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Epidemiologia: Estudo da Saúde Populacional

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SUMÁRIO 
1 EPIDEMIOLOGIA ....................................................................................... 3 
1.1 Aplicação da epidemiologia .................................................................. 3 
1.2 Áreas temáticas .................................................................................... 5 
1.3 Subdivisões da epidemiologia .............................................................. 5 
1.4 Definições de epidemiologia através do tempo .................................... 6 
2 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO ................................................................ 7 
3 APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA .......................................................... 8 
4 PERSPECTIVA HISTÓRICA ...................................................................... 9 
5 SAÚDE E DOENÇA .................................................................................. 10 
5.1 Classificação das doenças quanto à duração e etiologia ................... 11 
5.2 Medidas de saúde e doenças ............................................................. 12 
6 BIOMEDICINA .......................................................................................... 14 
7 FONTES DE INFECÇÃO .......................................................................... 16 
8 RESUMINDO... ......................................................................................... 30 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 32 
 
 
 
 
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1 EPIDEMIOLOGIA 
 
Fonte: psiquiatriageral.com.br 
Definição: uma ciência que estuda quantitativamente a distribuição dos 
fenômenos de saúde/doença, e seus fatores condicionantes e determinantes, nas 
populações (estudo do que afeta a população). Utiliza distribuição, frequência, saúde 
e doença, medicina preventiva, população, prevenção e controle, saúde pública. 
Etimologia: 
Epi: em cima de, sobre 
Demós: povo, população 
Sufixo logos: tratado, palavra, discurso, estudo 
‘Estudo do que afeta a população’ 
*Taxa de Natalidade = Epidemiologia (não precisa necessariamente ser uma 
enfermidade) 
1.1 Aplicação da epidemiologia 
-Informações sobre a situação de saúde da população; 
-Determinação das frequências; 
-Estudo da distribuição dos eventos; 
-Diagnóstico dos problemas de saúde 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde
http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a
http://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o
 
4 
-Investigação sobre os fatores que influenciam; 
-Investigação sobre os fatores que influenciam; 
-Avaliar o impacto das ações propostas para alterar a situação; 
 
 Nível Coletivo: 
-Planejamento em saúde 
 
 Nível individual: 
-Fundamentar decisões e condutas 
-Diagnóstico clínico 
- Prescrições 
 
 Objetivos Específicos: 
-Identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos agravos à 
saúde; 
-Entender a causa dos agravos à saúde; 
-Definir os modos de transmissão; 
-Definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde; 
-Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças; 
-Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde; 
-Estabelecer medidas preventivas; 
-Auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde; 
-Prover dados para a administração e avaliação de serviços de saúde 
-Determinar a evolução da enfermidade no tempo e no espaço; 
-Quantificar a contribuição dos determinantes (fatores associados) da 
enfermidade na apresentação e disseminação da mesma; 
-Responder a questões de causalidade de enfermidade e/ou determinar os 
grupos de animais com alto risco de enfermidade; 
 -Proporcionar os elementos essenciais de atuação aplicáveis, com alternativas 
para lutar contra a enfermidade e preveni-la através da avaliação epidemiológica e 
econômica de sua possível efetividade. 
 
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1.2 Áreas temáticas 
1-Doenças infecciosas e enfermidades carências: tem como objetivo estudar a 
doença, tanto no período epidêmico como nos períodos interpidêmicos. 
2-Doenças crônico-degenerativa e outros danos à saúde: antigamente o campo 
da epidemiologia era praticamente todo voltado à doenças infecciosas, mas com a 
diminuição da mortalidade por doenças infecciosas e carências, o envelhecimento 
progressivo da população e a mudança no perfil de morbidade levaram a que o campo 
de aplicação da epidemiologia fosse ainda mais ampliado. Ao contrário das doenças 
infecciosas, não há um agente etiológico conhecido, tornando o diagnóstico ainda 
mais difícil. 
 3-Os serviços de saúde: assistência aos doentes e as práticas preventivas 
representam fatores que intervêm na distribuição e na ocorrência das doenças. 
Estudam a cobertura populacional e qualidade de atendimento. 
1.3 Subdivisões da epidemiologia 
 
Fonte: virtual.ufms.br 
1-Grupos de Causas: 
-Epidemiologia Ambiental: É da natureza da epidemiologia o seu envolvimento 
interdisciplinar. Esta área de conhecimento utiliza o método científico para atingir seus 
objetivos no estudo da distribuição e determinantes do estado de saúde-doença, 
incapacidade, morbidade e mortalidade nas populações. A epidemiologia oferece os 
instrumentos metodológicos para orientar o processo de vigilância ambiental em 
saúde. 
-Epidemiologia Ocupacional 
-Epidemiologia das Doenças Transmissíveis 
 
