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RESUMÃO DIREITO PENAL

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RESUMÃO DIREITO PENAL
TEORIA GERAL
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL (Magalhães Noronha)
Conceito: O direito penal é uma ciência cultural, normativa, valorativa e finalista. 
1 Ciência: é uma ciência porque suas regras estão contidas em normas e princípios que formam a chamada Dogmática jurídico penal.
2 Cultural: estudam o que “deve ser”, ao contrário das ciências naturais (“ser”).
3 Normativa: o objeto principal é a norma penal.
4 Valorativa: o DP tem sua própria escala de valores na apreciação dos fatos que lhe são submetidos.
5 Finalista: tem uma finalidade prática e não meramente acadêmica. Para Roxin, essa finalidade é a proteção de bens jurídicos. Para Jakobs (Teoria Penal do Inimigo) é a proteção das normas penais.
#APROFUNDANDO - O Direito Penal é constitutivo ou sancionador? Zaffaroni – é predominantemente sancionador, e excepcionalmente constitutivo. É sancionador porque o DP não cria bens jurídicos, apenas confere uma proteção mais contundente a bens criados por outros ramos do Direito. Ex.: patrimônio. É constitutivo quando cria bem jurídico que não pertence a outro ramo. Ex.: crime de ato obsceno. 
*#PERGUNTA: O que se entende por Neorretributivismo Penal? Uma vertente diferenciada do Direito Penal surge nos Estados Unidos, com a denominação "lei e ordem" ou tolerância zero (zero tolerance), decorrente da teoria das “janelas quebradas” (broken windows theory). Alguns a denominam realismo de direita ou neorretribucionismo. Parte-se da premissa de que os pequenos delitos devem ser rechaçados, o que inibiria os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando como prevenção geral (@vipjus).
FUNÇÕES DO DIREITO PENAL:
· Função de proteção dos bens jurídicos mais relevantes para o convívio harmônico em sociedade;
· Função de garantia de vigência da norma;
· Função de prevenir a vingança privada;
· Função de controle social;
· Função garantista;
· Função promocional;
· Função simbólica.
#APROFUNDAMENTO. Vejamos algumas teorias que foram cobradas na prova do MPMG – 2017 e ficaram famosas:
· Grease the wheels theory (teoria da graxa sobre rodas): A referida teoria se contrapõe à “sand the wheels theory”, pois preconiza que alguns atos de corrupção devem ser tolerados, tendo em vista que por meio deles seria possível contornar a burocracia estatal, conferindo maior liberdade ao setor privado, a fim de gerar crescimento econômico. 
· A “Sand the wheels theory” defende que a permissão para a prática de atos de corrupção cria um ambiente institucional ruim, gerando insegurança, e, por conseguinte, inibindo o crescimento econômico.
· Por fim, o Estado Vampiro é consequência da transformação de um Estado Democrático de Direito, para um Estado onde existe tão somente uma aparente legalidade, sendo governado, na prática, por corruptos.
	 
	DIREITO PENAL
	CRIMINOLOGIA
	POLÍTICA CRIMINAL
	CONCEITO
	O direito penal é uma ciência cultural, normativa, valorativa e finalista. Predominantemente sancionador e excepcionalmente constitutivo.
	Ciência empírica e interdisciplinar.
	Ciência ou a arte de selecionar os bens (ou direitos) que devem ser tutelados penalmente e escolher os caminhos para efetivar tal tutela, o que implica a crítica dos valores e caminhos já eleitos (ZAFFARONI).
	FINALIDADE
	Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como infrações penais, anunciando as respectivas sanções.
	Ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade.
	Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade.
	OBJETO
	O crime enquanto norma
	O crime enquanto fato
	O crime enquanto valor
	EXEMPLO
	DP define o crime de homicídio
	Criminologia estuda o fenômeno do homicídio, o agente homicida, vítima e o comportamento da sociedade.
	A Política Criminal estuda as formas de diminuir o homicídio.
#JÁCAIUEMPROVA: Tema cobrado na Primeira Fase DPE/PR! O que se entende por Política Criminal Atuarial? “Indica que os presos devem ser organizados de acordo com seu nível de risco” (assertiva considerada correta). Política criminal atuarial é uma forma de abordagem da política criminal a partir da utilização da lógica e do cálculo atuarial, sobretudo através da utilização de dados matemáticos e estatísticos. A rigor, implica a compreensão da realidade criminológica pelo uso de formulações matemáticas específicas - intimamente associadas ao conceito de gerencialismo e à teoria do risco - de maneira a definir, através de um projeto governamental, as condutas que devem ser consideradas crimes e traçar políticas públicas para preveni-las e lidar com suas consequências.
Criminalização primária é o ato e o efeito de sancionar de uma lei primária material, que incrimina ou permite a punição de determinadas pessoas. Trata-se de um ato formal, fundamentalmente programático, pois, quando se estabelece que uma conduta deve ser punida, enuncia-se um programa, o qual deve ser cumprido pelos entes estatais (polícias, Ministério Público, Poder Judiciário, etc.). 
De seu turno, criminalização secundária é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas. Verifica-se quando os órgãos estatais detectam um indivíduo, a quem se atribui a prática de um ato primariamente criminalizado, sobre ele recaindo a persecução penal.  Para ZAFFARONI, a criminalização secundária possui duas características: seletividade e vulnerabilidade, pois há forte tendência de ser o poder punitivo exercido precipuamente sobre pessoas previamente escolhidas em face de suas fraquezas, a exemplo dos moradores de rua, prostitutas e usuários de drogas.  Este fenômeno guarda íntima relação com o movimento criminológico conhecido como labeling approach (teoria da rotulação ou do etiquetamento): aqueles que integram a população criminosa são estigmatizados, rotulados ou etiquetados como sujeitos contra quem normalmente se dirige o poder punitivo estatal. 
O Poder Legislativo é considerado como uma agência de criminalização primária.
A exasperação da pena-base por causa da pobreza, ignorância ou desemprego caracteriza a prática do que a doutrina denomina direito penal do inimigo.
O racismo é característica estrutural do processo de criminalização secundária no Brasil.
A criminalização primária, realizada pelos legisladores, é o ato e o efeito de sancionar uma lei penal material que incrimina ou permite a punição de determinadas pessoas; enquanto a criminalização secundária, exercida por agências estatais como o Ministério Público, Polícia e Poder Judiciário, consistente na ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando é detectado uma pessoa que se supõe tenha praticado certo ato criminalizado primariamente.
Missão imediata (direta): neste tópico, a doutrina diverge. Para uma primeira corrente, defendida por Roxin (funcionalismo teleológico), a missão imediata do Direito Penal é a de proteger bens jurídicos indispensáveis à convivência em sociedade. Já para uma segunda corrente, sustentada por Jakobs (funcionalismo sistêmico), a missão imediata do Direito Penal é a de assegurar o ordenamento jurídico, a vigência da norma.
Missão mediata (indireta): a missão do Direito Penal estaria relacionada ao controle social, isto é, a limitação da atuação da sociedade, evitando, dessa forma, comportamentos humanos indesejados; e, também, à limitação do poder punitivo do Estado, evitando, assim, a “hipertrofia” da punição. 
DIREITO PENAL NA SOCIEDADE DO RISCO: Transformações sociais, econômicas e tecnológicas da sociedade pós-industrial ensejaram o surgimento de novas modalidades criminosas, com riscos desconhecidos e incontroláveis que trazem a sensação coletiva de insegurança. Bens jurídicos supraindividuais que ensejaram a criação de crimes de perigo abstrato.
(MPGO 2014) A atuação da persecução penal do Estado é chamada a solucionar os conflitos decorrentes dessa sociedade do risco, em nome de uma segurança concreta, veloz e eficaz. O Direito Penal e o Direito Processual Penal, por vezes, passam a ser vistos como as soluções mágicas para o sentimento de insegurançada sociedade do risco. A adoção desse papel nas atividades persecutórias faz com que se crie um ambiente de valorização excessiva da intervenção estatal, o que pode caracterizar um Estado de prevenção, absolutamente incompatível com a ideia do modelo liberal e garantista.
(TRF4 2008) Na tutela dos grandes e novos riscos que ameaçam a sociedade presente e as gerações futuras têm surgido legislações penais de diferenciado e gravoso tratamento, penal e processual penal, em crimes econômicos-tributários, ambientais e os imputáveis a organizações criminosas.
