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p o rt a lm a q u in a s a g ri c o la s .c o m .b r A c o m p a n h e -n o s n a s re d e s so c ia is A p lic a ti vo 49 JANEIRO/FEVEREIRO 2019 ENTREVISTA CALEB HARPER, PESQUISADOR: FUTURO DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS AUTONOMIA MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS CADA VEZ MAIS CONECTADOS BOAS PRÁTICAS PARA OTIMIZAR A PRODUTIVIDADE DE TRATORES E COLHEITADEIRAS NA FAZENDA DA FROTA GESTÃO 49 JANEIRO FEVEREIRO 2019 MIA 49 - CAPA.indd 1 17/12/18 15:41 http://www.lstractor.com.br Publisher Giulio Rossi Diretor de Redação Marcelo Couto – marcelo@bmcomm.com.br Assistentes de Redação Cristiane Del Gaudio – cristiane.delgaudio@bmcomm.com.br Daniel Santos – daniel.santos@bmcomm.com.br Mariana Bonareli – mariana.bonareli@bmcomm.com.br Diretor de arte Roberto Gomes – rober to@bmcomm.com.br Assistentes de arte Melissa D’Amelio e Thayná Neves (estagiária) Colaboradores desta edição Clarisse Sousa, Cristina Defendi, Elaine Valdez, Gustavo Paes, Joel Sebastião Alves e Luciana Fleury Realização Editora Casa Nova Ltda. Rua Félix de Sousa, 305 – Vila Congonhas 04612-080 – São Paulo – Tel.: (11) 5095-0096 Publicidade comercial@bmcomm.com.br Marketing marketing@bmcomm.com.br Impressão Grass Máquinas & Inovações Agrícolas é uma publicação bimestral Tecnologia, economia e SuSTenTabilidade Alguns dos artigos são reproduzidos e traduzidos da Macchine Agricole – edição italiana, da editora Techniche Nuove s.p.a. 8.000 exemplares DISTRIBUIÇÃO NACIONAL A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. É vedada a reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo sem autorização expressa. GESTÃO EFICIENTE, BONS RESULTADOS A agricultura é de grande relevância para a economia brasileira, responsável pelo superávit comercial obtido nas últimas décadas, graças sobretudo às exportações de produtos como soja, milho e algodão, entre outros. Essa condição tem sido sustentada pelos contínuos avanços no campo, entre os quais se inclui a mecanização. Não por acaso, a safra brasileira de grãos em 2018/2019 pode chegar a 238,28 milhões de toneladas, um desempenho 4,5% maior que no período anterior. A frota de máquinas, principalmente de tratores e colheitadeiras, merece atenção especial, dada a sua importância estratégica e aos altos custos envolvidos. Quando bem dimensionado e adequadamente gerido esse valioso recurso ajuda a maximizar resultados, como mostra a reportagem que estampa a capa desta edição. Outro tema abordado é a conveniência dos consórcios para aquisição de máquinas, dado o crescimento da modalidade no País. Em “Tecnologia Aplicada” mostramos que a chegada das máquinas autônomas é um caminho sem volta, embora ainda enfrente desafios. Entenda quais são e por que. Acompanhe ainda o apanhado de novidades que Máquinas & Inovações Agrícolas foi conferir de perto na EIMA, uma das maiores feiras de maquinários agrícolas do mundo, recentemente realizada na Itália. Para completar, um panorama dos belos resultados da colheita de algodão na atual safra, a análise das barreiras técnicas impostas por meio de processos de normalização de maquinários, e um interessante artigo sobre os avanços da chamada Indústria 4.0 (a agroindústria aí incluída). A leitura pode começar, no entanto, pela entrevista com o pesquisador Caleb Harper, diretor da Open Agriculture Initiative (OpenAG), ou Iniciativa da Agricultura Aberta, ligada ao Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), dos Estados Unidos. Ele veio ao Brasil recentemente falar sobre a revolução que está por vir e que considera uma “reinvenção da agricultura”. Acompanhe! ■ Boa leitura! portalmaquinasagricolas.com.br ENTREVISTA Caleb Harper, pesquisador do MiT 06 ACONTECE 10 PERFIL argo-HyTos 14 CASE 44 NORMAS 46 REFLEXÃO 55 RADAR 56 ARTIGO 58 FEIRAS E EVENTOS 60 VITRINE 64 GRANDES NÚMEROS 66 AGRO PELO MUNDO EIMA: FEIRA NA ITÁLIA APONTA TENDÊNCIAS 16 MERCADO CONSÓRCIO PODE SER UMA BOA OPÇÃO 22 GESTÃO DE FROTA TIRE O MÁXIMO PROVEITO DO SEU MAQUINÁRIO 28 TECNOLOGIA APLICADA MÁQUINAS AUTÔNOMAS JÁ SÃO REALIDADE 34 OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO SISTEMA DE TRANSMISSÃO 40 PANORAMA SETORIAL COLHEITA RECORDE DE ALGODÃO 50 28 www.bucherhydraulics.com Tecnologia e sistemas para economia de energia Desde a primeira ideia até a conexão com a máquina, nós suportamos nossos clientes com experiência e conhecimento A Bucher Hydraulics é um dos líderes em tecnologia, qualidade, manufatura, performance de entrega, relacionamento com os clientes e serviço. É um dos nossos objetivos desenvolver soluções customizadas e efetivas em custos, que excedam as normas e expectativas atuais. Bucher Hidraulica Ltda. Rua Berto Círio 1420, Bairro Sao Luiz • 92420-030 Canoas • Brazil Tel. +55 51 3361 3512 • info.br@bucherhydraulics.com Válvulas Proporcionais de Controle Blocos e sistemas customizados Válvulas de Controle Direcional Bombas e Motores em ferro fundido para tra- balho em alta pressão Untitled-1 1 19/12/17 15:40 http://www.bucherhydraulics.com 6 ENTREVISTA CALEB HARPER A companhamos a mais recente edição do evento HSM Expo, realizado em São Paulo no início de novembro, para assistir à palestra do pesqui- sador Caleb Harper, diretor da Open Agriculture Initiative (OpenAG), a Iniciativa da Agricultura Aberta, ligada ao prestigiado Instituto de Tec- nologia de Massachussets (MIT), dos Estados Unidos. Harper é conhecido mundialmente por seu trabalho de criação e desenvolvimento do computador alimentar (food computer), plataforma de tecnologia agrícola que cria ambientes específicos e controlados para o crescimento de plantas sem que ha- ja necessidade de solo. A iniciativa traz literalmente para a realidade o conceito de agricultura digital, em que é possível controlar indicadores como irrigação, nível de dióxido de carbono no ambiente, umidade e temperatura do ar, a fim de criar o melhor ambiente possível para o cultivo de plantas, legumes e hortaliças, resultan- do em um sistema de crescimento que dispõe de cerca de três mil dados por planta. A partir de sua pesquisa, Harper pretende mudar o modo como o mundo cultivará alimen- tos no futuro. Para alcançar tal objetivo, o pesquisador abriu o código do food computer, tornando possível que outras pessoas baixem as instruções sobre como construir seu próprio computador alimentar pessoal e, ainda, compartilhem os dados armazenados. Engenheiro, Harper trabalhou por muitos anos desenvolvendo e projetando data cen- ters em hospitais antes de ingressar no MediaLab, do MIT, em 2011. A entrevista a se- guir é uma síntese da visão apresentada por Harper no Brasil na conferência HSM Expo. A REINVENÇÃO DA AGRICULTURA POR CRISTINA DEFENDI 7 Sobre a iniciativa de agricultura aberta O projeto OpenAG foi criado em 2015 e visa desenvolver plataformas de agricultura em ambientes controlados, os chamados food computers, que utilizam uma série de sen- sores que monitoram as condições ambientais internas de uma câmara de crescimento especializada e ajustam-nas para que permaneçam consistentes e ótimas. O sistema controla variáveis como dióxido de carbono, temperatura, umidade, oxigênio, potencial de hidrogênio e corrente elé- trica, permitindo o cultivo do alimento com características exclusivas. Um exemplo concreto: estamos cultivando no laboratório tomates que estão fora de produção comer- cial há mais de 150 anos, cujo gosto é único. O food computer também é uma forma de aprendermos mais sobre alimentação, inspirar as próximas gerações a cultivar e reduzir a dependência de um clima instável e em contínua mutação. É ainda uma maneira de escapar da de- gradação e das ineficiências impostas pelos métodos de agricultura industrial. E o melhor: trabalhamos com códi- go aberto, de modo que qualquer um pode construir um computador alimentar, desde estudantes do ensino fun- damental até cientistas. Fonte de inspiração inicial Comecei a estudar a agriculturadigital urbana após uma visita ao Japão, em 2011, na época do acidente nuclear de Fukushima. O que mais ouvia naquela ocasião era: “os ter- renos agrícolas do Japão não têm água, não há jovens, nem terra, nem futuro”. Isso me chocou de tal maneira que co- mecei a pensar em possibilidades de aplicar a minha expe- riência e o meu conhecimento para fazer a diferença. Minha missão é permitir que todos se tornem capazes de produ- zir a própria comida. Quero revolucionar a agricultura, para sairmos da era industrial e entrarmos na era moderna de produção de alimentos baseada em computação e em rede. Vantagens da agricultura digital urbana Ao contrário da agricultura tradicional, a urbana não apresenta limitações sazonais de cultivo, o que permite a criação de am- bientes de crescimento ideal, onde plantas e alimentos podem se desenvolver mais rapidamente e ser mais nutritivos, usando ainda os recursos com mais eficiência, uma vez que é possí- vel ser mais assertivo quanto ao uso da água e dos nutrientes. Problemas resolvidos com o uso do food computer Estamos ajudando a criar a próxima geração de agriculto- res. Pouca gente no mundo está envolvida na produção de alimentos. Nos Estados Unidos, apenas 2% da população trabalha na agricultura atualmente. Cinquenta por cento da população africana tem menos de 18 anos, sendo que 80% não quer se tornar agricultor. Na Índia, famílias de fazendei- ros não têm acesso básico a serviços públicos. Ou seja, nin- guém quer se dedicar a essa atividade tão essencial. O food computer é uma forma de inspirar e motivar os jovens, além de permitir que exercitem sua inteligência, suas habilidades e seu conhecimento, especialmente na fase escolar. Como funciona o food computer Ele parece um aquário, mas, em vez de