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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS JOSEANE BESSA ARAUJO AS CIÊNCIAS HUMANAS NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NUTRICIONISTA Limeira 2017 http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http://www.ultraseal.com.br/clientes/unicamp/&ei=O_FuVfeID4anNt6wg8AI&bvm=bv.94911696,d.cWc&psig=AFQjCNF-y8kJYjd8E-PQeJ_TZq_GqMTiGw&ust=1433420465856051 https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=https://www.facebook.com/unicampfca/videos?fref=photo&ei=4fJuVYyIKcalNqjNgJgI&bvm=bv.94911696,d.cWc&psig=AFQjCNGCkQTWL0iH4l3FXNBuRMjjlnJBYA&ust=1433420889627311 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS JOSEANE BESSA ARAUJO AS CIÊNCIAS HUMANAS NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NUTRICIONISTA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Nutrição à Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas. Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Marta Fuentes-Rojas Limeira 2017 http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http://www.ultraseal.com.br/clientes/unicamp/&ei=O_FuVfeID4anNt6wg8AI&bvm=bv.94911696,d.cWc&psig=AFQjCNF-y8kJYjd8E-PQeJ_TZq_GqMTiGw&ust=1433420465856051 https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=https://www.facebook.com/unicampfca/videos?fref=photo&ei=4fJuVYyIKcalNqjNgJgI&bvm=bv.94911696,d.cWc&psig=AFQjCNGCkQTWL0iH4l3FXNBuRMjjlnJBYA&ust=1433420889627311 2 3 4 Dedico aos meus familiares e aos meus amigos 5 AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus, o qual direcionei meus pedidos sobre o sonho de cursar Nutrição e me formar na UNICAMP. Agradeço também a minha mãe e ao meu padrasto, Domingos, que acreditaram nos meus sonhos e sempre ofereceram seu apoio. Por me dizerem palavra de conforto quando ficava apreensiva com as provas e pelo esforço e dedicação na minha educação para que eu tivesse um futuro bom. Não posso esquecer minha madrinha, Luciene, que foi essencial para que eu cursasse Nutrição numa universidade pública. Você acreditou em mim antes mesmo que eu tivesse noção disso. Sei que sem você não teria chegado tão longe. Obrigada por tudo!!! Agraço aos professores do cursinho Prestes pela dedicação que tiveram em ensinar e por fazerem parte deste projeto tão lindo. E aos professores da faculdade pelos ensinamentos durante esses quase 5 anos. Meus melhores amigos, Ana Caroline, Ivone, Paloma, Wellington, Marisa por toda torcida e apoio desde o início. Lembro-me como sonhávamos com a aprovação do vestibular ainda no cursinho/escola e agora cada um em seu momento está realizando isso. Amigos que fiz na faculdade, Érica, Caroline, Jéssica Cuba, Jéssica Igrezias, Giovana, Raíssa, Ana, Ingrid e Samantha (que não está mais presente entre nós) obrigada pelo apoio, parceira e risada para lidar com a tensão que faculdade pode oferecer. Por último agradeço à professora Marta por esses 3 anos de parceira na pesquisa desde a Iniciação científica até o TCC. Foram anos de muito ensinamento e aprendizado. Sinto-me muito agradecida por ter trabalhado com a senhora, uma pessoa tão gentil e bondosa. Obrigada por tudo!!! 6 “Comer é mais do que jogar lenha na fogueira ou abastecer um carro. Comer é mais do que escolher um alimento e dar para uma criança. Comer e dar de comer reflete nossa atitude e relacionamento com nós mesmos, com os outros e com as nossas histórias. Comer tem relação com autorrespeito, nossa conexão com nossos corpos e compromisso com a vida”. Ellyn Satter, 2007 7 ARAUJO, Joseane Bessa. As ciências humanas na formação do profissional nutricionista. 2017. nº 35. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Faculdade de Ciências Aplicadas. Universidade Estadual de Campinas. Limeira, 2017. RESUMO O curso de Nutrição é moldado pela valorização das disciplinas biológicas, entretanto após discussões e o reconhecimento da importância das ciências humanas para a formação do nutricionista aos poucos estas vêm conquistando espaço na grade curricular do curso. Por isso, o presente estudo teve como objetivo conhecer a partir da visão de docentes do núcleo comum e discentes do curso de Nutrição de uma universidade pública qual a contribuição das disciplinas de ciências humanas na formação do nutricionista. Para isto foi aplicado um questionário aos professores que ministraram disciplinas do Núcleo Básico e alunos de Nutrição que já cursaram algumas das disciplinas oferecidas no curso. Docentes e estudantes acreditam que a principal contribuição está em oferecer uma formação generalista e a construção de um pensamento crítico sobre a sociedade, porém ressaltam que as disciplinas de ciências humanas precisam buscar formas de aproximar a área da nutrição com discussões que relacione as duas áreas de saber possibilitando aos alunos conhecimento interdisciplinar. Palavras-chave: Formação do nutricionista. Ciências humanas. Ensino superior em Nutrição. Nutrição. Currículo do curso de Nutrição. 8 ARAUJO, Joseane Bessa. The human sciences in the formation of the professional nutritionist. 2017. nº 35. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Faculdade de Ciências Aplicadas. Universidade Estadual de Campinas. Limeira, 2017. ABSTRACT The course of Nutrition is shaped by the valorization of biological disciplines, however after discussions and the recognition of the importance of the human sciences for the formation of the nutritionist, these have been gaining space in the grid curriculum of the course. Therefore, the present study had as objective to know from the view of teachers of the common core and students of the Nutrition course of a public university what the contribution of the disciplines of human sciences in the formation of the nutritionist. For this, a questionnaire was applied to the teachers who taught disciplines of Basic Nucleus and Nutrition students who already attended some of the disciplines offered in the course. Faculty and students believe that the main contribution is to offer a general education and the construction of a critical thinking about the society, but emphasize that the disciplines of human sciences need to find ways to approach the area of nutrition with discussions that relate the two areas of knowledge to provide students with interdisciplinary knowledge. Keywords: Formation in Nutritionist . Human sciences. Higher education in Nutrition. Nutrition. Nutrition course curriculum. 