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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.1 Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Resumo Este trabalho aborda as possibilidades de promoção de práticas pedagógicas participativas na educação infantil com base em conceitos de agência (Qvortrup, Corsaro e Honig, 2009) e participação (Sarmento, Fernandes e Tomás, 2007). Buscamos verificar como a participação das crianças era viabilizada e considerada pelos educadores em suas práticas pedagógicas. A metodologia utilizada foi a de investigação participativa (Soares, 2006) que posiciona os sujeitos da pesquisa como co‐construtores de novos conhecimentos. As conclusões apontam que os adultos, ao não escutarem as vozes das crianças, demonstram uma concepção de infância em que os sujeitos desta categoria geracional são vistos como incapazes de colaborar na construção de seus conhecimentos e tomar decisões. Além disso, esta negação à escuta das crianças está, também, vinculada a organização da escola, como instituição social hierárquica de submissão daqueles que “sabem menos” aos que “sabem mais”. Este cenário influencia negativamente a postura das professoras frente às possibilidades de práticas emancipatórias (Rancière, 2010). Por fim, observa‐se que estratégias de intervenção via formação em contexto pode ser um caminho viável para uma mudança do papel docente na Educação Infantil. Palavras‐chave: Docência – Participação – Formação continuada – Educação Infantil Queila Almeida Vasconcelos Universidade Federal do Rio Grande do Sul queilalmeida@hotmail.com Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.2 X A nped Sul A vida na escola e a escola vivida A motivação desta pesquisa parte de duas inquietações principais, a primeira é fundamentada no desejo de vivenciar uma escola das infâncias. Uma escola em que as crianças sejam efetivamente protagonistas e possam entre pares e com os adultos partilhar descobertas, vivências e experiências. Uma escola que tenha sentido para crianças e adultos. Enfim, uma escola que tenha “vida”, ou seja, um espaço permeado por desejos e medos, singularidades e coletividades, desafios e conquistas construídos diariamente nas relações entre os sujeitos que ali habitam. Sabemos que “os discursos sobre a infância não são homogêneos, há várias formas de narrá‐los e eles estão vinculados aos tempos e espaços” (Richter e Barbosa, 2011) e a partir disso surge a segunda inquietação: apesar dos discursos1 dos educadores posicionarem as crianças como sujeitos de direitos, capazes de participar das tomadas de decisões na escola e nos outros âmbitos da vida social, por que na prática, essas concepções não se efetivavam? Considerando a escola como uma instituição política é preciso esmiuçar todos os enredos que a constituem e as implicações desta organização para a vida das crianças. Os autores da sociologia da infância, Manuel Jacinto Sarmento, Natália Fernandes e Catarina Tomás (2006, p. 183) afirmam que As políticas públicas têm efeitos geracionais diferenciados.[...] Similarmente, a intervenção dos vários grupos e categorias populacionais na construção do espaço público é atravessada por factores de mobilização, por sistemas de crenças e representações sociais e por dispositivos institucionais e políticos que diferenciam os direitos formais e as possibilidades reais de contribuição na decisão política. É, portanto, a partir destas problematizações que este estudo foi desenvolvido, com uma perspectiva de pensar caminhos que contribuam para a organização curricular das escolas de educação infantil pautados pela participação e envolvimento de todos os sujeitos que fazem parte dessas instituições. 1 Nos referimos aqui aos discursos apresentados pelas professoras da escola pesquisada (tanto nas entrevistas de contratação, como nas reuniões de formação), que são mais direcionados pelas legislações brasileiras para educação infantil (LDB, DCNEI) que concebem as crianças como sujeitos de direitos do que por estudos sobre a infância. Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.3 X A nped Sul Crianças e adultos? Alunos e Professores? Percursos partilhados na educação infantil Antes de iniciar os caminhos percorridos durante este estudo na teoria e na prática, apresentaremos conceitos que traduzem estes dois atores principais em nosso trabalho: as crianças e os adultos, que a escola, infelizmente, insiste em transformar em alunos e professores. Larrosa (2010, p. 183) apresenta‐as em seu livro: “As crianças, esses seres estranhos dos quais nada se sabe, esses seres selvagens que não entendem nossa língua.” (grifo meu). Esta frase marcante revela concepções, ainda hoje, presentes em diversas práticas pedagógicas, nas quais as crianças são vistas como “adultos no forno”, “em preparo”, portanto incapazes de compreender as linguagens do mundo dos adultos. O mesmo autor continua sua escrita falando sobre a infância capturada pelos adultos, inventada social e historicamente, mas que é desconstruída, perdida nos encontros com as crianças. Sonia Kramer, no Dicionário de Verbetes on‐line do Grupo de estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais, conceitua criança como: Pessoa de pouca idade, que produz cultura, é nela produzida, brinca, aprende, sente, cria, cresce e se modifica, ao longo do processo histórico que constitui a vida humana. As crianças são constituídas a partir de sua classe social, etnia, gênero e por diferenças físicas, psicológicas e culturais. Pinto e Sarmento (1997) apontam a indicação de Calvert (cit. in Pollard, 1985: 39) de que, As crianças são importantes e sem importância; espera‐se delas que se comportem como crianças mas são criticadas nas suas infantilidades; é suposto que brinquem absorvidamente quando se lhes diz para brincar, mas não se compreende porque não pensam em parar de brincar quando se lhes diz para parar; espera‐‐se que sejam dependentes quando os adultos preferem a dependência, mas deseja‐se que tenham um Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.4 X A nped Sul comportamento autónomo; deseja‐se que pensem por si próprias, mas são criticadas pelas suas 'soluções' originais para os problemas. Por fim, trazemos a ideia de Clarice Cohn (2005) da criança atuante que tem papel ativo nas relações sociais, que interage ativamente com os adultos, com as outras crianças e com o mundo, consolidando seus papéis e suas relações. Pensando nessa criança ativa, produtora de cultura, brincante e estranha aos ouvidos adultos (ou pelo menos dos adultos que já não tem orelhas verdes2) que construímos nossas reflexões. A criança é quem buscamosver nas relações escolares e não os alunos a que a escola, por vezes, tal qual a definição do dicionário, transforma em um sujeito “que recebe instrução e/ou educação de mestre(s)” (Mini Aurélio, 2008, p. 114). O outro sujeito fundamental em nossas discussões é o adulto. Aquele que por ofício escolheu ser professor e que independente da posição que ocupa dentro da escola de educação infantil é responsável diretamente pelas articulações curriculares para a infância. Diversos autores (Kramer, 1993; Cerisara, 1999; Kuhlmann JR, 2001, 2005; Oliveira, 2002) traçam a história da educação infantil no Brasil e destacam seu caráter inicial assistencialista, uma etapa da educação que nasce para suprir as necessidades de mães que ingressavam no mercado de trabalho e precisavam de um lugar para deixar seus filhos. Nesse cenário histórico os professores de educação infantil, que ainda hoje, apesar dos apelos de Paulo Freire e diversos outros estudiosos da educação, são chamados de “tias(os)”, constroem suas identidades profissionais distantes da ideia da necessidade de uma formação qualificada para o exercício de tal profissão. Em sua tese de doutorado Marta Gomes Quintanilha (2012), investiga os sentidos atribuídos ao lugar profissional da professora de educação infantil e ao falar sobre “as relações que configuram um lugar profissional por onde são desenhadas as trilhas profissionais” (p.150) a autora cita Lívia Fraga Vieira (2010b) afirmando que 2 No texto “O homem da orelha verde” encontrado em Tonucci (2008), o escritor e jornalista Gianni Rodari apresenta um homem de verdes orelhas que diz “[...] já sou velho, mas veja que coisa linda. De um menino tenho a orelha ainda. É uma orelha‐criança que me ajuda a compreender. O que os grandes não querem mais entender.[...]” (p. 13). Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.5 X A nped Sul avançar na formação e na valorização profissional da professora ou educadora da educação infantil implicaria, entre outras tarefas, enfrentar a concepção e o modelo que “naturaliza” a função docente, “barateando” ou “desqualificando” o trabalho realizado nesse contexto. Essa “diminuição” do profissional da educação infantil é prerrogativa ainda nas narrativas dos professores de crianças pequenas e está atrelada a necessidade de formação para este grupo. Porém, concordando novamente com Quintanilha (2012) é preciso superar esse discurso e voltar‐se para a ideia de que falta ouvir as professoras e tornar a escola um lugar de formação [...]enquanto a sala de aula não puder ser considerada um lugar de desenvolvimento profissional, não estaremos levando a sério o trabalho com as crianças da educação infantil. (p.202). É, portanto nessa perspectiva que focamos nossos olhares e ouvidos para as professoras durante este estudo, como sujeitos com uma história profissional permeada por discursos e narrativas de inferiorização, mas que podem através da formação continuada em serviço reformular suas identidades profissionais e construir outras formas de viver a escola de educação infantil. Práticas pedagógicas para infância: formação docente e ordenamentos legais O currículo da escola de educação infantil é, geralmente, pensado e organizado pelos adultos com práticas que não supõem uma sensibilidade aos inícios, isto é, aquelas ações que são realizadas diariamente pelas crianças. Arendt (2002) ao falar sobre a crise na educação enfatiza a ideia de que o mundo que recebe as crianças é um mundo antigo, construído previamente e que, portanto, só é novo para aqueles que acabaram de chegar. Assim percebemos que é a escola para as crianças: uma instituição antiga que foi construída pelos adultos, por outros que ali já estavam antes delas. As práticas escolares tem perpetuado através dos tempos uma forma de organização hierárquica, onde a autoridade garante‐se pelo saber. Neste contexto, a autoridade é dada por direito, via conhecimento, aos adultos, que se tornam absolutamente responsáveis pelas decisões dentro deste espaço. Esse modo de pensar e Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.6 X A nped Sul viver a escola desconsidera as possibilidades de reconfiguração curricular a partir das novidades apresentadas pelas crianças. A história da Educação Infantil no Brasil é marcada pelo seu vínculo inicial à assistência o que gerou um “estigma social” de que o profissional que atua com crianças pequenas é o menos qualificado. Assim, considerando a ideia de autoridade vinculada às posições sociais de hierarquia o professor de educação infantil sente‐se menos autorizado a pensar a organização da escola que acaba sendo construída nos moldes da “instância escolar superior” ‐ o ensino fundamental. Apesar das atuais legislações brasileiras (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996; Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, 2009) especificarem as características de cada etapa da educação básica, o senso comum e as práticas das escolas de educação infantil ainda são constituídos pela sujeição às propostas do ensino fundamental e suas expectativas em relação às crianças que receberão no primeiro ano. Dessa forma, práticas de transmissão de conhecimentos e a promoção de aprendizagens, previamente elencadas, como necessárias a cada faixa etária acabam regendo os currículos das escolas de educação infantil. Nos últimos anos, as atenções do cenário político estão cada vez mais voltadas para a infância. No Brasil, por exemplo, a revisão das DCNEI ‐ Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (PARECER CNE/CEB Nº:20/2009, p.1) postula que Em sintonia com os movimentos nacionais e internacionais, um novo paradigma do atendimento à infância – iniciado em 1959 com a Declaração Universal dos Direitos da Criança e do Adolescente e instituído no país pelo artigo 227 da Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) – tornou‐se referência para os movimentos sociais de “luta por creche” e orientou a transição do entendimento da creche e pré‐escola como um favor aos socialmente menos favorecidos para a compreensão desses espaços como um direito de todas as crianças à educação, independentemente de seu grupo social. Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.7 X A nped Sul Ainda nas DCNEI (PARECER CNE/CEB Nº:20/2009, p.4) é afirmada uma identidade do atendimento na Educação Infantil, As creches e pré‐escolas se constituem, portanto, em estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de zero a cinco anos de idade por meio de profissionais com a formação específica legalmente determinada, a habilitação para o magistério superior ou médio, refutando assim funções decaráter meramente assistencialista, embora mantenha a obrigação de assistir às necessidades básicas de todas as crianças. Mais recentemente ainda, no ano de 2014 foi instalada uma comissão especial para avaliar o Projeto de Lei 6998/13 (disponível no site da Câmara dos Deputados) que pretende alterar o Artigo 1º e inserir dispositivos sobre a primeira infância no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Este projeto apresenta a inclusão dos seguintes conceitos de criança e infância, Art. 6‐A Para os efeitos desta lei, entende‐se por: I ‐ Criança: pessoa em desenvolvimento, com individualidade e originalidade própria que tem valor em si mesma; sujeito social, cidadã, com direitos humanos e direitos específicos da idade e do processo de desenvolvimento e formação que está vivendo; II – Infância: categoria social e cultural da vida humana, mutável segundo o tempo e a cultura, que caracteriza o período da existência que vai da concepção aos doze anos de idade; (p. 2). O mesmo projeto de lei (p.11) apresenta como justificativa de argumento pedagógico que, a experiência de mais de um século de educação infantil autoriza afirmar que as crianças que têm um ou mais anos de interação entre pares e com professores qualificados num espaço educativo aprendem a aprender, formam valores, desenvolvem a iniciativa, reforçam a criatividade e têm maiores facilidades no prosseguimento dos estudos nas etapas seguintes da educação básica. Analisando esse cenário legal apresentado e que vem se constituindo no Brasil, pensamos que há avanços significativos na forma de pensar as crianças, as infâncias e o objetivo da educação infantil. Porém há de se ter algumas ressalvas. Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.8 X A nped Sul Na proposta de alteração do ECA (Projeto de Lei 6998/13 p.2) ao mesmo tempo em que se considera a infância como “categoria social e cultural da vida humana, mutável segundo o tempo e a cultura[...]” se estabelece um tempo específico para que essa infância seja vivida por todas as crianças “[...]que vai da concepção aos doze anos de idade” (p.2), ou seja, não há uma apropriação correta do conceito da infância como categoria social e cultural ao determinar que em todas as culturas e períodos históricos essa fase terá fim para as crianças ao completarem doze anos de idade. Tratando do argumento pedagógico apresentado na justificativa deste projeto de que “as crianças que têm um ou mais anos de interação entre pares e com professores qualificados num espaço educativo aprendem a aprender, formam valores, desenvolvem a iniciativa, reforçam a criatividade[...]” (p.11) a proposta está favorecendo as discussões sobre a infância e a importância do acesso a educação infantil de qualidade valorizando esta etapa da educação básica. Porém ao concluir esta afirmativa dizendo que essas crianças “[...] têm maiores facilidades no prosseguimento dos estudos nas etapas seguintes da educação básica” (p.11) a interpretação dessa ideia pode legitimar a ideia de que a educação infantil não é importante por si só, mas apenas como preparação para o ensino fundamental. Segundo Richter e Barbosa (2011), “No campo social e educacional brasileiro a tradução contemporânea dos direitos das crianças está presente no discurso do ECA, que ainda permanece ausente da discussão da formação professores, sendo nas escolas um documento pouco relevante ao processo educacional. [...] Ao longo dos últimos 15 este documento vem sendo reproduzido e reimpresso e mesmo assim ainda não está presente como referencia em grande parte das escolas brasileiras.” Portanto, se esse projeto de lei pretende ampliar e qualificar as discussões sobre a primeira infância e julgando a importância de que o ECA seja discutido nos âmbitos de formação de professores é fundamental que as concepções e justificativas pedagógicas estejam bem fundamentadas para que não perpetuem equívocos quanto aos objetivos reais da educação para a primeira infância. Avaliando os trechos do PARECER CNE/CEB Nº:20/2009 apresentados acima neste trabalho, salientamos a ideia de que a Educação Infantil é reafirmada como direito de Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.9 