água, sob luzes vio- letas de LED, crescem hortaliças e legumes com raízes lim- pas, sem terra. A máquina está conectada a uma rede, de modo que todas as informações ambientais são armazena- das em um banco de dados, onde outros agricultores po- dem ver a quantidade de água e luz que os alimentos es- tão recebendo e usar esses dados para ajustar a maneira como cultivam suas próprias plantações. O food compu- ter se conecta à energia em qualquer local, não precisando Fo to : D iv ul ga çã o 8 ENTREVISTA CALEB HARPER de nenhum outro recurso, além da água. Por isso, pode ser utilizado em uma casa ou sala de aula. Ele utiliza o sistema aeroponics, desenvolvido pela NASA, que reduz a quanti- dade de água enviada para o ambiente. Com isso, a planta recebe exatamente o que precisa: água, minerais e oxigênio. Vale ressaltar ainda que a produção digital de um alimen- to é feita em três etapas. Na codificação, o alimento físico é digitalizado. A descodificação é a fase de entendimento de como o elemento digital funciona e, por último, a reco- dificação refere-se à transformação melhorada do alimento. Resultados obtidos com a codificação Uma vez que um alimento é codificado, podemos criar várias “receitas” para produzir o que quiser. Por exemplo, quando digo que gosto de morangos brasileiros, significa que gos- to dos morangos produzidos no clima do Brasil. Ou seja, há uma quantidade de CO2, O2 e outros elementos que precisam ser considerados nessa “receita”. Com a codifica- ção de informações, posso reproduzir a expressão, a nu- trição, o tamanho, a forma, a cor, a textura da fruta, exa- tamente um morango brasileiro, porém estando na China. Imagine que, com isso, torna-se possível criar uma grande fazenda global, sem ficarmos escravos de variáveis climáti- cas. Com isso, em vez de apenas 3% da população mundial serem responsáveis pela distribuição de alimentos para o resto do mundo – um processo ineficiente e caro – todos temos acesso a um histórico dos alimentos que podemos compartilhar e armazenar para qualquer pessoa, em qual- quer lugar do planeta. O resultado disso é que as gerações mais jovens se conectam com a natureza, aprendem sobre ciência e ainda ganham alimentos saudáveis nesse processo. Disseminação da tecnologia O programa OpenAg já é considerado um sucesso em vá- rios países do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, os food computers foram introduzidos em algumas esco- las para incentivar as crianças a investigar e experimentar a nova tecnologia de produção de alimentos. Para saber mais sobre o OpenAG Atualmente, somos mais de 3.000 pessoas, presentes em mais de 65 países. Quanto mais “agricultores nerd” tiver- mos, melhor. Uma vez na comunidade “nerd”, as intera- ções entre os membros da rede se intensificam. Explore e aprofunde-se no tema. As “receitas” certamente serão usadas para cultivar alimentos nas cidades no futuro. Parti- cularmente, acho que esse é o grande legado do projeto. ■ Fo to : S hu tt er st oc k A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estimam que a produção mundial de produtos agrícolas e pesqueiros cresça 20% na próxima década. O aumento será ainda maior nas regiões em desenvolvimento, como a África Subsaariana, Ásia Meridional e Oriental, Oriente Médio e Norte da África. Movimento oposto deve ocorrer nos países desenvolvidos. A projeção está no estudo “Perspectiva Agrícola da OCDE-FAO 2018-2027”, recentemente divulgado, que traz uma análise detalhada sobre as expectativas para os próximos dez anos a partir do que ocorreu na última década. De acordo com o relatório, a produção agrícola global cresce de forma constante, conseguindo atingir níveis recordes, em 2017, no caso de tipos específicos de cereais, carne, lácteos e peixes. Porém, a manutenção deste cenário envolve o incentivo do comércio agrícola, fundamentado em políticas específicas para o setor. Outro relatório da ONU, sobre “Perspectivas da População Mundial”, indica que em 2050 o planeta terá cerca de 10 bilhões de pessoas. Fonte: Agência Brasil DEMANDA MUNDIAL DE ALIMENTOS www.portalmaquinasagricolas.com.br www.portalmaquinasagricolas.com.br Uma plataforma completa de comunicação digital Estrutura moderna Layout intuitivo Conteúdo dinâmico Índice de preços Leilões Agrometeorologia Classificados Anunc_Portal.indd 1 03/07/18 10:27 http://www.portalmaquinasagricolas.com.br 10 ACONTECE Fo to : D iv ul ga çã o/ M et al W or k TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS Nos últimos oito anos, o Brasil ampliou em 27 milhões de hectares a área de plantio que utiliza práticas agrícolas sustentáveis e emitem menos gases de efeito estufa. A área equivale à extensão territorial da Nova Zelândia e contribui para que o país atingisse 80% do seu compromisso voluntário de redução de emissões de carbono na área da agricultura. A informa- ção foi dada pelo engenheiro agrônomo Sidney Medeiros, que integra a delegação brasileira do Ministério da Agricultura na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 24), na Polônia. Segundo ele, o aumento da área sustentável ocorreu a partir de 2010, quando foi lançado o programa “Agricultu- ra de Baixo Carbono” (ABC), que corresponde a uma das ações de incentivo ao produtor rural para adotar práticas de produção combinadas à preser- vação ambiental ou recuperação do solo degradado. APOSTA NA INDÚSTRIA 4.0 A Metal Work, fabricante de componentes para automação industrial, es- tá desenvolvendo produtos alinhados ao conceito da Indústria 4.0. Entre eles, estão os novos módulos da linha EB80, utilizados na fabricação de máquinas de diversos segmentos (inclusive agrícolas), que monitoram em tempo real o comportamento de seus componentes, podendo prever fa- lhas e controlar a vida útil dos elementos. RECURSOS PARA O PLANO ABC Os financiamentos do Plano ABC (Agri- cultura de Baixo Carbono) no Plano Agrí- cola e Pecuário 2018/2019 atingiram R$ 1,03 bilhão entre julho e novembro de 2018, comparado com igual período de 2017. Foi registrado crescimento de 57% no número de contratos, alta de 104% no valor contratado e 74% maior emárea fi- nanciada. A redução de 8% para 6,5% ao ano na taxa de juros da linha de crédito em relação ao ano anterior foi um estímu- lo aos produtores para a tomada de cré- dito, de acordo com o coordenador do Plano ABC, Elvison Ramos. Nos cinco pri- meiros meses da safra atual, as tecnologias principais do Plano ABC, recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura- -pecuária-floresta, sistema de plantio di- reto e florestas plantadas, obtiveram in- cremento nos valores em quase todos os itens, exceto na linha de florestas planta- das, que teve redução de 4% na sua área. 11 PIB DO AGRONEGÓCIO A Produto Interno Bruto (PIB) relativo à agropecuária cres- ceu 0,7% no terceiro trimestre de 2018, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse período, a economia como um todo teve alta de 0,8%. A in- dústria aumentou 0,4% e serviços, 0,5%. Foram gerados R$ 61,9 bilhões pelo setor do agro, 331,6 bilhões, pela indústria, e, R$ 1,1 trilhão, pelas atividades de serviços. FLORESTAS PLANTADAS O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou, em dezembro, o Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas - PlantarFlorestas, com ações para os próximos dez anos. O objetivo é aumentar em 2 milhões de hectares a área de cultivos comerciais. Atualmente, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatística (IBGE), a área cultivada chega a 10 milhões de hectares, principalmente com eucalipto, pinus e acácias. As flo- restas plantadas estão localizadas principalmente em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul. No acumulado até outubro de 2018, o setor foi o terceiro do agronegócio em exportações, registrando US$ 11,61 bilhões, atrás apenas do complexo soja (US$ 36,27 bilhões) e de carnes (US$ 12,12 bilhões). 12 ACONTECE Fo to : D iv ul ga çã o COMPUTADORES DE BORDO Uma das maiores usinas de cana do Brasil, a São Martinho adquiriu 1700 computadores de bordo da Hexagon Agriculture, empre- sa dedicada a soluções digitais. A ideia é automatizar a frota de máquinas agrícolas, que roda quase 90 mil quilômetros por dia. A Hexagon também forneceu a sala de controle, solução de automação dos processos logísticos e operacionais nas quatro usinas do grupo. São Martinho e Hexagon já eram parceiras, mas firmaram nova aliança para ampliar a produção. O grupo sucroalcooleiro quer triplicar o processamento de seus canaviais até 2020. Atualmente, tem capacidade de moer 24 milhões de toneladas/ano. CRÉDITO RURAL O volume de cré- dito rural con- tratado junto aos bancos pe- los produ- tores rurais cresceu 19%, para R$ 75,36 bilhões, nos cinco primeiros meses da atual temporada, entre julho e novembro. As ope- rações de custeio agropecuário somaram R$ 43,4 bilhões, 15% superior ao registrado no mesmo intervalo do ciclo pas- sado. Com crescimento de 19%, o desembolso com indus- trialização chegou a R$ 3,4 bilhões, enquanto os valores pa- ra comercialização alcançaram R$ 13 bilhões, alta de 19%. Os empréstimos para investimento totalizaram R$ 15,5 bilhões, 37% de incremento. A maior procura de recursos para inves- timento concentra-se na aquisição de máquinas, implemen- tos, armazenagem e infraestrutura das propriedades. BIODIESEL PURO EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS Pesquisadores da Universidade de Rostock, na Alemanha, publi- caram artigo em que apontam benefícios de se usar biodiesel pu- ro em máquinas agrícolas em comparação ao diesel derivado de petróleo. Depois de operarem motor, do tipo Euro IV, por 1.000 horas contínuas utilizando o B100, os resultados indicaram que estes podem atender aos limites de emissões e durabilidade exi- gidos para esta categoria de veículos. O uso do biodiesel puro nos equipamentos não comprometeu o cumprimento das deter- minações legais do mercado europeu. Além disso, não foram de- tectadas alterações substanciais nos sistemas de pós-tratamento dos gases gerados pela operação do motor. Fonte: APROBIO TECNOLOGIAS CONECTADAS Visando mostrar as inovações tecnológicas da Indústria 4.0 pre- sentes em suas fábricas, a AGCO promoveu entre 3 e 7 de de- zembro o Smart Factory Showcase, em sua planta localizada em Mogi das Cruzes (SP). A unidade abriga as linhas de produção dos tratores Valtra, motores AGCO Power, geradores de ener- gia elétrica e o único laboratório de emissões da indústria de maquinário agrícola no Brasil. O evento apresentou o que há de mais novo em tecnologias de manufatura. Um dos destaques foi a presença da Escola Móvel Indústria 4.0 do Senai – Serviço Na- cional de Aprendiza- gem Industrial, que demonstrou a evo- lução da automação na indústria, bem co- mo materiais educa- tivos sobre tecnolo- gias conectadas de fabricação. 