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS NC Núcleo Comum NGC Núcleo Geral Comum FCA Faculdade de Ciências Aplicadas UNICAMP Universidade Estadual de Campinas 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 11 1.1 História da profissão................................................................................ 12 1.2 Ciências Humanas e Nutrição................................................................. 13 1.3 Formação em Nutrição............................................................................ 16 2 MATERIAL E MÉTODO........................................................................... 17 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................19 3.1 Inserção das disciplinas de NC no curso de Nutrição............................. 20 3.2 Disciplinas eletivas e obrigatórias.......................................................... 21 3.3 Contribuição das Ciências Humanas na Nutrição.................................. 22 3.4 Relação das Ciências Humanas com a Nutrição.................................... 24 3.5 União das Ciências Humanas com a Nutrição........................................ 26 4 CONCLUSÃO.......................................................................................... 29 REFERÊNCIAS....................................................................................... 31 11 1 INTRODUÇÃO Após a realização de Iniciação Científica em 2015-2016, onde foi pesquisado sobre a “Produção científica na formação do nutricionista nos últimos 20 anos” surgiu o interesse em conhecer qual a contribuição das ciências humanas para a Nutrição. Devido às críticas encontradas nos artigos científicos sobre a valorização das disciplinas biológicas em detrimento das disciplinas de ciências humanas torna- se importante conhecer qual a contribuição das ciências humanas na formação dos nutricionistas numa universidade pública que oferece nos seus currículos de formação disciplinas de ciências humanas para todos os cursos oferecidos na instituição, sendo importante compreender o alinhamento da educação do nutricionista formado por esta universidade com as diretrizes curriculares. Este trabalho tem como objetivo identificar os critérios de inserção das disciplinas de ciências humanas no curso de nutrição, conhecer a percepção que os alunos de nutrição têm em relação à contribuição dos conteúdos para suas áreas de formação, identificar junto aos professores estratégias para associar o conhecimento das ciências biológicas e humanas. Decidiu-se por uma pesquisa qualitativa com intuito de aprofundar a compreensão do fenômeno estudado, (MINAYO, 2008) explicando-os segundo a perspectiva dos próprios participantes envolvidos na pesquisa. Na introdução deste trabalho é apresentada a história da profissão do nutricionista e a visão de diversos autores sobre a importância das ciências humanas na Nutrição. Em resultados e discussão são expostos os pontos principais e mais recorrentes dos assuntos encontrados no questionário respondido por alunos e professores. Para melhor compreensão do estudo as respostas de docentes e discentes foram agrupadas em grandes temáticas: Contribuição das ciências humanas na formação do nutricionista, relação das ciências humanas na formação do nutricionista e união de ciências humanas e Nutrição. 12 1.1 História da profissão A profissão do nutricionista surgiu a partir da idealização de médicos nutrólogos nos anos 30. Em 1939 foi criado o primeiro curso de Nutrição na Universidade de São Paulo. Em 1944 foi criado o curso na Escola Técnica de Assistência Social Cecy Dodsworth, atual curso de graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Em 1948 por ação de Josué de Castro o curso de Nutrição também foi instituído na Universidade Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na década de 50 existia curso de Nutricionista nas Universidades: Universidade Federal da Bahia e da Universidade Federal de Pernambuco, do Instituto de Fisiologia e Nutrição da Faculdade de Medicina do Recife (CANESQUI, 2005). Em 1966 o curso de Nutrição passou a ter três anos de duração. Em 1972, o Ministério da Educação determinou que o curso de Nutrição tivesse 4 anos de duração divididos em 8 semestres. Entre 1967 e 1978 houve leis (Lei nº 5.276 e Lei nº 6.583) que regulamentaram a profissão do nutricionista e criaram os conselhos federais e regionais de nutricionistas, respectivamente (CFN s/d). Após a criação do Programa Nacional de Alimentação e Nutrição a carreira do nutricionista foi impulsionada, houve aumento do número de cursos de Nutrição o que promoveu o mercado de trabalho deste profissional. Com o aumento de profissionais formados surgiu novos campos de atuação. Além do hospital o nutricionista pode atuar na clínica, na saúde pública, na escola, nas unidades de alimentação e Nutrição, na indústria, no marketing, na pesquisa e na docência. (CFN s/d). Na década de 70 e 80, as discussões sobre a formação do nutricionista se intensificaram, buscando a elaboração de um perfil do nutricionista, que contribuiu com mudanças significativas nos currículos de formação do profissional que permitisse a formação de um profissional com o perfil desejado. Ao mesmo tempo, foi verificado na época, uma separação entre o biológico e o social, promovendo novas discussões relacionadas com a formação do profissional da Nutrição e sua relação com outras áreas do saber (TOLOZA, 2003). 