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http://www.cutepdf.com 1 2 SUMÁRIO A importância da eletricidade ..................................................................................................................... 3 Teoria atômica............................................................................................................................................ 4 Cargas elétricas ......................................................................................................................................... 6 Produzindo eletricidade.............................................................................................................................. 10 Corrente elétrica......................................................................................................................................... 13 Magnetismo e eletromagnetismo ............................................................................................................... 17 Circuito DC................................................................................................................................................. 22 Resistência................................................................................................................................................. 23 Lei de Ohm................................................................................................................................................. 30 Potência ..................................................................................................................................................... 33 Circuito em série ........................................................................................................................................ 37 Circuito paralelo ......................................................................................................................................... 45 Circuito série-paralelo ................................................................................................................................ 50 Leis de Kirchhoff......................................................................................................................................... 55 Teorema de Thevenin ................................................................................................................................ 59 Teorema de Norton .................................................................................................................................... 63 Corrente AC ............................................................................................................................................... 64 Formas de onda AC ................................................................................................................................... 68 Freqüência ................................................................................................................................................. 69 Valor médio-valor eficaz............................................................................................................................. 72 Relação de fase e potência........................................................................................................................ 74 Indutância................................................................................................................................................... 79 Transformadores........................................................................................................................................ 81 Capacitores e capacitância ........................................................................................................................ 83 Fator de potência ....................................................................................................................................... 91 Circuitos RL série ....................................................................................................................................... 92 Circuitos RL paralelo .................................................................................................................................. 94 Circuitos RC série ...................................................................................................................................... 96 Circuitos RC paralelo ................................................................................................................................. 96 Circuito LC série....................................................................................................................................... 97 Circuito RLC série ...................................................................................................................................... 