Desmaterialização ou espiritualização do bem jurídico: Bens jurídicos de caráter coletivo são formulados de maneira vaga e imprecisa, de modo que não mais se protege bens jurídicos, mas funções. Distanciam-se da pessoalidade e da substantividade. A espiritualização do bem jurídico foi uma expressão criada pela doutrina para criticar a tipificação de condutas que visam tutelar bens jurídicos de interesse transindividual, isto é, aquilo que pertence a uma coletividade, afirmando que tais bens são formulados de modo vago e impreciso ensejando a denominada desmaterialização, espiritualização ou liquefação do bem jurídico.
(MPBA) A doutrina refere-se à espiritualização do bem jurídico como uma crítica.
(MPBA) A espiritualização não tem como característica a pessoalidade, mas sim, trata de interesses metaindividuais (coletivos).
(MPBA) A tendência de “espiritualização” dos bens jurídicos pode ser concretamente mitigada com a consideração conjunta da noção de pessoalidade com a de substancialidade, e não ser deduzida apenas de um dado normativo.
(MPBA) A noção de bem jurídico, neste contexto, não pode ter como objeto de proteção da norma situação referentes à moralidade pública, aos bons costumes, ao sentimento do povo e outras semelhantes.
(MPBA) Roxin foi precursor do Funcionalismo Moderado, que pregava justamente a valoração do bem jurídico pela norma penal, ou seja, a norma deveria ter a função primordial de proteger um Bem Jurídico, levando-se em consideração as consequências dessa norma na sociedade, para fins de política criminal.
Obs.: Delitos de acumulação – Só se vislumbra a lesão na soma de ações individuais reiteradas e no acúmulo dos resultados de todas. Se não há lesividade na conduta isolada, o que se estará punindo é o desrespeito ou desobediência a uma norma, ou seja, uma simples infração do dever (crimes de transgressão), violando os princípios da lesividade e da subsidiariedade.
Direito Penal de Emergência – Em razão da opinião pública, o legislador edita leis criando tipos penais ou aumentando as punições, mas com função meramente representativa, para criar a ilusão/sensação de tranquilidade social, afastando-se das finalidades legítimas do direito penal. Exemplo: Lei nº 8.072/90. Assemelha-se ao Direito Penal Simbólico.
Direito Penal Promocional – é o político ou demagogo, a lei penal é utilizada como instrumento de política social ou de transformação social. Viola o princípio da intervenção mínima. Exemplo: Criminalizar a mendicância.
Direito Penal de Intervenção – Hassemer. Situado entre o Direito Penal e o Direito Administrativo. As infrações de índole difusa (ou coletiva) e causadoras de perigo abstrato seriam tuteladas pela Administração Pública, por meio de um sistema jurídico de garantias materiais e processuais mais flexíveis, sem risco da privação de liberdade do infrator. Por sua vez, o Direito Penal cuidaria apenas das infrações a bens jurídicos individuais ou que causem perigo concreto. 
Direito Penal como Proteção de contextos da vida em sociedade – Se opõe ao Direito Penal de Intervenção. Relega ao segundo plano a proteção dos interesses estritamente individuais, dando-se enfoque máximo à proteção dos interesses difusos, da coletividade, protegendo-se as futuras gerações. A noção de bem jurídico é superada, sendo substituída pela tutela direta de relações ou contextos de vida. Direito de gestão de riscos gerais, antecipando as punições como forma de proteger a sociedade. Aproxima-se do Direito Penal do Inimigo.
Administrativização do Direito Penal – Direito de gestão punitiva de riscos gerais. Terceira via.
(IBADE PC-AC) A sociedade pós-industrial foi denominada por Ulrich Beck como uma “sociedade do risco”, ou uma “sociedade de riscos” (Risikogesellschaft). Com efeito, essa nova configuração social produz reflexos nas searas da teoria do bem jurídico-penal e dos princípios correlatos. Uma das consequências desse fenômeno é a chamada “administrativização” do direito penal, sobre a qual é correto falar que: é uma forma de expansão do direito penal, em que este, que normalmente reage a posteriori quanto ao fato lesivo individualmente delimitado, se converte em um direito de gestão punitiva de riscos gerais.
Direito Penal Garantista – Ferrajoli. Garantismo penal: modelo “universal” que busca a contribuição para a crise dos sistemas penais. Luigi Ferrajole, principal expoente desse sistema, apresenta 10 axiomas ou princípios, nos quais se assenta o modelo garantista: 
(1) princípio da retributividade – a pena é uma consequência do delito; 
(2) princípio da reserva legal; 
(3) princípio da necessidade ou da economia do direito penal – a lei penal deve ser o meio necessário para proteção dos bens jurídicos relevantes; 
(4) princípio da lesividade ou da ofensividade do evento – os tipos penais devem descrever condutas que possuam aptidão para ofender bens jurídicos de terceiros; 
(5) princípio da materialidade ou exterioridade da ação – para que uma conduta seja proibida, deve ser manifestada por meio de uma ação ou omissão; 
(6) princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal; 
(7) princípio da jurisdicionalidade; 
(8) princípio acusatório – separação das funções de julgar e de acusar; 
(9) princípio do ônus da prova; e 
(10) princípio do contraditório.
*#OUSESABER #OLHAOGANCHO: O que se entende por garantismo penal integral? A expressão “garantismo penal integral” foi cunhada por Douglas Fischer para demonstrar que o garantismo à luz da hermenêutica constitucional, com seus consectários reflexos no Direito Penal e Processual Penal, tutela não apenas os direitos individuais dos acusados, investigados ou processados na esfera criminal, devendo valorar todos os direitos e deveres previstos na Constituição Federal. Isso porque os direitos fundamentais não preveem apenas uma proibição de intervenção (proibição de excesso, übermassverbot), mas também uma vedação à omissão (proibição da proteção deficiente, proibição da proteção insuficiente, untermassverbot). Dessa forma, o garantismo penal integral ou proporcional é aquele que assegura os direitos do acusado, não permitindo violações arbitrárias, desnecessárias ou desproporcionais, e, por outro lado, assegura a tutela de outros bens jurídicos relevantes para a sociedade, em consonância com as duas vertentes do princípio da proporcionalidade, incluindo a proibição do excesso (übermassverbot) e a proibição da proteção deficiente (proibição da ineficiência, proibição da proteção insuficiente e untermassverbot). Assim, o garantismo divide-se em: a) Garantismo negativo: visa frear o poder punitivo do Estado, ou seja, refere-se à proibição de excesso. Trata-se de um modelo normativo que obedece à estrita legalidade voltado a minimizar a violência e maximizar a liberdade, impondo limites à função punitiva do Estado. b) Garantismo positivo: visa fomentar a eficiente intervenção estatal, ou seja, refere-se à proibição da intervenção estatal insuficiente (deficiente), bem como evitar a impunidade. Assegura a proteção aos bens jurídicos de alta relevância social.
(FCC) A versão clássica do modelo penal garantista ideal se funda sob os princípios da legalidade estrita, da materialidade e lesividade dos delitos, da responsabilidade pessoal, do contraditório entre as partes e da presunção de inocência.
(MP-MG) A concepção de um “garantismo positivo” alia-se ao princípio da proibição de proteção deficiente, trazendo como consequência a extensão da função de tutela penal aos bensjurídicos de interesse coletivo.
(MP-MG) O garantismo, na concepção de Ferrajoli, tem como objetivo principal edificar uma teoria de direito, filosofia política e, principalmente, um conjunto de regras e princípios de direito e processo penal. Apesar de ter relação com ela, não é um conceito destinado a contribuir para a criminologia especificamente.
(MP-MG) O pensamento garantista se coaduna com a tradição iluminista e liberalista, uma vez que preza pelos direitos fundamentais, principalmente os de liberdade (direitos humanos de 1ª dimensão ou direitos fundamentais negativos, de abstenção do Estado frente aos indivíduos).
(MP-MG) O garantismo não tenta ARREFECER (diminuir, desestimular) os princípios fundamentais orientadores do direito penal. Ao contrário, sua pretensão é engrandecê-los, aplicá-los, porque são essenciais para um Estado que se diga democrático de Direito.
(MPT) O garantismo jurídico surge nos anos 1970, na Itália, restrito ao Direito Penal, como movimento em oposição à redução dos direitos e garantias penais e processuais penais, em reação a uma legislação de exceção implementada sob a justificativa do combate ao terrorismo.