13 Num estudo sobre a profissão do nutricionista, Canesqui (2005) encontrou que a formação do nutricionista desde os primeiros anos era composta por disciplinas básicas, como anatomia, histologia, fisiologia humana, bioquímica, bromatologia, psicologia e microbiologia e as disciplinas profissionalizantes que consistiam em fisiopatologia da Nutrição, técnica dietética, dietoterapia, estatística, administração dos serviços de refeições, entre outras e pouca discussão sobre aspectos sociais relacionados, tornando uma formação direcionada para um olhar eminentemente biológico. Autores como Soares; Aguiar (2010) apontam que nos cursos de nutrição se observa a falta de uma discussão extensa sobre as várias dimensões que envolvem a alimentação e a vida humana, por exemplo, aspectos em relação à cultura, história, política, fatores sociais, ecológicos, legais ambientais, geográficos, comerciais e agrícolas, demandando a necessidade de uma discussão mais ampla em relação a estes aspectos discutidos nas ciências humanas e sociais, como um importante complemento na formação deste profissional. 1.2 Ciências Humanas e Nutrição Para Alvarenga et al. (2015), utilizar apenas a abordagem biológica na alimentação, torna-se um problema sério na formação, pois esta abordagem considera o ato de comer como algo racional e físico. Deixa de considerar outros fatores envolvidos tais como fatores emocionais, culturais e sociais. Acrescentam que a alimentação transpassa a visão técnica e nutricional e se insere de diferentes formas na vida de cada indivíduo ganhando significado próprio de acordo com a relação que se estabelece entre o homem e o alimento. Os autores acrescentam que isto se dá porque a comida possui diversos significados promovidos pela cultura, religião, política, status, memórias afetivas, família, questões de gênero, relacionamentos, crenças, mitos e meio ambiente. Além de que comer é um ato simbólico e através dessa ação é possível compreender a complexidade da sociedade, conhecer e compreender a história de um povo. A comida é resistência, uma forma de se comunicar, faz parte da cultura e definição da identidade de um indivíduo ou de um povo (NASCIMENTO, 2007). 14 Contribuindo com reflexão das autoras citadas, Canesqui (2005), diz que não comemos apenas quantidade de nutrientes e calorias para manter o funcionamento corporal em nível adequado, pois o comer é cercado de escolhas, ocasiões e rituais, de ideias, significados, com interpretações de experiências e situações. “Para serem comidos, ou comestíveis, os alimentos precisam ser elegíveis, preferidos, selecionados e preparados ou processados pela culinária, e tudo isso é material cultura” (P.9). Acrescenta que a escolha dos alimentos, não é realizada apenas pela qualidade nutricional, mas sim de acordo com a classe social, distribuição de riqueza do país, hierarquias, estilos e modos de comer, atravessados por representações coletivas, imaginários e crenças. A comida identifica socialmente os indivíduos,por exemplo, a feijoada é uma preparação típica do Brasil, pão de queijo característico do consumo do povo mineiro, tucupi consumido pelas pessoas que vivem no norte do país. Essa caracterização da nacionalidade e regionalização através da comida une e aproxima as pessoas, pois além do local de nascimento existe o gosto em comum pela mesma comida o que traz a sensação de pertencimento (CANESQUI, 2005; MENEZES, 2006). A religiosidade é uma das atividades humanas que direciona o consumo de determinados alimentos. Alguns exemplos: o peixe na sexta-feira Santa para os católicos, comida de santo para os candomblés, comida kosher para os judaicos, vegetarianismo para os evangélicos da igreja Adventista do sétimo dia, entre outros. (CANESQUI 2005; MENEZES, 2006). As mudanças econômicas e a globalização também moldam o consumo e as escolhas de alimentos, a praticidade e a comodidade atrai o consumidor no momento de realizar sua compra, entretanto essa escolha é cercada por insegurança e medo devido a possíveis riscos à saúde gerando ansiedade. (MENEZES, 2006). Giddens (1991) explica que a modernidade trouxe consigo a sensação de uma vida segura e gratificante, porém esta modernidade apresentou um modo de vida guiado para a preocupação com o futuro e a segurança, sendo definida pelo autor como a “Sociedade de risco”, onde o consumo é guiado pelo mercado e pelo surgimento de necessidades onde o tempo na maioria das vezes determina as escolhas. 15 O comer se transforma em medo de não corresponder as expectativas sociais e ser cobrado socialmente por isso, logo o comer pode resultar em transtorno alimentar, onde a pessoa se fragiliza emocionalmente e opta por viver sua vida sem comer com medo de engordar ou comer sem fome, para ser aceita e satisfazer a falta de habilidade para lidar com as emoções (NASCIMENTO, 2007). As ciências humanas promovem o ensino de como as vivências humanas, por exemplo, a religião, local de nascimento, laços familiares, vida moderna e economia modelam a relação do indivíduo com a comida. Este conhecimento permite que os estudantes de nutrição reconheçam na alimentação o papel da cultura e do valor social da mesma. Para compreender o indivíduo como um sujeito participante ativo do seu tratamento nutricional e não apenas como expectador, ou seja, o profissional por meio do diálogo consegue construir o tratamento através do conhecimento do outro (MENEZES, 2006). No estudo realizado por Freitas et al (2011) constatou que as disciplinas de ciências humanas auxiliam o futuro nutricionista à compreender as necessidades do paciente levando em consideração a cultura, a subjetividade, as doenças e as preferências individuais, assim é possível planejar um tratamento que atenda à realidade e expectativas do paciente. Está claro que o ato de comer não pode ser estudado apenas pela visão biológica, por isso se faz necessário que os nutricionistas compreendam que este ato é atravessado pela cultura, crenças, valores e costumes que acontecem nas relações entre seres sociais e é onde se constroem os hábitos e as formas de se alimentarem, assim como, o lugar onde o alimento ganha significado não só para alimentar o corpo, mas alimentar o afeto, a alma, a vida. Para a compreensão disto as ciências humanas e sociais contribuem a partir do seu conhecimento sobre o social e o humano e para a nutrição na compreensão do ser que se alimenta e que vive numa sociedade que determina sua ação e atuação. 