98 Circuito LC paralelo.................................................................................................................................. 99 Circuito RLC paralelo ................................................................................................................................. 100 Referências bibliográficas .......................................................................................................................... 101 3 A IMPORTÂNCIA DA ELETRICIDADE A eletricidade é uma das mais importantes formas de energia usada no mundo de hoje. Sem ela, não existiria: iluminação adequada, comunicações de rádio ou televisão, nem os serviços telefônicos; e as pessoas teriam que se conformar em viver sem os eletrodomésticos tão comuns hoje em dia. Além disso, sem a eletricidade o setor de transportes não seria como é atualmente, uma vez que a eletricidade é utilizada em todos os tipos de veículos. Uma análise rápida dos fatos leva a conclusão que a eletricidade está presente em todos os campos da atividade humana. HISTÓRICO Embora a eletricidade só viesse a ser utilizada nos tempos modernos, sua descoberta data de 2000 anos e foi atribuída aos gregos. Eles observaram que quando um material, agora conhecido como âmbar, era atritado com alguns materiais, ele se tornava eletrizado com uma força misteriosa. O âmbar eletrizado atraía certos materiais tais como folhas secas e serragem. Os gregos chamaram o âmbar de elektron, o que originou a palavra eletricidade. Por volta de 1600, William Gilbert classificou os materiais que se comportavam como o âmbar de elétricos e os outros de não-elétricos. Em 1733, o francês Charles DuFay, verificou que um pedaço de vidro eletrizado atraía alguns objetos eletrizados, mas repelia outros. Ele concluiu que existia dois tipos de eletricidade. O QUE É ELETRICIDADE Os cientistas contemporâneos de Benjamin Franklin pensavam que a eletricidade era um fluido composto de cargas positivas e negativas. Atualmente, porém, os cientistas a definem como sendo produzida por partículas muito pequenas, denominadas elétrons e prótons. Estas partículas são pequenas demais para serem vistas, entretanto existem em todos os materiais. Para compreender sua existência, é necessário, primeiro, entender a estrutura da matéria. O QUE É MATÉRIA? Matéria é tudo aquilo que podemos ver, sentir ou usar. De fato, matéria é tudo que tem massa e ocupa lugar no espaço. Pode ser encontrada no estado sólido, líquido ou gasoso. A pedra, a madeira e o metal são estados sólidos 4 da matéria, assim como a água, o álcool e a gasolina são estados líquidos, do mesmo modo que o oxigênio, o hidrogênio e o dióxido de carbono são estados gasosos da matéria. OS ELEMENTOS Os elementos são os materiais básicos que formam qualquertipo de matéria. Oxigênio e hidrogênio são elementos, assim como alumínio, cobre, prata, ouro e mercúrio. De fato, existem mais de 100 elementos conhecidos. Dentre esses, 92são naturais e os restantes criados pelo homem. Nos últimos anos alguns novos elementos foram descobertos, e espera-se que existam muitos ainda para serem produzidos. Tudo o que vemos ao nosso redor é constituído de elementos. Porém, os próprios elementos não podem ser produzidos a partir de uma simples combinação química ou por separação de outros elementos. A SUBSTÂNCIA COMPOSTA Na verdade, existem muito mais tipos de materiais do que de elementos; a razão disso é que os elementos podem ser combinados para produzirem materiais com características completamente diferentes dos elementos. A água, por exemplo, a uma substância composta constituída dos elementos hidrogênio e oxigênio. O sal comum de mesa se compõe dos elementos sódio e cloro. Observe que, embora o hidrogênio e o oxigênio sejam gases, podem se combinar e produzir água, que é um líquido. A MOLÉCULA A molécula é a menor partícula que uma substância composta pode ser reduzida antes de se dividir nos elementos que a compõe. Por exemplo, se tomarmos um grão de sal e o dividirmos sucessivamente ao meio até onde for possível manter as suas características, obteremos uma molécula de sal que se tentarmos dividir novamente em duas partes, chegaremos aos elementos que a compõe. O ÁTOMO O átomo é a menor partícula que um elemento pode ser reduzido, mantendo as propriedades deste elemento. Se uma gota d’água fosse reduzida ao menor tamanho possível, obteríamos uma molécula de água. Entretanto, se esta molécula de água fosse reduzida ainda mais, chegaríamos aos átomos de hidrogênio e oxigênio. 