(MPT) Atualmente o garantismo jurídico é entendido de maneira mais ampla, sendo um modelo de Direito que subordina os poderes à garantia dos direitos, submetendo a sua atuação, em primeiro lugar, à efetivação dos direitos humanos e direitos fundamentais.
(MPT) O garantismo jurídico pode ser entendido como sinônimo de Estado Constitucional de Direito, em oposição ao paradigma clássico de Estado Liberal, alargando-o em duas direções: de um lado, a todos os poderes públicos, não só submetendo o Judiciário, mas também o Legislativo e o Executivo; e, de outro lado, também aos poderes privados, incluindo nestes o poder econômico, impondo limites à liberdade de mercado.
(MP-MS) O princípio  nemo tenetur se detegere tem aplicação apenas em relação ao mérito do interrogatório, pois o réu tem o dever de informar seu nome e endereço, não sendo aplicável o direito ao silêncio, até porque o direito penal é dos fatos e não do autor. 
(MP-MS) Segundo o Supremo Tribunal Federal, não é vedada a gravação clandestina, inexistindo ferimento ao princípio da proibição de utilização de prova ilícita, pois a despeito de ser reprovável no campo ético, não o é no jurídico, pois as garantias estabelecidas na Constituição em forma de direitos fundamentais, em rigor, estão previstas como forma de proteção à intervenção de terceiros, de modo que, quando um dos interlocutores cuida de registrar a sua conversa com outrem, ainda que sem o consentimento deste, não há que se falar em ofensa ao direito à intimidade.
(MP-MS) O princípio da proibição de proteção insuficiente pode ser entendido como uma espécie de garantismo positivo, ao contrário do garantismo negativo (que se consubstancia na proteção contra os excessos do Estado) já consagrado pelo princípio da proporcionalidade.
Privatização do Direito Penal – Influência da vítima no Direito Penal, em que o Estado prioriza a reparação dos danos sofridos pela vítima. Função da pena: retribuição, prevenção e reparação. Exemplos: Arrependimento posterior, composição dos danos etc. Reforçando: Privatização do direito penal é o desenvolvimento do papel da vítima no âmbito criminal. Exemplo: Lei nº 9.099/95, Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
Justiça Restaurativa – A introdução da relação autor-vítima-reparação no sistema de sanções penais nos conduz a um modelo de “três vias”, onde a reparação surge como uma terceira função (terceira via) da pena conjuntamente com a retribuição e prevenção. Ou seja, funções da pena: prevenção (primeira via), retribuição (segunda via) e reparação (terceira via).
Direito Penal Subterrâneo: O Direito Penal Subterrâneo é o exercício arbitrário da lei pelos próprios agentes da Administração Pública, através do cometimento de diversos delitos, tais como execuções sem processo, torturas, sequestros, roubos. Noutro falar, as agências executivas exercem descontroladamente o direito de punir à margem de qualquer legalidade, consubstanciando em um Estado paralelo. Segundo Eugenio Raúl Zaffaroni (Direito Penal Brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 2003, p. 52-53; 69-70), o sistema penal subterrâneo é exercido pelas agências executivas de controle - portanto, pertencentes ao Estado - à margem da lei e de maneira violenta e arbitrária, contando com a participação ativa ou passiva, em maior ou menor grau, dos demais operadores que compõem o sistema penal. 
O sistema penal paralelo, por sua vez, é exercido por agências que não fazem parte do discurso manifesto do sistema penal, mas que, como aquelas, exercem poder punitivo. O sistema penal subterrâneo institucionaliza a pena de morte, desaparecimentos, torturas, sequestros, exploração do jogo, da prostituição, entre outros delitos. Os sistemas penais paralelos punem com a mesma impetuosidade: banimento de atletas pelas federações esportivas em caso de doping, sanções administrativas que inviabilizam empreendimentos comerciais, multas de trânsito de elevado valor, entre outras.
Direito Penal do Inimigo – O inimigo da contemporaneidade é, para Jakobs, o terrorista, o traficante de drogas, de armas e de seres humanos, os membros de organizações criminosas transnacionais. No direito penal do inimigo prepondera o direito penal do autor. Não se confunde com direito penal do autor.
No Brasil, em regra, os atos preparatórios não são puníveis, salvo associação criminosa e petrechos para falsificação de moeda. Os atos executórios são puníveis. O Brasil adota o direito penal do fato.
(CESPE DPE PE 2015) No direito penal do autor, o delito é visto como um sintoma de um estado do autor, mecânica ou moralmente inferior ao das pessoas consideradas normais.
Leis de luta ou de combate são aquelas que nascem como reação de pressão popular ou midiática.
#JÁCAIUEMPROVA. PROVA OBJETIVA (2014) PERGUNTOU O QUE SERIA DIREITO PENAL COLETIVO:
Na doutrina internacional tem dois significados:
1. Crime de autoria coletiva: ex. briga em estádio de futebol, invasão sem terra (difícil descrever a conduta de cada agente). A denúncia pode ser genérica. A sentença tem que ser específica.
2. Crimes que atingem interesses difusos e coletivos. Ex. crimes contra o meio ambiente, saúde pública, administração pública.
#JÁCAIUEMPROVA. PROVA OBJETIVA (2014) PERGUNTOU O QUE SERIA DIREITO PENAL COLETIVO:
Na doutrina internacional tem dois significados:
1. Crime de autoria coletiva: ex. briga em estádio de futebol, invasão sem terra (difícil descrever a conduta de cada agente). A denúncia pode ser genérica. A sentença tem que ser específica.
2. Crimes que atingem interesses difusos e coletivos. Ex. crimes contra o meio ambiente, saúde pública, administração pública.
Ano: 2014 Banca: MPE-MG Órgão: MPE-MG Prova: MPE-MG - Promotor de Justiça
Após a análise das afirmativas abaixo, marque com V as verdadeiras e com F as falsas:
Constituem características do chamado Direito Penal Coletivo:
(V) Construção típica por vezes submetida à cláusula de acessoriedade administrativa.
(V) Responsabilidade do ente coletivo.
(V) Relação normativa entre conduta e bem jurídico tutelado.
(V) Responsabilização por comportamentos aditivos ou cumulativos.
Gabarito: todas corretas.
*#OUSESABER: O que se entende por crimigração? A crimigração consiste na criminalização de imigrantes e das questões relacionadas à imigração. Trata-se de um direcionamento das normas penais em desfavor do fenômeno humano da imigração. A Crimigração é um fenômeno global, muito frequente nos EUA e na Europa, mormente em razão dos graves fluxos migratórios recentes. O Brasil não fica isento a tal contexto, tendo suas característicaspeculiares. O reconhecimento da crimigração é fundamental para se perceber a perda progressiva de direitos de pessoas pela simples condição de serem migrantes, ou seja, como uma manifestação de um Direito Penal voltado contra pessoas (Direito Penal do Autor) e não contra fatos. O tema é relevante para a DPU, principalmente, em razão da criminalização de pequenos traficantes internacionais de drogas, muitas vezes, impulsionados por situações de grave vulnerabilidade em seus países de origem como “guerras civis” ou “desastres naturais”, são as chamadas “mulas do tráfico”. 
Velocidades do Direito Penal referem-se ao tempo que o Estado leva para punir o autor de uma infração penal, mais ou menos grave. Velocidades do Direito Penal, assim definidas e teorizadas pelo professor Jesús-Maria Silva Sánchez, em sua obra “A expansão do direito penal, aspectos da política criminal nas sociedades pós-industriais”, parte da ideia de que o Direito Penal possui, em seu interior, dois conjuntos diferentes de crimes (duas velocidades): o primeiro, com infrações penais que culminam em penas privativas de liberdade (núcleo); e o segundo, com ilícitos ligados a gêneros mais próximos do administrativo e de suas sanções (alo periférico), em que se culminaria multas, penas privativas de direitos, entre outras. Jakobs e Pastor progridem no estudo daquela tese, desenvolvendo as terceira e quarta velocidades, respectivamente.
1ª Velocidade do Direito Penal – Enfatiza as infrações penais mais graves, punidas com penas privativas de liberdade, exigindo, por esse motivo, um procedimento mais demorado, que observa todas as garantias penais e processuais penais. A 1ª velocidade é Garantista. Trata-se do direito penal clássico. Nesse nível de intensidade, o direito penal é reduzido ao seu núcleo duro (Direito Penal Nuclear = Direito Penal de Primeira Velocidade).