13 NOVA SAFRA RECORDE O 3º levantamento da safra de grãos realizado pela Companhia Nacional de Abas- tecimento (Conab) aponta que o Brasil deverá colher 238,4 milhões de toneladas, o que representa aumento de 10,6 milhões de t ou de 4,6% em relação à safra pas- sada. Os principais produtos responsáveis pelo resultado são soja, milho, arroz e algodão, as maiores culturas do País, que juntas correspondem a 95% da produção total. Caso a estimativa se confirme, praticamente, se repetirá o resultado recor- de da safra 2016/2017, de 238,8 milhões de toneladas. Quanto à área plantada, de- verão ser alcançados 62,5 milhões de hectares, com aumento de 1,2% em relação à temporada anterior, correspondendo a mais 756,3 mil hectares. A razão desse acréscimo é o aumento de área para as culturas do algodão e da soja. TESTES DE MOTORES DA CUMMINS Após inaugurar novas salas de testes em sua fábrica, localizada em Guaru- lhos (SP), a Cummins Brasil realizou a doação dos equipamentos, antes instala- dos na unidade industrial, para distribuidores espalhados pelo País. Segundo a companhia, o objetivo é elevar a eficiência e qualidade nos testes de motores da marca na rede. Na foto, encontro de distribuidores em Guarulhos. Fo to : D iv ul ga çã o http://www.agrimec.com.br PERFIL 14 GRUPO ARGO-HYTOS, DE ORIGEM ALEMÃ, COMEMORA RESULTADOS POSITIVOS PROPORCIONADOS PELO MERCADO AGRÍCOLA BRASILEIRO DE CLARISSE SOUSA Fo to s: D iv ul ga çã o APOSTA CERTEIRA O grupo Argo-Hytos comple-tou 70 anos no mercado europeu recentemente e, há quatro, desembarcou no Brasil. De origem alemã, a empresa é especializada em tecnologia de controle de fluidos e de movimen- to e filtragem hidráulica móvel e indus- trial (válvulas, filtros e sensores). Nos últimos 20 anos, começou a se expan- dir internacionalmente. Além da Ale- manha, possui fábricas na China, Índia e República Tcheca, além de 18 subsi- diárias mundo afora, inclusive no Brasil. Na Europa, após um período de contribuiu para o crescimento de dois dí- gitos no ano passado. “Somos uma em- presa jovem, dinâmica e inovadora na área em que atuamos, que tem registra- do crescimento expressivo no mercado de fluid power”, conta o gerente-geral da Argo-Hytos Brasil, Waldir Vianna Jr.. Para o setor agrícola, o grupo oferece blocos manifolds para comandos de má- quinas como pulverizadores, plantadei- ras e colheitadeiras, entre outras; linha completa de filtros para tratores e outras máquinas e implementos; e linha de sen- sores para equipamentos. “Temos uma ampla gama de produtos modulares que estabilidade no segmento de aplica- ções hidráulicas, a Argo-Hytos se viu obrigada a repensar estratégias e en- xergou uma maneira de virar o jogo. Quando não se via crescimento sig- nificativo no setor, a empresa mante- ve participação ativa no mercado ao apostar no lançamento de produtos com aplicações inteligentes e em es- tratégias de marketing consistentes – enquanto o segmento freava investi- mentos. A aposta deu certo. O ressurgimento dos mercados de construção e máquinas agrícolas, assim como da engenharia mecânica em geral, 15 podem ser expandidos de forma flexí- vel para soluções personalizadas”, conta. Mercado brasileiro A empresa desembarcou emJarinu, no interior de São Paulo, em 2013 – um ano fora da curva para o agronegócio e, mais especificamente, para o setor de máqui- nas agrícolas, que registrava recordes de vendas. Já no ano seguinte, no entanto, a companhia viu a derrocada da economia brasileira, que somente em 2018 come- çou a dar sinais de retomada. “A decisão de investir no Brasil foi ba- seada em um plano de negócio de longo prazo, de 20 a 30 anos. Quando ‘olha- mos’ para o País, enxergamos uma na- ção com praticamente 8 milhões de me- tros quadrados, mais de 210 milhões de habitantes e com potencial enorme pa- ra a produção agrícola, reconstru- ção de estradas, além de áre- as como saúde, educação e transportes etc., que preci- sam de investimentos. En- tendemos que Brasil tem um potencial de crescimen- to muito grande no longo pra- zo. As turbulências iniciais nesse pe- ríodo recessivo não afetam em nada o plano de negócio de investimento no mercado brasileiro”, explica Vianna Jr.. Ele afirma que a empre- sa cresceu no período em que o mercado brasileiro en- colheu. “Apesar de enfrentarmos um mercado com constantes quedas desde a nossa chegada, entendemos que foi um período importante. São quatro anos de desafios, e é justamen- te isso que forma o DNA da compa- nhia”, diz o executivo. Para ele, os pró- ximos anos devem apresentar “uma situação mais favorável, para que pos- samos até superar, de forma expres- siva, os nossos resultados”. O setor de máquinas agrícolas re- presenta 30% do faturamento da Argo-Hytos Brasil, “com potencial para chegar a 50% no curto prazo. Prevemos incremento de 20% ao ano para os pró- ximos 5 a 10 anos”, completa. A empre- sa fechou 2018 com crescimento de 40% nas vendas e 22% no faturamento. O re- sultado é atribuído em parte ao aumen- to na participação no setor agrícola. ■ O setor de máquinas agrícolas representa 30% do faturamento da Argo-Hytos Brasil Para a empresa, investir no Brasil é uma estratégia baseada em plano de negócio de longo prazo PRESENÇA NA COOPAVEL Uma das estratégias da Argo- Hytos Brasil para manter os bons resultados nas vendas e no faturamento é a participação em feiras de máquinas e equipamentos agrícolas para apresentar novos produtos. A marca lançará na Show Rural Coopavel, no Paraná, que ocorre de 4 a 8 de fevereiro, um tanque hidraúlico de plástico, de diferentes formatos, com versatilidade para integrar soluções de fabricantes de máquinas, como filtros e sensores de temperatura. AGRO PELO MUNDO 16 FEIRA EIMA INTERNATIONAL TRANSFORMA BOLONHA NA CAPITAL DA MECÂNICA AGRÍCOLA DE ELAINE VALDEZ Fo to s: D iv ul ga çã o Ei m a In te rn at io na l O QUE VEM POR AÍ A Exposição Internacional de Máquinas Agrícolas e de Jardinagem (Eima) che- gou em 2018 a sua 43ª edi- ção exibindo números re- cordes. Durante cinco dias, de 7 a 11 de novembro, 317 mil visitantes de 150 países passaram pelo Centro de Exposições de Bolonha, uma alta de 11% em relação à edição de 2016. Os bons resultados não param por aqui. Desta vez, participaram da feira 1.950 indústrias expositoras que ocu- param 375 mil metros quadrados de área bruta. Deste total, cerca de 600 empresas de 49 países interessados em conhecer as soluções tecnológi- cas mais avançadas para cada tipo de trabalho e modelo de agricultura. Na feira é possível encontrar desde peças de máquinas agrícolas e implementos até a mais alta tecnologia. Agricultura digital A feira dedicou amplo espaço para tecnologias aplicáveis no mundo agríco- la. Não foram apenas as máquinas que dominaram o interesse do público, e as palestras também tiveram grande pro- cura. Além da coleta de informações, outra grande questão debatida foi a in- terpretação da big data, ou seja, a dis- ponibilidade de suportes tecnológicos capazes de traduzir a linguagem dos nú- meros em estratégias operacionais. Não basta ter as informações, mas saber o que fazer com elas. Esse é o desafio. O gerente de marketing da Image Line Network, Cristiano Spadoni, durante entrevista a Máquinas & Inova- ções Agrícolas, explicou um pouco sobre a amplitude da big data. Segun- 17 Premiados do Concurso de Inovação Técnica, organizado desde 1986 pela FederUnacoma do ele, não se trata apenas de números, mas também de fotos, imagens, vídeos e e-mails. “Até mesmo trocas de mensa- gens em redes sociais ou partilha de in- formação entre máquinas, por exemplo, entre tratores e equipamentos, configu- ra-se como big data", afirmou. É impossível passar por um pavilhão sem ficar impressionado. Imagine, en- tão, um lugar com 50 mil modelos de máquinas e equipamentos para todos os tipos de operações agrícolas. Organizado desde 1986 pela FederUnacoma, o Concurso de Inova- ção Técnica foi um dos grandes desta- ques da programação. A competição re- conhece produtos inovadores das áreas agrícolas e de jardinagem, unindo tecno- logia, segurança e sustentabilidade. Ao que tudo indica, drones, veículos elétri- cos, híbridos e autônomos vão dominar o mercado nos próximos anos. Todavia, no concurso de inovação, as tecnologias premiadas possuem du- plo valor: contribuem para o progresso técnico-científico da mecânica agrícola e oferecem solução concreta e viável. De acordo com Davide Gnesini, coor- denador técnico das atividades relacio- nadas à competição, “os modelos ava- liados no contexto do concurso não são protótipos ou soluções futuristas, mas inovações já presentes na produção em massa, desde máquinas mais robustas até produtos menores, como disposi- tivos eletrônicos