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DIREITO PENAL
ILICITUDE: ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E 
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL (art. 23, III, primeira parte, CP):
Também conhecida como descriminante em branco, esta justificante não possui um artigo
exclusivo no CP anunciando seus requisitos objetivos.
CONCEITO:
O agente público (e excepcionalmente o particular) no desempenho de suas atividades, às
vezes, é obrigado, por lei (em sentido amplo), a violar um bem jurídico. Essa intervenção
lesiva, dentro de limites aceitáveis, é justificada pelo estrito cumprimento de um dever
legal.
Exemplo:
Policial que emprega a violência necessária, razoável e moderada para executar prisão em
flagrante de perigoso bandido. Estrito cumprimento de um dever legal estabelecido no art.
301 do CPP.
ATENÇÃO: O policial não pode matar alguém alegando estrito cumprimento de um dever
legal, porque não existe lei determinando que se mate ninguém. Poderá, entretanto, a
depender da situação, alegar legítima defesa.
Estão excluídas dessa descriminante as obrigações meramente morais, sociais ou religiosas.
Exemplos:
a) O policial que obriga determinado passageiro a ceder seu assento (não preferencial) a uma
pessoa idosa responderá por constrangimento ilegal, tendo em vista que essa obrigação era apenas
moral/social.
b) O sacerdote que força a entrada em domicílio para conceder a extrema unção responderá por
violação de domicílio, tendo em vista que a sua obrigação é apenas religiosa.
. Particular pode alegar estrito cumprimento de um dever legal?
1ª corrente: Essa excludente é exclusiva de agentes públicos, abrangendo o particular
somente quando no exercício de função pública – Júlio Fabbrini Mirabete.
Ex: mesário da justiça eleitoral, jurado, perito e etc.
2ª corrente: Particular também pode invocar essa descriminante – Flávio Monteiro de
Barros – PREVALECE NA DOUTRINA.
Ex: advogado que se recusa a depor em juízo, em razão do dever de sigilo profissional.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO (art. 23, III, segunda parte, CP):
Também conhecida como descriminante em branco, esta justificante também não possui
um artigo exclusivo no CP anunciando seus requisitos objetivos.
CONCEITO:
Exercício regular de um direito compreende condutas de um cidadão comum autorizadas
pela existência de um direito definido em lei e condicionadas à regularidade do exercício
desse direito.
Para configurar exercício regular de direito, é necessário:
A – proporcionalidade
B – indispensabilidade
C – conhecimento da situação de fato justificante;
Exemplo:
Qualquer do povo prendendo assaltante em flagrante delito. Art. 301 do CPP, que nesse caso
anuncia o exercício regular de um direito.
ATENÇÃO: Temos nesse exemplo, caso típico de exercício regular de direito “pro magistratu”: O
estado, não podendo estar presente para impedir a ofensa a um bem jurídico ou recompor a
ordem pública, incentiva o cidadão a atuar no seu lugar.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO:
É uma causa supralegal de exclusão da ilicitude baseada no princípio da ponderação de
valores, segundo o qual, o direito concede prioridade ao valor da liberdade de vontade da
vítima frente ao desvalor da conduta e do resultado causado pelo delito que atinge bem
jurídico disponível.
REQUISITOS:
a) O consentimento deve ser anterior ou concomitante à conduta lesiva;
b) O consentimento deve ser dado por agente capaz;
c) O consentimento deve ser dado pelo titular do bem jurídico atacado;
d) O consentimento deve ser válido;
Por válido entende-se que o agente deve consentir livre e conscientemente, sem erro,
coação ou fraude.
e) O consentimento deve recair sobre bens jurídicos disponíveis:
ATENÇÃO: A integridade física é relativamente disponível, sendo possível o
consentimento do ofendido apenas no tocante às lesões leves.
CUIDADO! Se o não consentimento aparece como elementar do tipo, o consentimento do
ofendido excluirá o fato típico.
Ex: Estupro (art. 213 do CP);

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