o fator de crescimento hepático (HGF). As células hepáticas penetram o mesoderma do septo transv., a conexão entre o divertículo hepático e intestino anterior se estreita, formando o ducto biliar. Essa formação se inicia pelo espessamento da base do divertículo e que, depois, evagina, formando o divertículo cístico, que originará vesícula biliar e ao duto cístico. Com o crescimento de suas estruturas, o fígado extrapola os limites do septo transverso e se projeta para a cavidade abdominal, sendo recoberto externamente por uma camada translúcida deste tecido conjuntivo, que forma a cápsula hepática. O septo transverso que se localiza entre o fígado e a parede ventral do corpo, em forma de foice, conforme o ligamento falciforme, e o que fica entre o fígado e o intestino anterior formara ́ o omento menor; em conjunto, estas estruturas sa ̃o designadas de mesentério ventral. A superfície cranial hepática permanece sem cobertura conjuntiva e é denominada de superfície nua do fígado. Esta regia ̃o mantém o contato com o septo transverso original, que da ́ origem ao tendão central do diafragma. Embriologia do Fígado Por volta da 10º semana de desenvolvimento, o fígado inicia suas funções hematopoiéticas. Ilhas de células hematopoiéticas (inicialmente oriundas do saco vitelino e posteriormente das regiões aórtica, gonadal e mesonéfrica) colonizam a região entre os hepatócitos e seus vasos circunjacentes para produzir células sanguíneas: hemácias e leucócitos. A bile começa a ser produzida no embrião, por volta da 12º sem de desenvolvimento. Formada da quebra da hemoglobina, a bile corre pelo sistema de dutos biliares recém-formados e se acumula na vesícula biliar. Sua liberação no duodeno da ́ um tom verde-escuro ao conteúdo intestinal (a cor característica do mecônio). Mesentério: formado pelas dobras do peritônio que suspendem os órgãos da parede abdominal posterior. O mesentério leva feixes neurovasculares através de sua gordura, entre as camadas peritoneais, para suprir os órgãos. Possui fibras elásticas. Formado por tecido conjuntivo denso extraperitoneal, vasos sanguíneos, nervos e gânglios linfáticos. • Mesentério do estômago: mesogástrio dorsal primitivo é a parte que une o estomago e o duodeno ao fígado e à parede ventral da cavidade abdominal. Mesogástrio: região do abdome situada entre as regiões epigástrica e hipogástrica, região média do abdome. Bolsa omental: é um espaço oco que é formado pelos omentos maior e menor e seus órgãos adjacentes. Formado por duas camadas de peritônio que se fundiram. - MAIOR: cobre a superfície anterior do intestino delgado. Se origina do duodeno proximal e da curvatura maior do estômago. - MENOR: se estende superiormente, indo da curvatura menor do estômago e duodeno proximal para o fígado. Células do Fígado - Hepatócitos: células capazes de sintetizar proteínas, usadas tanto para exportação como para sua própria manutenção. São os hepatócitos as células responsáveis pelas funções biológicas do fígado, como a metabolização de algumas substâncias (como o álcool etílico, e a maioria das drogas) e a produção da bílis. O hepatócito também é responsável pela conversão de compostos não- glícidos (Lactato, Aminoácidos e Glicerol) em glicose, por meio de um processo enzimático chamado gliconeogênese. - Células de Kupffer: células que recobrem, junto com o as células endoteliais típicas, as placas hepatocelulares. São capazes de fagocitar substâncias estranhas presentes no sangue dos seios hepáticos, sangue esse que chega até os sinusóides pela veia porta. Possui muitos lisossomos para cumprir sua função como célula fagocitária e um núcleo grande e oval. É envolto por fibras reticulares. São células descontínuas e permitem a passagem do plasma aos hepatócitos. São macrófagos encontradas na superfície luminal das células endoteliais, cuja principais funções são: metabolizar eritrócitos velhos, digerir hemoglobina, secretar proteínas relacionadas com os processos imunológicos e destruir bactérias que eventualmente penetre no sangue portal a partir do intestino grosso. Além disso, são diretamente ligadas a certas patogenias, já que são células do sistema reticular-endotelial, funcionam como células de defesa, e sua deficiência ou morte causam patologias associadas a essa células. - Hepatoblastos: possuem um núcleo grande basofílico com pouco citoplasma. Após a formação do broto hepático (BH) e a migração dos hepatoblastosdo intestino anterior para formar cordões em direção ao septo mesenquimal transverso, as células dentro do ambiente hepático embrionário se organizam para uma segunda diferenciação celular. O BH é constituído por células-tronco bipotenciais, os hepatoblastos, células capazes de extensiva proliferação e subsequente diferenciação em células do ducto biliar e hepatócitos. Funções do Fígado ® produção de bile - hepatócitos. Embriologia do Fígado ® síntese do colesterol; ® conversão de amônia em ureia; ® desintoxicação do organismo; ® síntese de protrombina e fibrinogênio; ® destruição das hemácias; ® síntese, armazenamento e quebra do glicogênio; ® emulsificação de gorduras no processo digestivo – bile. ® lipogênese, a produção de triacilglicerol (gorduras); ® armazenamento das vitaminas A, B12, D, E e K; ® armazenamento de alguns minerais como o ferro; ® síntese de albumina (osmolaridade do sangue); ® síntese de angiotensinogênio; ® reciclagem de hormônios; - hematopoese. Regeneração Hepática A regeneração do fígado é processo que envolve hiperplasia (aumento do número de células) e hipertrofia (aumento do volume celular ou do conteúdo proteico na fase pré-replicação). O processo de regeneração é dividido em três fases: - Inicia-se quando os hepatócitos adquirem a capacidade de replicação. - Fase de proliferação: período no qual o número de células hepáticas aumenta buscando uma quantidade adequada para a restituição da função. - Fase de terminação: período em que a divisão celular é encerrada, após atingir o volume de células necessárias para restituição da função. A perda de unidades funcionais do fígado promove estímulo para proliferação celular visando à restauração da massa original ou necessária para a homeostase. Reconhecendo como um evento onde ocorre o crescimento tecidual altamente ordenado e organizado; sendo os hepatócitos os primeiros a se proliferar. Todas as células hepáticas (hepatócitos, células endoteliais, de Kupffer, de Ito e ductais) proliferam para substituir a perda do tecido hepático. O proto-oncogene c-jun foi recentemente relacionado como agente essencial para diferenciação do hepatócito fetal, parecendo exercer um importante papel na proliferação celular hepática. O c-fos é requerido na fase posterior da proliferação celular, mas não na fase inicial do processo, enquanto que o c-ras é expresso tardiamente, durante o período de síntese de DNA e mitose, entre 24 a 36 horas após a cirurgia4,18. Três dias após a HP, 80% da síntese de DNA ocorre na proximidade do Espaço Porta, indicando que os hepatócitos localizados no ácino hepático replicam o DNA mais precocemente que aqueles próximos à veia centrolobular; ou seja : o processo regenerativo ocorre predominantemente nas regiões mais próximas do Espaço Porta. Em seguida a sua origem, no chamado compartimento proliferativo, o hepatócito migra em direção á veia centro-lobular, de forma que as células jovens tendem a se localizar na periferia do lóbulo, enquanto as mais velhas são encontradas com maior frequência na região central. Durante essa trajetória, o hepatócito desempenha atividades metabólicas diferentes, de acordo com o grau de maturação. As células jovens desempenham gliconeogênese, enquanto a glicólise é realizada mais frequentemente por células mais antigas. Embriologia do Fígado