e digitais”, enfatizou. Na opinião de especialistas ouvidos pela reportagem, o trator do futuro será, basicamente, híbrido, mais eco- lógico e econômico, alimentado por diesel e eletricidade. O trator híbrido fabricado pela ita- Para Alessandro Malavolti, presidente da FederUnacoma, responsável pela organização da Eima, o sucesso da exposição reflete a disposição das indústrias em investir e propor novidades continuamente. “As máquinas apresentadas são cada vez mais poderosas e, ao mesmo tempo, cada vez mais refinadas e sensíveis ao meio ambiente e à segurança, e atraem uma multidão de jovens, nunca tão numerosos como nesta edição”, avaliou. MAIS PODEROSAS E SUSTENTÁVEIS Fo to s: D iv ul ga çã o/ Ei m a In te rn at io na l AGRO PELO MUNDO 18 liana Carraro Agritalia, por exemplo, reduz o consumo de combustível e tem baixo impacto ambiental. O mo- delo apresentado exige pouca manu- tenção e garante maior produtividade em comparação aos meios tradicio- nais. Por enquanto, não há previsão de a novidade chegar ao Brasil. Ainda seguindo a trilha da sustenta- bilidade, outra inovação foi apresen- tada pela Aermática 3D. É o D-Kit, um distribuidor modular que pode ser instalado em drones com diferentes capacidades de carga para distribui- ção de produtos líquidos, pós, granu- lados e cápsulas, utilizando o mesmo hardware e software. O D-KIT permi- te uma distribuição econômica, rápida, segura e não invasiva, uma alternativa ao tratamento manual ou mecaniza- do. Essa ferramenta evita dispersões inúteis e rendeu à empresa o prêmio de Inovação Técnica em 2018. Outra marca que ganhou reconhe- cimentos na feira foi a New Holland. Ela conquistou o prêmio de inovação técnica com o sistema IntelliSense das colheitadeiras CR Revelation, premia- do também na Agritechnica 2017. Além O Programa Brazil Machinery Solutions visa promover exportações de máquinas e equipamentos brasileiros e fortalecer a imagem do País como potencial parceiro de tecnologia e soluções criativas. Como parte desse trabalho, estiveram na Eima por meio do projeto as empresas AEMCO Transmissões; Contrame Componentes; Indústria de Implementos Agrícolas Vence Tudo; Indústrias Reunidas Colombo; Tuzzi; Menta Máquinas Agrícolas; Metisa Metalúrgica Tiboense; e NB Máquinas (Nogueira). EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS disso, recebeu duas menções honrosas: pela nova série de tratores T5 AutoCommand, com tecnologia de trans- missão contínua variável, e pelo sistema inteligente de freio de reboque. O sistema IntelliSense possui regu- lagem automática dos parâmetros de colheita da linha CR Revelation, maxi- mizando a produtividade da máquina e diminuindo perdas e danos dos grãos. Ele oferece quatro opções de configu- ração ao operador: diminuição das per- das; qualidade de grão; máxima produ- tividade; e produtividade limitada pelo usuário. Resumidamente, ajusta auto- maticamente todos os parâmetros de colheita, deixando o operador apenas com a incumbência de guiar a máquina. A máquina de esteira desenvolvida pela italiana MDB, a Green Climber, foi outro destaque. Trata-se de uma máquina que é metade trator meta- de manipulador telescópico, que per- mite cortar grama e arbustos, mesmo Fo to s: D iv ul ga çã o Ei m a In te rn at io na l 19 picos de potência são garantidos por motor elétrico. Outro híbrido. A unidade gera energia combinan- do um motor KDW 1003 de 18 Kw, compatível com os padrões Stage V e sem DPF, a um motor elétrico de 48 volts, que garante 15 Kw de potência de pico e 9 Kw de potência contínua. Isso significa que a unidade é capaz de fornecer mais de 30 Kw sem necessi- dade de gás de exaustão após os sis- temas de tratamento. O K-HEM pode operar como um gerador de sistemas de acumulação de energia, atendendo todos os tipos de equipamentos que realizam ciclos de funcionamento intermitente e que exigem picos de energia. Número 1 na China, a Wusheng Group apresentou três modelos do em terrenos mais íngremes. Rastreada por telecomando, o mo- delo apresentado é equipado com ca- bine de elevação para o operador e possui um motor diesel de dois cilin- dros, refrigerado a ar, de 25HP. Com filiais instaladas em vários países, está também no Rio de Janeiro. Elétricos e híbridos À luz das mudanças que a nova dire- tiva de emissões trará para o setor de aplicações off-road a partir de 1º de ja- neiro de 2019, a Kohler adicionou um produto a sua matriz, capaz de aten- der às novas necessidades dos fabri- cantes de equipamentos. É a K-HEM, unidade de geração de energia na qual a base de potência é fornecida pe- lo motor de combustão, enquanto os novo 3MX. Parecido com um tuque- -tuque, os caminhões compactos de três rodas chamaram a atenção do pú- blico. Com suspensão Swing Arm, ou seja, usam duas molas em vez de uma, o resultado é que esse caminhão resis- te ao terreno mais difícil, sem manu- tenção. Mesmo sendo menor, ele su- porta até seis toneladas, dependendo do modelo, na carroceria. O 3MX tem outro detalhe inte- ressante: foi projetado para resistir a temperaturas extremas e a grande in- cidência de raios ultravioletas. A ilu- minação de led, resistente ao choque, dura 50 mil horas. Apesar de também fabricarem modelos a gás e a diesel, é o elétrico que mais se destaca. Questionado sobre o mercado bra- sileiro, o vice-presidente da empre- Lançamentos e máquinas destacadas na feira: alguns bons exemplos de tecnologia, excelente desempenho e design Fo to s: D iv ul ga çã o AGRO PELO MUNDO 20 sa para Negócios Internacionais da Wusheng, Smith Thepvongs, abriu um sorriso largo e disse que ficaria feliz em atuar no País. “Antes, buscávamos somente o mercado chinês, onde so- mos líderes. Agora, estamos de olho no mercado mundial. Seria ótimo po- der ir ao Brasil, mas ainda não encon- tramos nenhum fabricante disposto a fazer essa ponte”, indicou. Prêmio Trator do ano Em todas as edições da Eima são pre- miados os melhores tratores. Logo no primeiro dia, um júri internacional com- posto por 25 jornalistas vindos de to- da a Europa, elegeu quatro categorias: Trator do Ano de 2019; Melhor Utilitá- rio; Melhor dos Especializados; e Me- lhor Design. Os vencedores foram es- colhidos entre 10 tratores selecionados. A grande vencedora foi a Case IH. Após a nova transmissão Active-Drive 8 receber o prêmio de Máquina do Ano de 2018 na Agritechnica, na Ale- manha, agora foi a vez do modelo Maxxum 145 Multicontroller ser pre- miado com o título de Trator do Ano de 2019 e de Melhor Design 2019. Como complemento às transmis- sões semi-powershift continuamente variáveis de quatro estágios do Acti- ve Drive 4 e CVXDrive, o principal desenvolvimento da nova série Ma- xxum Multicontroller é a transmis- são Active Drive de oito estágios e semi-powershift de três estágios. A transmissão e muitas outras funções operacionais do trator podem ser con- troladas por meio do apoio de braços e do joystick do Multicontroller. “É um reconhecimento justo ver as características do Multicontrolador Maxxum recompensadas desta for- ma. Nosso papel é tornar a agricultura não apenas mais lucrativa, mas também mais sustentável. Contribuir para tor- nar as operações mais fáceis, mais efi- cientes e ecológicas é uma considera- ção fundamental no design das nossas máquinas”, declarou Thierry Panadero, vice-presidente da Case IH para Euro- pa, África e Oriente Médio. Já o prêmio de Melhor Utilitário de 2019 ficou com a Fendt 313 Vario. Pa- ra o júri, foi o trator que apresentou a melhor agilidade e a mais moder- na tecnologia do mercado. Dentre os itens destacados pelo júri está o baixo consumo de combustível, cabine mo- derna com para-brisas contínuo, eixo dianteiro suspenso e opções eletrô- nicas o tornam adequado para qual- quer trabalho na fazenda. No quesito Melhor dos Especializados 2019, o vencedor foi o trator fruteiro da Same, o modelo CVT 115 S. Com trans- missão contínua, sistema hidráulico de alta potência, alavanca de acionamento multifuncional e controle eletrônico da maioria das funções, esse pequeno tra- tor mereceu atenção especial do júri. Três feiras de mecanização agrícola figuram entre as maiores do mundo: Agritechnica (Alemanha), Eima International (Itália) e Sima (França). No entanto, a que mais se aproxima da realidade do agronegócio brasileiro é a Eima International - Exposição Internacional de Máquinas Agrícolas e de Jardinagem. Realizada a cada dois anos, em Bolonha, a Eima tem como expositores apenas fabricantes. AS MAIORES Colheitadeira da New Holland premiada durante a feira; e representantes da Case IH, vencedora nas categorias Melhor Trator e Melhor Design Fo to s: T ra cm ag 21 Presença brasileira Uma parceria realizada entre a As- sociação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas (Abimaq) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Inves- timentos (Apex-Brasil), por meio do programa Brazil Machinery Solutions, possibilitou que fabricantes brasileiras de máquinas e implementos agrícolas pudessem participar da feira com um estande estrategicamente localizado. Segundo o presidente da Abimaq, João Marchesan, o mercado europeu tem sido relevante para o setor. “As exportações brasileiras de máquinas e equipamentos para o continente eu- ropeu, a partir de uma análise de 44 países, apresentam uma alta expres- siva. Em 2016, o faturamento foi de US$ 1.46 bilhão; no ano seguinte, as vendas atingiram US$ 1.71 bilhão, au- mento de 17%. Já em 2018, as expor- tações somente no período de janeiro a agosto para aqueles países já compu- tam US$ 1.5 bilhão”, destaca. Quando as comparações são feitas no âmbito da União Europeia, num total de 28 países, os resultados são bastante animadores. As exportações de máquinas e equipamentos para pa- íses do bloco, no período compreen- dido