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2- Grupos de Risco 
3-Locais Onde é Praticada: 
-Comunidade 
-Hospitais / Clínicas 
4- Outros: 
-Epidemiologia Social: É a contestação da visão clássica de Epidemiologia 
(reducionista, funcionalista e positivista), estudo da determinação social da doença. 
Estuda a situação de saúde da população, em especial em regiões subdesenvolvidas. 
-Epidemiologia Clínica: estuda os fundamentos epidemiológicos modernos, o 
diagnóstico clínico e os cuidados com o paciente. Usando a estatística também. 
-Epidemiologia Nutricional: destaca a importância na utilização de metodologia 
adequada para avaliar a dieta, com instrumentos validados que possam investigar a 
associação entre dieta-doença. No contexto mundial os fatores nutricionais 
desempenham importante papel na morbimortalidade das doenças crônicas não-
transmissíveis. 
-Epidemiologia Farmacológica 
-Epidemiologia Molecular 
-Epidemiologia Comportamental 
1.4 Definições de epidemiologia através do tempo 
“É o campo da ciência médica preocupado com o inter-relacionamento de 
vários fatores e condições que determinam a frequência e a distribuição de um 
processo infeccioso, uma doença ou um estado fisiológico em uma comunidade.” 
Maxcy (1951) 
“A epidemiologia ocupa-se das circunstâncias em que as doenças ocorrem e 
nas quais elas tendem ou não a florescer... Estas circunstâncias podem ser 
microbiológicas ou toxicológicas; podem estar baseadas em fatores genéticos, sociais 
ou ambientais. Mesmo fatores religiosos ou políticos devem ser considerados, desde 
que se note que têm algumas influências sobre a prevalência da doença. É uma 
técnica para explorar a ecologia da doença.” Paul (1966) 
“É o estudo da distribuição e dos determinantes da frequência de doenças.” 
MacMahon e Pugh (1970) 
 
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“É o estudo da distribuição e dos determinantes da saúde em populações.” 
Susser (1973) 
“É uma maneira de aprender a fazer perguntas e colher respostas que levam a 
novas perguntas... Empregada no estudo da saúde e doença das populações. É a 
ciência básica da medicina preventiva e comunitária, sendo aplicada a uma variedade 
de problemas, tanto de serviços de saúde como de saúde.” Morris (1975) 
“É o campo da ciência que trata dos vários fatores e condições que determinam 
a ocorrência e a distribuição de saúde, doença, defeito, incapacidade e morte entre 
os grupos de indivíduos.”Leavell e Clark (1976) 
“É o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou 
eventos relacionados à saúde em populações específicas e a aplicaçãodesses 
estudos no controle dos problemas de saúde.” Last (1995) 
 
 
Fonte: www.artritereumatoide.com.br 
2 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO 
-Lógica Indutiva: inferência, é mais utilizado nos estudos quantitativos. Do 
particular para o geral. 
-Tipos de Estudo: 
1- Estudos Descritivos e Analíticos 
-Descritivos: Informam sobre a frequência e a distribuição de um evento. 
Referem-se à mortalidade e morbidade e mostram as variações que ocorrem não 
população, no local e no tempo. 
-Analíticos: Associação de dois eventos. Estabelece explicações para eventual 
relação. Fatores intrínsecos ou extrínsecos devem ser neutralizados, para que não 
ocorra erros ‘fator de confusão’. 
 
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Ex.: nível de colesterol com seus efeitos (coronariopatia). 
2- Estudos Experimentais e Não Experimentais 
-Experimentais (estudos de Intervenção): Eficácia de intervenções (condutas 
médicas, medicamentos, cirurgias, vacinas e exames periódicos. 
-Não Experimentais (estudos de Observação): Pesquisa de situações que 
ocorrem naturalmente. Observação de indivíduos ou grupos e comparação. 
-Frequência: Número de eventos, taxas (comparação entre diferentes 
populações) e risco de doença na população. 
-Distribuição: Tempo (tendência num período, variação sazonal), Lugar 
(distribuição geográfica, distribuição urbano-rural), o indivíduo (sexo, idade, raça, 
utilização). 
-Determinantes: Busca das causas e dos fatores que influenciam na ocorrência 
dos eventos relacionados ao processo saúde-doença e implementação de medidas 
de prevenção e controle. 
-Populações Específicas: Preocupação com a saúde coletiva de grupos de 
indivíduos que vivem em uma comunidade. 
-Estados ou eventos relacionados à saúde: Originalmente preocupava-se com 
epidemias de doenças infecciosas e atualmente abrangência ampliada a todos os 
agravos 
-Aplicação: Oferece subsídios para ações de prevenção e controle e 
instrumento para outras áreas / disciplinas 
3 APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA 
 