X A nped Sul todas as crianças (p.1) e que deve acontecer em “em estabelecimentos educacionais públicos ou privados [...] por meio de profissionais com a formação específica legalmente determinada” (p.4). Aqui o que fundamental é discutir como essa formação específica vem acontecendo nos cursos de Magistério e de Pedagogia, visto que suas grades curriculares, geralmente se constituem em uma gama de conteúdos que compreendem a educação infantil, educação especial, educação de jovens e adultos, etc. Ou seja, ela não é uma formação “específica” para a infância. Retomando as questões analisadas anteriormente pensamos que a tradição de considerar as crianças pequenas como os protagonistas das suas próprias vidas, com agencia para observar, escolher, conversar, decidir que vem sendo constituída desde os estudos da Educação Nova e nas Teorias Críticas da Educação e que foram atualizadas e aperfeiçoadas recentemente pela Sociologia e a Antropologia da Infância, não conseguiram penetrar ainda no dia a dia das instituições educacionais e nem de seus profissionais. Para pensar a escola de educação infantil como um espaço de vida, de experiências compartilhadas e de relações é necessário realizar mudanças nas práticas pedagógicas que garantam efetivos espaços de participação às crianças. Tais mudanças precisam ser iniciadas pelos adultos que habitam esse espaço, isso porque diferente das histórias de lutas pelos direitos das mulheres, dos escravos, entre outros, as crianças não se autorizam a buscar pelos seus próprios direitos e, portanto, precisam ser representadas por estes adultos socialmente envolvidos com suas problemáticas (Castro, 2010). Portanto, os professores, esses adultos que podem reivindicar os direitos de participação das crianças, necessitam de um espaço de formação inicial e continuada que garanta a articulação entre as discussões atuais sobre a infância e os ordenamentos legais para a Educação Infantil. Visto que os currículos dos cursos de formação de professores no atual cenário da educação técnica e superior do país ainda não podem dar conta das especificidades da educação de crianças pequenas, a formação continuada em contexto precisa se constituir em um espaço de ressignificação do papel docente na educação infantil. Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.10 X A nped Sul O caminho de investigação Este estudo iniciou a partir das inquietações apresentadas na introdução deste artigo. Tais inquietações surgiram após um ano da inauguração de uma escola de educação infantil privada do interior do Rio Grande do Sul, através de uma avaliação da coordenação pedagógica da rede da qual a escola fazparte e da supervisão pedagógica desta escola específica. Tal avaliação partiu da percepção de que havia uma necessidade de alinhar as práticas pedagógicas da escola com a proposta sócio‐interacionista que norteava esta rede de escolas e que, portanto, colocava as crianças como centro do processo educativo, como sujeitos de direitos e produtores de cultura. Neste contexto buscamos estratégias para abrir espaço para o novo que se apresenta com as crianças na escola de educação infantil e caminhos para que os professores experimentassem uma nova organização curricular. Loris Malaguzzi preconiza que as coisas das crianças se aprendem ao estar com elas (Edwards, C., Gandini, L. & Forman, G., 1999). Portanto, as “coisas da escola” poderemos aprender ao estar com os sujeitos que partilham esse espaço. A partir dessa reflexão foi pensada esta pesquisa participativa, metodologia na qual Soares (2006) afirma que a investigação é considerada como um espaço intersubjetivo, para onde confluem múltiplas formas práticas, conceptuais, imaginárias e empáticas de conhecimento, através de processos partilhados de produção de conhecimento, entre investigadores e investigados. (p.29). A autora ainda completa que “é também, um processo de investigação densamente trespassado de significados e valores” (p.29), ou seja, essa escolha metodológica implica na construção conjunta de um caminho e de conhecimentos partilhados, portanto é uma estratégia que possibilitava a busca pelo alcance do objetivo dessa pesquisa de verificar como a participação das crianças, no cotidiano escolar, era viabilizada e considerada pelos educadores na construção do curem suas práticas pedagógicas. Esta estratégia foi