16 1.3 Formação em Nutrição A formação do nutricionista encontra-se orientada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais que determinam sobre a formação do profissional de forma geral. Na medida em que os conhecimentos vão avançando e o momento social vai determinando o tipo de perfil que o profissional deve ter é que surgem novas diretrizes e politicas de formação. Para Toloza (2003), a atual formação do nutricionista continua sendo baseada nos princípios de Descartes, na qual é feita a divisão da mente e corpo, tornando o ser humano uma máquina, cujo bom funcionamento é determinado pelo estado biológico do indivíduo. Então investigasse e considerasse o funcionamento biológico até o nível molecular, porém os fatores emocionais e sociais não são considerados no processo de saúde-doença. Acrescenta que a própria história da Nutrição surgiu a partir de duas perspectivas: a biológica e a social. Os médicos idealizadores da perspectiva biológica acreditavam nos aspectos clínico-fisiológicos relacionados ao consumo e à utilização biológica dos nutrientes. Todavia a perspectiva social concentrava-se com assuntos relacionados à produção, à distribuição e ao consumo de alimentos pela população brasileira, sendo influenciados pelos ideais de Pedro Escudero dando passo ao surgimento da Nutrição em saúde pública. Nos últimos anos do século XX doenças crônicas, tais como diabetes, obesidade, hipertensão sobrepuseram as doenças carenciais exigindo do nutricionista a construção de novos enfoques para o tratamento dessas doenças. Ainda no mesmo século houve expansão dos cursos de Nutrição, promovendo a ampliação do mercado de trabalho, onde o nutricionista pode atuar na Nutrição Clínica, Alimentação Coletiva, Saúde Coletiva, Ensino e Educação, Nutrição Esportiva, Indústria de Alimentos e Marketing na área de Alimentação e Nutrição. Dentre as áreas citadas existem ramificações de seguimento como, por exemplo, tipo de doença, estabelecimento de alimentos e modalidade esportiva, entre outros. (VASCONCELOS, 2010) O ensino de Nutrição no Brasil foi compreendido desde sua criação como uma ciência que integra outras ciências, não podendo ser estudada apenas pela visão biológica dado que a complexidade da relação homem-natureza-alimento 17 exige que o curso de Nutrição possua em sua grade curricular: ciências biológicas, ciências sociais, ciências dos alimentos e Nutrição (VASCONCELOS, 2010), mesmo assim, a área biológica predomina nas grades curriculares. Sobre a formação do nutricionista, a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação orienta, a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que a formação de um profissional deve assegurar flexibilidade, diversidade e qualidade desenvolvendo no profissional nutricionista habilidades e competências para lidar com as mudanças da sociedade, do mercado de trabalho e da profissão (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2001). Como apresentado até o momento a profissão do nutricionista vivenciou diversas mudanças tanto na área de atuação como na formação. Uma profissão como esta que envolve diversas ciências para o estudo da relação do homem com o alimento no âmbito biológico e social apresenta-se como um desafio para as instituições de ensino, os professores e para os próprios estudantes. De acordo com Bogg (2008), a formação do nutricionista ainda recebe várias críticas relacionadas com a sobrecarga das ciências biológicas, em detrimento de uma formação mais sólida em aspectos político-sociais. Formando um profissional técnico com atenção à saúde no contexto da individualidade em prejuízo da coletividade (ALVEZ e MARTINEZ, 2016). Com base no que foi apresentado, surgiu a seguinte questão qual é a contribuição que as disciplinas de Ciências Humanas oferecem na formação do profissional de nutrição? Para tanto, o objetivo foi conhecer a contribuição das disciplinas de ciências humanas no curso de Nutrição, a partir da visão dos professores que as ministram e de estudantes que participaram das mesmas, compreender a relação entre estas duas áreas de saber. 2 MATERIAL E MÉTODO Este é um estudo de caráter qualitativo. Os estudos qualitativos têm por objetivo compreender o fenômeno a partir dos próprios atores, onde as crenças, valores e significados podem ser explorados e considerados na compreensão do objeto de estudo (GERHARDT; SILVEIRA, 2009;MINAYO, 2008). 18 Minayo (2008) diz que o importante na pesquisa qualitativa é a objetivação, pois é preciso conhecer a complexidade do objeto de estudo, analisar criticamente as teorias expostas sobre o tema, usar técnicas de coleta de dados adequadas e investigar todo o material de forma específica e contextualizada. A objetivação permite que a pesquisa não sofra interferência de juízos de valores, assim por meio dos métodos e técnicas adequados a pesquisa qualitativa produz conhecimento aceitável reconhecido. Para a coleta dos dados foi aplicado um questionário aos professores e alunos de todos os períodos e disponibilizado na plataforma Google Forms, com finalidade de atingir um maior número de participantes, além de facilitar a elaboração das respostas. Antes da aplicação dos questionários este estudo foi encaminhado ao comitê de ética em pesquisa e aprovado sob o número: 1.998.135. O questionário para ambos os grupos ficou disponível de 28 de Março até 8 de Maio de 2017. O questionário foi distribuído aos alunos por meio da rede social Facebook nos grupos Nutrição-UNICAMP, Nutrição 013, FCA UNICAMP, onde o questionário foi postado a cada dois dias nos grupos citados para lembrar os estudantes de responderem o mesmo e para os professores foram enviado um e- mail solicitando o preenchimento do mesmo. Foi encaminhado para 10 docentes que fazem parte do Núcleo Geral Comum- NGC/CHS, recebemos resposta de cinco (5) professores, dos discentes foi encaminhado com a intenção de obter o maior número de respostas, em média 240 alunos compreendendo todos os anos do curso de nutrição, recebemos a resposta de vinte cinco (25) de estudantes. A análise do questionário foi realizada da seguinte forma: as respostas de ambos os questionários foram lidas e agrupadas por temáticas, que surgiram de acordo com os assuntos principais presente no questionário