Fonte: 2.bp.blogspot.com 
 
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Objetivo: é o de concorrer para reduzir os problemas de saúde, na população. 
Um importante passo para isso é o conhecimento da distribuição das doenças, dos 
fatores que determinam essa distribuição e das possibilidades de êxito das 
intervenções. 
1- Informar a situação de saúde da População: inclui a determinação de 
frequências, distribuição e diagnósticos. 
2- Investigar os fatores que influenciam a situação de saúde: estudo dos 
determinantes do aparecimento e manutenção dos danos à saúde. 
3- Avaliar o impacto das ações propostas para alterar a situação 
encontrada: ações de segurança, programas e serviços de saúde. 
*A Epidemiologia complementa o conhecimento produzido através de 
investigações de laboratório ou de pesquisas de natureza puramente clínica. 
-Três Aspectos da Prática da Epidemiologia: 
1-A população para Estudo: esta pode ser composta de qualquer grupo de 
unidades. População, comunidade e coletividade são considerados sinônimos em 
Epidemiologia. 
2-A Aferição dos Eventos e a Expressão dos Resultados: a coleta de dados 
sobre a frequência da doença, característica da população, recursos geram uma base 
factual para investigar-se como as características desta população e os fatores de 
risco nela encontrados estão associados à ocorrência das doenças. 
3-O Controle de Variáveis Confundidoras: A epidemiologia é essencialmente a 
comparação da frequência de eventos (coeficientes de mortalidade entre duas 
populações). Para que tais comparações produzam conclusões úteis, as populações 
devem ser comparáveis (características iguais). O controle de variáveis como essas 
se faz na fase de planejamento da pesquisa e na análise de dados. 
4 PERSPECTIVA HISTÓRICA 
-Louis Pasteur: considerado o pai da bacteriologia, foi umas da figuras mais 
importantes do século XIX. Foi ele quem assentou as bases biológicas para o estudo 
das doenças infecciosas, influenciando profundamente a história da Epidemiologia. 
Identificou muitas bactérias além de fazer trabalhos pioneiros com Imunologia. 
 
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-Van Leeuwenhoek: formulação da teoria dos germes e descoberta do 
microscópio. 
-A Segunda Metade do Século XX: 
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve um impressionante 
desenvolvimento da epidemiologia. 
1-Ênfase das Pesquisas: a determinação das condições de saúde da 
população, a busca sistemática de fatores antecedentes ao aparecimento das 
doenças, a avaliação da utilidade e da segurança de intervenções. 
2-Situação Atual: duas tendências, a Epidemiologia Social e a Epidemiologia 
Clínica. 
-Pilares da Epidemiologia Atual: 
1-Ciências Biológicas: clínica, patologia, microbiologia, parasitologia e 
imunologia. 
2-Ciências Sociais: A sociedade como está organizada atualmente, embora 
ofereça proteção aos indivíduos, também determina muitos dos riscos de adoecer, 
bem como o maior ou menor acesso das pessoas às técnicas de prevenção de 
doenças, da promoção e recuperação da saúde. 
3-Estatística: é a ciência e a arte de coletar, resumir e analisar dados sujeitos 
à variações. Oferece o instrumental a ser levado em consideração nas investigações 
de questões complexas, como a aleatoriedade dos eventos e o controle de variáveis 
que dificultam o estudo. 
5 SAÚDE E DOENÇA 
-Doença: derivado do latim e significa ‘dor’. Falta ou perturbação da saúde. 
-Morbidade: sinônimo de doença. É a taxa de portadores de determinada 
doença em relação à população total estudada, em determinado local e em 
determinado momento. 
-Saúde: situação normal; Estado do que é sadio. 
OMS: ‘saúde é um completo estado de bem estar físico, mental e social e não 
apenas a ausência de doenças’ 
-Produtividade: medida para substituir a saúde (animais de produção – em Med. 
Veterinária) 
 
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5.1 Classificação das doenças quanto à duração e etiologia 
1-Infecciosas: 
-Aguda: As doenças agudas são aquelas que têm um curso acelerado, 
terminando com convalescença ou morte em menos de três meses. O início dos 
sintomas pode ser abrupto ou insidioso, seguindo-se uma fase de deterioração até um 
máximo de sintomas e danos, fase de plateia, com manutenção dos sintomas e 
possivelmente novos picos, uma longa recuperação com desaparecimento gradual 
dos sintomas, e a convalescência, em que já não há sintomas específicos da doença 
mas o indivíduo ainda não recuperou totalmente as suas forças. 
-Crônica: é uma doença que não é resolvida num tempo curto, definido 
usualmente em três meses. As doenças crônicas são doenças que não põem em risco 
a vida da pessoa num prazo curto, logo não são emergências médicas. No entanto, 
elas podem ser extremamente sérias. 
-Contagiosa 
-Não Contagiosa 
-Período de Incubação / Transmissibilidade 
2-Não Infecciosas: 
-Agudas 
-Crônicas: 
-Período Pré-Clinico longo, alterações irreversíveis, não há contágio 
Sinais / Sintomas: 
-Sinal: é o que o clínico observa, seja por exame ou anamnese. 
-Sintoma: é o que o animal sente. 
*Manifestação Clínica ou Quadro Clínico: sinal + sintoma 
 
Infecção: não é sinônimo de enfermidade. É a colonização de um organismo 
hospedeiro por uma espécie estranha. Em uma infecção, o organismo infectante 
procura utilizar os recursos do hospedeiro para se multiplicar (com evidentes prejuízos 
para o hospedeiro). O organismo infectante, ou patógeno, interfere na fisiologia normal 
do hospedeiro e pode levar a diversas consequências. A resposta do hospedeiro é 
a inflamação. 
http://pt.wiktionary.org/wiki/convalescen%C3%A7a
http://pt.wikipedia.org/wiki/Morte
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintoma
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inflama%C3%A7%C3%A3o
 