organizada a partir da observação e intervenção na organização das práticas pedagógicas da escola. Também foi encaminhada através dos encontros de Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.11 X A nped Sul formação continuada em contexto, realizados com as professoras e estagiárias da escola quinzenalmente, onde eram estudadas teorias a cerca da infância e do papel social da educação infantil. As manifestações e falas das crianças no cotidiano escolar, principalmente nos espaços pensados pela equipe como promotores da participação infantil (rodas de conversa e assembleias) também fizeram parte das investigações. Esses dados foram coletados em diário de campo, fotografias, vídeos e nos planejamentos e registros escritos pelas professoras durante três anos. A difícil tarefa das professoras: como promover a participação sem ter vivido em suas trajetórias escolares experiências democráticas? Partindo da premissa de que a escola é uma instituição social que deve promover a democracia e que “nos tornamos uma pessoa democrática, isto é, uma pessoa com inteligência social por meio de nossa participação na vida democrática” (Biesta, 2013) é possível supor a dificuldade para que os professores viabilizem esses espaços de participação se durante sua vida escolar esta experiência não se constituiu. O primeiro elemento destacado nessa pesquisa surge com o início da prática de Assembleias Escolares, espaço pensado e organizado para promover a participação das crianças no cotidiano escolar e reposicionar o olhar das professoras para as possibilidades de agencia dos pequenos. As assembleias aconteciam com a participação de todas as crianças e equipe pedagógica da escola com frequência quinzenal. Estes encontros eram dirigidos por representantes escolhidos pelas crianças em cada turma e pela supervisora pedagógica. Cada turma deveria elencar ideias para a escola que precisassem ser pensados e discutidos coletivamente e então, em assembleia, seriam tomadas decisões e feitos encaminhamentos de acordo com a vontade da maioria, seria então uma prática de democracia representativa3. 3 A ideia de democracia representativa seria repensada algum tempo depois pela equipe a partir da experiência narrada por Rubem Alves (2001) sobre a Escola da Ponte em Portugal, cujas decisões em assembleia aconteciam por consenso e não por representatividade, porém não se chegou a uma mudança efetiva no processo. Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.12 X A nped Sul As expectativas sobre a viabilidade dessa prática pela equipe eram diversas, porém a descrença na capacidade4 das crianças em argumentarem, opinarem e tomarem decisões ficou clara à medida que os assuntos apresentados pelas crianças durante as assembleias eram facilmente identificados não como inquietações e ideias dos pequenos, mas sim das professoras. As pautas eram basicamente sobre problemas da rotina escolar: mau uso do sabonete líquido pelas crianças, sujeira dos banheiros, toalhas de mesa rasgadas no refeitório. Enfim, as crianças estavam apresentando críticas aos seus próprios comportamentos dentro da escola e colocadas como principais responsáveis por estes problemas. Dado este cenário emergiram duas reflexões: estas professoras não se viam “autorizadas” a expressarem suas ideias dentro da escola e guiadas por suas concepções de crianças como sujeitos incompletos e incapazes de tomar decisões utilizaram o espaço de escuta às crianças para que fossem elas próprias ouvidas. Este cenário resultou em uma reflexão importante sobre o papel do supervisor/coordenador pedagógico na escola. A autonomia para decidir, opinar e construir o currículo precisa ser vivida por todos os participantes do processo educativo para que seja uma prática efetiva com as crianças. A realização das Assembleias desvelou a ausência das vozes dos professores na organização da escola, visto que estes passaram a se manifestar, propondo assuntos a serem discutidos através das vozes das crianças. A postura opressora (Freire, 1997) da supervisão pedagógica se mostrava visível com a abertura desse espaço de escuta às crianças e professores. A partir desta constatação o espaço de formação passa a ter novo formato abrindo espaço para as vozes das professoras que se sentiam intimidadas pela autoridade da supervisão escolar. As discussões desses encontros passam a ter o objetivo de desconstruir essa concepção de que alguns sabem mais e outros sabem menos para pautarem‐se na ideia de Freire (1987, p.68) de que “Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes.”