de alunos e professores. As temáticas são: inserção das disciplinas de NC no curso de Nutrição, disciplinas eletivas e obrigatórias, contribuição das Ciências Humanas (NCs) na Nutrição, relação das Ciências Humanas (NCs) com a Nutrição, união das Ciências Humanas (NCs) com a Nutrição. O questionário enviado aos docentes e discentes contém perguntas diferentes, mas todas as perguntas tratam de contribuição, 19 relação e união das ciências humanas com a Nutrição, entretanto a questão sobre a inserção da NC no curso foi feita apenas aos professores. Em cada uma das temáticas, constam as respostas de estudantes e docentes, menos a temática “inserção das disciplinas de NC” que consta apenas resposta dos professores, a fim de identificar pensamentos semelhantes e diferentes entre os participantes com intuito de aprofundar a discussão com outros estudos disponíveis na literatura. As respostas de estudantes e professores são identificadas por meio da letra “E” e “P”, respectivamente, seguida de um número que corresponde à ordem de resposta no questionário. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente estudo contou com a participação de 30 entrevistados, sendo 5 docentes e 25 discentes. Em relação aos docentes todos que responderam ao questionário se identificaram como pertencentes ao sexo masculino com formação em Ciências Econômicas, Antropologia, Ciências Sociais, Física, Filosofia, Geografia ou Economia. Em relação aos discentes, 24 participantes informaram pertencer ao sexo feminino e 1 ao sexo masculino, os entrevistados possuíam idade entre 20 a 25 anos, sendo que maioria se encontrava na faixa etária dos 22 anos, 16 dos 25 participantes responderam estar cursando o 9º semestre, seguido de 5 alunos que responderam que estão cursando o 7º semestre e o restante dos participantes estão no 3º ou 8º semestre. No estudo de Vasconcelos; Calado (2011) sobre os 70 anos de história da profissão do nutricionista foi encontrado uma predominância de pessoas do sexo feminino com idade entre 20 a 40 anos, os discentes participantes confirmam este dado. O fato de ter mais pessoas do sexo feminino no curso de Nutrição se deve ao fato de ser uma profissão da área da saúde e do cuidado caraterizado desde sua origem como uma profissão feminina. Atualmente, observa-se um aumento, de forma tímida, o ingresso e interesse, de estudantes de sexo masculino na área da nutrição. 20 3.1 Inserção das disciplinas de NC no curso de Nutrição Ao responderem sobre qual era o critério de inserção das disciplinas de ciências humanas no curso de Nutrição os participantes informaram que o critério é: “proporcionar uma formação básica em Ciências Sociais, fundamentação em bibliografia das humanidades/humanista, reflexão sobre a contemporaneidade e interfaces com outras áreas do saber.” (P01), “promover a interdisciplinaridade” (P02) e “propiciar uma formação profissional e cidadã” (P04). O ensino das disciplinas de ciências humanas no curso de Nutrição segue a orientação de fornecer conhecimento sobre a realidade política, social e cultural para formar um profissional com atuação cidadã e responsabilidade social (PORTRONIERI et al, 2009). O projeto inicial da criação da FCA tinha como objetivo promover a interdisciplinaridade, onde os alunos teriam disciplinas sobre do núcleo básico Geral comum, onde seriam discutidos diversos assuntos relacionados com as ciências humanas e sociais aplicadas, incialmente com maior carga horária que as disciplinas especificas do curso, a proposta foi que estas disciplinas fossem realizadas em conjunto com alunos dos cursos oferecidos na FCA. A Faculdade tem como missão “Produzir e difundir as ciências aplicadas contribuindo para o desenvolvimento humano e social” e como princípios e valores promover os valores humanísticos, exercício da interdisciplinaridade e exercício da crítica (site da FCA p.1). Com uma visão interdisciplinar esta faculdade entende que a troca e a cooperação entre as disciplinas, integração entre os saberes ensinados, permite uma formação mais ampla. Mais que formar técnicos de uma área, forma cidadãos atuantes para a realidade do país. O exercício da interdisciplinaridade pode sem dúvida formar pessoas com pensamento critico e político atuantes e relevantes para a sociedade. De acordo com Augusto et al. (2004), forma-se uma espécie de rede entre os conhecimentos com o propósito de comunicar, relacionar e contextualizar o aprendizado. Interdisciplinaridade não se trata de informações dispersas que não se aplica ao contexto de ensino, por isso a pedagogia interdisciplinar como é orientado na FCA torna-se um desafio. 21 Para Canesqui (2005), o ensino de forma interdisciplinar necessita de comunicação e integração entre os conhecimentos, diferente da multidisciplinariedade, onde é feito a recopilação dos conhecimentos. Um dos objetivos da educação do nutricionista formado pela UNICAMP é: “Desenvolver no aluno visão crítica da sociedade, das suas organizações e da profissão do nutricionista, desenvolver no aluno o espírito crítico e o discernimento diante de situações de conflito de interesses, estimular o senso crítico e propiciar o desenvolvimento do espírito investigativo e científico, habilitando-o a emitir juízo crítico e autocrítico através do desenvolvimento de pesquisa, participação em congressos, seminários, colóquios e outros eventos científicos” (Site da FCA, p.16). Conforme as respostas dos professores, o critério de inserção de disciplinas das ciências humanas é proporcionar aos futuros profissionais uma reflexão crítica sobre a realidade social e econômica seguindo o projeto pedagógico da instituição e não as necessidades especificas dos cursos. 