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Fonte: www.rehagro.com.br 
Enfermidade: é a doença com o quadro clínico. Afecção particular que atinge 
de maneira crônica alguma parte do corpo. Leve indisposição corporal. Debilidade, 
doença ou outra causa que produza fraqueza. 
-Transtorno: termo usado em lugar de doença ou de outro vocabulário similar,a fim de causar impacto psicológico menor no doente, ou em quem o acompanha. 
5.2 Medidas de saúde e doenças 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com 
 
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-Necessidade: é a ferramenta central da epidemiologia (comparação entre 
taxas) 
-Normalidade: comum, o que é frequente dentro de uma variação. A definição 
é baseada em: sinais, sintomas e resultados de testes. 
-Taxa de Incidência: variação de um fenômeno por unidade de tempo. 
 
Ex.: o número de nascimentos ou óbitos por ano, quantidade de glicose (mg) 
por unidade de sangue circulante. 
-Incidência Acumulada (taxa de ataque): é a proporção que representa uma 
estimativa do risco de desenvolvimento de uma doença em uma população, durante 
um intervalo de tempo determinado. É a expressão do risco médio de adoecimento, 
referido a um grupo de indivíduos. 
-Sobrevida: é a medida complementar à incidência acumulada. É uma 
estimativa da probabilidade de um indivíduo não morrer, ou, não desenvolver uma 
doença. 
-Medidas de Mortalidade: pode ser medida através de taxas ou proporções. 
Expressa a frequência de óbitos por uma doença ou problema de saúde. 
-Prevalência: é definida como a frequência de casos existentes de uma 
determinada doença, em uma determinada população e em um dado momento. Os 
doentes que vierem a falecer antes do período de observação, não são considerados 
no cômputo da prevalência. A prevalência de uma doença é determinada pela sua 
incidência e duração, assim como pelos movimentos migratórios. Quanto mais 
elevada a incidência e/ou a duração de uma doença, mais tender a ser sua 
prevalência. 
Aumenta a Prevalência 
-Doenças Crônicas 
-Doentes sem Cura 
-Melhoria de Diagnóstico 
Diminui a Prevalência: 
-Doenças Agudas 
-Casos Fatais 
-Melhoria na Taxa de Cura 
*A incidência necessita da prevalência 
 
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1-Prevalência Instantânea: mede a proporção de uma população que em um 
determinado instante apresenta a doença 
2-Prevalência Periódica: mede a proporção de uma população que apresentou 
a doença num espaço de tempo definido. Prevalência Pontual + Casos Novos. 
 PREVALÊNCIA (P) = INCIDÊNCIA (I) X DURAÇÃO DA DOENÇA (D) 
-Letalidade: dos que eram enfermos, morreram. 
Tipos de Coeficientes: 
1-Geral ou Global: não há especificação, além do tempo e espaço. 
Ex.: coeficiente geral de mortalidade 
2-Específico: no numerador ou denominador apresenta outras especificações 
além da área e do tempo (gênero, espécies...) 
Índices: não indica probabilidade de risco 
Nº de óbitos (causa determinada) x 100 
Nº de óbitos por todas as causas 
 
 
 
 
 
 
MODELOS EXPLICATIVOS DA 
6 BIOMEDICINA 
Modelo: Representação simplificada e abstrata de fenômeno ou situação 
concreta, e que serve de referência para a observação, estudo ou análise. Baseado 
População (P) 
Infectados (I) 
Doentes (D) 
Doentes Graves (G) 
Óbitos (O) 
 
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em uma descrição formal de objetos, relações e processos, e que permite, variando 
parâmetros, simular os efeitos de mudanças de fenômeno que representa. 
 
6 modelos: 
-Cadeia de Eventos 
-Modelos Ecológicos 
-História Natural 
-Modelos Causais 
-Etiologia social 
-Visão sistêmica 
1-Modelo de Cadeia de Eventos: Representação em forma de sequência de 
acontecimentos relacionados à saúde e doença. Centrada na figura do agente. 
Modelo linear. 
 
 
 
Reservatório  Vetor  Indivíduo susceptível 
Ex.: ciclos parasitológicos 
-Tendência à individualizar as doenças 
-Acredita-se que descobrindo o ‘causador’, estará tudo resolvido – Teoria 
Unicasual 
-Utilidades do modelo: 
-Compreende a forma de transmissão (relação entre agente e hospedeiro) 
 
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-Noção de prevenção (rompimento de um dos elos da cadeia) 
-Identificação dos pontos fracos 
-Origem histórica: Descartes (organismo como uma máquina, tendência de 
individualizar a doença) 
 