5 ESTRUTRURA DO ÁTOMO Se o átomo de um elemento for dividido, esse elemento deixará de existir nas partículas que restarem. A razão disso é que essas partículas menores estão presentes em todos os átomos dos diferentes elementos existentes. O átomo de um elemento difere do átomo de outro elemento pelo diferente número dessas partículas subatômicas que compõem cada um deles. Basicamente, um átomo contém três tipos de partículas subatômicas importantes no estudo da eletricidade: elétrons, prótons e nêutrons. Os prótons e os nêutrons se localizam no centro, ou núcleo, do átomo, e os elétrons giram em torno do núcleo em órbitas. O NÚCLEO O núcleo é a parte central do átomo. É composto pelos prótons e nêutrons. O número de prótons no núcleo determina como um átomo de um elemento difere do outro. Por exemplo, o núcleo do átomo de hidrogênio contém um próton, do oxigênio 8, da prata 47 e do outro 79. Na realidade, esse é o motivo pelo quais os diferentes elementos são identificados pelo número atômico. O número atômico é definido como sendo o número de prótons que cada átomo tem em seu núcleo. Embora um nêutron, isoladamente, constitua uma partícula, ele é geralmente considerado como um elétron e um próton combinados, sendo eletricamente neutro; por isso, o nêutron não é muito importante para a característica elétrica dos átomos. O PRÓTON O próton é uma partícula muito pequena. Seu diâmetro é estimado em 0,18 trilionésimos de centímetros. O próton é um terço do diâmetro de um elétron, entretanto sua massa é quase 1840 vezes a massa do elétron; o próton é quase 1840 vezes mais pesado do que o elétron. É extremamente difícil desalojar um próton do núcleo de um átomo. Por esse motivo, na teoria elétrica, os prótons são considerados parte permanente do núcleo. Os prótons não tomam parte ativa no fluxo ou transferência de energia elétrica. 6 O próton tem carga elétrica positiva. As linhas de força desta carga são semi-retas que partem do próton para todas as direções. O ELÉTRON Como foi explicado anteriormente, o elétron é três vezes maior, em diâmetro, do que o próton, isto é, seu diâmetro é da ordem de 0,54 trilionésimos de centímetros; porém, o elétron é cerca de 1840 vezes mais leve do que o próton. Os elétrons se movem facilmente e são as partículas que, efetivamente, participam do fluxo ou transferência de energia elétrica. Os elétrons giram em torno do núcleo dos átomos em órbitas e tem carga elétrica negativa. As linhas de força dessas cargas são semi-retas que chegam no elétron vindas de todas as direções. LEI DAS CARGAS ELÉTRICAS A carga negativa do elétron é igual, porém oposta à carga positiva do próton. As cargas de um próton e de um elétron são chamadas cargas eletrostáticas. As linhas de força associadas a cada partícula produzem campos eletrostáticos. Devido à interação desses campos, as partículas carregadas podem se atrair ou se repelir. A lei das cargas elétricas estabelece que cargas de mesmo sinal se repelem e cargas de sinais contrários se atraem. Um próton (+) repele outro próton (+). Um elétron (-) repele outro elétron (-). Um próton (+) atrai um elétron (-). Como os prótons são relativamente pesados, as forças repulsivas que eles exercem entre si, no núcleo de um átomo, têm efeito desprezível. 7 CARGAS ATÔMICAS Normalmente, um átomo contém o mesmo número de elétrons e prótons, ou seja, as cargas opostas se cancelam e o átomo permanece eletricamente neutro. Entretanto, como foi explicado anteriormente, desde que as propriedades de um elemento são determinadas apenas pelo número de prótons, o número de elétrons pode ser alterado. A figura acima mostra os átomos de berílio que possuem quatro prótons no núcleo. Quando o átomo de berílio possui também quatro elétrons, o número de cargas positivas (prótons) e negativas é o mesmo e, portanto, é eletricamente neutro. Se o átomo de berílio tiver três elétrons, existirá mais prótons (+) do que elétrons (-), portanto, o átomo terá carga positiva. Quando o átomo tiver cinco elétrons, existirá mais elétrons (-) do que prótons (+) e o átomo terá carga negativa. Átomos carregados são chamados de íons. Um átomo carregado positivamente é um íon positivo, e carregado negativamente é um íon negativo. Atração e repulsão Se eletrizarmos um bastão de vidro positivamente, atritando-o com um pedaço de seda, e um bastão de borracha, negativamente, pelo atrito com um pedaço de pele de animal, poderemos realizar experiências com o vidro, a borracha, a seda e a pele. Não havendo contato entre os materiais, chegaremos à seguinte conclusão: Cargas de mesmo sinal se repelem Cargas de sinais contrários se atraem Campos Eletrostáticos A atração e a repulsão entre corpos eletrizados ocorrem devido à existência das linhas de força do campo eletrostático em torno destes corpos. 