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Anatomia do Pâncreas Gabriela Wosniak Cavaletti Localização: Órgão retroperitoneal alongado (atrás do estômago) e transverso na parede posterior do abdome, entre o duodeno à direita e o baço à esquerda. Abrange as regiões abdominais epigástrica, hipocôndrio esquerdo e uma porção da umbilical. A cauda do pâncreas não é retroperitoneal. Partes Externas: cabeça, apófise unciforme, colo, corpo, cauda. Internas: ducto pancreático principal (de Wirsung), ducto pancreático acessório (de Santorini). Vasos sanguíneos Artérias pancreaticoduodenal, esplénica, gastroduodenal e mesentérica superior. Inervação Parassimpática: nervo vago (NC X). Simpática: nervos esplâncnicos maior e menor. Drenagem Linfática O pâncreas ajuda na drenagem linfática, já que sua região tem muitos linfonodos. Vasos linfáticos pancreaticoduodenais e linfáticos pilóricos. Partes do Pâncreas - Ducto Pancreático: Atravessando todo o parênquima pancreático, desde a cauda até à cabeça, encontra-se o ducto pancreático principal (de Wirsung). Ele junta-se ao ducto biliar na cabeça do pâncreas para formar o ducto hepatopancreático, a ampola de Vater. Este ducto desemboca na parte descendente do duodeno através da papila duodenal maior. O fluxo através da ampola de Vater é controlado por um esfíncter muscular liso, chamado esfíncter de Oddi (hepatopancreático). Ele também previne o refluxo de conteúdo duodenal para o ducto hepatopancreático. As partes terminais dos ductos pancreático principal e biliar também têm esfíncteres (controle dos fluidos pancreáticos). A cabeça é a parte medial dilatada do pâncreas. Ela encontra-se em contato direto com as partes descendente e horizontal do duodeno, formam um C em torno da cabeça do pâncreas. A apófise unciforme projeta-se inferiormente a partir da cabeça e estende-se posteriormente em direção à artéria mesentérica superior. Continuando lateralmente a partir da cabeça encontramos o colo, que liga a cabeça ao corpo do pâncreas. Posterior ao colo estão a artéria e a veia mesentéricas superiores e a origem da veia porta hepática - formada pela união das veias mesentérica superior e esplénica. A parte do pâncreas que se encontra lateral ao colo é o corpo, que consiste em duas superfícies (anterior e posterior) e dois bordos (superior e inferior). O colo está localizado anteriormente à vertebra L2, e forma o pavimento da retrocavidade dos epíplones (bolsa omental). A aorta, a artéria mesentérica superior, os vasos renais esquerdos, o rim esquerdo e a glândula suprarrenal esquerda estão localizados posteriormente ao corpo do pâncreas. Finalmente, a cauda (intraperitoneal) é a última parte do pâncreas. Ela está relacionada com o hilo do baço e encontra-se no ligamento esplenorrenal, juntamente com os vasos esplénicos. Medidas O comprimento varia de 12,5 a 15 cm e seu peso na mulher é de 14,95 g e no homem 16,08 g. Anatomia do Pâncreas Gabriela Wosniak Cavaletti Funções - Dissolver carboidrato (amilase pancreática); - Dissolver proteínas (tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastase); - Dissolver triglicerídeos nos adultos (lípase pancreática); - Dissolver ácido nucleicos (ribonuclease e desoxirribonuclease). As células alfa libertam glucagon, as células beta insulina e as células delta produzem somatostatina. Acinos e Ilhotas de Langerhans - Acinos: glândulas serosas acinares (tubuloacinares). São as unidades secretoras do pâncreas. São formadas por epitélio simples. Cada acino tem células acinares piramidais. Produzem enzimas digestivas e, por isso, tem muito RER e complexos de Golgi. Seu citoplasma é bastante basofílico, com grânulos de zimogênio. Grânulos de zimogênio são grandes organelas secretoras, onde as células acinares guardam suas enzimas inativas, chamadas de zimogênio ou pró-enzimas. Após estimulados, os zimogênios são ativados e as células acinares liberam suas secreções por exocitose. Durante a exocitose, o grânulo se funde à membrana celular e expele o seu conteúdo no lúmen do ácino. - Ilhotas de Langerhans: produzem e secretam hormônios que regulam a glicose, os lipídeos e o metabolismo das proteínas. Essas ilhotas são demarcadas do resto do parênquima por uma delicada rede de fibras reticulares. As células das ilhotas estão conectadas entre si por desmossomos e gap junctions, formando um cordão celular. As ilhotas são permeadas por capilares fenestrados, que permitem a rápida entrada dos hormônios pancreáticos no sangue. Possui as células A, B, D E PP e estão presentes em maior quantidade no corpo e cauda. Canal de Wirsung Libera no intestino o suco pancreático. Reforçado por paredes de tecido conjuntivo. Vai da cauda à cabeça, também chamado de ventral. Os dois canais vão desembocar na bile e, depois, para o duodeno. Possui ramos laterais delgados em seu interior. Desses ramos, partem canais ainda mais finos (canais interlobulares). Esses últimos ramificam- se em canais intercalares – formam os acinos. Canal de Santorine Está na cabeça do pâncreas. Também pode ser chamado de dorsal. É