O método de raciocínio proposto por Descartes no Discurso compõe-se de 
quatro passos ou preceitos: 
1. Receber escrupulosamente as informações, examinando sua racionalidade 
e sua justificação. Verificar a verdade, a boa procedência daquilo que se investiga – 
aceitar o que seja indubitável, apenas. 
2. Análise, ou divisão do assunto em tantas partes quanto possível e 
necessário. 
3. Síntese, ou elaboração progressiva de conclusões abrangentes e ordenadas 
a partir de objetos mais simples e fáceis até os mais complexos e difíceis. 
4. Enumerar e revisar minuciosamente as conclusões, garantindo que nada 
seja omitido e que a coerência geral exista. 
Teoria Miasmática: teoria miasmática, os ambientes onde predominavam a 
sujeira e a concentração populacional favoreciam o surgimento de males e epidemias. 
Para combater as doenças miasmáticas, os médicos higienistas propunham a 
expulsão dos equipamentos insalubres, um novo recorte do espaço urbano, a 
reorganização do espaço doméstico e medidas de saneamento — higiene total, 
limpeza profunda do meio físico e social. 
7 FONTES DE INFECÇÃO 
 Enfermos 
– Típicos: sintomas característicos 
– Atípicos: os sintomas não são característicos por causa da severidade ou 
benignidade da doença 
– Prodrômicos: o animal está doente, mas os sintomas não são claros. Ex. 
bovinos na fase inicial da febre aftosa pode manifestar apenas febre ou diminuição 
apetite ou dificuldade na apreensão de alimento. 
 
 
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 Portadores 
– Em incubação: é um indivíduo que não teve a doença, não tem mas, que 
manifestará uma vez superado o período de incubação da doença 
– Convalescente: é um indivíduo que teve a doença, não tem mais, mas, elimina 
o agente da doença. Ex. helmintoses, babesiose, anaplasmose 
– Sadio: É um indivíduo que não teve a doença, não tem e não terá em 
decorrência de imunidade. Ex: Bovino vacinado contra febre aftosa e que tenha sido 
exposto ao vírus da febre aftosa que causa infecção apenas. 
– Subclínico 
 Reservatórios 
– Ecológico – vetores 
– Epidemiológico – silvestres 
– Adicional – solo 
Portas de entrada 
 Vias de eliminação 
1. Secreção oro – nasal. Ex. agentes de doenças respiratórias ou da mucosa 
oral 
2.Fezes 
3.Sangue 
4.Urina 
5.Leite 
6. Descargas purulentas 
7. Descamações cutâneas 
 Vias de transmissão 
 
Fonte: www.revistacobertura.com.br 
 
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a. Contagio direto: agentes pouco ou nada resistentes às condições do meio 
ambiente. 
b. Contagio indireto: há a interposição de um veículo inanimado. Este contágio 
se processa por: fômites, ar, poeiras, entre outras partículas suspensas no ar. 
c. Vetores: São usualmente representados por artrópodes. Podem ser 
Mecânico e Biológico. São os tipos de vetores: Mecânico (ex. Mosca doméstica) e 
Biológico. 
d. Hospedeiro intercalado: realização de uma fase do ciclo biológico do parasito 
no interior de seu organismo. Ex. caramujo para os agentes de Fasciolose e 
Schistosomose. 
e. Alimentos. 
f. Água: dentre os alimentos é a água que está mais sujeita à contaminação. 
h. Produtos biológicos: podem carrear agentes de doenças principalmente se 
forem produzidos em animais acidentalmente infectados ou cultivos celulares. Ex. 
vacinas, medicamentos. 
i. Produtos de reprodução: sêmen e embriões 
j. Transmissão transplacentária ou intrauterina: o feto é capaz de proteger-se 
contra infecções, mas é menos capaz que o adulto, porque embora não seja 
totalmente indefeso, seu sistema imune não estão com sua total capacidade de 
funcionamento e consequentemente vários processos que são inaparentes ou 
brandos para a mãe podem ser severos ou letais no feto. Ex. brucelose bovina, 
leptospirose bovina. 
Limitações do Modelo Cadeia de Eventos: 
• Insuficiente para representar toda realidade do processo saúde-doença 
• Não cogita a participação de outros fatores 
– Ligados às características do hospedeiro 
• Suscetibilidade e grau de exposição 
• Unicausalidade 
• Engloba apenas dimensão individual 
• Não trata a doença do ponto de vista social 
• Não nota inter-relações entre saúde e condiçõesde vida 
 
2-Modelos Ecológicos: 
-Dupla Ecológica: Hospedeiro e Ambiente 
 
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• Análise do processo saúde-doença 
• Localização racional das intervenções 
-Tríade Ecológica: Agente, Hospedeiro e Ambiente 
• Referencial clássico da biomedicina 
• Explicativo para patogênese de doenças infecciosas e parasitárias 
• Componentes ecológicos das enfermidades 
Características do Agente: 
• Morfologia 
• Dose do agente 
• Imunogenicidade (capacidade de induzir resposta) 
• Infectividade (capacidade de penetração, multiplicação) 
• Patogenicidade (lesões, manifestações clínicas) 
• Virulência (severidade lesões, intensidade das manifestações clínicas) 
• Variabilidade (adaptação a condições diversas) 
• Viabilidade (resistência ao meio) 
• Persistência (permanência na população) 
Características do Hospedeiro: 
• Características Próprias 
– Espécie 
– Raça 
– Sexo 
– Idade 
– Suscetibilidade 
– Imunidade 
• Ativa 
– Natural 
– Artificial 
• Passiva 
– Natural 
– Artificial 
 