entre janeiro e agosto de 2018, registraram US$ 1.46 bilhão, um cres- cimento de 67% em relação às rea- lizadas no mesmo período de 2017, quando alcançaram US$ 873 milhões. Desta forma, ainda de acordo com o presidente da Abimaq, que é também empresário do segmento de máquinas agrícolas, participar da Eima é estraté- gico para o Brasil, “além de importa- dores da UE, a feira tem apresentado visitação muito forte do norte da Áfri- ca, de países como Argélia, Marrocos e Egito, e da Índia, mercados que têm interesseem nossos produtos”. A participação do Brasil não foi so- mente através das oito fabricantes de máquinas contempladas pelo progra- ma Brazil Machinery Solutions. Ou- tras empresas marcaram presença pa- ra conhecer a realidade dos demais mercados mundiais e conhecer as no- vidades, tais como a Ipacol, GTS do Brasil e Casale Equipamentos. Pela sexta edição consecutiva, a Ipa- col visitou a feira. Para o diretor de desenvolvimento, Carlos Antoniolli, é uma grande oportunidade de conhe- cer a realidade de todos os mercados e tentar levar para o Brasil ideias e so- luções. “Se faltar inspiração, na Itália, na Eima, sobra inspiração. É um privi- légio participar”, declarou. A próxima edição da Eima será de 11 a 15 de novembro de 2020, como sempre, realizada na tradicional cida- de de Bolonha, na Itália. ■ Os pavilhões de exposições receberam 50 mil modelos de máquinas e equipamentos para todos os tipos de operações agrícolas Fo to s: G ui lh er m e de A lm ei da 22 MERCADO MODALIDADE DE FINANCIAMENTO É OPÇÃO PARA RENOVAR OU AMPLIAR FROTA DE MAQUINÁRIOS O consórcio de máquinas agrí- colas voltou a estar mais presente no agronegócio brasileiro. O mais recen- te levantamento realiza- do pela Associação Brasileira de Ad- ministradoras de Consórcios (ABAC) mostra que essa modalidade de finan- ciamento cresceu 33,8% nos últimos três anos, entre março de 2015 e de 2018. No mesmo período, o total de participantes passou de 69,5 mil pa- ra 93 mil produtores rurais. “Graças a essa modalidade de acesso a bens e serviços, produtores e empresários rurais puderam planejar e investir em tecnologia para impulsionar a produ- ção”, destaca o presidente executivo da ABAC, Paulo Roberto Rossi. Do total de consorciados ativos registrados em março, 48 mil eram pessoas físicas que representaram um percentual de 51,6%, enquanto as jurí- dicas, com 36,25 mil, significaram 39%. Os produtores rurais f icaram com 9,4%, somando 8,75 mil consorcia- dos. A Região Sudeste respondia pe- lo maior volume de consorciados ati- vos, com 33,7%. Nas demais regiões, foram observados os percentuais de CONSÓRCIOS GANHAM TERRENO DE GUSTAVO PAES 26,9% no Sul, 25% no Centro-Oeste, 10,6% no Nordeste e 3,8% no Norte. Com crédito médio de R$ 191,5 mil, o setor anotou valores praticados en- tre R$ 11,3 mil a R$ 680 mil. “O cresci- mento dos consórcios é explicado pe- las vantagens que o sistema traz para o produtor rural. A prática comercial permite planejamento de médio e lon- go prazo, atendendo uma necessida- de do setor agrícola”, destaca Rossi. Vantagens O levantamento da ABAC aponta que parcela significativa dos contempla- dos adquiriu tratores de rodas e esteira (38%), seguidos dos implementos agrí- colas/rodoviários (32%). Na sequência, vieram as colheitadeiras (18%) e os cultivadores motorizados (12%). Com grupos variando de 60 a 120 meses, na média de 114 meses, a taxa média men- sal de administração praticada mante- ve-se em 0,110% no último ano. O investimento tecnológico é fa- vorecido pelo sistema de consórcios, pois permite ao produtor e empresá- rio rural planejar investimentos a mé- dio e longo prazo, respeitando a sa- zonalidade do agronegócio. As formas de pagamento são diferenciadas para o segmento, podendo ser por safra com pagamento anual, por safra com adian- tamentos (pagamento trimestral ou se- mestral), meia parcela (reforço trimes- tral ou semestral) ou normal. O consórcio também é uma opção mais vantajosa em relação aos juros. “Enquanto os financiamentos têm ta- xas de juros de 7,5% ao ano, o con- sórcio tem apenas uma taxa de admi- nistração, de 0,11% ao mês”, compara. Além disso, não é exigido hipoteca e nem cobrada taxa de adesão. A estima- tiva da Companhia Nacional de Abas- tecimento (Conab) de que a safra de grãos 2018/2019 chegue a 238,28 mi- lhões de toneladas anima o segmento. “Apostamos que o consórcio seguirá como opção interessante para o pro- dutor rural renovar ou ampliar a fro- ta. A tendência é de crescimento nas vendas”, aposta Rossi. Aquisição planejada Em outubro passado, a Porto Segu- ros lançou seu consórcio para aquisi- ção planejada de caminhões, ônibus, tratores, máquinas e implementos agrí- colas. A decisão de investir na modali- 23 Enquanto a modalidade de consórcio cresce, as operações de barter (pagamento do bem ou de parte dele com mercadorias produzidas) despencam, pelo menos no segmento de máquinas agrícolas. O barter foi introduzido no Brasil na década de 1990 em resposta à escassez de crédito rural e se tornou “popular” no Centro-Oeste, com o interesse das tradings em negócios de compra e venda de soja no Cerrado. A operação passou a ser um mecanismo de financiamento de safra por meio da troca de insumos (fertilizantes, sementes e defensivos) por soja, sem intermediação monetária. Naquele período, o financiamento agrícola era quase todo oferecido pelo governo federal e estava sujeito às oscilações da disponibilidade de recursos, devido a crises ou endividamentos do Estado. A estimativa é de que, em média, entre 30% e 35% dos negócios de insumo no Brasil sejam feitos por meio desse mecanismo. Entre as principais commodities usadas na operação estão a soja, milho, algodão, café e cana de açúcar. A novidade mais recente foi a entrada das montadoras no negócio, trocando máquinas e implementos agrícolas por grãos. No entanto, após um período de crescimento, houve um refluxo significativo desse movimento. Há cerca de três anos, a LS Tractor, New Holland e a Agritech largaram na frente dos concorrentes e ofereceram operações barter a seus clientes que pretendiam adquirir máquinas novas. No entanto, atualmente apenas a New Holland segue oferecendo essa modalidade de negócio. E O BARTER? dade foi tomada após estudo do mer- cado de pesados e de administradoras que atuam nesse segmento. “De acor- do com a ABAC, nos últimos três anos o número de consorciados para a mo- dalidade veículos pesados cres- ceu 33,8%. No acumulado até julho de 2018, a venda de novas cotas registrou al- ta de 26,4% sobre os mes- mos sete meses de 2017”, afirma o ge- rente de Desenvolvimento Comercial de Consórcio da Porto Seguro, Rafael Boldo. “Além disso, o agronegócio é o setor da economia brasileira que mais cresce”, acrescenta. O consórcio oferece créditos de R$ 151 mil a R$ 300 mil, prazo de 120 vezes para pagar, possibilidade de parcelas de menores valores mensais, contemplações mensais por meio de sorteio, lance fixo de 30% ou lance livre, além de não contar com taxa de adesão. “Ou- tra vantagem é que a modalida- de de crédito garante a possi- bilidade de o agricultor fazer Fot o: S hu tt er st oc k 24 MERCADO cisão dos investimentos em máquinas”, diz o gerente de marketing, Astor Kilpp. Os clientes são atraídos pela pro- gramação de compra, prazos flexíveis e parcelas de acordo com disposição de pagamento, taxa de administração baixa comparada com juros bancários, além de contemplações por sorteio e lance e aprovação de crédito rápida e flexível. “E o consórcio não compro- mete o limite de crédito junto a ins- tituições financeiras, deixando libera- do o crédito para financiar custeio”, salienta. Kilpp lembra que a prática comercial também é uma opção mais vantajosa em relação aos juros. “A ta- xa de financiamento gira em torno de 5,5% ao ano e o consórcio por volta de 1,5% ao ano”, compara. O consórcio da LS oferece créditos a partir de R$ 22 mil até R$ 220 mil A flexibilidade e possibilidade de crédito acessível, sem incidência dos juros praticados pelo financiamento bancário, tem atraído cada vez mais o consumidor. Veja algumas das vantagens do sistema de consórcios: ➢ Várias opções de crédito, prazos e parcelas ➢ Consorciado tem liberdade de escolha para planejar compras no longo prazo ➢ Valor da carta de crédito acompanha o reajuste do valor do bem, mantendo o poder de compra ➢ Contemplações podem ser por sorteios ou lances mensais ➢ Ao apresentarlance, o consorciado antecipa parcelas no valor correspondente para receber o direito imediato à carta de crédito ➢ Consórcios possuem legislação específica e a administradora deve ser autorizada e fiscalizada pelo Banco Central, o que traz mais segurança ao consumidor. PRINCIPAIS VANTAGENS uma compra planejada, programada, sem ter grandes descapitalizações”, diz. A prática comercial também é uma opção mais vantajosa em relação aos juros, já que é cobrada apenas a taxa de administração. “No consórcio não tem juros. Nessa opção, o produtor ru- ral pagará 0,12% ao mês e 1,45% ao ano de taxa administrativa. No total do pla- no, esse valor equivalerá a 14,5%. Ou seja, é uma condição mais vantajosa, pois o cliente paga menos, ao invés de fazer a capitação do mercado”, aponta. Os valores vendidos têm sido supe- riores à média de mercado em pelo menos 20%. “No primeiro semestre, por exemplo, a ABAC registrou uma alta de 26,4% em novas cotas de veí- culos pesados, comparado ao mesmo período de 2017. Com isso, a previsão segue positiva para o próximo ano”, adianta o gerente. Estratégia para renovar frota A constatação de que mais de 20% das vendas de máquinas agrícolas ocor- rerem por meio do consórcio levou a LS Tractor a investir na modalidade de fi- nanciamento. “Além de ser utilizada co- mo uma forma de alívio