2ª Velocidade do Direito Penal – Relativiza, flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais célere, mas, em compensação, prevê como consequência jurídica do crime sanção não privativa de liberdade (penas alternativas – restritivas e pecuniárias). Direito Penal Periférico – proteção de bens jurídicos supraindividuais, possibilitando a antecipação da tutela penal (tipificação de condutas presumivelmente perigosas – perigo abstrato) e a criação de crimes de acumulação (a lesão ao bem jurídico pressupõe a soma de várias condutas praticadas individualmente).
3ª Velocidade do Direito Penal – Mescla as duas anteriores. Desenvolvida por Jakobs. Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1ª velocidade), permitindo, para determinados crimes (tidos como mais graves), a flexibilização ou eliminação de direitos e garantias constitucionais (2ª velocidade), caminho para uma rápida punição. Direito Penal do Inimigo – o Estado deve proceder de dois modos com os criminosos. Ao delinquente-cidadão aplica-se o Direito Penal do cidadão, ao passo que ao delinquente-inimigo se aplica o Direito Penal do Inimigo.
4ª Velocidade do Direito Penal – Trata-se do Direito Penal Internacional, efetivado pelo Tribunal Penal Internacional. Desenvolvida por Daniel Pastor. A teoria da quarta velocidade do direito penal está ligada à ideia do neopunitivismo. A teoria é criação do penalista argentino Daniel Pastor. Esta quarta velocidade é o que Pastor chama de “neopunitivismo” ou “panpenalismo”. Neopunitivismo é uma nova forma de punir. Panpenalismo é um Direito Penal absoluto, totalitário. Trata-se de um Direito Penal mais arbitrário, mais autoritário até mesmo do que o Direito Penal do Inimigo. É aplicado para antigos chefes de Estado pela prática de crimes de guerra. Viola-se o princípio da reserva legal e também o princípio da anterioridade. Viola-se também o princípio do juízo natural, pois são criados tribunais de exceção (tribunais “ad hoc”) para efetuar os julgamentos. O Direito Penal de quarta velocidade ofende o sistema acusatório, em que as funções de acusar, defender e julgar são exercidas por pessoas e órgãos diferentes.
CP, art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. Esse artigo prevê o princípio da convivência das esferas autônomas - o DP convive pacificamente com as leis especiais. Dessa forma, as regras gerais são aplicáveis também na legislação extravagante. Ex.: aplicação das regras gerais de prescrição ao tráfico de drogas. 
Princípio da legalidade estrita ou reserva legal – Não há crime (infração penal = crime e contravenção) sem lei anterior que o defina, nem pena (sanção penal = pena e medida de segurança) sem prévia cominação legal. Constitui efetiva limitação ao poder punitivo estatal. CF, art. 62 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:  I - relativa a:  b) direito penal, processual penal e processual civil;
Funções do princípio da legalidade:
· Lei estrita – somente lei emanada do Poder Legislativo. Proibida analogia contra o réu.
· Lei escrita – é proibido o costume incriminador.
· Lei certa – é proibida a criação de tipos penais vagos e indeterminados. Princípio da taxatividade.
· Lei prévia – é proibida a aplicação de lei penal incriminadora a fatos praticados antes de sua vigência. Princípio da anterioridade.
(FCC DPE MA 2015) O poder do Estado é limitado pelo princípio da legalidade e, aos cidadãos, está assegurada a plena garantia e juridicidade dos direitos fundamentais.
(PC RJ delegado 2009) Julgue os seguintes itens:
O conteúdo essencial do princípio da legalidade se traduz em que não pode haver crime, nem pena que não resultem de uma lei prévia, escrita, estrita e certa. CERTO.
O princípio da legalidade estrita não cobre, segundo a sua função e o seu sentido, toda a matéria penal, mas apenas a que se traduz em fixar, fundamentar ou agravar a responsabilidade do agente. CERTO.
A proibição de retroatividade da lei penal funciona apenas a favor do réu, não contra ele. CERTO.
O princípio da aplicação da lei mais favorável vale mesmo relativamente ao que na doutrina se chama de “leis intermediárias”; leis, isto é, que entraram em vigor posteriormente à prática do fato, mas já não vigoravam ao tempo da apreciação deste. CERTO.
É possível a analogia em relação às normas penais permissivas. CERTO.
Para respeitar o princípio da anterioridade basta a publicação da lei ou é preciso que ela esteja em vigor? Em outras palavras, haveria crime na vacatio legis? NÃO! O princípio só incide após a entrada em vigor da lei. Não há crime se ocorreu durante a vacatio.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A Lei nº 12.737/2012 acrescentou o parágrafo único ao art. 298 do CP prevendo o seguinte: Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: (...) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. Ocorre que mesmo antes da edição da Lei nº 12.737/2012 a jurisprudência do STJ já considerava que cartão bancário poderia se amoldar ao conceito de "documento". Assim, a inserção do parágrafo único no art. 298 do Código Penal apenas confirmou que cartão de crédito/débito é considerado documento, sendo a Lei nº 12.737/2012 considerada como lei interpretativa exemplificativa. Logo, ainda que praticada antes da Lei nº 12.737/2012, a conduta de falsificar, no todo ou em parte, cartão de crédito ou débito é considerada como crime de falsificação de documento particular (art. 298 do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1.578.479-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 2/8/2016 (Info 591).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao extraditando não era punida como crime no Brasil.
Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao extraditando não era punida como crime no Brasil, ainda que, no momento do pedido de extradição, já exista lei tipificando como infração penal. Isso porque seriauma ofensa à irretroatividade da lei penal brasileira.
Ex: extraditando financiou grupo terrorista em 2013; ocorre que a Lei de Terrorismo somente foi editada em 2016 (Lei nº 13.260/2016). STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/8/2019 (Info 946). 
Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar grupo terrorista que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime político.
Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar grupo terrorista que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime político, tendo em vista a vedação prevista no art. 5º, LII, da CF/88. STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/8/2019 (Info 946). 
Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um quadro de instabilidade política.
Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um quadro de instabilidade política, tendo ocorrido a demissão de juízes e a prisão de opositores do governo. Isso porque, neste caso, haveria o risco de o extraditando ser submetido a um tribunal ou juízo de exceção (art. 82, VIII, da Lei nº 13.445/2017). STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/8/2019 (Info 946).
Princípio da fragmentariedade – (TJSC 2015) A afirmação de que o Direito Penal não constitui um sistema exaustivo de proteção de bens jurídicos, de sorte a abranger todos os bens que constituem o universo de bens do indivíduo, mas representa um sistema descontínuo de seleção de ilícitos decorrentes da necessidade de criminalizá-los ante a indispensabilidade da proteção jurídico-penal, amolda-se, mais exatamente: à descrição do princípio da fragmentariedade do Direito Penal que é corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal.
(FCC DPE PR 2017 e CESPE 2016) Segundo o princípio da intervenção mínima, o direito penal somente deve ser aplicado quando as demais esferas de controle não se revelarem eficazes para garantir a paz social. O princípio da intervenção mínima no Direito Penal encontra reflexo: nos princípios da subsidiariedade e da fragmentariedade.
(PCMS 2017) Pelo princípio da intervenção mínima, imputa-se ao Direito Penal somente fatos que escapem aos meios extrapenais de controle social, em virtude da gravidade da agressão e da importância do bem jurídico para a convivência social.
Funções do princípio da ofensividade ou da lesividade:	
· Proibição de incriminação de uma atitude interna, como ideias, convicções, desejos;
· Proibição da incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor (alteridade), ex. não se pune a autolesão;
· Proibição da incriminação de meros estados ou condições existenciais, ex. não se deve punir a “vadiagem”, a “mendicância” etc;
· Proibição da incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico, ex. não se deve tutelar penalmente a moral.
CAIU NA DPE-TO-2013-CESPE: “Constituem funções do princípio da lesividade, proibir a incriminação de atitudes internas, de condutas que não excedam a do próprio autor do fato, de simples estados e condições existenciais e de condutas moralmente desviadas que não afetem qualquer bem jurídico”. CORRETO.
O princípio da insignificância exclui a tipicidade MATERIAL. Instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. É requisito negativo da tipicidade conglobante, pois ultrapassa o juízo subsuntivo típico formal e adentra a seara da análise do desvalor da conduta e do resultado em sentido amplo. 