Características variáveis: 
– Estado fisiológico 
– Utilização 
 
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– Densidade 
Características do Ambiente: 
• Componentes físicos: 
– Clima (temperatura, umidade, radiação, chuvas/secas, corrente de ar) 
– Hidrografia 
– Topografia 
– Solo 
• Componentes biológicos; 
– Flora 
– Fauna 
– Componentes socioculturais e econômicos: 
– Hábitos e costumes 
– Estrutura da produção 
– Comercialização 
– Consciência da comunidade 
– Vias de comunicação 
– Manejo 
– Higiene ambiental 
– Grau de utilização da tecnologia 
 
Críticas ao modelo: 
• Igualdade de importância aos elementos da tríade 
– Raramente corresponde à realidade 
• Problemas quando não se conhece um agente específico 
–Doenças crônico-degenerativas 
–Explicados por complexo de fatores associados, em que nenhum é 
considerado indispensável 
 
3-Modelos Causais: 
 
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Fonte: www.bvsde.paho.org 
Multicausalidade: 
• Doença multifatorial 
• Causa suficiente 
– Compreende conjunto de componentes causais 
• Causa necessária 
– Causa componente que aparece em todas as causas suficientes 
 
Critérios de Interpretação de uma relação causal: 
Postulados de Koch (1882) 
1. O agente deve estar presente em cada doença, determinado por isolamento 
em cultura. 
2. O agente não deve ser encontrado em casos de outra doença. 
3. Uma vez isolado, o agente deve ser capaz de reproduzir a doença, 
experimentalmente em animais. 
4. O agente deve ser recuperado na doença induzida experimentalmente. 
 
Causalidade 
• Postulados de Koch (final séc. XIX) 
– Microorganismos como causas únicas das enfermidades 
• Postulados de Evans (1976) 
– Associação entre fator causal hipotético e a exposição 
Associação 
• Associação não causal 
 
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• Associação causal 
– Associação direta 
– Associação indireta 
Rede de Causalidade: 
• Rede, emaranhado, teia, trama 
• Fatores associados 
– Proximais 
– Intermediários 
– Distais 
• Sequência lógica 
• Doença não é produto de um único fator ou exposição, mas consequência de 
numerosos eventos ou cadeias de acontecimentos 
• A eliminação ou controle de um fator antecedente causal tende a reduzir a 
incidência da doença. 
 
Fatores na Causação: 
Fatores predisponentes: criam estado de suscetibilidade 
Ex.: Idade, sexo, doença prévia 
Fatores facilitadores: favorecem o desenvolvimento da doença 
Ex.: Baixa renda, má nutrição, habitação deficiente, cuidados, médicos 
inadequados 
Fatores precipitantes: princípio de doença 
Ex.: Exposição a um agente específico de doença 
Fatores agravantes: agrava ou estabelece a doença 
Ex.: Exposição repetida 
 
Critérios de Causalidade (Hill): 
-Sequência cronológica: A exposição ao fator de risco deve anteceder o 
aparecimento da doença 
-Força da associação: A incidência da doença deve ser significativamente mais 
elevada nos indivíduos expostos do que nós não expostos (risco) 
-Relação dose-resposta: Relação entre intensidade (ou duração) da exposição 
e a ocorrência (ou gravidade) da doença 
 
23 
-Consistência: Os resultados devem ser confirmados por diferentes 
pesquisadores, usando diferentes métodos, em diferentes populações 
-Plausibilidade: Os fatos novos enquadram-se, coerentemente, no 
conhecimento já existente 
-Analogia / Coerência: Presença de antecedentes na literatura que permitam 
estabelecer a causalidade em outras situações similares 
-Especificidade: Uma causa leva a um único efeito e não a múltiplos efeitos. 
A remoção da causa reduz o risco 
-Evidência experimental: Possibilidade da relação causal de ser testada 
mediante modelo experimental bem conduzido 
4- Modelo Processual (História Natural da Doença): 
 História Natural da Doença: 
• Crítica à teoria monocausal 
– Útil para estudar evolução clínica de agravo 
– Enfermidades infecciosas e não infecciosas 
– Incorpora 
• Princípios de ecologia 
• Ideia de multicausalidade 
• Cenário de aparecimento do modelo processual 
– EUA década de 1940 
• Alto custo pela especialização e tecnologia da prática médica (Relatório 
Flexner - 1910) 
• Crise econômica 
• Abertura departamentos de Medicina Preventiva 
• Ênfase na prevenção 
• Saúde e doença como metáfora gradualista 
• Níveis de intervenção 
Pressuposto conceituais: 
– A doença é um processo dinâmico 
– O tempo é uma variável imanente ao processo 
– O vocábulo natural tem a conotação de progresso sem intervenção 
 