. Esta mudança de pensamento sobre as relações hierárquicas foi um disparador para a escola iniciar a construção de um espaço de exercício do diálogo, do 4 Capacidade vinculada à ideia de maturidade bio‐psico‐social necessária às pessoas para que possam exercer seus direitos de participação na sociedade (Castro, 2010). Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.13 X A nped Sul respeito ao outro em suas singularidades de tempo e relações. Afinal, “uma escola onde não há autonomia é uma escolaque apenas faz concessões” (Neill, 1976, p.46) e concessões não fazem parte de um projeto pautado no protagonismo dos sujeitos. As análises se aproximaram, portanto, da ideia de que essas professoras não conseguiam vislumbrar as crianças participando da organização das práticas pedagógicas porque não tiveram, de modo geral, uma experiência democrática nem enquanto estudantes, nem como profissionais da educação. Nesse sentido a promoção da participação infantil está intrinsecamente ligada ao exercício de cidadania5 experienciado pelos professores, pois como afirma Rancière (2010) “para emancipar a outrem, é preciso que se tenha emancipado a si próprio”. Os resultados também apontaram outro fator relevante destacado no estudo realizado por Castro (2010) de que os professores tem medo de perder a autoridade em relação aos alunos se abrirem espaços para sua participação. Neste mesmo estudo Castro (2010) aponta que no período iluminista a autoridade era garantida pelo teor divino ou da tradição já na modernidade passa a justificar‐se pelo saber e que atualmente vivemos uma nova crise da autoridade, visto que em diversas instâncias (da tecnologia e do consumo, por exemplo) as crianças e jovens dominam conhecimentos cujos adultos ainda buscam aperfeiçoar‐se. Permeadas por essa crise de ideias sobre autoridade as professoras por vezes podem negar a participação das crianças para garantir seu status social. Isso é claro, atrelado a ideia de que as crianças não estavam ainda prontas para participarem de uma organização curricular, devido a sua recente chegada no mundo. Uma história a ser contada por diversas vozes: caminhos para a construção de práticas pedagógicas guiadas pelas infâncias Os caminhos trilhados durante essa pesquisa apontam a formação continuada em serviço como elemento fundamental para uma construção coletiva do currículo na 5 Cidadania aqui pensada pelo conceito de Dallari (1998) “como um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social.”. (p. 14) Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.14 X A nped Sul Educação Infantil. As professoras consideraram a importância dessa formação em contexto em suas falas durante os encontros: “eu aprendi muito mais aqui nesses anos na escola do que na faculdade, nunca tinha lido essas outras teorias sobre infância, sobre criança e não imaginava outra prática diferente como essa que fazemos aqui” (Professora 1) “aqui foi minha primeira experiência como professora né, e quando eu tive que sair para ir para outra escola porque terminou meu estágio, foi muito difícil, ver como as crianças são tratadas. Depois que eu voltei e tive a minha primeira turma, aprendi muito, fico muito feliz com os projetos que fazemos com as crianças e por conseguir fazer meu planejamento, com eles, pensando neles, nas coisas que mostram no dia‐a‐dia.” (Professora 2) Esse processo de reavaliar, reconstruir uma prática pedagógica que já era exercida da mesma forma há muito tempo, como no caso da Professora 1 que, passou por diversos momentos de angústia, incerteza, de sentimentos de impotência e incapacidade. Esses sentimentos foram superados devido a formação coletiva, a partilha de ideias e de estudos. No caso da Professora 2 que teve sua primeira experiência como educadora infantil nesta escola, passar por outro contexto com práticas pedagógicas adultocêntricas foi um importante momento de reflexão, de avaliar aquilo que julgava realmente importante enquanto professora de crianças pequenas. Os relatos demonstram que essa angústia profissional compartilhada, esses modelos hierarquizados na escola, precisam ser discutidos, colocado em pauta também nos encontros de