O princípio da irrelevância penal do fato (infração bagatelar imprópria) diz respeito à teoria da pena, sendo uma causa de exclusão da punição concreta do fato. Possui fundamento na desnecessidade concreta de pena pelo ínfimo desvalor da culpabilidade (haverá o crime, mas não haverá a aplicação da pena).
O princípio da insignificância (infração bagatelar própria) incide na teoria do delito, com a exclusão da tipicidade material pelo ínfimo desvalor da conduta ou do resultado (não haverá crime).
*#SELIGANATABELA:
	INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA[footnoteRef:1] [1: Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/ebook-princc3adpio-da-insignificc3a2ncia-vf.pdf ] 
= PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
	INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA
= PRINCÍPIO DA IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO
	A situação já nasce atípica. O fato é atípico por atipicidade material.
	A situação nasce penalmente relevante. O fato é típico do ponto vista formal e material.
 Em virtude de circunstâncias envolvendo o fato e o seu autor, consta-se que a pena se tornou desnecessária.
	O agente não deveria nem mesmo ser processado já que o fato é atípico.
	O agente tem que ser processado (a ação penal deve ser iniciada) e somente após a análise das peculiaridades do caso concreto, o juiz poderia reconhecer a desnecessidade da pena.
	Não tem previsão legal no direito brasileiro.
	Está previsto no art. 59 do CP.
*#AJUDAMARCINHO: Infração bagatelar imprópria é aquela que nasce relevante para o Direito penal, mas depois se verifica que a aplicação de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente desnecessária (GOMES, Luiz Flávio; Antonio Garcia-Pablos de Molina. Direito Penal Vol. 2, São Paulo: RT, 2009, p.305)”. EM OUTRAS PALAVRAS, O FATO É TÍPICO, TANTO DO PONTO DE VISTA FORMAL, COMO MATERIAL. No entanto, em um momento posterior à sua prática, percebe-se que não é necessária a aplicação da pena. Logo, A REPRIMENDA NÃO DEVE SER IMPOSTA, DEVE SER RELEVADA (assim como ocorre nos casos de perdão judicial). Segundo LFG, a INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA possui um fundamento legal no direito brasileiro. Trata-se do art. 59 do CP que prevê que o juiz deverá aplicar a pena “conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuniário de associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do ato. STJ. 6ª Turma. RHC 93.472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/03/2018 (Info 622) #IMPORTANTE
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho? 20 mil reais (tanto para o STF como para o STJ) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). STF. 1ª Turma. HC 127173, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Min. Roberto Barroso, julgado em 21/03/2017. 
#CASCADEBANANA #CUIDADO: Neste informativo 897, a 1ª Turma do STF afirmou que esse parâmetro de 20 mil reais não poderia produzir efeitos penais em virtude do princípio da independência das instâncias: Asseverou que a lei que disciplina o executivo fiscal não repercute no campo penal. Tal entendimento, com maior razão, deve ser adotado em relação à portaria do Ministério da Fazenda. STF. 1ª Turma. HC 128063, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018 (Info 897). Este precedente, contudo, não é a posição majoritária, não sendo recomendável a sua adoção em provas.
* #AJUDAMARCINHO: Diante disso, muitos leitores indagaram: o que fazer agora? Houve mudança de entendimento do STF? O STF deixou de aplicar o limite de 20 mil reais da Portaria 75/2012? NÃO. De fato, este julgado (HC 128063) vai contra aquilo que o STF vinha decidindo há anos sobre o tema. Isso não significa, contudo, que o STF tenha mudado de posição. O que houve, no presente caso, foi uma decisão isolada decorrente de uma ausência temporária de dois Ministros na Turma.
* #DEOLHONOCENÁRIO #POLÊMICA: Ei, psiu: o que você precisa entender é que esse julgado não representa, por enquanto, mudança de entendimento do STF.
Esse valor deve ser calculado quando? No momento da sentença,ele deve ser atualizado com juros e correção monetária para saber se passa do teto de R$ 20 mil?
NÃO. Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor do crédito tributário apurado originalmente no procedimento de lançamento.
Assim, os juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre o crédito tributário quando ele é cobrado em execução fiscal não devem ser considerados para fins de cálculo do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. RHC 74.756/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2016.
Para o STF é possível aplicar o novo limite (de 20 mil reais) mesmo que o fato tenha ocorrido antes da Portaria 75/2012?
SIM. Para o STF, o limite imposto por essa portaria (20 mil reais) pode ser aplicado de forma retroativa para fatos anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC 122213, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014).
Esse valor é considerado insignificante tanto no caso de crimes envolvendo tributos federais, como também estaduais e municipais?
NÃO. Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais, considerando que é baseado no art. 20 da Lei n.° 10.522/2002, que trata dos tributos federais. Assim, esse é o valor que a União considera insignificante.
Para fins de crimes de sonegação fiscal que envolvam tributos estaduais ou municipais, deve ser analisado se há lei estadual ou municipal dispensando a execução fiscal no caso de tributos abaixo de determinado valor. Esse será o parâmetro para a insignificância. Veja como decidiu o STJ:
(...) 4. Para a aplicação do referido entendimento aos tributos que não sejam da competência da União, seria necessária a existência de lei estadual no mesmo sentido, até porque à arrecadação da Fazenda Nacional não se equipara a das Fazendas estaduais. Precedentes e doutrina.
5. Inviável a aplicação do referido entendimento ao caso em análise, no qual o paciente foi denunciado por, em tese, suprimir o valor de R$ 819,00 (oitocentos e dezenove reais) de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de competência dos estados, de acordo com o art. 155, II, da Constituição Federal.
6. Um dos requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão jurídica provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo, situação que reforça a impossibilidade de se aplicar referido entendimento de forma indiscriminada à sonegação dos tributos de competência dos diversos entes federativos da União. (...) STJ. 6ª Turma. HC 165003/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2014 (Info 540).
E o contrabando? Podemos aplicar esse entendimento acima explicado para o contrabando?
NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1472745/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 01/09/2015. #VAICAIR: O caso mais comum e que pode cair na sua prova é o de contrabando de cigarros.
Por que se aplica o princípio da insignificância para o descaminho, mas não para o contrabando?
No delito de contrabando, o objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa é a mercadoria PROIBIDA (proibição absoluta ou relativa). Em outras palavras, o objetivo precípuo dessa tipificação legal é evitar o fomento de transporte e comercialização de produtos proibidos por lei.
No contrabando não se cuida, tão somente, de sopesar o caráter pecuniário do imposto sonegado, mas principalmente, de tutelar, entre outros bens jurídicos, a saúde pública.
Em suma, no contrabando, o desvalor da conduta é maior, razão pela qual se deve afastar a aplicação do princípio da insignificância. Veja:
O princípio da insignificância não incide na hipótese de contrabando de cigarros, tendo em vista que “não é o valor material que se considera na espécie, mas os valores ético-jurídicos que o sistema normativo-penal resguarda. STF. 2ª Turma. HC 118.359, Min. Cármen Lúcia, DJ 11/11/2013.
Em sede de contrabando, ou seja, importação ou exportação de mercadoria proibida, em que, para além da sonegação tributária há lesão à moral, higiene, segurança e saúde pública, não há como excluir a tipicidade material tão-somente à vista do valor da evasão fiscal, ainda que eventualmente possível, em tese, a exclusão do crime, mas em face da mínima lesão provocada ao bem jurídico ali tutelado, gize-se, a moral, saúde, higiene e segurança pública. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1418011/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 03/12/2013.
(MPGO 2014) Na infração bagatelar imprópria a tipicidade formal e a tipicidade material se fazem presentes, contudo, em momento posterior à prática do fato típico, constata-se que a aplicação concreta da pena se torna desnecessária.
(CESPE TRF5 2015) A infração bagatelar própria está ligada ao desvalor do resultado e/ou da conduta e é causa de exclusão da tipicidade material do fato; já a imprópria exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em concurso necessário com requisitos post factum que levam à desnecessidade da pena no caso concreto.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: DPE-TO Prova: CESPE - 2013 - DPE-TO - Defensor Público
Com relação aos princípios da insignificância e da irrelevância penal do fato, assinale a opção correta.
A - Os princípios da insignificância e da irrelevância penal do fato não contam com previsão expressa no direito penal brasileiro. ERRADO, o da irrelevância penal tem previsão no art. 59 do CP.
