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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA 1 RELATÓRIO DA AULA PRÁTICA 10 ESCOAMENTO EM TUBULAÇÕES: MEDIÇÕES E CÁLCULO DE PERDAS DE CARGA Aluna: Larissa Cavalcante Ribeiro Professor: Eliane Medeiros Turma: QC 04/11/19 Recife/PE 2 INTRODUÇÃO Em sistemas de distribuição de fluidos, existem os condutos, que podem ser classificados como livres e forçados. Nos condutos livres, o fluido escoa devido a força gravitacional e apresenta superfície livre; já os condutos forçados tem seções transversais fechadas e o fluido em seu interior escoa devido à diferença de pressão interna e externa. Em sistemas industriais, na maioria das vezes são utilizados os condutos forçados, sendo de grande interesse a medição de grandezas que podem reduzir o desempenho desses sistemas. É nesse contexto que surge a perda de carga, que é alvo de estudo da engenharia química e visa quantificar as perdas de energia em escoamentos tubulares devido a efeitos de atrito. A perda de carga surge do atrito do fluido com as paredes do conduto, entre as camadas internas do fluido (observa-se o perfil não-pistonado de velocidades) e devido à mudança de direções provocadas por acessórios presentes no sistema de distribuição. Assim, ocorre uma perda de energia, que é dissipada em outras formas de energia: sonora, térmica, dentre outras. Assim, verifica-se que é de grande interesse para um engenheiro o estudo e avaliação da perda de carga, de forma a esclarecer e sedimentar na prática os conhecimentos adquiridos em seu perfil curricular. OBJETIVO Na prática em questão os objetivos estabelecidos foram: • Medir a perda de carga nas restrições do sistema de escoamento apresentado com fluido compressível; • Calcular e pesquisar parâmetros relativos aos três tipos de partículas de recheio e fluido utilizados na prática; • Calcular a perda de carga segundo a Equação de Ergun e compará-las com os valores obtidos experimentalmente; • Fazer análises da perda de carga em função da velocidade. METODOLOGIA EXPERIMENTAL MATERIAIS 3 Os materiais e equipamentos utilizados na prática estão descritos na Tabela 1. Tabela 1- Materiais e equipamentos Material Quantidade Cilindro de ar comprimido 01 Regulador de pressão para o cilindro 01 Cronômetro 01 Solução de detergente diluída > 20 mL Manômetro diferencial em U Rotâmetro 01 01 Bolhômetro Proveta 10 mL Balança analítica 01 01 01 PROCEDIMENTO 1. Massa Específica • Em uma proveta de 10 mL adicionar água destilada e aferir este volume (V0); • Pesar em uma balança analítica uma quantidade conhecida de recheio (mc); • Adicionar essa massa de recheio na proveta contendo a água destilada com volume previamente medido; • Anotar o novo volume (Vf) na proveta com a massa de recheio adicionada e calcular sua massa específica; • Repetir o processo para o outro recheio. 2. Perda de Carga • O tubo cilíndrico foi preenchido com o recheio e conectado no sistema; • Um pouco da solução de detergente foi colocada no bolhômetro e a saída acoplada na saída da tubulação; • A válvula de regulagem foi aberta e uma pressão foi ajustada; • A pressão foi medida no manômetro em U e o tempo que uma bolha levava para percorrer a distância do bolhômetro; • Então esse procedimento foi repetido mais 4 vezes para outras vazões de entrada; • O recheio foi trocado e o procedimento foi repetido. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nessa prática foi realizado o estudo da perda de carga no escoamento de ar comprimido em um tubo recheado com três tipos diferentes de recheio: esferas plásticas pequenas (A), carvão (B) e esferas plásticas maiores (C). Primeiramente, foram realizadas medições de materiais importantes para o experimento, como das dimensões do bolhômetro, da coluna e realizados os cálculos de seus volumes e área transversal, esses dados estão listados na Tabela 2 a seguir: Tabela 2 – Dimensões do tubo e bolhômetro utilizados no experimento Coluna Bolhômetro L [m] D [m] Área transversal [m2] L [m] D [m] Volume de medição [L] 0,92 0,0106 8,825.10-5 0,211 0,0384 0,244363 Com relação aos recheios, foram obtidas suas massas específicas aparentes (ρa), dispostas na Tabela 3, a partir de seus dados de massa e volume deslocado em água (∆V), utilizando a Equação 1. 𝜌𝑎 = 𝑚𝑅 ∆𝑉 (Eq. 1) Tabela 3 – Dados para o cálculo da massa específica aparente dos recheios Partícula Maferida[g] ∆V[mL] ρaparente[g/mL] Esfera de sílica pequenas 2 1 2 Esfera de sílica grandes 2,02 2,167 0,932 Carvão 2 1,5 1,333 As partículas do recheio de esferas de plástico pequenas tiveram seu diâmetro médio de 2 mm e as esferas de sílica grandes 4,6 mm (Esses dados foram obtidos pela medição do diâmetro de uma amostra de 10 esferas). Já o diâmetro para a partícula de 5 recheio de carvão foi obtido pelos seus dados de análise granulométrica, na qual teve diâmetro no intervalo entre 1,680 e 2,830 mm, resultando em um diâmetro médio de 2,255 mm. Para o cálculo da perda de carga, faz-se necessário o valor da porosidade do leito (ϵ), que por sua vez é obtida por meio das Equação 2 𝜖 = 𝑉𝑇 − 𝑉𝐶 𝑉𝑇 (Eq. 2) Onde: 𝑉𝑇 = 𝜋𝐷2 4 𝐿 𝑉𝐶 = 𝑚𝑅,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝜌𝑎 Fazendo uso da massa total de recheio utilizado no tubo e do volume total interno do tubo (dado pelo produto entre a sua área transversal e comprimento) 8,119.10-5 m3. Esses dados estão na Tabela 4. Tabela 4 – Porosidade do leito e massa total no tubo para os três recheios Recheio ϵ Massa total no tubo [g] Esferas de sílica pequenas 0,211 128,15 Esferas de sílica grandes 0,595 40,02 Carvão 0,498 54,32 Agora, iremos calcular a vazão de gás oxigênio no processo, pois ela não é constante. A avaliação dela é dada por uma média da vazão de entrada (Qentrada) fornecida pelo rotâmetro e a que ela sai, a vazão de saída (Qsaida), medida através do deslocamento de uma bolha entre dois pontos numa coluna. A vazão de saída pode ser calculada pela Equação 3. 6 𝑄𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 = 𝑉𝑡𝑢𝑏𝑜 [𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 = 0,244𝐿] 𝑡 (Eq.3) 𝑄𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = 𝑄𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 + 𝑄𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 (Eq. 4) Como a vazão de entrada é fornecida pelo rotâmetro, apenas, calculou-se a vazão de saída, através dos tempos obtidos para cada vazão de entrada e se calculou a vazão média pela Equação 4. Para o cálculo da velocidade do gás utiliza-se a Equação 5. 𝑣𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = 4. 𝑄. 𝜀 𝜋. 𝐷² (Eq.5) De posse de tais dados, restam apenas os dados de viscosidade (μ) e massa específica (ρ) para o ar (fluido utilizado na prática) nas condições de operação de 300K e 1 atm, apresentados na Tabela 5. Tabela 5 – Dados para o ar a 300K e 1 atm μ.107 [(N.s)/m2] ρ [kg/m3] 184,6 1,1614 Com esses parâmetros, valores das velocidades medias do gás e os diâmetros em conjunto com a porosidade exibidos na Tabela 4, utiliza-se a equação de Ergun (6) para o cálculo teórico da perda de carga, para cada velocidade, nesse processo. ∆𝑃 𝐿 = 150(1 − 𝜀)² 𝜀³ 𝜇𝐺𝑣𝐺 𝑑𝑃 2 + 1,75(1 − 𝜀) 𝜀³ 𝜌𝐺𝑣𝐺 2 𝑑𝑃 (Eq.6) Onde: 𝜇𝐺 é a viscosidade do gás; dp é o diâmetro da partícula; 7 vG é a velocidade superficial do gás; 𝜌𝐺 é a massa específica do gás. Os valores calculados