8 Num corpo eletrizado negativamente, as linhas de força, originadas pelos elétrons em excesso, se juntam para produzir um campo eletrostático cujas linhas de força chegam no corpo, vindas de todas as direções. Num corpo eletrizado positivamente, a falta de elétrons faz com que as linhas de força, originadas pelos prótons em excesso, se juntem para produzir um campo eletrostático cujas linhas de força partem do corpo em todas as direções. Esses campos eletrostáticos ou se ajudam ou se opõem mutuamente, provocando a atração ou a repulsão entre os corpos. A intensidade da força de atração, ou repulsão, depende de dois fatores: (1) a quantidade de cargas existente em cada corpo, e (2) à distância entre os corpos. Quanto maior a carga elétrica dos corpos, maior será a força eletrostática; quanto menor à distância entre eles, maior será a força eletrostática. A força de atração ou repulsão se tornará menor se a carga elétrica se reduzir, ou se aumentarmos a distância entre os corpos. Durante o século XVIII, um cientista chamado Coulomb realizou experiências com cargas eletrostáticase descobriu a lei da atração elétrica, freqüentemente chamada de Lei de Coulomb das Cargas Eletrostáticas. A lei estabelece que a força elétrica de atração ou repulsão é diretamente proporcional ao produto das duas cargas envolvidas e inversamente proporcionais ao produto das duas cargas envolvidas e inversamente proporcionais ao quadrado da distância entre elas. Evidentemente, quanto maior o número de elétrons em excesso num corpo, maior será sua carga negativa. E, quanto maior o número de elétrons em falta num corpo, maior será sua carga positiva. Órbitas eletrônicas Conforme foi visto, a eletricidade é produzida quando os elétrons abandonam seus átomos. Para compreender as várias maneiras de se executar isto, seria conveniente conhecer mais detalhadamente a natureza das diferentes órbitas eletrônicas existentes ao redor do núcleo do átomo. Os elétrons nas suas órbitas giram em torno do núcleo do átomo, em alta velocidade. Devido a grande velocidade do elétron a força centrífuga tende a arrancar o elétron para fora de sua órbita. Porém, a atração positiva do núcleo impede que o elétron escape. Entretanto, se for aplicada uma força externa suficiente que ajude a força centrífuga, o elétron poderá ser libertado. Quando uma força é aplicada a um átomo o elétron recebe energia, e é a quantidade de energia absorvida pelo elétron que determina se o elétron será libertado ou não. Existem várias maneiras de fornecermos esta energia: atrito, reação química, calor, pressão, magnetismo e luz. Todos estes itens serão estudados posteriormente. 9 Capacidade de uma camada Se você estudar, de forma sumária, a tabela da p. 33, verificará que cada camada contém um determinado número de elétrons. A camada mais próxima do núcleo (a primeira camada) não pode possuir mais do que 2 elétrons; a segunda camada não pode ter mais do que 8 elétrons; a terceira, não mais do que 18; a quarta não mais do que 32; etc... A tabela mostra ainda que, até o número atômico 10, a segunda camada possui até 8 elétrons. Como esse é o número máximo da segunda camada, a terceira camada deve ser iniciada. Do número atômico 11 ao 18, a terceira camada possui até 8 elétrons e, em seguida, é iniciada a quarta camada. Do número atômico 19 ao 29, a terceira camada atinge o máximo de 18 elétrons. A camada externa (de valência) Como pode ser verificado na fig. da pg., embora a terceira camada possa conter até 18 elétrons, ela não possui mais do que 8 elétrons até que a quarta camada seja iniciada. Isso também se aplica a quara camada; ela não possui mais do que 8 elétrons, até que a quinta camada seja iniciada embora a quarta camada possa conter até 32 elétrons. Isso mostra a existência da seguinte regra: a camada externa de um átomo, é denominada camada de valência e seus elétrons são chamados elétrons de valência. O número de elétrons na camada de valência de um átomo é importante em eletricidade, como veremos adiante. Condutores A camada de valência pode conter até 8 elétrons. Como a energia aplicada aos elétrons de valência se distribui entre eles, os átomos que possuem menos elétrons de valência permitirão que estes elétrons sejam libertados mais facilmente. Os materiais cujos elétrons são mais facilmente libertados são chamados condutores. Os átomos desses materiais possuem somente um ou dois elétrons de valência. Os materiais com apenas 1 elétron de valência são os melhores condutores elétricos. Uma análise da tabela da p. 33 permite selecionar os bons condutores. Todos eles têm apenas 1 elétron em sua camada externa. A maioria dos metais são bons condutores, sendo que os mais familiares são: cobre (n° 29), prata (n° 47) e ouro (n° 79). 