um canal acessório, situado abaixo do canal de Wirsung, que complementa a função drenadora do canal Wirsung. Produção de Suco Pancreático O suco pancreático contém água, enzimas e grandes quantidades de bicarbonato de sódio. O pH do suco pancreático oscila entre 8,5 e 9. Sua secreção digestiva é responsável pela hidrólise da maioria das moléculas de alimento, como carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucléicos. No suco existem enzimas capazes de atuar no processo de digestão, como: tripsina, amilase pancreática e lipase pancreática. É um suco viscoso e incolor. O suco pancreático inativa a pepsina do estômago, assim as enzimas podem atuar no intestino delgado. Atua na digestão de carboidratos, através da amilase pancreática; na digestão de proteínas, através de enzimas como a quimotripsina, tripsina e caboxipeptidase; e na digestão de triglicerídeos gorduras neutras, ácidos graxos e glicerol, através da lipase pancreática. A produção do suco pancreático é controlada por três etapas: - Pelo sistema nervoso parassimpático (é responsável pelo aumento das secreções e da motilidade do tubo digestivo, por isso vai aumentar a secreção pancreática) e pelo neurotransmissor Acetilcolina; - O hormônio secretina que é secretada no duodeno e no jejuno; - O hormônio colecistocinina que é secretada no intestino delgado. O suco pancreático possui três níveis de secreção: Fase cefálica: Quando o individuo se alimenta, alguns fatores, como o aroma do alimento, o sabor, geram impulsos nervosos que promovem o funcionamento do pâncreas. O parassimpático vai atuar no estômago e vai estimular as enzimas pancreáticas e o bicarbonato, o sistema nervoso Anatomia do Pâncreas Gabriela Wosniak Cavaletti também irá estimular a gastrina e, através da secretina, a água e o bicarbonato, no duodeno. Fase gástrica: Logo após a ingestão do alimento a produção do suco pancreático aumenta gradualmente, por cerca de três horas, primeiramente desencadeiam impulsos parassimpáticos por nervos até o pâncreas; Fase intestinal: Quando o alimento chega ao intestino delgado estimula a produção do hormônio colecistoquinina e com o pH ácido, devido ao ácido do estômago, acontece a estimulação da secretina e o bicarbonato. O sistema nervoso parassimpático potencia os anteriores e aumenta a secreção do suco pancreático. O suco pancreático percorre do pâncreas ao duodeno através do ducto pancreático. O hormônio secretina estimula a produção de um suco rico em bicarbonato e pobre em enzimas, enquanto o hormônio pancreosina irá estimular a produção de um suco rico em enzimas e pobre em bicarbonato. Insulina: produção e ação A insulina é produzida pelas células beta do pâncreas, pela porção exócrina. É importante regulador da glicose no sangue. Estimula o armazenamento da glicose em formade glicogênio e gordura (produção de energia). - Ação da insulina: prepara o organismo para uma fase de jejum prolongado. Aumento da captação de glicose por tecidos não hepáticos. Diminuição da lipólise (degradação de lipídios). Inibição da produção de glicose no fígado. Aumento da síntese de glicogênio. Aumento da captação de glicose pelo tecido adiposo e consequente aumento na produção de triglicerídeos. Inicia pela ligação ao receptor de membrana plasmática, que ocorre com alta especificidade e afinidade, provocando mudanças que desencadeiam reações modificadoras do metabolismo da célula-alvo, constituindo uma resposta celular. Imediatamente após uma refeição rica em carboidratos, a glicose absorvida para o sangue causa secreção rápida de insulina. A insulina, por sua vez, faz a pronta captação, armazenamento e utilização da glicose por quase todos os tecidos do organismo, mas em especial pelos músculos, tecido adiposo e fígado. - Receptor de Insulina: é formado por uma proteína heterotetramérica, composta por duas subunidades α e duas subunidades β, que atua como uma enzima alostérica na qual a subunidade α inibe a atividade tirosina-quinase da subunidade β. Este receptor está presente em praticamente todos os tecidos dos mamíferos, mas suas concentrações variam desde 40 receptores nos eritrócitos circulantes até mais de 200.000 nas células adiposas e hepáticas. A ligação da insulina à subunidade α, localizada no meio extracelular, permite que a subunidade β adquira atividade quinase levando a alteração conformacional e autofosforilação, que aumenta ainda mais a atividade quinase do receptor. Glucagon É um hormônio secretado pelas células alfa das ilhotas de Langerhans quando a concentração da glicose cai, tem diversas funções que são opostas às da insulina. A mais importante dessas funções é aumentar a concentração da glicose sanguínea, efeito que é oposto ao da insulina. Age no fígado, quebrando o glicogênio (estoque de glicose do fígado) em moléculas de glicose, e essa glicose é levada para o sangue para normalizar a taxa de açúcar no sangue. Ativa a conversão de aminoácidos em glicose (gliconeogênese) e quebra a gordura armazenada (triglicérides) em ácidos graxos para uso como combustível pelas células.