3.2 Disciplinas eletivas e obrigatórias Os professores disseram que lecionam tanto disciplinas eletivas quanto disciplinas obrigatórias e observam as obrigatórias como uma base para o entendimento das matérias eletivas, porém um dos docentes acreditaque a obrigatoriedade das disciplinas “amarra os alunos a certos conteúdos em determinados momentos” (P01). Em relação às eletivas os entrevistados acreditam que estas promovem maior liberdade para alunos e professores e são mais prazerosas. Ao responderem sobre número de eletivas realizadas, os alunos, em sua maioria, disseram ter cursado três disciplinas eletivas e todas as obrigatórias. Quando questionados sobre o critério de escolha para cursar as disciplinas eletivas os alunos mencionaram que foi: obrigatoriedade em cumprir os créditos de eletiva, flexibilidade de horários oferecida pelas disciplinas, opinião de amigos sobre os conteúdos da matéria, afinidade com didática do docente. Três alunos mencionaram que optaram por disciplina devido ao aprendizado, para compreender a sociedade ou por interesse por psicologia ao se referir à disciplina “Gramática da psicanalise”. 22 Poucos alunos citaram o aprendizado como critério de escolha e a maioria utilizou como critério obrigatoriedade em cumprir os créditos. O que nos leva a pensar que não existe um real interesse dos estudantes pelas disciplinas. Os estudantes valorizam as disciplinas especificas, pois as julgam mais interessantes e mais importantes para profissão, assim, o que pode explicar, muitas vezes, a sua resistência a respeito dos conteúdos oferecidos nas disciplinas, conteúdos estes diferentes a área especifica de formação, que os obriga na maioria das vezes a refletir sobre seu papel social como profissional (LUZ et al, 2015; CANESQUI, 2005). 3.3 Contribuição das Ciências Humanas (NCs) na Nutrição Sobre as contribuições das ciências humanas na formação do nutricionista os formadores disseram haver pouca ou nenhuma relação, pois “o NGC tem como proposta atuar na formação mais geral, em consonância com a missão e valores da FCA” (P01), indo de encontro à resposta anterior outro docente afirmou que as disciplina de NGC “atuam na formação geral, que é necessária em um mundo de complexidade crescente e a necessidade de relações de trabalho interdisciplinar” (P05). Mas outros educadores concordaram que as ciências humanas têm como papel na formação do nutricionista proporcionar uma “leitura nítida do mundo atual” (P02), “compreensão das questões contemporâneas que envolvem as relações entre sociedade, cultura, ambiente e pensamento” (P03), “formação de profissionais aptos a atuarem em contextos e cidadãos com espírito crítico” (P04). Nos cursos de ensino superior deve acontecer conscientização dos problemas sociais, principalmente os nacionais, oferecimento de serviços especializados à comunidade promovendo a ligação de universidade e população (BASTOS, 2008). Os cursos de graduação devem proporcionar visões de mundo e incentivando o desenvolvimento de um profissional cidadão (BONETTI; KRUSE, 2004). O ensino das ciências humanas é visto como contribuinte para uma formação generalista, humanista e crítica proporcionando ao nutricionista a atuação 23 em diversos setores da alimentação e Nutrição, sempre, utilizando os princípios éticos, reflexão sobre a realidade econômica, política, social e cultural. (JUNQUEIRA; COTTA, 2014; LUZ et al, 2015; MEDEIROS et al, 2013 RECINE et al, 2012). De acordo com que foi discutido, as ciências humanas contribuem para formação crítica do nutricionista e de outros profissionais para que possam ter entendimento da realidade social, cultural e política, estando de acordo com as diretrizes curriculares e projeto pedagógico do curso. Na percepção dos estudantes as disciplinas contribuem no entendimento do mundo e da sociedade como demonstra o texto a seguir: “Todas as disciplinas contribuíram em algum quesito [...] Bem como, ampliou a visão de mundo para novos argumentos, entendimento de diferentes culturas e sociedades, e expandiu o pensamento crítico em relação ao meio ambiente, ao ser humano como um ser biopsicossocial, e as várias teorias da filosofia, as diferentes épocas da população e suas formas de viver em sociedade. Contribuiu também em melhorar discussões de casos, e na forma de como "enxergar" e tentar entender o paciente. Auxiliou em conceitos sobre como administrar e coordenar projetos, empresas e a liderar pessoas. Além do desenvolvimento na consciência em relação a diversos conceitos que podem ser utilizados na Nutrição ou na área da saúde” (E24). Entretanto há estudantes que acreditam que não há contribuição e quando tem, ocorre em matérias específicas como exemplifica as respostas a seguir: “As contribuições poderiam ser melhores se realmente fossem aplicadas como remete o nome da faculdade. Mas, da forma como as disciplinas são ministradas, para mim, as contribuições foram muito poucas e vagas. Com exceção da disciplina de ética que realmente auxiliou na reflexão sobre as atitudes profissionais e pessoais” (E01). E um aluno opinou que as NCs contribuem na formação generalista: “As disciplinas de Ciências Humanas contribuem para uma formação mais generalista do profissional” (E23). Alguns professores e alunos concordam que o ensino das disciplinas de ciências humanas contribui na formação generalista possibilitando ao estudante o entendimento da construção e funcionamento da sociedade. Entretanto há discentes 24 que acreditam que a forma como a disciplina é ministrada dificulta a percepção dessa contribuição. Portronieri (2009) em seu estudo encontrou que alunos do primeiro ano de Nutrição consideram as disciplinas de ciências humanas interessantes, porém alunos do último ano não apresentam o mesmo interesse e esse fato é justificado pela queda de apreciação que ocorre conforme aulas são ministradas. Conforme o apontado pelos participantes e os estudos sobre esta questão Canesqui (2005) explica que o ensino das ciências humanas é realizado de forma introdutória, pouco se comunica com os assuntos relacionados à nutrição e alimentação. As aulas são ministradas com temas específicos e básicos, como: estrutura social, mudança social, ideologia e sistemas de valores, interação e socialização, organização social, indivíduo e sociedade. Desta forma percebe-se dispersão nos conteúdos ensinados dentro do curso, o que torna o elo entre as ciências humanas e a Nutrição frágil, provocando o desinteresse dos estudantes. 