formação continuada. Dessa forma os educadores podem ressignificar suas experiências e construírem juntos novas formas de pensar suas práticas pedagógicas. O maior desafio do grupo de professoras, porém, foi compreender os significados da participação infantil pela ótica das infâncias deixando que as crianças expressem suas interpretações em suas possibilidades de conclusões hoje (Tonucci, 2005). “a gente dá ideia, diz as coisas, mas as professoras que decidem. Eu não sei porque, porque as professoras gostam de decidir coisas.” (Criança 1) Esta fala demonstra a percepção das crianças de que sua participação nas decisões referentes à escola é considerada em nível de opiniões, porém não se sentem autorizadas Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. p.15 X A nped Sul a efetivar mudanças, afinal são as professoras que decidem. Walter Kohan no Dicionário de Verbetes on‐line do Grupo de estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais destaca que, “O primeiro que podemos aprender da infância encontra‐se na própria palavra: infância quer dizer, etimologicamente, ausência de fala. Essa ausência foi entendida historicamente como incapacidade de falar, tanto que o termo latino infans foi usado para se referir aos que, mesmo falando, pela sua minoridade, não estavam ainda habilitados para testemunhar nos tribunais”. É ainda nessa concepção de infância que as crianças da escola de educação infantil se percebem. Apesar das mudanças nas práticas pedagógicas que foram evidenciadas nos planejamentos, na organização dos projetos pedagógicos, na escrita da avaliação das crianças, a viabilização de um espaço de escuta legítimo ainda é uma prática difícil para as educadoras. A partir dessa análise percebemos que “A criança ainda que não possa se auto‐gerar precisa ser compreendida como sujeito social, mesmo que ela seja interdependente do adulto. Sendo assim, a relação entre adultos e crianças não pode seguir um viés de submissão e sim de mediação, interação e negociação” (Martins Filho e Barbosa, 2009) Nesse contexto consideramos que as professoras já não produzem práticas nas quais as crianças são submissas, porém quando é preciso estabelecer negociações e mediações por vezes a voz do adulto ainda impera. Essa situação decorre principalmente do medo de que as crianças façam escolhas inadequadas, de que se sintam aptas a tomar decisões livremente se independendo dos professores. Quanto a isso Morrow (1999) em sua pesquisa afirma que as crianças não querem decidir tudo sozinhas, ou seja, tem consciência dessa impossibilidade de se auto gerirem, mas querem (re)apresentar aos adultos olhares por eles esquecidos por não serem mais crianças. Sabemos que estar no lugar das crianças é muito difícil depois de todas as experiências que nos constituem em adultos, porém lembrar‐se dos pequenos prazeres, das primeiras descobertas, da novidade encantadora que é viver cada dia na infância é fundamental para uma prática pedagógica que coloque os pequenos como protagonistas Práticas pedagógicas participativas na Educação Infantil: um olhar para a docência e a infância Queila Almeida Vasconcelos X ANPED SUL,Florianópolis, outubro de 2014. p.16 X A nped Sul do processo educativo. Deixar para trás nossas certezas, valorizar o trajeto e não a chegada é o caminho para a construção de práticas pedagógicas centradas nas crianças. Em uma conversa entre uma professora e uma criança, depois de ouvir diversas perguntas sobre a importância do filme que ela havia trazido de casa, para assistir com os colegas, em relação às aprendizagens do grupo na escola, respondeu: “A gente pode assistir o DVD do pica‐pau porque ele fala de água que nem nosso projeto. (...) Tem uma hora que o pica‐pau cai na água. Eu sei que a gente não aprende nada com isso, mas a gente não pode ver só para se divertir?”. (Criança 2) Finalizamos com a reflexão de que ressignificar o papel docente através do aprofundamento teórico e da valorização das experiências dos professores é uma forma de tornar a escola de educação infantil um lugar para ser feliz, para se divertir. Lugar no qual se tenha tempo e espaço para viver a infância e suas significações, onde a vida esteja presente e que não seja apenas uma “casa cheia de mesas e cadeiras chatas” (Naranjo, 2013, p.34). Referências ALVES, Rubem. 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