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História da alimentação Senac João Luiz Maximo da Silva Alimentação no Ocidente O desenvolvimento do padrão alimentar ocidental (Grécia e Roma) Cultura alimentar no mundo clássico Principal característica Comida como domínio da civilização em oposição à barbárie CULTURA Três aspectos: COMENSALIDADE COZINHA/DIETÉTICA TIPOS DE ALIMENTOS Comensalidade O homem civilizado não come apenas para matar a fome, mas, sobretudo, para transformar a ocasião em um ato social e simbólico Comer juntos com regras Banquete como ato de civilização Convivium As pessoas ficavam estendidas em divãs com a comida colocada em pequenas mesas ao lado Poucos pratos. Comia-se com as mãos Carne- Sacrifício (oferecida aos deuses) Variedade, personalização, flexibilidade e moderação. Banquete grego vaso século IV a.C. Simposium Rito onde os convivas bebem vinho após o banquete. Papel sagrado do vinho. O vinho era misturado à água de acordo com o grau de embriaguez desejado- Controle e moderação São as regras que verdadeiramente definem a especificidade do banquete ‘civilizado’ (convivium e simposium) COZINHA E DIETÉTICA Relação entre alimentação e saúde Objetivo: Manter o equilíbrio do corpo ou recuperá-lo com os alimentos. DOENÇAS Desequilíbrio entre os humores, cuja causa principal seria as alterações devidas aos alimentos, os quais, ao serem assimilados pelo organismo, dariam origem aos quatro humores. Teoria dos Humores ELEMENTO QUALIDADE HUMOR CENTRO REGULADOR ESTAÇÃO DO ANO TEMPERAMENTO ÁGUA frio e úmido fleuma cabeça inverno fleumático TERRA frio e seco bile negra baço outono melancólico FOGO quente e seco bile amarela fígado verão colérico AR quente e úmido sangue coração primavera sanguíneo Temperança Conceito hipocrático-galênico: Temperar não é o mesmo que “dar gosto ou aroma” Temperar é harmonizar o homem com o alimento e o cosmo Temperar é equilibrar (fazer corresponder de modo compensatório) os humores das coisas e do organismo humano Equilíbrio Os alimentos deveriam compensar humores insuficientes ou corrompidos Os médicos procuravam nos alimentos as mesmas características dos humores. Cozinha como forma de correção e transformação da natureza dos alimentos Tipos de Alimentos Cereais (trigo, cevada, espelta e milhete) 80% do aporte calórico Maza (papa de cevada) Puls (papa de espelta) Pão Leguminosas (favas, grão de bico, lentilha, ervilhas) Alimentos BAIXO CONSUMO DE CARNE Peixes e frutos do mar em áreas costeiras Aves e porcos Boi- utilizado como animal de tração na lavoura Pastoreio: animais de pequeno porte (cabras, ovelhas) Queijo (Não utilizavam manteiga) Vinhas e oliveiras PÃO –VINHO - AZEITE Organização dos alimentos para consumo como sinal de civilização Desinteresse pela natureza inculta. Valorização dos vegetais cultivados (cereais, uvas, oliva, etc.) Alimentos preparados pelo homem como símbolo da Cultura e Civilização em oposição aos bárbaros Pão - vinho – azeite X Carne - leite - gordura Sistema de alimentação mediterrâneo: Valorização da agricultura: vegetais (farináceos, pão, vinho, azeite, verduras). Complementado por um pouco de carne e queijo. Sistema alimentação bárbaros (norte): Valorização da floresta, criação selvagem nos bosques (porcos), carne, leite, cidra, cerveja, manteiga, toucinho. Império Romano Herdeiros dos gregos, os romanos buscaram preservar a mesma atitude com a alimentação. Importância do PÃO Cereais, (principalmente trigo) Leguminosas Peixes e frutos do mar Suínos Aves (frangos e ovos) Queijos (ovelha e cabra) Pulmentum- mistura de diferentes cereais (polenta) Banquete romano Banquete romano Banquete Os romanos não tinham a mesma cultura do banquete que os gregos. Banquete era uma obrigação social Mulheres participavam do banquete Comiam e bebiam no banquete. O vinho era importante mas não tinha o caráter ritualístico dos gregos. Os romanos reprovavam gula e avareza no banquete Oposições Prandium- refeição leve Cena- banquete Legumes Carne De pé Deitado Restauração Prazer Estômago Gula Frugalidade Luxo Solidão Sociabilidade