nas análises de crédito, o consórcio é uma excelente estratégia para renovação da frota de máquinas, ele é parte fundamental na gestão financeira para tomada de de- 25 com contemplações mensais por sor- teio, lance fixo e lance livre, possibi- lidade de embutir parte do lance nas parcelas para que o desembolso seja menor no momento da contempla- ção. “Os grupos têm quantidade re- duzida de participantes, aumentando a chance de contemplação mais rápi- da”, acrescenta. Custos mais baixos O consórcio da New Holland é uma alternativa de crédito cada vez mais utilizada para atender à demanda dos clientes por máquinas agrícolas. Com custos mais baixos que os do sistema financeiro tradicional, por meio do con- sórcio, além do crédito facilitado e me- nos burocrático, o cliente pode planejar a renovação ou ampliação de sua fro- ta a médio e longo prazo, conforme Mariton Batista Moraes, gerente nacio- nal do consórcio New Holland. A modalidade de comercialização, que surgiu logo após o começo da operação no Brasil, não exige hipo- teca ou cobrança de juros e taxa de expediente. A taxa de administração é de 1,5% ao ano, no prazo de 120 me- ses. O valor dos crédi tos var ia de R$ 82,5 mil a R$ 457 mil, mas a companhia con- segue unir mais de uma cota para a com- pra de equipamentos de maior valor. “Se o produtor qui- ser adquirir uma co- lheitadeira de R$ 1,2 milhão, podemos vender três cotas de R$ 400 mil”, ex- plica Moraes. A contemplação ocorre por sorteio ou lance. Mensal- mente são contem- plados um consor- ciado por sorteio e, por lance, tan- tos quantos o sal- do do grupo per- mitir. O agricultor tem à disposição planos de 24 meses até 120 meses e a ferramenta se aplica a toda linha de tratores, colheitadeiras, pulverizado- res, enfardadeiras e plantadeiras fabri- cados pela montadora. As máquinas mais procuradas pe- los agropecuaristas são os tratores de média potência. “Os tratores são o carro-chefe”, observa Moraes. As vendas de maquinário por meio do consórcio cresceram 10% em 2017 e a expectativa agora é repetir o desem- penho. “Vendemos cerca de 3 mil co- tas em 2017 e deveremos comercia- lizar 3,2 mil cotas até dezembro (de 2018)”, afirma. Sem burocracia Com taxas muito menores que os fi- nanciamentos e quase nenhuma buro- Astor Kilpp, gerente de marketing da LS Tractor Fo to : D iv ul ga çã o 26 MERCADO cracia, há 25 anos o consórcio Jacto é uma opção para a aquisição de máqui- nas e implementos agrícolas. Há planos diferenciados para aquisição de todo o portfólio de sua linha de produtos, co- mo pulverizadores e adubadoras au- tomotrizes, colhedoras de café e tam- bém equipamentos da linha tratorizada e Agricultura de Precisão. Existem dois segmentos dentro do consórcio da Jacto: para máquinas tra- torizadas, sejam elas acopladas ou de arrasto, os prazos de pagamento va- riam entre 12, 18 e 24 meses, sendo que, em casos especiais, eles podem alcançar até 72 meses. Todos os me- ses, dois participantes são contempla- dos, um por sorteio e outro por lance. Já no caso de máquinas automotri- zes, como as colhedoras de café, o prazo é maior, até 102 parcelas. Os pagamentos podem ser mensais, tri- mestrais, semestrais ou anuais, o que são modelos interessantes para quem pretende pagar só após os resultados da colheita. No consórcio de máqui- nas automotrizes também são dois contemplados por mês, um por sor- teio e outro por lance. O consórcio é mais uma opção pa- ra atender ao produtor que procura formas diferenciadas de adquirir um equipamento da empresa, segundo o diretor comercial Valdir Martins. “Ao adquirir uma cota do consórcio, o pro- dutor aumenta seu poder de compra e tem inúmeras vantagens como a priori- dade na entrega, compra programada sem juros e facilidade de aprovação do cadastro sem taxa de adesão”, ressalta. A modalidade de crédito responde por 8% do faturamento da Jacto. Pioneirismo A Massey Ferguson criou seu consór- cio em 1980 e foi a primeira adminis- tradora de consórcios do Brasil com o perfil voltado exclusivamente ao mer- cado de máquinas agrícolas. “Ao longo destes 38 anos, mais de 70 mil máqui- nas agrícolas já foram comercializadas mediante esta modalidade”, destaca o gerente comercial, Juan Latorre. A confiança do produtor rural vem sendo recuperada diante de um cená- rio mais favorável ao agronegócio e os investimentos em novos maquinários vem acompanhando este movimento, com vendas aquecidas, observa. “Para 2019, as expectativas são muito posi- tivas, principalmente em função da re- novação do portfólio preparado para o novo ano”, diz o gerente. O consórcio traz vantagens para o produtor, como a garantia de entrega e de bom preço, a flexibilidade de paga- mento, planos com parcelas de até 120 meses, sem a cobrança de juros ou de taxa de adesão, além de uma das me- nores taxas administrativas do mer- cado. “É uma excelente alternativa de investimento para o produtor que busca a renovação de maqui- nário e ainda é um aliado no plane- jamento financeiro. Não há cobrança de juros ou de entrada, a taxa ad- ministrativa é baixa e a modalidade possibilita uma vasta opção de planos e prazos”, enumera. Na Massey Fergu- son, a maior parte das vendas via con- sórcio tem sido de máquinas de média potência, conforme Latorre. ■ É a modalidade de compra baseada na união de pessoas físicas ou jurídicas em grupos, para formar poupança e adquirir bens móveis, imóveis ou serviços. A formação dos grupos é feita por uma administradora, autorizada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil. O valor do bem ou serviço é diluído em um prazo predeterminado, e os integrantes do grupo contribuem ao longo do período. A administradora coordena os sorteios ou lances até que todos sejam contemplados. O QUE É CONSÓRCIO 201 9NOVID AD E +150 marcas expositoras nacionais e internacionais + 14.000 visitantes qualificados 8.000 m2 de exposição Numa iniciativa inédita no setor, as feiras Ecomondo Brasil e Ecoenergy estarão juntas em 2019. Mais conexões e muito mais negócios pra você. 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Isso por- que o sistema mecanizado representa cerca de 20% a 40% do custo total da produção de uma cultura. A aquisição de máquinas e imple- mentos que excedam a demanda das operações agrícolas resulta em um au- 29 quentemente, impactar a qualidade ou quantidade do produto, observa Rosa, que coordena o Núcleo de Estudos de Solos e Máquinas Agrícolas (Nesma), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). Rosa lamenta que o dimensionamen- to da frota agrícola seja tão pouco de- batido no Brasil. Como o investimento em mecanização é alto, é fundamen- tal realizar um bom planejamento para otimizar a tecnologia e garantir a efici- ência nas operações. “O planejamento das operações agrícolas, por meio de modelos de dimensionamento, otimiza o aproveitamento do maquinário agrí- cola, com o aumento da produtividade e a redução de desperdícios”, reforça. Rosa adota uma metodologia de di- mensionamento que inclui o sistema passo a passo, buscando prever e an- tecipar futuros problemas. O procedi- mento, desenvolvido na Wageningen Agriculture University, na Holanda, é caracterizado pelo planejamento em etapas ou pela rotina de trabalho e pela facilidade de aplicação. “A grande van- tagem é que o método também pode ser aperfeiçoado por retroalimentação. De uma safra para a outra, o produ- mento considerável do custo final pe- la baixa utilização dos equipamentos. “Em muitas propriedades do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, em que a área total não passa de 10 a 15 hec- tares, os produtores usam colheita- deiras com capacidade para 100 hec- tares”, aponta o engenheiro agrícola David Peres da Rosa, de Sertão (RS). Prejuízos na qualidade Por outro lado, reduzir o sistema me- canizado a uma capacidade abaixo da recomendada pode inviabilizar opera- ções nos prazos estimados e, conse- Há um consenso que as propriedades rurais precisam avançar no processo de gestão cada vez mais eficiente para garantir, naquilo que é previsível, aumento de rentabilidade do negócio produzir alimento. Uma das áreas que fazem parte do composto de produção é a frota de equipamentos agrícolas e veículos dedicados ao trabalho no campo. MÁXIMA EFICIÊNCIA O sistema mecanizado representa cerca de 20% a 40% do custo total da produção de uma cultura FROTA 30 tor inclui novas infor- mações”, destaca o especialista. A técnica consi- dera os dados da propriedade, como a área das lavouras e características da loca- lidade. A segunda etapa detalha informações do ca- lendário de trabalho, em que o agricul- tor define as atividades ligada à cultura, incluindo preparo do solo e tratamen- to fitossanitário. Já na etapa do dimen- sionamento, deve apontar as capaci- dades, o ritmo operacional, o tempo disponível, períodos, tempo médio (ha/hora) e a quantidade de máquinas. “Ao definir o tempo para fazer as operações, o produtor tem que levan- tar os dias em que pode realizar o tra- balho motomecanizado, levando em consideração dias de chuva, feriados e domingos, a intensidade de precipi- tação, fatores como vento, tempera- tura, insolação e nebulosidade, além dos tipos de solo”, enumera. Rosa frisa que a aperfeiçoamento da rotina operacional ou ritmo operacional é importante para aumentar a rentabili- dade de uma lavoura. “É preciso lembrar que, nas épocas de requerimento máxi- mo, haverá falta de máquinas ou uso no limite nos períodos de requerimento mínimo ocorrerá ociosidade de máquinas”, ensina. A solução é reduzir os extremos. Pa- ra isso, o produtor pode aumentar o período de execução das etapas flexí- veis, aumentar a jornada de trabalho nos momentos de pico, suprimir folgas, procurar outras atividades econômicas, prover atividades