10 Isolantes Isolantes são materiais em que os elétrons têm muita dificuldade para se tornarem livres. Os átomos desses materiais apresentam suas camadas de valência totalmente preenchidas com 8 elétrons ou incompletas, porém com mais de 4 elétrons. Qualquer energia aplicada a estes átomos será dividida por um número relativamente grande de elétrons. Porém, além disso, estes átomos resistem à libertação de elétrons. Porém, além disso, estes átomos resistem à libertação de elétrons devido a um fenômeno conhecido como estabilidade química. Um átomo é completamente estável quando sua camada externa se apresenta totalmente preenchida, ou quando esta tem 8 elétrons de valência. Um átomo estável resiste a qualquer tipo de reação. De fato, ele não se combina com nenhum outro átomo para formar uma substância composta. Existem seis elementos estáveis na natureza: hélio, neônio, argônio, criptônio, xenônio e radônio; esses elementos são conhecido como gases inertes ou nobres. Todos os átomos que possuem menos do que 8 elétrons de valência tendem a atingir o estado estável. Aqueles que têm menos do que 4 elétrons (os condutores) tendem a libertar esses elétrons para esvaziar a camada instável. Por outro lado, aqueles que possuem mais do que 4 elétrons (os isolantes) tendem a receber elétrons para preencher a camada de valência; assim, além de ser difícil libertar seus elétrons, os átomos dos isolantes se opõem à produção de eletricidade com sua tendência de recolher alguns elétrons que poderiam ser libertados. Átomos que possuem 7 elétrons de valência têm uma grande tendência a preencher sua camada externa e são excelentes isolantes elétricos. Como a eletricidade é produzida Até agora, as considerações se limitaram à idéia geral da aplicação de uma força ou energia sobre um elétron, para removê-lo de sua órbita; entretanto, nenhuma menção foi feita à maneira pela qual isso é possível. Existem diferentes processos, e todos eles podem ser enquadrados de seis categorias. Eletricidade através do atrito Este é o método descoberto pelos antigos gregos, descrito anteriormente neste livro. Uma carga elétrica pode ser produzida pelo atrito entre dois materiais, tais como a seda e o bastão de vidro, ou como ocorre quando penteamos o cabelo. Você nunca andou sobre um carpete e sentiu um choque quando tocou a fechadura metálica da porta? A sola de seu sapato acumulou uma carga elétrica, devido ao atrito com o carpete, e essa carga, transferida para seu corpo, foi descarregada através da fechadura. Essas cargas dão origem á eletricidade estática, que consiste na transferência de elétrons de um material para outro. 11 Esse fenômeno ainda não foi completamente explicado; porém, uma teoria possível é que existem, na superfície de um material, muitos átomos que não podem se combinar com outros, como ocorre no interior desse material. Esta é a razão porque os isolantes como o vidro e a borracha, podem produzir as cargas da eletricidade estática. A energia térmica produzida pelo atrito é fornecida aos átomos da superfície para libertar os elétrons. Esse fenômeno é chamado efeito triboelétrico. Eletricidade através de reações químicas É possível combinar algumas soluções determinados metais, fazendo com que a reação química provoque a transferência de elétrons, produzindo as cargas elétricas. Esse processo se baseia nos princípios da eletroquímica. Uma de suas aplicações é a pilha úmida elementar. Quando se mistura ácido sulfúrico com água (para formar o eletrólito) num recipiente de vidro, o ácido sulfúrico se divide em hidrogênio (H) e sulfato (S04). Mas, devido à natureza da reação química, os átomos de hidrogênio são íons positivos (H+) e os átomos do sulfato são íons negativos (SO4-2). O número de cargas positivas é igual ao número de cargas negativas e, portanto, a solução é neutra. Quando introduzimos as barras de cobre e de zinco, elas reagem com a solução. O zinco combina com os átomos de sulfato; como esses átomos são negativos, os íons positivos (Zn+) são desprendidos da barra de zinco. Em conseqüência,a barra fica com excesso de elétrons provocado pela saída dos íons (Zn+), isto é, a barra se torna negativa. Os íons de zinco se combinam com os íons de sulfato neutralizando-os, fazendo com que a solução fique com um excesso de cargas positivas. Os íons positivos de hidrogênio atraem os elétrons livres da barra de cobre, neutralizando novamente a solução. Porém, agora há falta de elétrons na barra de cobre, isto é, ela se torna positiva. Eletricidade através de pressão Quando se aplica pressão sobre alguns materiais, a força da pressão se transmite através do material para seus átomos, retirando elétrons de suas órbitas e dirigindo-se no sentido da força. Os elétrons abandonam um lado do material e se acumula no outro. Portanto, surgem cargas negativas e positivas em lados opostos. Quando a pressão desaparece, os elétrons 12 retornam a suas órbitas. Os materiais são cortados em outras direções para controlar as superfícies que serão carregadas. Alguns materiais reagem a uma pressão devida uma flexão e outros, a uma pressão devida uma torção. O efeito da pressão que origina cargas elétricas é conhecido como efeito piezelétrico. A palavra piezo vem do grego e significa