Cotidiano Festa Idade Média (476 d.C- 1453) Carne X Pão Convivência de duas tradições alimentares: Cristã (Greco-romana): pão, vinho e azeite Germânica (bárbaros): carne, leite e gordura Abstinência A igreja Católica tinha grande influência nos hábitos alimentares; o consumo de carne foi proibido por um terço de ano para a maior parte dos cristãos, principalmente durante a Quaresma e durante jejuns. Moderação: greco-romano Comilança: bárbaros Abstinência/comilança: Catolicismo Cristãos Sacralização do pão, vinho, e azeite que eram a base da alimentação de gregos e romanos. Controle do comer com regras e modos à mesa. Jejum Preservação do conhecimento gastronômico nos mosteiros. Hortas, pomares, criação de animais, refinamento dos queijos e produção de bebidas. Doçaria nos conventos Bárbaros Bárbaros Dessacralização da carne que se torna alimento cotidiano Carne como símbolo de nobreza Derivados de leite (manteiga) Gordura Excesso de bebida e comida Banquete medieval Primazia da carne Importância das hierarquias- posição à mesa Destaque para os aspecto visual (cores e formas) nas preparações culinárias Comiam sentados em cadeiras/mesas Não havia pratos nem talheres- Uso de pranchas de madeira ou de massa; facas e colheres; recipientes para acondicionar a comida (tigelas, travessas, etc.) Alimentação medieval Pão e cereais (mingau e massas)- o pão de trigo branco para os nobres e o pão preto de centeio para os camponeses Sopas: Essencial na alimentação medieval. Vegetais (camponeses) e Carne (nobres) Vegetais (camponeses) Carne: porco e frango Alimentos e classes sociais ELEMENTOS A GRANDE CADEIA DO SER SOCIEDADE FINAL DA IDADE MEDIA FOGO ANIMAIS MITOLÓGICOS AR AVES Águia, falcões e pássaros de grandes altitudes Pequenos pássaros Capões, galos e frangos Patos, gansos e outras aves aquáticas RICOS PODEROSOS ÁGUA PEIXES Frutos do mar [VITELO, BOI, CARNEIRO, PORCO] PEQUENOS E MÉDIOS BURGUESES MERCADORES ORDENS RELIGIOSAS TERRA PLANTAS Árvores frutíferas Plantas herbáceas (espinafre, couve, etc.) Raízes (cenoura, nabo, etc) Bulbos (cebola, alho, etc) POBRES DO MEIO URBANO CAMPONESES EREMITAS Tacuinum Sanitatis Repolho Natureza: quente em primeiro grau, seca em segundo grau Optimum: frescos e carnudos Utilidade: remove obstruções Perigos: faz mal ao intestino Neutralização dos perigos: consumir com muito óleo. Perdizes Natureza: moderadamente quente Optimum: gordas Utilidade: fazem bem às pessoas convalescentes Perigos: fazem mal àqueles que executam trabalhos pesados Neutralização dos perigos: cozinhá-las com farinha levedada Leia o texto abaixo para responder a pergunta “No sistema de valores elaborado pelo mundo grego e romano, o primeiro elemento que distingue o homem civilizado das feras e dos bárbaros (que estão eles próprios ainda próximos do estado animal) é a comensalidade.(...) ‘Nos não nos sentamos à mesa para comer – lemos em Plutarco – mas para comer junto’.(...) Mas são as regras que verdadeiramente definem a especificidade do banquete ‘civilizado’.” (FLANDRIN, J.L.; MONTANARI, M.. História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998, p. 108-117) De acordo com o texto, quais eram as características do banquete grego que eram valorizadas na antiguidade. (a) A importância do pão, vinho e azeite, como símbolo dos deuses que estavam presentes durante o Convivium (b) A ideia de luxo e status representada pelos molhos, como o garum que utilizava especiarias vindas de váriaspartes do mundo (c) O destaque para a fartura do banquete como sinal de distinção entre os gregos civilizados e os bárbaros. (d) A importância da carne como elemento principal dos gregos, representativo dos deuses e das classes dominantes durante o banquete (e) O controle no momento de beber e comer era um sinal de civilização para os gregos, simbolizado no ato de misturar água ao vinho durante o Simposium. Segundo o antropólogo Richard Wrangham, “cozinhar nos tornou humanos”. Explique a importância do uso de ferramentas e do fogo na alimentação humana e o impacto na definição da espécie humana e do ato de cozinhar.