B - O reconhecimento do princípio da irrelevância penal do fato implica a atipicidade da conduta do agente. ERRADO, nesse caso, o fato é típico, mas há desnecessidade da pena.
C - A aplicação do princípio da insignificância de modo a tornar a ação atípica exige a satisfação, de forma concomitante, de certos requisitos estabelecidos pelo STF, os quais têm relação, apenas, com o desvalor da conduta do agente, e não com o resultado por ele ocasionado. ERRADO, analisa-se tanto o desvalor da conduta quanto o desvalor do resultado.
D - A existência de condenações criminais pretéritas imputadas a um indivíduo impede a posterior aplicação do princípio da insignificância, consoante a jurisprudência do STF. ??????? Há divergência jurisprudencial e doutrinária a esse respeito.
E - Infração bagatelar imprópria é a que surge sem nenhuma relevância penal, porque não há desvalor da ação ou um relevante desvalor do resultado que mereça a incidência do direito penal. ERRADO, essa é a infração bagatelar PRÓPRIA.
Gabarito: letra D.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938).
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio clandestina? É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio comunitária clandestina? STJ: NÃO. É inaplicável o princípio da insignificância ao delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, nas hipóteses de exploração irregularou clandestina de rádio comunitária, mesmo que ela seja de baixa potência, uma vez que se trata de delito formal de perigo abstrato, que dispensa a comprovação de qualquer dano (resultado) ou do perigo, presumindo-se este absolutamente pela lei. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 740.434/BA, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 14/02/2017. STF: SIM, é possível, em situações excepcionais, o reconhecimento do princípio da insignificância desde que a rádio clandestina opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos grandes centros e em situações nas quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade. STF. 2ª Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853).
#DIZERODIREITO: É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de transmitir sinal de internet como provedor sem autorização da ANATEL (art. 183 da Lei nº 9.472/97)?
No STJ: é pacífico que NÃO (Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997).
No STF: prevalece que não. Assim, é inaplicável o princípio da insignificância no crime de transmissão clandestina de sinal de internet, por configurar o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, que é crime formal, e, como tal, prescinde de comprovação de prejuízo para sua consumação (STF. 1ª Turma. HC 124795 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23/08/2019).
Apesar disso, no HC 157014 AgR/SE, julgado pela 2ª Turma do STF em 17/9/2019 (Info 952), houve um empate na votação: dois Ministros entenderam que se deveria reconhecer o princípio e dois outros negaram o HC. Quando há um empate no julgamento de um habeas corpus, prevalece a decisão mais favorável ao paciente, conforme determina o art. 146, parágrafo único, do Regimento Interno do STF. Logo, neste caso concreto, o réu foi absolvido por se tratar de delito de bagatela, em razão do mínimo potencial ofensivo da conduta.
STF. 2ª Turma. HC 157014 AgR/SE, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min Ricardo Lewandowski, julgado em 17/9/2019 (Info 952)
Segundo o princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos, o Direito Penal não serve para a tutela da moral ou para a realização de pretensões pedagógicas.
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. (Princípio da pessoalidade ou da intranscendência da pena). São exemplo dos chamados efeitos secundários extrapenais.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO.
O art. 273 do Código Penal prevê o seguinte:
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: 
I - Sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; 
II - Em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; 
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; 
IV - Com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; 
V - De procedência ignorada; 
VI - Adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. 
O § 1º-B foi inserido no art. 273 do CP por força da Lei 9.677/98. O objetivo do legislador foi o de punir pessoas que vendem determinados “produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais” e que, embora não se possa dizer que sejam falsificados, estão em determinadas condições que fazem com que seu uso seja potencialmente perigoso para a população. 
A pena prevista pelo legislador para o § 1º-B foi de 10 a 15 anos de reclusão. 
Ocorre que essa pena é muito alta e, por conta disso, começou a surgir entre os advogados que militam na área a constante alegação de que essa reprimenda seria inconstitucional por violar o princípio da proporcionalidade. 
A tese foi acolhida pelo STJ? 
SIM. O STJ decidiu que o preceito secundário do art. 273, § 1º-B, inciso V, do CP é inconstitucional por ofensa aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Então, neste caso, qual pena deverá ser aplicada em substituição? 
Deverá ser aplicada a pena abstratamente prevista para o tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006), qual seja, “reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa”. Além disso, será possível aplicar para o réu que praticou o art. 273, § 1º-B do CP a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. 
Em suma: o STJ decidiu que é inconstitucional a pena (preceito secundário) do art. 273, § 1º-B, V, do CP. Em substituição a ela, deve-se aplicar ao condenado a pena prevista no caput do art. 33 da Lei 11.343/2006, com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respectivo § 4º. [footnoteRef:2] [2: A seguinte assertiva foi considerada correta (TJPR – 2017): A pena de dez a quinze anos de reclusão cominada ao crime de ter em depósito, para venda, produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais de procedência ignorada é flagrantemente inconstitucional, devendo ela ser substituída pela pena correspondente ao tráfico de entorpecentes.] 
Essa decisão vale apenas para o inciso V do § 1º-B do art. 273 ou também para os demais incisos? O caso concreto apreciado pelo STJ envolvia um habeas corpus impetrado em favor de réu condenado pelo inciso V. Assim, no dispositivo do acórdão, menciona-se apenas este inciso. No entanto, pela leitura dos votos dos Ministros, percebe-se que eles trataram do tema de forma genérica, abrangendo todo o § 1º-B. Logo, minha opinião pessoal é no sentido de que essa decisão vale para todos os incisos do § 1º-B.
O que o STF entende a respeito? O Plenário do STF ainda não se manifestou sobre o tema. No entanto, existem precedentes da Corte em sentido contrário ao que decidiu o STJ, ou seja, acórdãos sustentando que o § 1º-B do art. 273 é CONSTITUCIONAL (RE 829226 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/02/2015; RE 844152 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 02/12/2014).
#DICA: Para fins de concurso, você deve estar atento para o modo como a pergunta será formulada. Se indagarem a posição do STJ, é pela INCONSTITUCIONALIDADE. Se perguntarem sobre o STF, este possui precedentes sustentando que o art. 273, § 1º-B, do CP é CONSTITUCIONAL. Caso o enunciado não diga qual dos dois entendimentos está sendo exigido, assinale a posição STJ porque esta foi divulgada em Informativo e é mais conhecida. 
STJ. Corte especial. AI no HC 239.363-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/2/2015 (Info 559). 
(MPRR 2017) No direito penal, o princípio da proporcionalidade fundamenta a declaração de inconstitucionalidade de parte do art. 44 da Lei Antidrogas, que veda a concessão de liberdade provisória em crimes relacionados às drogas.
(MPAC 2014) Uma das vertentes do princípio da proporcionalidade é a proibição de proteção deficiente, por meio da qual se busca impedir um direito fundamental de ser deficientemente protegido, seja mediante a eliminação de figuras típicas, seja pela cominação de penas inferiores à importância exigida pelo bem que se quer proteger.
CAIU NA DPE-PB-2014-FCC: "A terrível humilhaçãopor que passam familiares de presos ao visitarem seus parentes encarcerados consiste na obrigação de ficarem nus, de agacharem diante de espelhos e mostrarem seus órgãos genitais para agentes públicos. A maioria que sofre esses procedimentos é de mães, esposas e filhos de presos. Até mesmo idosos, crianças e bebês são submetidos ao vexame. É princípio de direito penal que a pena não ultrapasse a pessoa do condenado". (DIAS, José Carlos. "O fim das revistas vexatórias". In: Folha de São Paulo. São Paulo: 25 de julho de 2014, 1o caderno, seção Tendências e Debates, p. A-3). Além da ideia de dignidade humana, por esse trecho o inconformismo do autor, recentemente publicado na imprensa brasileira, sustenta-se mais diretamente também no postulado constitucional da pessoalidade”. CORRETO. 
CAIU NA DPE-SP-2013-FCC: “O princípio constitucional da intranscendência da pena não é capaz de impedir a estigmatização e práticas violadoras de direitos humanos de familiares de pessoas presas”. CORRETO. 
CAIU NA DP-DF2013-CESPE: “A versão clássica do modelo penal garantista ideal se funda sob os princípios da legalidade estrita, da materialidade e lesividade dos delitos, da responsabilidade pessoal, do contraditório entre as partes e da presunção de inocência”. CORRETO. 