pressão. Esse efeito é mais perceptível nos cristais, tais como, os sais de Rochelle e alguns tipos de cerâmica, como é o caso do titanato de bário. Esses piezocristais são utilizados em alguns tipos de microfones e cápsulas de toca-discos. Eletricidade através do calor Devido alguns materiais terem facilidade de doar elétrons e outros materiais, facilidade de receber elétrons, pode haver transferência de elétrons quando, por exemplo, juntamos dois metais diferentes. Em alguns metais particularmente ativos, a energia térmica na temperatura ambiente é suficiente para liberar seus elétrons. Isso ocorre, por exemplo, no cobre e no zinco. Os elétrons abandonam os átomos de cobre e são recolhidos pelos átomos de zinco. O zinco, então, fica com excesso de elétrons e se torna carregado negativamente. O cobre, tendo perdido elétrons, adquire carga positiva. As cargas produzidas à temperatura ambiente são pequenas, pois a energia térmica não é suficiente para libertar um número grande de elétrons. Porém, se aplicarmos uma fonte de calor à junção de dois metais, a energia fornecida é maior e mais elétrons serão libertados. Esse método é chamado de termoeletricidade. Quando maior a quantidade de calor, maior a carga desenvolvida. Quando se retira a fonte de calor, os metais se resfriam e a carga desaparece. O dispositivo descrito é chamado par termoelétrico; quando vários pares termoelétricos são acoplados, forma-se uma termopilha. Eletricidade através da luz A luz constitui uma forma de energia e geralmente é encarada pelos cientistas como um conjunto de pequenas partículas de energia chamadas fótons. Quando os fótons de um feixe de luz atingem um material, eles libertam sua energia e, em alguns materiais, essa energia pode levar os átomos a libertarem seus elétrons. Materiais como potássio, sódio, césio, lítio, selênio, germânio, cádmio e sulfeto de chumbo, reagem desse modo à luz. O efeito fotoelétrico, se apresenta de três maneiras: 1. Fotoemissão: a energia do fóton de um feixe de luz pode provocar a libertação dos elétrons em uma superfície, no interior de um tubo a vácuo. Os elétrons, então, são coletados por uma placa. 2. Fotovoltaico: a energia luminosa, incidindo sobre uma de duas placas justapostas, faz com que os elétrons dessa placa sejam libertados para a outra placa. As placas formam cargas opostas, como uma bateria. 13 3. Fotocondução: a energia luminosa aplicada sobre alguns materiais que são, normalmente, maus condutores, provoca o surgimento de elétrons livres, tornando esses materiais melhores condutores. Eletricidade através do magnetismo Você provavelmente está familiarizado com os imãs, e já deve ter brincado algumas vezes com eles. Então, deve ter notado que, em alguns casos, os imãs se atraem e, em outros, se repelem. A razão disso é que os imãs produzem campos de forças que se interagem. A força de um campo magnético também pode ser utilizada para movimentar elétrons. Isto é conhecido como magnetoeletricidade e é a base para se entender como um gerador produz eletricidade. Quando um bom condutor, como o cobre, é movimentado através de um campo magnético, a força do campo fornece energia suficiente para libertar os elétrons de valência dos átomos do cobre. Os elétrons são deslocados em certas direções, dependendo do modo como o condutor atravessa o campo magnético. Na verdade, não é necessário movimentar o condutor através do campo magnético; o mesmo efeito será obtido se movimentarmos o campo magnético através do condutor. É necessário apenas o movimento relativo entre eles. (magnetoeletricidade será estudada com mais detalhes mais adiante). CORRENTE ELÉTRICA O que é corrente elétrica? Até esse ponto tratamos do que é eletricidade e como as cargas elétricas são produzidas. A maior parte dos assuntos abordou o que chamamos eletricidade estática, ou seja, carga elétrica em repouso. Entretanto, uma carga elétrica estática normalmente não pode executar nenhuma função útil. Para que a energia elétrica produza algum tipo de trabalho, a eletricidade deve ser posta em movimento, algum tipo de trabalho, a eletricidade deve ser posta em movimento. Isso ocorre quando se produz uma corrente elétrica. Esta corrente elétrica se origina do movimento de muitos elétrons livres, num fio, numa mesma direção e sentido. Conforme veremos adiante, todo elétron possui energia que pode causar determinados efeitos. Normalmente, os elétrons estão se movendo em várias direções, portanto, seus efeitos se cancelam. Porém, se considerarmos os elétrons se movimentando numa mesma direção e sentido, formando um fluxo de corrente, seus efeitos se somarão e a energia liberada por eles poderá realizar trabalho. Quando maior o número de elétrons se movendo no mesmo sentido, maior será o fluxo de corrente e maior será a energia disponível para realizar trabalho. Portanto, as correntes elétricas maiores ou menores são formadas pelo maior ou menor número de elétrons que se movem numa mesma direção e sentido. 