a partir das equações acima estão listados na Tabela 6 a seguir: Tabela 6 – Resultados de Perda de Carga experimental e teórica, vazões, velocidade e ∆h medido Recheio Vazão Rotâmetro [L/h] Vazão experim. [L/h] Velocidade [m/s] ∆P [Pa] experimental ∆P [Pa] Ergun (teórica) Esferas de sílica pequenas 50 48,3368 0,009522511 3,7 25,3323 75 70,9501 0,013977387 2,3 37,18350 100 98,9632 0,019496051 3 51,86459 130 129,779 0,025566808 2,2 68,01439 150147,158 0,028990516 8,9 77,12235 Esferas de sílica grandes 50 48,0955 0,009474965 3,7 25,20588 75 72,3940 0,01426185 2,3 37,94025 100 96,4107 0,018993201 3 50,52688 130 131,111 0,02582934 2,2 68,71280 150 147,435 0,02904522 8,9 77,26788 Carvão 50 47,4348 0,009344813 0,2 16,95139 75 72,3571 0,014254576 0,2 25,85765 100 98,8905 0,019481735 0,2 35,33966 130 133,553 0,026310461 0,1 47,72689 150 146,608 0,028882356 1,2 52,39229 A tabela acima apresenta as perdas de carga, referentes a esferas de sílica de dois tipos diferentes (diâmetros distintos), em função da velocidade do gás. A primeira perda de carga em dada de acordo com o que foi visualizado no monômetro já a segunda perda (teórica) foi calculada a partir da equação de Ergun. Nota-se comparando os valores das perdas de carga a não aproximação do valor experimental com o teórico, invalidando a equação de Ergun na determinação de perda de carga neste caso. Temos que os erros são todos próximos de 50% ou maiores para os sólidos de menor diâmetro e muito próximos a esse valor para os sólidos de maior diâmetro, comprovando a invalidez da equação de Ergun nesse caso. Porém, podemos observar que o comportamento gráfico de ambos é similar com o carvão, porém diferente com as sílicas, principalmente nas vazões 75L/h,100L/h e 130L/h. A partir dos dados da Tabela 6 foram construídos os gráficos abaixo (Figura 1 e 2) a fim de relacionar a perda de carga experimental e teórica para cada um dos recheios. 8 Figura 1-Perda de carga experimental em função da velocidade do gás para diferentes recheios Figura 2- Perda de carga teórica em função da velocidade do gás para diferentes recheios Os gráficos acima são similares no aspecto que relaciona a perda de carga com a velocidade, pois em ambos a perda de carga aumenta com o aumento da velocidade, salvo alguns pontos. Nota-se a grande diferença das perdas entre as partículas de sílica, isso se dá pelo fato delas possuírem diâmetros diferentes. CONCLUSÃO Com a presente prática foi possível perceber e analisar o comportamento de um sistema com relação à perda de carga devido à presença de recheio com diferentes tamanhos de partícula, bem como pela variação na velocidade do fluido em escoamento. Verifica-se que os resultados obtidos experimentalmente estão coerentes, no geral, com 0 2 4 6 8 10 0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 ∆ P [c m H 2 O ] Velocidade media [m/s] ∆P(pratico) x Velocidade Silica 1 Carvao Silica2 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 ∆ P [c m H 2 O ] Velocidade media [m/s] ∆P(Ergun) x velocidade Silica 1 Carvao Silica2 9 o comportamento previsto pela Equação de Ergun (Equação 6) embora com valores consideravelmente distantes devido a erros de operação e falhas no sistema estudado. REFERENCIAS FOX, R. W; McDONALD, A. T; Introdução à Mecânica dos Fluidos. Trad. de Alexandre Matos de Souza Melo. 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006; INCROPERA F. P., et al; Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa. Rio de Janeiro: LTC, 2008. SARMENTO, Sandra Maria; SOBRINHO, Maurício A. da Motta. Escoamento em tubulações industriais, fluido incompressível. Departamento de Engenharia Química, UFPE, Recife, 1998.