Os preceitos constitucionais sobre o tráfico de drogas e o respectivo confisco de bens constituem parte dos mandados de criminalização previstos pelo Poder Constituinte originário a exigir uma atuação enérgica do Estado sobre o tema, sob pena de o ordenamento jurídico brasileiro incorrer em proteção deficiente dos direitos fundamentais. É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua modificação para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito além daqueles previstos expressamente no art. 243, parágrafo único, da CF.
Binding - Teoria das Normas: Para Binding, o criminoso, ao cometer um crime, não infringe a lei, mas sim, a norma penal nela contida. Como o tipo legal traz em seu bojo uma estrutura imperativa, o indivíduo, ao praticar a conduta típica, não desobedece a lei, amoldando-se a ela perfeitamente, o que evidencia que a ofensa é em relação à norma penal contida no enunciado legal. Partindo dessa premissa, Binding defendia a diferença entre norma penal e lei penal. Para ele, é a norma que contém caráter mandamental proibitivo, posto que a lei possui, apenas, mero caráter descritivo da conduta considerada ilegal. Lei penal – “Matar alguém”. Norma penal – “Não matarás”.
TIPO PENAL ABERTO: não apresenta uma descrição detalhada da conduta criminosa – contém ELEMENTOS NORMATIVOS (são aqueles cuja compreensão reclama um juízo de valor por parte do intérprete do tipo penal). Questão: o que os tipos penais abertos e as normas penais em branco têm em comum? Ambos precisam de complementação. Distinção: na norma penal em branco o complemento é outra lei ou um ato administrativo; no tipo penal aberto o complemento é a valoração do aplicador do Direito. Observação 1: os crimes culposos são previstos por tipos penais abertos porque a culpa é um elemento normativo. Observação 2: no Código Penal, existe algum crime culposo previsto no tipo fechado (cerrado)? Sim, a receptação culposa (CP, art. 180, § 3º): “Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso”.
NORMA PENAL EM BRANCO (norma cega): há a necessidade de um complemento normativo. Portanto, é preciso que outra norma promova esse complemento. O preceito primário não é completo, razão pela qual a doutrina subdivide essa norma penal em branco em:
▪ PRÓPRIA (EM SENTIDO ESTRITO, HETEROGÊNEA): o complemento normativo advém de uma norma diversa do legislador. Ex.: Portaria complementa o crime de tráfico de drogas.
▪ IMPRÓPRIA (EM SENTIDO AMPLO, HOMOGÊNEA): o complemento normativo emana do próprio legislador:
• Homovitelina: o complemento emana do mesmo diploma legal. Ex.: peculato é complementado pelo conceito de funcionário público do art. 327, ambos do Código Penal;
• Heterovitelina: o complemento emana de instância legislativa diversa. Ex.: o CP, quando fala em contrair casamento com impedimento, não fala o que seja impedimento, de maneira que deverá se complementar com o conceito previsto no Código Civil.
Atenção! Rogério Greco vai dizer que a norma penal em branco imprópria pode ser homovitelina ou heterovitelina, conforme emane ou não do mesmo ramo do direito. Portanto, se o complemento emana do ramo de direito penal, a norma penal será homovitelina. De outro lado, se a norma-complemento está em outro ramo do direito civil, então a norma penal será heterovitelina.
Lei penal em branco heterogênea ou imprópria para cima: Complemento se encontra na CF. Ex.: art. 121, CP + arts. 142 e 144, CF.
Lei penal em branco heterogênea ou imprópria para baixo: Complemento infralegal. Ex.: Ato administrativo.
(FMP 2015 DPE PA) Leis penais em branco em sentido amplo são aquelas cuja norma de complementação é oriunda da mesma fonte legislativa que editou a norma que necessita desse complemento. CERTO.
(FCC 2011 MPMS) Norma penal em branco é aquela cujo preceito primário (descrição da conduta) é indeterminado quanto ao seu conteúdo, porém determinável, e o preceito sancionador é sempre certo. CERTO.
A doutrina também fala em NORMA PENAL EM BRANCO AO REVÉS, AO AVESSO OU INVERSA, sendo aquela em que o complemento não vem no preceito primário, e sim no preceito secundário (sanção). É o caso dos crimes de genocídio, razão pela qual, por se tratar de pena, necessariamente será complementada por meio de lei, sob pena de violação ao princípio da reserva legal.
(FMP 2015 DPE PA) No crime de uso de documento falso, o Código Penal brasileiro emprega a técnica de leis penais em branco ao revés, isto é, daquelas leis penais que remetem a outras normas incriminadoras para especificação da pena. CERTO.
NORMA PENAL EM BRANCO DUPLA FACE: Tanto o preceito primário quanto o preceito secundário exigem complemento. Exemplo: Uso de documento falso - Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
NORMA PENAL EM BRANCO AO QUADRADO: Neste caso, a norma penal requer um complemento que, por sua vez, deve também ser integrado por outra norma. É o caso do art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente. O conceito de floresta de preservação permanente é obtido no Código Florestal, que, dentre várias disposições, estabelece uma hipótese em que a área de preservação permanente será assim considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder Executivo.
Características da lei penal: exclusividade, imperatividade, impessoalidade e generalidade.
Mandados constitucionais de criminalização:  A incorporação de MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO foi uma opção do constituinte de 1988, assimilando experiências de outras nações, especialmente da Europa ocidental, com o fito de vincular o legislador ordinário a editar leis visando a proteger bens jurídicos “eleitos” como bastante sensíveis para a sociedade.
Através desses institutos, portanto, o constituinte originário estabelece um mandamento de obrigatoriedade de criminalização de condutas ofensivas a certos bens e interesses por ele apontado! Não há FACULDADE de legislação, mas sim uma relação de OBRIGATORIEDADE, sob pena de mora legislativa.
Avançando no conceito e no tratamento doutrinário, impera-se registrar que há uma classificação desses mandados de criminalização dividindo-os em (i) IMPLÍCITOS e (ii) EXPLÍCITOS. Esse últimos ocorrem quando a constituição determina, de forma expressa, os casos em que a lei deverá criminalizar referida conduta como forma de proteção a bem ou interesse.Para exemplificar essa modalidade, podemos apontar a previsão do artigo 5º, da CF/88 que indica desde já que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.
Por sua vez, os mandados IMPLÍCITOS ou TÁCITOS de criminalização existem quando há uma indicação veemente pelo “espírito e contextos do constituinte”, indicando que determinados valores e bens são muito caros à sociedade e que o legislador DEVE criminalizar, ainda que não haja determinação EXPRESSA. A doutrina aponta, em relação à atual ordem constitucional, o combate à corrupção como um mandado tácito de criminalização! Como as normas constitucionais são dotadas de eficácia, o legislador possui o dever de proteção eficiente (imperativos de tutela) dos direitos fundamentais, que podem ser tidos como bens jurídicos relevantes e merecedores de tutela penal.
 Dos mandados constitucionais de criminalização decorre a diminuição da liberdade de conformação do legislador e de interpretação do julgador, no sentido de evitarem normas ou interpretações que ensejam insuficiente promoção dos deveres de proteção do Estado, justamente em razão do princípio da proporcionalidade em sua vertente de garantismo positivo (proibição de proteção deficiente).
*Até 2016, o crime de terrorismo ainda não tinha sido concretizado na legislação brasileira. Pela Lei 13.260/16, houve o cumprimento do mandado de criminalização.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: 1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”); 2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero; 3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção do direito. STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em em 13/6/2019 (Info 944). #IMPORTANTE
A interpretação autêntica ou legislativa pode ser ainda contextual ou posterior. Contextual é quando a norma interpretativa é editada no mesmo momento da lei interpretada. Posterior, o próprio nome já diz.
A exposição de motivos do CP, embora possa auxiliar a interpretação não se trata de interpretação autêntica contextual. A exposição de motivos do CP se trata de uma interpretação doutrinária.
	INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
	INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
	ANALOGIA
	A lei existe.
	A lei existe. 
	Não existe lei.
	Aqui, amplia-se o conceito do que a lei dizia. 
Ex.: Nucci afirma que “quando se cuida das causas de suspeição do juiz (art. 254, CPP), deve-se incluir também o jurado, que não deixa de ser um magistrado, embora leigo. Onde se menciona no Código de Processo Penal a palavra réu, para o fim de obter liberdade provisória, é natural incluir-se indiciado.” 