de manutenção e re- forma e alugar ou conseguir máquinas emprestadas. “Às vezes, o dimensiona- mento indica que o melhor seria tercei- rizar o serviço, mas em algumas regiões não há este serviço e o produtor acaba tendo de comprar uma máquina nova por causa dessa deficiência”, diz Rosa. O especialista recomenda que, ao ad- quirir uma nova máquina, o produtor considere a sua demanda, o que real- mente precisa e quais as possibilidades que tragam maior rentabilidade ao ne- gócio. “Quanto mais uma máquina for usada, mais lucrativa se torna”, assinala. O engenheiro agrícola explica que a hora de adquirir uma nova máquina é quando o custo de manutenção do equi- pamento está acima de sua depreciação. “Quando estamos muito tempo parados em função de quebras mecânicas, em função da ineficiência mecânica da má- quina quando ela é usada corretamente, também está na hora de comprar outra. É troca até de tecnologia”, afirma. Na hora da compra Outra situação que é recomendável adquirir um novo equipamento é quan- do o dimensionamento indica a falta de capacidade operacional da frota. “Os filhos de agricultores reclamam que o pai tem um trator de 30 anos e está na hora de trocar. Aí você levanta infor- mações sobre as atividades e vê que a situação está adequada, pois área pe- quena em que o trator não faz nenhu- ma das operações da produção, mas realiza atividades primordiais na opera- ção de sobrevivência da família, como ir transportar produtos produzidos ar- tesanalmente, servem de fonte de po- tência de equipamentos acionados pela TDP, atividades que necessitam o tra- David Peres da Rosa, engenheiro agrícola do Nesma, no Rio Grande do Sul F ot os : D iv ul ga çã o A metodologia preventiva desenvolvida na Wageningen Agriculture University, na Holanda, propõe o planejamento em etapas ou pela rotina de trabalho 31 oferecer uma ferramenta para auxiliar o produtor a melhorar o planejamen- to da propriedade, destaca o pesqui- sador Anderson de Toledo, do Iapar. Com acesso por computador, tablet e smartphone, o Sigma possibilita ao produtor registrar as atividades e ob- ter informações sobre o dimensiona- mento do conjunto mecanizado e o custo de cada operação. “O produtor pode inserir no sistema a programação das atividades do próximo ano agríco- la. Ele informa os dados por cultura e tamanho de área utilizada e o Sig- ma mostra se o conjunto me- canizado está adequado pa- ra a operação”, explica. tor, e um novo não teria uma relação custo-benefício adequada”, completa. Em 2017, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) lançou o Sistema para Gestão de Máquinas Agrícolas (Sigma), uma plataforma dirigida a produtores de grãos. Ela permite avaliar o quanto da produção é necessário para cobrir o investimento realizado em máquinas, e também indica as operações que po- dem ter seu custo reduzido. “A ideia é Os produtores que fazem esse con- trole em geral usam cadernos ou plani- lhas, conforme o profissional. “O Sigma permite registrar e saber em detalhes, e on-line se as máquinas estão se pa- gando. Com o tempo, ele terá um his- tórico das atividades e poderá fazer simulações para novas operações”, es- clarece. A ferramenta, que foi desen- volvida em parceria entre o Iapar e a Agropixel, de Londrina (PR), ganhou novas funcionalidades para a gestão operacional, com a coleta de dados das máquinas, análise de desempenho e até auxílio na seleção apropriada dos equipamentos e sua regulagem. Há cerca de dois anos, a Case IH lan- çou um aplicativo exclusivo para co- lheitadeiras Axial-Flow Série 130, que Há vários modelos de dimensionamento, mas a grande maioria ainda funciona por meio de anotações em cadernos e planilhas manuais. No entanto, o planejamento do maquinário teve um desenvolvimentomuito grande com o uso de softwares e aplicativos (apps). APLICATIVOS Antes de adquirir uma máquina, a orientação dos especialistas é avaliar a demanda da produção, visando a melhor rentabilidade ao negócio. A terceirização do serviço também deve ser considerada. FROTA 32 fornece as informações que ser- virão de suporte na configura- ção e ajustes iniciais das colhei- tadeiras Axial-Flow Série 130, o que garante seu melhor desempe- nho. O Pró-Colheita possui dados dos modelos 4130 (classe 5), 5130 e 6130 (classe 6) e 7130 (classe 7), e para os mais variados tipos de grãos como so- ja, milho, feijão, girassol, entre outros. O usuário do Pró-Colheita inicia o processo, que se divide em três etapas. Primeiro seleciona o modelo da máqui- na, a cultura e a plataforma para con- figurar a colheitadeira. Faz os ajustes externos da cabine, passando para as configurações internas, o que já permite o início da operação de colheita. Após esse passo, o produtor passa para o di- mensionamento, em que faz projeções para o aumento da frota e o alcance de suas metas. O produtor insere a cultu- ra e o que espera colher, além da decli- vidade da área, uma variável que pode reduzir a velocidade de colheita. Depois, de acordo com as informa- ções prestadas, o aplicativo informa o quanto cada máquina consegue colher e aponta o número necessário de má- quinas, explica o gerente de produto de colheitadeiras de grãos da Case IH, Eduardo Júnior. “O app também infor- ma se o dado está dentro do padrão do produtor ou se ele precisa fazer um investimento em um novo equipamen- to”, acrescenta. Na sequência, há a calculadora de possíveis perdas, que possibilita ao cliente avaliar o impacto dessas avarias (que podem ser grãos perdidos, índice de impurezas e des- contos por umidade), bem como um método específico para calculá-las. Por fim, é possível emitir relatórios com to- das estas informações compiladas. Solução da LS Tractor Para auxiliar o produtor, a fabricante sul-coreana LS Tractor também lançou a Plataforma Web de Gestão de Fro- ta, produto inserido no pacote LS Te- ch Unit Control e que é uma evolução das ferramentas de telemetria e prote- ção ao motor. Desenvolvida em parce- Com os dados em mão, operador pode tomar medidas que tornem mais eficiente o uso da máquina C M Y CM MY CY CMY K 274_203 - Anuncio Maquinas e Inovacoes Agricolas.pdf 1 11/12/18 15:51 http://www.metisa.com.br 33 ria com a argentina Colven, a platafor- ma traz a expertise de um programa aplicado com sucesso na área de logís- tica de transporte rodoviário. Telemetria – Acompanhar as ativi- dades do trator a distância, sem neces- sidade de ir a campo e ainda ter um sis- tema eletrônico de proteção do motor, que evita prejuízos, são funcionalidades que se tornam úteis no gerenciamento da frota. Novidade entre tratores de baixa e média potência, o LS Tech é um conjunto de tecnologias que ofere- ce sistemas de controle da produtivida- de e das condições mecânicas do trator. Uma das novidades é a telemetria, que proporciona uma gama de informações sobre o funcionamento de uma máqui- na agrícola. “Com ela é possível saber quantas horas o trator trabalhou em um dia, qual foi a produtividade, o consu- mo de combustível e se já está na hora de fazer alguma manutenção preventi- va”, salienta o diretor de Marketing da LS, Astor Ricardo Kilpp. O gestor pode controlar tudo o que o equipamento está fazendo, minuto a minuto. Consegue saber o núme- ro de horas efetivamente trabalhadas, consumo de combustível, situação do motor, velocidade utilizada entre ou- tras funções. “Com os dados na mão, pode orientar o operador para tomar medidas que tornem mais eficientes o uso daquela máquina, melhorando sua produtividade e, quem sabe, reduzin- do custos”, informa Kilpp. Já o Protetor Eletrônico de Motor avisa quando a temperatura do mo- tor se eleva a níveis críticos ou quan- do a pressão de óleo diminui peri- gosamente, impedindo, assim, que ocorram graves danos ao motor. Em casos drásticos, detém a marcha do motor, emite um sinal sonoro e en- caminha uma mensagem eletrônica ao proprietário. O sistema de prote- ção eletrônica do motor age em caso de falhas na bomba de água, correia do ventilador, bomba de óleo, radia- dor, entre outros componentes. As- sim consegue aumentar a vida útil do motor e reduzir o custo de manuten- ção, melhorando o resultado final. ■ C M Y CM MY CY CMY K 274_203 - Anuncio Maquinas e Inovacoes Agricolas.pdf 1 11/12/18 15:51 http://www.metisa.com.br TECNOLOGIA APLICADA 34 FUTURO AINDA DISTANTE? MÁQUINAS AUTÔNOMAS CHEGAM PARA FICAR, MAS ANTES DEVEM SUPERAR ENTRAVES DE GUSTAVO PAES 35 E stima-se que mais da metade dos agricultores dos Estados Unidos já utilize alguma forma de direção automática, e a pre- visão é de que o índice aumen- te, chegando a quase 1/3 do total no curto prazo. O processo de automa- ção das máquinas agrícolas deve seguir crescendo em todo o mundo. No Brasil, a indústria tem apostado em conectivi- dade e há uma progressiva automação. Atualmente, cerca de 80% das má- quinas agrícolas novas já são dotadas de piloto automático, ferramenta que me- lhora a eficiência e rentabilidade da ope- ração, reduzindo custos com insumos, diminuindo o consumo de combustí- vel e melhorando a produtividade do operador. “O futuro é automação to- tal, quando o operador sairá da máqui- na e passará ao gerenciamento”, disse o presidente da John Deere, Paulo Renato Hermann, durante o 7º Fórum Lide de Agronegócios, em Ribeirão Preto (SP). Assim, surge uma nova agricultura, que permite a tomada de decisões em tempo real. A agricultura 5.0 deve ter início a partir de 2022, quando as má- quinas trabalharão com mais autonomia. O pesquisador Silvio Crestana, da Embrapa Instrumentação, acredita que as pesquisas da indústria automo- tiva beneficiarão a indústria agrícola, ainda que com o perigo de se misturar o urbano e o campo. O principal en- trave, diz ele, não será a questão tec- nológica, mas sim a falta de uma