24 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
Fases ou Períodos da História Natural das Doenças: 
• Pré-patogênico: Há condições para o desenvolvimento do agravo e ainda não 
há a doença propriamente dita 
 • Agentes físicos e químicos 
• Biopatógenos 
• Agentes nutricionais 
• Agentes genéticos 
• Determinantes econômicos 
• Determinantes culturais 
• Determinantes ecológicos 
• Determinantes biológicos 
• Determinantes psicossociais 
• Patogênico: 
-Fase patológica pré-clínica: 
– Ausência de quadro clínico 
– Alterações patológicas 
-Fase clínica: 
– Manifestações clínicas 
 
25 
– Doença em estágio adiantado 
-Fase de incapacidade residual 
– Sequelas: 
• Interação agente-sujeito 
• Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas 
– Horizonte clínico 
– Período de incubação ou latência 
• Quadro clínico 
• Desfecho 
– Cura 
– Cronicidade 
– Invalidez permanente 
– Morte 
Principais críticas ao modelo processual: 
• Foco principal na causa imediata 
– Não permite compreensão da complexidade com inter-relações e 
interdependências dos elementos 
– Ênfase nos aspectos estritamente biológicos da doença 
• Não aprofunda a análise das condições sociais e estruturais da sociedade 
• Problemas de aplicação do esquema a situações reais 
– Dificuldade de distinção entre as fases 
• Não leva em consideração os avanços das pesquisas epidemiológicas 
relacionadas aos fatores de risco 
5-Modelo da Etiologia Social: 
 1. Relação entre agravos à saúde e processos sociais, econômicos e 
políticos 
– Forte componente sócio-político 
– Doença como consequência da estrutura social 
2. Influência dos fatores comportamentais na etiologia 
– Fatores de risco 
– Responsabilidade individual 
• Categorias da causação social: 
– Causas sociais básicas 
• Elementos sócio estruturais da sociedade 
 
26 
• Classe, raça, sexo, educação 
– Causas sociais próximas 
• Vizinhança, migração, ambiente de trabalho 
– Causas sociais mediadoras 
• Apoio social, rede social, estado civil 
• Níveis de manifestação do processo: 
– Individual ou singular: 
•Variações entre pessoas e pequenos grupos que diferenciam por atributos 
individuais (idade, sexo, religião, escolaridade,) 
– Do grupo social: 
•Variações entre classes sociais (perfis de mortalidade e morbidade) 
– Da estrutura social: 
•Perfis de morbimortalidade peculiares de uma sociedade em relação a outras 
Origens históricas da determinação social: 
• Século XVIII, Europa Ocidental 
– Medicina de Estado 
• Alemanha – começoséculo XVIII 
– Medicina urbana 
• França – fins do século XVIII 
– Medicina da força de trabalho 
• Inglaterra – século XIX 
Cenário de surgimento da determinação social: 
• Crise econômica e política década de1960 
• Diminuição do gasto social do Estado capitalista 
• Medicina curativa 
– Altos custos 
– Baixa eficácia 
– Limitações nas explicações entre diferentes grupos sociais 
Limitações da Determinação Social: 
• As causas dos fenômenos relacionados à saúde e doença se reduz à 
explicação social. 
6-Modelo da Visão Sistêmica: 
Abordagem Sistêmica de Saúde: 
• Conjunto de elementos conectados entre si por uma relação coerente 
 
27 
– estrutura organizada 
• Cada sistema apresenta um nível de organização 
Visão Sistêmica: 
• Teoria Geral dos Sistemas (TGS) 
• Bertalanffy (1975) 
• Reorientação do pensamento científico a uma larga escala 
• Compreensão das coisas: 
– Interação dinâmica das partes na formação da totalidade em uma 
complexidade organizada 
• Biologia 
– organismo como uma totalidade ou sistema 
– descoberta de princípios de organização em seus vários níveis 
• Teoria surge em reação ao mecanicismo e reducionismo 
• Pensamento mecanicista (isolamento das partes) ® insuficiente para atender 
– Problemas teóricos das ciências biossociais 
– Problemas práticos que surgem com tecnologia 
• Visão reducionista 
– Estudo de algo complexo deve ser realizado por intermédio do exame de suas 
partes constitutivas é denominada de reducionista 
• Propriedade emergente 
– “o todo é mais que a soma das partes” 
– o comportamento de um elemento difere quando considerado fazendo parte 
do todo e quando é estudado isoladamente 
• Um sistema pode ser definido como um complexo de elementos em interação 
e comporta-se como um todo, no qual as variações de qualquer elemento exercem 
influências sobre os outros 
• Inter-relação entre as partes 
 
28 
 
Fonte: scielo.iec.gov.br 
Características do Modelo Sistêmico: 
• Substrato ecológico com perspectiva sistêmica 
• Engloba modelos anteriores 
• Assinala que as causas das doenças podem estar em diferentes níveis de 
causalidade 
• Desloca preocupações dos aspectos orgânicos individuais para outros 
aspectos 
• Desafio: diálogo ciências da vida X ciências humanas 
• Integração entre as ciências sob dimensão não usual 
• Interdisciplinaridade 
• Sistema aberto – interação com o meio 
• Amplitude – permite analisar situação-problema 
• Limitação dos modelos explicativos tradicionais de não serem suficientes para 
atender a esta abordagem 
Limitações do Modelo Sistêmico: 
• Alta complexidade 
• Muitos fatores envolvidos para a compreensão no estudo das relações 
externas de um sistema 
 