3.4 Relação das Ciências Humanas (NCs) com a Nutrição A relação das ciências humanas com Nutrição é vista como “fraca” (P01) ou em “construção, pois o hábito disciplinar ainda é muito forte” (P02). Alguns docentes concordam que é necessário “intensificar essa relação através das atividades de extensão comunitária, em pesquisas interdisciplinares, relação da pós- graduação e graduação” (P04), ou “inserindo os professores de Nutrição como convidados nas aulas de NCs” (P05). O hábito disciplinar mencionado pode ser explicado pelo aprendizado em Nutrição e alimentação ser guiado pelos aspectos de saúde-doença, ou seja, seguindo uma visão biológica (CANESQUI 2005). A opinião dos professores vai de encontro ao que os estudos afirmam sobre a dificuldade em relacionar as duas áreas de conhecimento, pois existe uma valorização das disciplinas de ciências biológicas em detrimento das disciplinas ciências humanas dado que o curso está moldado sob a vertente biológica pautada 25 na atenção clínico-assistencial. (FERREIRA; MAGALHÃES, 2007; NEVES et al, 2014; CANESQUI, 2005) Sobre a relação entre disciplinas de ciências humanas os discentes compreendem que: “As ciências humanas, em si, têm uma relação muito interessante com a Nutrição no quesito de que podem ampliar a visão do nutricionista além do modelo biomédico de saúde, compreendendo desde a origem das ideias que fundamentam a pesquisa científica até os por quês de a nossa sociedade ser estruturada como é. Todavia, da forma que elas são realizadas na FCA, eu vejo muito pouca interdisciplinaridade coma Nutrição durante as aulas e nos projetos propostos pelos professores, tendo assim uma relação bem fraca. Alguns tentam, mas a maioria não tem esse tato” (E08). Para os estudantes as disciplinas de ciências humanas têm pouca relação com a área de formação, que são muito valorizadas não só na carga horaria, mas nas exigências da própria área, o que muitas vezes faz com que não consigam ver a relação com a formação do nutricionista. “Parecem muito distantes da nossa realidade. Ficamos muito tempo vendo disciplinas com o foco celular, dietas, biológicas e quando nos deparamos com discussões sobre o papel da tecnologia na nossa sociedade não conseguimos fazer uma relação direta com a profissão. Precisa de um esforço muito grande do aluno para procurar textos complementares para assim, a disciplina fazer sentido e muitas vezes é extremamente difícil, por exemplo em matérias como Filosofia” (E15). Mesmo que os alunos consigam entender o objetivo das disciplinas, muitos não conseguem contextualiza-las na sua área de formação “Em muitas em não vejo muito contexto, [...]. Essas disciplinas têm como objetivo fazer com que tenhamos uma visão mais social de como é viver em sociedade e as variáveis que podem ou não interferir. Isso vai afetar no nosso trabalho como nutricionistas, porque precisamos entender o contexto em que o nosso paciente está vivendo, e que nós estamos vivendo também, para conseguirmos nos posicionar de forma mais assertiva/eficaz”. (E22). Docentes e estudantes concordam que as disciplinas de ciências humanas oferecidas na FCA e a Nutrição possuem pouca relação, apesar de 26 reconhecerem que essas matérias de maneira geral estão interligadas com o conhecimento da Nutrição. A desarticulação entre as duas áreas do conhecimento parece ser a razão para os participantes definirem a relação das ciências humanas e Nutrição como “fraca” ou “distante” (PORTRONIERI, 2009). A pouca comunicação ocorre devido à fragmentação e inclusão aleatória dos conteúdos de ciências humanas no curso de Nutrição, pois não há preocupação em integrar os conhecimentos, mas sim corresponder às exigências curriculares sobre a formação generalista (CANESQUI, 2005). Uma formação generalista se refere à visão global dos assuntos, que proporciona aos alunos conhecimentos específicos do curso e geral outras áreas do conhecimento (CORBELLINI et al, 2010). 3.5 União das Ciências Humanas (NCs) com a Nutrição Três docentes acreditam que não há separação do conhecimento “ciência biológica, como qualquer outra, são um conjunto de atividades humanas. E qualquer atividade humana não se isola das outras” (P02), por isso ao lecionarem partem da “indissocialidade” (P03). Em contrapartida um docente afirmou fazer uso do conhecimento de antropologia para abordar temas relacionados à “obesidade, anorexia, dieta e o uso do corpo” ou promove discussão sobre “produção de alimentos, agronegócios, economia e hábito, onde é possível discutir a relação entre produção de alimentos para o mercado, qualidade de alimentos, hábitos alimentares, saúde e doença”. Outro educador afirmou: “procuro entender como diferentes saberes se articulam [...] para explicar determinados fenômenos e dinâmicas, compreendendo, potencialidades e formas operacionalização”. Mostrando preocupação pela associação e aplicação dos conteúdos discutidos nas disciplinas de Ciências Humanas. O que se observa no estudo de Montagner; Montagner (2007) é que existe dificuldade por parte dos professores em ensinar disciplinas de ciências humanas para os cursos de saúde devido ao conteúdo pragmático e voltado para resolução de problemas como se encontra nesses cursos. 27 Para os discentes a união é realizada em algumas disciplinas especificas do curso, em que obrigatoriamente tem relação a nutrição e questões humanas, como é possível perceber pelas respostas a seguir: “Os professores de Nutrição que ministram aulas que relacionam Nutrição e humanidades, como segurança alimentar, por exemplo, conseguem relacionar as ciências biológicas às ciências humanas, levando em consideração o tempo histórico da sociedade, suas diferentes necessidades e como a Nutrição esteve presente em cada momento” (E01). Um estudante apresenta uma ideia em relação à melhor forma de aproveitar este conteúdo. “Acredito que deveriam ser professores da área de Nutrição para dar essas aulas, como o caso da ética, a qual seria interessante no trabalho/pesquisa; ou então dar exemplos da matéria envolvendo setores da Nutrição, o que ocorre no ambiente de atuação de um profissional da saúde” (E07). Mesmo apontando que as disciplinas discutem questões fora do contexto da nutrição, alguns estudantes conseguem identificar e fazer