O CPP permite a interpretação extensiva no Direito Processual Penal. A corrente majoritária também entende que cabe interpretação extensiva no direito penal, proibidas apenas se ficar evidenciado que não era a intenção do legislador (mens legis). 
	Aqui também se amplia um conceito legal quando este é encerrado de maneira genérica. 
Para Nucci, “a interpretação analógica é um processo de interpretação, usando a semelhança indicada pela própria lei. É o que se vê, por exemplo, no caso do art. 254 do Código de Processo Penal, cuidando das razões de suspeição do juiz, ao usar na lei a expressão “estiver respondendo a processo por fato análogo”. 
	Analogia é forma de integração, e não de interpretação, como as demais vistas. É por isso que não há lei, pois o magistrado se utilizará da analogia para suprir uma lacuna. 
Analogia in bonam partem: analogia benéfica ao acusado. O principal exemplo é a remição, que a jurisprudência tem permitido diversos tipos e modalidades (por estudo, canto em coral, estudo de música, esporte etc.). 
Analogia in malam partem: analogia maléfica e prejudicial ao acaso. É proibida, em razão do princípio da reserva legal. 
#OBS.: interpretação evolutiva, adaptativa ou progressiva – ela serva para ajustar a lei às mudanças da sociedade. Serve para evitar constantes reformas legislativas.
#OBS.: Interpretação analógica ou intra legem – a lei contém uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. Ex.: art. 121, §2º, I. É impossível que o legislador preveja todas as situações que podem surgir no caso concreto, todos os motivos de natureza torpe, todas as substâncias que embriagam.
#OBS.: Analogia não pode ser aplicada. Ex. cola eletrônica. In bonam partem é possível, salvo no caso de leis excepcionais. Analogia legal (aplica lei semelhante) e jurídica (aplica princípio geral do direito). 
*#OLHAOGANCHO: é possível a instauração de IRDR para resolver questão repetitiva de Direito Penal, por aplicação subsidiária dos artigos 976 e seguintes do CPC/2015, a teor do disposto no art. 3º do CPP. Julgado o IRDR, a tese jurídica fixada deverá ser aplicada por todos os juízes e Tribunais, no Estado ou Região, aos casos idênticos em tramitação e aos processos futuros, salvo se existir distinção ou superação (art. 985, incisos I e II e §§ 1º e 2º do Novo CPC). Desse modo, destaca-se que o IRDR é um precedente obrigatório e não meramente persuasivo.
O § 5º do art. 1.035 do CPC/2015 preconiza: § 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.
O STF fixou as seguintes conclusões a respeito desse dispositivo:
a) a suspensão prevista nesse § 5º não é uma consequência automática e necessária do reconhecimento da repercussão geral. Em outras palavras, ela não acontece sempre. O Ministro Relator do recurso extraordinárioparadigma tem discricionariedade para determiná-la ou modulá-la;
b) a possibilidade de sobrestamento se aplica aos processos de natureza penal. Isso significa que, reconhecida a repercussão geral em um recurso extraordinário que trata sobre matéria penal, o Ministro Relator poderá determinar o sobrestamento de todos os processos criminais pendentes que versem sobre a matéria;
c) se for determinado o sobrestamento de processos de natureza penal, haverá, automaticamente, a suspensão da prescrição da pretensão punitiva relativa aos crimes que forem objeto das ações penais sobrestadas. Isso com base em uma interpretação conforme a Constituição do art. 116, I, do Código Penal;
d) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá inquéritos policiais ou procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério Público;
e) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá ações penais em que haja réu preso provisoriamente;
f) em qualquer caso de sobrestamento de ação penal determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC, poderá o juízo de piso, no curso da suspensão, proceder, conforme a necessidade, à produção de provas de natureza urgente.
Nesse sentido: STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868).
O legislador percebeu que havia no STF e no STJ milhares de recursos que tratavam sobre os mesmos temas jurídicos. Diante disso, a fim de otimizar a análise desses recursos, a Lei n. 11.672/2008 acrescentou os arts. 543-B e 543-C ao CPC/1973, prevendo uma espécie de “julgamento por amostragem” dos recursos extraordinários e recursos especiais que tiverem sido interpostos com fundamento em idêntica controvérsia ou questão de direito. No CPC/2015 o tema é agora tratado nos arts. 1.036 a 1.041: Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.
Procedimento de julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos
1) Em primeiro lugar, o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem (TJ ou TRF) irá identificar e separar todos os recursos interpostos que tratem sobre o mesmo assunto. Exemplo: reunir os recursos especiais nos quais se discuta se o prazo prescricional das ações contra a Fazenda Pública é de três ou cinco anos.
2) Desses recursos, o Presidente do tribunal selecionará 2 ou mais que representem bem a controvérsia discutida e os encaminhará ao STJ ou STF (conforme seja Resp ou RE). Serão escolhidos os que contiverem maior diversidade de fundamentos no acórdão e de argumentos no recurso especial.
Art. 1.036 (...) § 1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.
3) Os demais recursos especiais e extraordinários que tratem sobre a mesma matéria e que não foram remetidos como paradigma (modelo) ficarão suspensos no tribunal de origem até que o STJ/STF se pronuncie sobre o tema central. Vale ressaltar que não cabe nenhum recurso contra a decisão proferida no Tribunal de origem que tenha determinado o sobrestamento do RE ou do Resp com fundamento no art. 1.036 do CPC 2015.
Interessante novidade introduzida pelo CPC 2015. Se o recurso sobrestado tiver sido interposto fora do prazo, não há motivo para ele ficar suspenso aguardando a decisão do STJ/STF. Logo, a outra parte poderá alegar a intempestividade e pedir que ele não seja conhecido: Art. 1.036 § 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.
4) Selecionados os recursos, o Ministro Relator do Tribunal Superior, constatando que realmente existe multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, proferirá decisão de afetação, na qual: I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento; II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional; III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia.
A providência tratada no item II acima (suspensão do processamento de todos os processos pendentes) está prevista no art. 1.037 e no § 5º do art. 1.035 do CPC/2015:
Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual: (...) II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional;
Esse sobrestamento é obrigatório, ou seja, reconhecida a repercussão geral, automaticamente todos os processos pendentes ficarão suspensos? NÃO. O Relator do recurso extraordinário tem a faculdade de determinar ou não o sobrestamento dos processos.
O art. 1.035, § 5º do CPC aplica-se indiscutivelmente aos processos cíveis. E quanto aos criminais? Se um recurso extraordinário versando sobre matéria penal for admitido no STF sob a sistemática da repercussão geral, o relator também poderá determinar a suspensão dos demais processos criminais que estejam tramitando no país e que envolvam essa matéria? Ex: o STF reconhece a repercussão geral no seguinte tema: “discussão se desacato ainda é crime”. O relator desse recurso extraordinário poderá determinar que os processos criminais que tratem sobre esse mesmo assunto ficarão suspensos? SIM.
Em qualquer caso de sobrestamento de ação penal determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC, o juízo de piso poderá, a partir de aplicação analógica do disposto no art. 92, caput, do CPP, autorizar, no curso da suspensão, a produção de provas de natureza urgente.
E a prescrição, como fica em tais casos? Os processos criminais ficarão suspensos, mas a prescrição também ficará paralisada? SIM.
A suspensão da prescrição nesses casos está prevista na lei? Existe algum dispositivo do CP tratando sobre essa questão? Não de forma expressa. Diante desta lacuna, o STF entendeu que deveria ser aplicado, por analogia, o art. 116, I, do Código Penal.
O STF afirmou que deveria ser feita uma interpretação conforme a Constituição do art. 116, I, do CP para afirmar que ele se aplica também nos casos em que o tema discutido no processo está afetado para ser resolvido pelo STF em julgamento de recurso extraordinário submetido à repercussão geral. Assim, a suspensão do prazo prescricional para a resolução de questão externa prejudicial ao reconhecimento do crime (art. 116, I, do CP) abrange a hipótese de suspensão do prazo prescricional nos processos criminais com repercussão geral reconhecida. A interpretação conforme a Constituição Federal do art. 116, I, do CP se funda nos postulados da unidade e da concordância prática das normas constitucionais. O legislador, ao impor a suspensão dos processos sem instituir, simultaneamente, a suspensão dos prazos prescricionais, cria o risco de erigir sistema processual que vulnera a eficácia normativa e a aplicabilidade imediata de princípios constitucionais. Além disso, o sobrestamento de processo criminal, sem previsão legal