le- gislação para as máquinas autônomas. Apesar de a tecnologia da automa- ção ter evoluído muito nos últimos anos, ainda precisa dar passos impor- tantes. “Desde a apresentação do seu trator-conceito autônomo, que exe- cuta as mesmas tarefas de um trator Os avanços tecnológicos verificados nos últimos anos, como a Agricultura de Precisão (AP), permitiram elevar a produtividade. Prova disso é o levantamento da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, o qual mostra que 67% das propriedades agrícolas brasileiras usam algum tipo de tecnologia em seus processos. No entanto, a tecnologia não para de avançar e já estamos entrando em uma nova modalidade: a agricultura 4.0, que considera a automação das máquinas e dos implementos agrícolas, segundo destaca o pesquisador Silvio Crestana, da Embrapa Instrumentação, de São Carlos (SP). “As máquinas são automáticas, conseguem fazer operações que antes precisavam de um operador, graças à conectividade”, aponta. BUSCA DE PRODUTIVIDADE convencional, a Case IH tem desenvol- vido tecnologia e definido ainda mais a automação e a autonomia na agricul- tura”, afirma o diretor de Marketing de Produto da Case IH, Silvio Campos. Ele explica que, por meio do seu programa de autonomia e automa- ção, a companhia vem pesquisando e desbravando a tecnologia autôno- ma em cenários reais. A empresa co- locou alguns tratores em campo com os equipamentos necessários para que trabalhassem de forma autônoma. Os Silvio Campos, diretor de Marketing de Produto da Case IH Fo to : D iv ul ga çã o TECNOLOGIA APLICADA 36 testes foram realizados em um pro- grama-piloto nos EUA, com tratores da linha Steiger, que chegam a ter po- tência máxima de 620 cv. O objeti- vo é entender como a nova tecnolo- gia pode ser usada e como responde a necessidades reais da propriedade. Com as pesquisas, a Case IH desco- briuque as necessidades tecnológicas atuais e futuras se enquadram em cin- co categorias de automação para apli- cações agrícolas de campo. As catego- rias e os tipos de atividades associados a cada uma incluem orientação, coor- denação e otimização, autonomia au- xiliada por operador, autonomia su- pervisionada e autonomia total. Essas cinco categorias começam com a au- tomação de tarefas específ icas em um equipamento. A primeira catego- ria utiliza piloto automático. A segun- da, além do piloto automático, tem a atuação coordenada entre máquinas. A terceira categoria engloba veículos autônomos com inteligência artificial. Na quarta, eles são coordenados e não tripulados e a última categoria é o veículo totalmente autônomo, foca- do em melhor produtividade e baixo consumo. “Muitas das tecnologias que levam à autonomia total já estão à dis- posição e vêm sendo usadas”, ressalta. Segundo ele, a previsão mundial para comercialização das tecnologias que levam à autonomia é de cinco anos. O executivo lembra que ainda é um trator-conceito, mas acredita que os custos em tecnologia fundamental fi- carão mais baixos nos próximos anos. Boa parte da tecnologia necessária pa- ra veículos autônomos já está dispo- nível, mas com uma faixa de preço relativamente alta, segundo ele. “De- tecção de obstáculos e tecnologias de condução são compartilhadas entre as indústrias automotivas e agrícolas, e, quanto mais essas tecnologias forem adotadas por fabricantes, mais anteci- pamos a redução de custos”, destaca. Sérgio Sartori Junior, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Jacto Fo to : D iv ul ga çã o 37 Esforços direcionados A Jacto também vem realizando pesquisas para aprimorar o seu pul- verizador autônomo (vide quadro na página ao lado). Atualmente, o equipa- mento está em fase de testes, visando à checagem de tópicos para aprimo- rar a utilização do veículo em campo e garantir que possa trabalhar em si- tuações adversas. Adicionalmente aos sistemas que compõem o veículo em si, será necessário investigar quais as modificações na infraestrutura do am- biente de trabalho no qual ele será inserido para maximizar a produtivi- dade com segurança. “Referente às questões legais e normativas, o pro- jeto também está em constante ob- servação dos requisitos das normas de segurança e de produto que terão de ser adotadas para viabilizar a co- mercialização deste tipo de tecnolo- gia”, declara diretor de pesquisa e de- senvolvimento, Sérgio Sartori Junior. A empresa trabalha com a expecta- tiva de, em 2019, ter um lote experi- mental para uma nova etapa de testes controlados em clientes e avaliar, após os resultados dessa fase, a viabilidade do lançamento comercial do veículo, tendo em mente o estudo contínuo para avaliação e melhorias no desem- penho. No entanto, algumas dificulda- des devem ser superadas. A falta de sinal de internet é um gargalo para a digitalização do campo e o pleno uso das novas tecnologias. A questão da segurança em situ- ações adversas é fundamental, bem como a melhoria de tecnologias de localização (como GPS) para uma as- ser tividade do equipamento na sua A Jacto trabalha no desenvolvimento do veículo autônomo JAV (do inglês Jacto Autonomous Vehicle), desde 2008. Uma primeira versão do equipamento, o JAV I, foi apresentada em 2010, na Agrishow, e o JAV II em 2013, também no mesmo evento. O conceito do equipamento é um veículo autônomo para uso na atividade de pulverização. Dessa forma, o ‘pulverizador autônomo’ aplicará defensivos somente onde há necessidade, a partir de tecnologia que identifica a presença/ausência da planta e monitora as condições de clima. “O JAV poderá ser utilizado tanto em ambientes controlados, como estufas, quanto em culturas perenes ou extensivas”, sublinha o diretor de pesquisa e desenvolvimento, Sérgio Sartori Junior. PULVERIZADOR AUTÔNOMO TECNOLOGIA APLICADA 38 função de promover ecoeficiência e produtividade, alinhamento para to- dos os equipamentos da Jacto, con- forme o executivo. “Quanto mais pre- cisos forem os equipamentos, menor será o gasto de insumos, reduzindo ao mesmo tempo os custos do produtor e o impacto ambiental”, diz. A necessidade de formação de mão de obra qualificada também é funda- mental. “Por isso, iniciativas como cur- sos pioneiros na área, como o de Big Data no Agronegócio e Mecanização em Agricultura, oferecidos pela Fatec Shinji Nishimura em Pompeia [SP], e também o CIAg [Centro de Inovação em IoT no Agronegócio] são impor- tantes nesse ecossistema”, completa. Controle total A New Holland aposta no trator autô- nomo conceito NHDrive, uma máquina sem motorista que pode executar uma ampla gama de tarefas agrícolas dia e noite. O equipamento é capaz de chegar ao campo de forma autônoma, para tra- balhar em conjunto com outras máqui- nas controladas por operadores tradi- cionais ou autônomos e, graças à cabina, pode ser conduzido por um operador. Desenvolvido pela CNH Industrial, em colaboração com seu provedor de tecnologia ASI (Autonomous So- lutions Incorporated), o NHDrive é um veículo não tripulado totalmente Marco Milan, especialista de Marketing da New Holland Agriculture para o sistema de agricultura de precisão Fo to : D iv ul ga çã o No Brasil, a indústria aposta em conectividade e registra progressiva automação Capaz de trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana, o trator NHDrive, da New Holland, ajuda a reduzir os riscos associados a erros humanos, pois segue planos predeterminados e otimizados para todas as atividades. O equipamento pode atingir níveis mais altos de produtividade e eficiência do que os métodos tradicionais. O NHDrive pode aproveitar ao máximo os períodos de clima favorável para as operações agrícolas, trabalhando dia e noite. No futuro, o trator será capaz de automatizar completamente o manuseio de grãos durante a colheita, quando equipado com um reboque, incluindo atividades de descarga, transporte e descarga. O projeto NHDrive começou com os tratores das linhas T7 Heavy Duty e T8. Em 2018, a companhia fez uma parceria com uma vinícola da Califórnia em um projeto-piloto para testar sua tecnologia autônoma aplicada aos tratores de vinhedos T4.110F. SEM DESCANSO 39 autônomo e que pode ser monitora- do e controlado por meio de um com- putador de mesa ou de uma interface de tablet portátil. Isso permite que os agricultores aces- sem os dados do trator e dos imple- mentos, onde quer que estejam, o que facilita a tomada de decisões no mo- mento certo para aumentar a eficiência operacional e a produtividade. Além dis- so, os agricultores manterão o contro- le total e a propriedade de seus dados. Marco Milan, especialista de Marketing da New Holland Agriculture para o sis- tema de agricultura de precisão, frisa que o grande desafio de implementa- ção desse tipo de maquinário no Brasil é a variedade de ambientes e de cultu- ras encontradas no País, desde poma- res e hortaliças até as extensas lavou- ras de cana de açúcar, grãos e algodão. Aposta da ZF A multinacional alemã ZF, em parce- ria com a montadora austríaca Lindner, desenvolveu o protótipo de um trator- -conceito semiautônomo que integra conectividade, inteligência artificial e automação. O protótipo se baseia no trator Lindner Lintrac 90, que, há cerca de dois anos, opera em teste na Europa. A ZF equipou o conceito com uma combinação de câmeras com senso- res, radar e GPS. Os sinais são pro- cessados pela plataforma de contro- le ZF Pro AI, que opera por meio de “deep learning”, mapeando um am- biente de 360° com reconhecimento de presença de pessoas, processan- do ações que priorizem a segurança e produtividade e executam coman- dos por meio da conectividade com os controles do Driveline e Powertrain. Um módulo adicional GPS conectado ao sistema de direção e à transmissão CVT TMT09 da ZF, torna possível a automatização de diversos processos. A tecnologia revelando