29 
• Se não for bem compreendido, analisado e interpretado pode tornar-se 
reducionista 
 
Comparação entre os Modelos: 
• Cadeia de eventos 
– Ordenamento de partes, sem interconexões 
– Disposição linear e fechada 
• Modelos ecológicos 
– Enfoca características de cada componente 
• História Natural 
– Ideia de sucessão de estados em direção a transformação – evolução clínica 
• Modelos causais 
– Enfatizam o fator de risco 
• Etiologia Social – Causalidade Social 
– Desloca eixo de causalidade em direção às desigualdades sociais 
• Matriz Sistêmica 
– Conjunto de elementos coordenados entre si 
– Relação (síntese X fragmentação) 
Conclusões: 
• Diversas leituras sobre a saúde e doença 
• Representação esquemática 
• Ordena raciocínio para sistematização dos fatos conhecidos e para 
acomodação de novos conhecimentos 
• Dimensões 
– Dimensão estrutural (ponto de vista macro) 
– Dimensão simbólica (perspectiva do indivíduo) 
• Doença: experiência individual com caráter social. 
 
30 
8 RESUMINDO... 
 
Fonte: www.ilminuto.info 
A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública voltada para a 
compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a 
diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em 
termos individuais. 
Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal; já como 
disciplina da saúde pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para 
as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da comunidade. 
A epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento de 
políticas no setor da saúde. Sua aplicação neste caso deve levar em conta o 
conhecimento disponível, adequando-o às realidades locais. 
Se quisermos delimitar conceitualmente a epidemiologia, encontraremos várias 
definições; uma delas, bem ampla e que nos dá uma boa ideia de sua abrangência e 
aplicação em saúde pública, é a seguinte: 
"Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes 
dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a 
aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde." (J. Last, 1995) 
Essa definição de epidemiologia inclui uma série de termos que refletem alguns 
princípios da disciplina que merecem ser destacados (CDC, Principles, 1992): 
 
31 
Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública tem seus 
fundamentos no método científico. 
Frequência e distribuição: a epidemiologia preocupa-se com a frequência e o 
padrão dos eventos relacionados com o processo saúde-doença na população. A 
frequência inclui não só o número desses eventos, mas também as taxas ou riscos de 
doença nessa população. O conhecimento das taxas constitui ponto de fundamental 
importância para o epidemiologista, uma vez que permite comparações válidas entre 
diferentes populações. O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo 
saúde-doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo características: do 
tempo (tendência num período, variação sazonal, etc.), do lugar (distribuição 
geográfica, distribuição urbano-rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, 
etc.). 
Determinantes: uma das questões centrais da epidemiologia é a busca da 
causa e dos fatores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao 
processo saúde-doença. Com esse objetivo, a epidemiologia descreve a frequência e 
distribuição desses eventos e compara sua ocorrência em diferentes grupos 
populacionais com distintas características demográficas, genéticas, imunológicas, 
comportamentais, de exposição ao ambiente e outros fatores, assim chamados 
fatores de risco. Em condições ideais, os achados epidemiológicos oferecem 
evidências suficientes para a implementação de medidas de prevenção e controle. 
Estados ou eventos relacionados à saúde: originalmente, a epidemiologia 
preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas. No entanto, sua abrangência 
ampliou-se e, atualmente, sua área de atuação estende-se a todos os agravos à 
saúde. 
Específicas populações: como já foi salientado, a epidemiologia preocupa-se 
com a saúde coletiva de grupos de indivíduos que vivem numa comunidade ou área. 
Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da saúde pública, é mais que o 
estudo a respeito de um assunto, uma vez que ela oferece subsídios para a 
implementação de ações dirigidas à prevenção e ao controle. Portanto, ela não é 
somente uma ciência, mas também um instrumento. 
Boa parte do desenvolvimento da epidemiologia como ciência teve por objetivo 
final a melhoria das condições de saúde da população humana, o que demonstra o 
vínculo indissociável da pesquisa epidemiológica com o aprimoramento da assistência 
integral à saúde. 
 
32 
BIBLIOGRAFIA 
ALMEIDA FILHO, N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à epidemiologia moderna. 
Salvador: APCE, 1990. 
AMARAL, A. C. S. et al. Perfil de morbidade e de mortalidade de pacientes idosos 
hospitalizados. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p. 1617-
1626, 2004. 
BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiología básica. 
Washington, DC: Organización Panamericana de la Salud, 1994. 
BRASIL.Ministério da Saúde. Programa nacional de imunizações, 30 anos. Brasília, 
2003. 
____________. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações. Informe 
técnico da Campanha Nacional de Vacinação do Idoso. Brasília, 2007. 
____________. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância em saúde no SUS: 
fortalecendo a capacidade de resposta a os velhos e novos desafios. Brasília, 2006. 
Acesso em: 19 mar. 2008. 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Envelhecimento ativo: um projeto de 
política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.

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