associações. “Os professores trabalham de forma subjetiva, ou seja, pode ser que para algumas pessoas eles unem as duas áreas e para outras não. Acredito que a maioria deles trabalha através de relações entre a sociedade e a população, a cultura, moral...” (E20). Para outros há maior dificuldade em perceber a relação entre as duas ciências, conforme o seguinte depoimento: “Não foram todas aulas que tinha a união de ciências biológicas e humanas, algumas vezes, me senti em uma aula totalmente voltada para o curso de humanas, porém algumas vezes através de discussões e exemplos dos alunos era possível imaginar no ambiente da Nutrição os assuntos da aula” (E24). A união entre as ciências humanas pode ocorrer de diversas formas, por exemplo, ensino sobre cultura, hábitos, comportamentos alimentares, imagem corporal, crenças e ideologias alimentares, globalização e o impacto nos hábitos alimentares, economia, produção de alimentos e ecologia, aversões, restrições, distúrbios alimentares, como a etnia e gênero influenciam na forma de se alimentar e organizar a distribuição dos afazeres domésticos. Esses temas foram encontrados 28 no estudo realizado por Canesqui (2005) sobre as ciências humanas no curso de Nutrição em universidades norte-americanas e inglesas. Os docentes dessas universidades utilizavam como estratégias de ensino aulas expositivas, atividade práticas, elaboração de relatórios sobre visita, aulas de temas sugeridos por alunos, análise de hábitos alimentares, pesquisas relacionando gênero, etnias, classe social e alimentação, elaboração de papers pelos alunos a partir de assuntos discutidos na disciplina, análise de caso clínico (CANESQUI, 2005). Como respondido por um aluno, os formadores são subjetivos ao lecionarem suas aulas, pois alguns consideram que a Nutrição e ciências humanas são inseparáveis e há outros que procuram voltar o conteúdo da disciplina afim de comtemplar os estudantes de Nutrição. Houve discente que afirmou que percebe a união das áreas através de aulas oferecidas pelos docentes do curso de Nutrição, por exemplo, nas aulas de Segurança Alimentar. A inclusão das disciplinas de ciências humanas não parece ser suficiente para despertar o interesse dos alunos, é necessário promover uma aproximação entre a área biológica e de humanas (SANTOS et al, 2005), que, segundo os alunos, vem sendo feito por professores de Nutrição e alguns professores de NC. Reconhecendo essa dificuldade no ensino e na união dos dois conhecimentos, discentes e docentes propõem algumas mudanças, como realização de atividade de extensão na comunidade e participação dos professores nutricionistas com intuito de ampliar o conhecimento dos alunos e aproximar NC e Nutrição. O trabalho em campo desde o primeiro ano do curso pode ser o ponto de partida para a transformação da educação superior em Nutrição, visto que é uma forma de oferecer ao aluno o conhecimento teórico e prático ao mesmo tempo, considerando o conhecimento interdisciplinar e intersetorial (MEDEIROS et al, 2014; OLIVEIRA; SANTOS, 2014; PEDROSO; CUNHA, 2008; SANTOS et al, 2005). 29 4 CONCLUSÃOAlunos e professores reconhecem que a maior contribuição das disciplinas de NC é para uma formação generalista e construção do pensamento crítico, importante para o entendimento da sociedade e relação com paciente. Entretanto, a relação entre as duas áreas precisa ser intensificada, pois a forma como as disciplinas do NCs são lecionadas ainda não promovem esta união. Mesmo assim, foi possível observar que em algumas disciplinas especificas em que os conteúdos das biológicas e ciências humanas se encontram, os alunos, mesmo não conscientes disso, conseguem associar conteúdos das disciplinas do NCs e sua área de formação. Ou seja, as discussões realizadas nas disciplinas do núcleo básico contribuem de alguma forma para a reflexão nas disciplinas especificas. A não percepção desta contribuição talvez seja pela manutenção ainda da disciplinarização na formação dos profissionais, que dificulta a associação entre as próprias disciplinas inclusive as especificas. E impede inclusive que o aluno veja sua formação como um todo, o que pode explicar a sua resistência e a própria valorização de disciplina de base como é o caso das disciplinas de ciências humanas. Seria interessante o estabelecimento de uma comunicação entre as disciplinas. A falta de comunicação entre a Nutrição e as ciências humanas provoca o desinteresse dos estudantes ao ponto destes escolherem as disciplinas eletivas apenas para cumprir a carga horária exigida. No entanto, manifestam o interesse em aprender a relação entre as duas áreas. A contribuição das ciências humanas na Nutrição ultrapassa a formação generalista, mas para essa contribuição se revelar é necessária a utilização do ensino interdisciplinar, ou seja, é preciso ocorrer comunicação e interação entre as duas áreas. Após realização deste trabalho é possível inferir que são necessárias mudanças com o intuito de aproximar NC e Nutrição, através de atividades de extensão e participação de docentes de Nutrição nas aulas de NC, como foi sugerido pelos participantes. E como orientado pelos autores, utilizados para discutir este trabalho, empregar recursos pedagógicos para promover a interdisciplinaridade. 30 Para os próximos estudos com essa temática fica a sugestão da comparação da percepção e expectativa de alunos do primeiro e último ano de Nutrição sobre as disciplinas de NC com objetivo de conhecer se há variação das mesmas ao longo da graduação. Assim mesmo, continuar pensando em estratégias que formem um profissional com uma visão ampla e com um papel social responsável. 31 REFERÊNCIAS ALVARENGA, Marle; Antonaccio, Cynthia; Timerman, Fernanda; Figueiredo, Manoela. Nutrição Comportamental. Barueri, SP: Manole. 2015 ALVEZ, Cristina Garcia Lopes; MARTINEZ, Maria Regina. Lacunas entre a formação do nutricionista e o perfil de competências para atuação no Sistema Único de Saúde (SUS). Interface (Botucatu). 2016; 20 (56): 159-169. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/v20n56/1807-5762-icse-20-56-0159.pdf>. 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