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Nesta webaula, aprenderemos sobre: Direitos humanos e saúde mental. Ética, cidadania e direitos para com o sujeito em sofrimento mental. O normal e o patológico. O conceito de saúde. Direitos humanos e saúde mental História no Brasil Entre 1970 e 1980, surgem pensamentos críticos em relação à institucionalização da loucura. Acompanhe na linha do tempo a seguir alguns acontecimentos dessas duas décadas relacionados à temática da saúde mental. 1970 Pro�ssionais da área de saúde mental denunciaram o descaso. Crise na Divisão Nacional de Saúde Mental. Ditadura – luta especí�ca pelos direitos humanos. Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) – reformulação da assistência. 1978 V Congresso Brasileiro de Psiquiatria. I Simpósio Sobre Políticas Grupos e Instituições – Franco Basaglia, Robert Castel, Felix Gattari. Centro Brasileiro de Saúde. 1979 I Congresso de Saúde Mental em São Paulo. 1980 Crise �nanceira da previdência social. Reformulação da assistência médica. II Encontro “uma sociedade sem manicômios” após encontro em Buenos Aires. Clínica Ampliada em Saúde Mental Saúde a ser inventada: loucura, justiça e ética Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! Movimento da Luta Antimanicomial. 1986 Primeiro CAPS na cidade de São Paulo: serviços de cuidado intensivo a usuários com quadro psiquiátrico grave, sem abrir mão do hospital e do ambulatorial. 1988 Princípios do SUS na Constituição de 1988 – autonomia. Também destacamos os seguintes acontecimentos: Surgimento do Sistema Uni�cado e Descentralizado de Saúde. Extinção do hospital que violava os direitos humanos em Santos. Criação da rede substitutiva – serviços no território; outras demandas, como moradia, trabalho, lazer. Criação dos NAPS (Núcleos de Atenção Psicossocial) – residências para egressos, cooperativa de trabalho, redução de danos. Criação dos hospitais-dia, centros de convivência e cultura, centros de referência. II Conferência 1992, III Conferência 2001 e IV 2010. Mudança culturais: utilização da arte e da cultura. Lei nº 10.216 sancionada em 6 de abril de 2001 – III Conferência Nacional de Saúde Mental. O�cina “Loucos pela Diversidade”, ministro Gilberto Gil (2007). Além disso, vale mencionar alguns documentos legais: Portarias 106/2000 e 1.220/2000 Instituem os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs). A construção de uma rede de SRTs foi amplamente favorecida com o advento do Programa de Volta Para Casa (Lei n° 10.708, de 31 de julho de 2003). Portaria/GM nº 336, de 19 de fevereiro de 2002 Rede�niu os CAPS em relação à sua organização, ao porte, à especi�cidade da clientela atendida. Passaram a existir CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi (infantil ou infantojuvenil) e CAPSad (álcool e drogas). Portaria 154/2008 Estabeleceu a constituição do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) com o objetivo de propiciar “apoio matricial”. Portaria GM/MS nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011 Instituiu a RAPS, favorecendo: Ampliação do acesso à atenção psicossocial da população em seus diferentes níveis de complexidade. Promoção do acesso das pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso do crack, álcool e outras drogas, bem como de suas famílias, aos pontos de atenção. Garantia da articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território, quali�cando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências. Diminuição de leitos psiquiátricos: dos 80 mil na década de 1970 para 25.988 em 2014. Assim, os gastos com hospitais caíram de 75,24%, em 2002, para 20,61%, em 2013. Os gastos com atenção psicossocial passam de 24,76% para 79,39% no mesmo período. Em 2014, foram registrados 610 SRTs com 2.031 moradores egressos. Em 2015, o Ministério da Saúde foi objeto de negociação política e, com ele, os princípios do SUS. No campo da saúde mental, a Comissão Intergestores Tripartite aprovou uma resolução em dezembro de 2017 para aumentar leitos e aumentar o valor das diárias pagas. Ética, cidadania e direitos para com o sujeito em estado de sofrimento mental Lei nº 10.216/2001 A Lei nº 10.216/2001 determina: Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra. — BRASIL, 2001, [s.p.]. “ ” Pesquise mais Para aprofundar seus conhecimentos sobre os direitos das pessoas com transtornos mentais, leia a Lei nº 10.216/2001 na íntegra. BRASIL. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 9 abr. 2001. Identi�car a saúde mental no campo dos direitos humanos signi�ca reconhecer que as pessoas em sofrimento mental possuem tais direitos e são compreendidas como cidadãs. Salienta-se como direito das pessoas com transtornos mentais o acesso ao fornecimento de medicações. Para ter acesso à previdência social – benefícios pagos pelo INSS para situações de doença, invalidez, morte, idade avançada e maternidade –, é preciso contribuir. Destacamos os seguintes benefícios: Auxílio-doença. Aposentadoria por invalidez Tipos de internação A seguir entenda os tipos de internação. Tipo Característica O que precisa Término Voluntária Ocorre com o consentimento do usuário. Declaração do usuário que optou por essa forma de tratamento. Por solicitação escrita do usuário ou por determinação do médico. Involuntária Ocorre sem o consentimento do usuário e a pedido de outra pessoa, que pode ser da família. Deverá ser comunicada ao Ministério Público Estadual no prazo de 72 horas. Por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou por determinação do especialista pelo tratamento. Compulsória Determinada pela justiça. O juiz levará em consideração as condições de segurança do estabelecimento para a proteção do usuário, dos outros internados e dos funcionários. Por determinação do juiz competente. Fonte: adaptado de Correia (2011, p. 29). Aposentadoria por invalidez. Assistência social – benefícios independentemente da contribuição. Benefício de Prestação Continuada (BPC): salário mínimo, pessoas com de�ciência ou idosos (renda per capita inferior a ¼ de salário mínimo) – perícia. Também é válido destacar os seguintes direitos: Direito à liberdade. Direito à igualdade. Direito à comunicação. Direito à privacidade e intimidade. Direito à educação. Direito a lazer e cultura. Direito ao trabalho. Direito ao transporte. Direito de acesso à justiça. Interdição Quando há interdição, a pessoa não tem a menor condição de exercer qualquer dos seus direitos civis. Será observado se tem condições e capacidade de interpretação e julgamento dos atos da vida, como votar, assinar um contrato, vender um bem, ser testemunha, etc. (são os chamados direitos civis). A interdição, seja total ou parcial, deve ser pedida pelos pais, mães, tutores, pelo cônjuge, qualquer outro parente ou, ainda, pelo Ministério Público. O normal e o patológico Saúde e doença mental Entende-se que, na ausência de doença mental, a pessoa não tem um transtorno. Mas essa de�nição é falha, pois não de�ne a pessoa pelo que é, mas pelo que não é. Há alguns conceitos de normalidade. Conheça-os a seguir: Normalidade ideal: utópico, sadio e evoluído. Socialmente construído. Adaptação do indivíduo às normas. Normalidade estatística: norma e frequência. Na distribuição da populaçãogeral, observa-se a maior frequência, e quem �ca nos extremos são considerados anormais. Isso é questionável, pois, não necessariamente algo muito frequente pode ser considerado saudável. Normalidade como bem-estar: OMS. Normalidade funcional: patológico quando é disfuncional; produz sofrimento para o indivíduo ou grupo social. Normalidade como processo: aspectos dinâmicos, de desestruturação e reestruturação, crises e mudanças em períodos etários. Normalidade subjetiva: própria percepção do indivíduo – mania. Normalidade como liberdade: fenomenológica e existencial – perda da liberdade existencial. Normalidade operacional: de�ne-se antes o que é normal. Quando há interdição, a pessoa não tem a menor condição de exercer qualquer dos seus direitos civis. Será observado se tem condições e capacidade de interpretação e julgamento dos atos da vida, como votar, assinar um contrato, vender um bem, ser testemunha, etc. (são os chamados direitos civis). A interdição, seja total ou parcial, deve ser pedida pelos pais, mães, tutores, pelo cônjuge, qualquer outro parente ou, ainda, pelo Ministério Público. Saúde Segundo a Organização Mundial da Saúde: “saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou incapacidade”. Fonte: adaptado de Almeida Filho (2000, p. 6). A saúde pode ser associada ao perfeito bem-estar individual. Para Freud, a própria organização social gera sentimento de mal-estar (mal-estar da civilização). E é possível se organizar em grupos para lidar com o incômodo da insegurança. A OMS ainda realiza diferenças entre físico, mental e social; tudo está interligado. Agora, cabe destacar alguns fatores: Doenças somáticas. Relacionamento com o paciente. Qualidade de vida intrínseca, que só pode ser avaliada pelo paciente. Determinantes genéticos, culturais, físicos, químicos, sociais. Para Foucault, a doença mental foi construída historicamente. É um dispositivo de controle social. Re�ita O que deve ser feito quando ocorre uma internação involuntária? Comunicar o Ministério Público em até 72h. Para terminar o tratamento, alta médica ou carta da família para interrompê-lo. Esperamos que você tenha assimilado quais são os direitos das pessoas com transtornos mentais e compreendido as diferentes concepções sobre saúde. Para se aperfeiçoar nessa temática, continue seus estudos. Referências BRASIL. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10216.htm abr. 2001. Disponível em: https://bit.ly/2WCKC1F. Acesso em: 20 mar. 2020. ALMEIDA FILHO, N. de. O conceito de saúde: ponto-cego da epidemiologia? Rev. Bras. Epidemiol., São Paulo, v. 3, n. 1-3, p. 4-20, dez. 2000. Disponível em: https://bit.ly/2QGFeGR. 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