14 Elétrons livres A fim de entendermos como os elétrons produzem a corrente elétrica, seria útil rever como os átomos de um bom condutor, como por exemplo, o cobre, estão ligados para formar um metal sólido. Num fio de cobre, cada átomo possui 1 elétron de valência, fracamente mantido em órbita. Os átomos são mantidos juntos, de tal forma que as órbitas externas se entrelaçam. Durante seu movimento, o elétron de um pode sofrer a influência de outro átomo e entrar na órbita deste. Ao mesmo tempo, um elétron do segundo átomo é liberado e penetra na órbita de outro átomo. Um grande número de elétrons externos mudam de órbita continuamente, de maneira aleatória, de tal forma que os elétrons de valência realmente não pertencem a um único átomo. Em vez disto, todos os átomos compartilham todos os elétrons de valência e assim, se mantêm unidos. Os elétrons são “livres” para vaguear aleatoriamente. A ação é contínua, portanto cada átomo sempre tem um elétron e vice-versa. Entretanto, não há formação de carga elétrica, mas o condutor possui muitos elétrons livres. A fim de produzir uma corrente elétrica, os elétrons livres no fio de cobre devem ser forçados a se moverem na mesma direção e sentido, em vez de o fazerem aleatoriamente. Isso pode ser feito, aplicando cargas elétricas nas extremidades do fio de cobre; uma carga negativa numa extremidade, e uma carga positiva na outra extremidade. O movimento do elétron Como os elétrons são negativos, eles são repelidos pela carga negativa e atraídos pela carga positiva. Por esse motivo, não podem mudarpara órbitas que os levariam a se moverem contra as forças das cargas elétricas. Em vez disto, saltam de órbita para órbita em direção à carga positiva, originando uma corrente elétrica no sentido de seu movimento. Podemos ver na figura acima, que a densidade de átomos num fio de cobre é tal que as órbitas de valência de cada um dos átomos se entrelaçam de modo que os elétrons encontram facilidade para se moverem de um átomo para o seguinte. A trajetória que o elétron descreve depende de posição das órbitas que ele encontra enquanto se movimenta em direção à carga positiva. A figura mostra que o elétron não percorre uma linha reta; porém, à medida que as cargas em cada extremidade do fio se tornam mais intensa, aumenta o controle destas sobre cada elétron, fazendo com que ele descreva uma trajetória mais retilínea e assim, se mova mais rapidamente através do fio. A intensidade da carga em cada extremidade do fio também determina quantos elétrons mudam do movimento aleatório para o movimento direcional através do fio. Pequenas cargas possibilitam que apenas poucos 15 elétrons se dirijam para a carga positiva. Entretanto, quanto maior a quantidade de cargas negativas e positivas nas extremidades, maior será o número de elétrons repelidos sobre uma trajetória retilínea no fio. O impulso de corrente A corrente elétrica é, na realidade, o impulso da energia elétrica que um elétron transmite ao outro quando muda de órbita. Quando se aplica energia a um elétron e este abandona sua órbita, ele deverá se alojar na órbita de um outro átomo. A razão disso é que todas as órbitas externas se entrelaçam e se opõem ao movimento livre do elétron. Quando o elétron liberado se encontra na sua nova órbita, sua carga negativa interage com a carga negativa do elétron já existente nessa órbita. O primeiro elétron repele o outro para fora de sua órbita, transmitindo a ele sua energia. O segundo elétron repete o processo do primeiro quando encontra a órbita seguinte; e este processo se repete ao longo do fio. O impulso de energia transmitido de um elétron para outro constitui a corrente elétrica. Força eletromotriz A carga elétrica acumulada por um corpo é determinada pelo número de elétrons que ele ganha ou perde. Como um grande número de elétrons se move, utilizamos uma unidade de carga chamada Coulomb. Se um corpo tem uma carga negativa de 1 Coulomb, significa que ele recebeu um excesso de 6,28 x 1018 (bilhão de bilhão) elétrons, isto é 6 280 000 000 000 000 000 elétrons. Quando duas cargas estabelecem uma diferença de potencial, a força resultante é chamada força eletromotriz (fem). A unidade usada para indicar a intensidade da fem é o volt. Quando uma diferença de potencial faz com que 1 Coulomb de corrente produza 1 joule de trabalho, a força eletromotriz é de 1 volt. Algumas tensões típicas que você provavelmente encontrará são: 1,5 volts para as pilhas de lanterna, 6 volts para as antigas baterias de automóvel, 110 volts para as residências, 220 volts para as indústrias, etc. As tensões, na prática, variam de microvolts (milionésimos de volt) até megavolts (milhões de volts). Os termos potencial, força eletromotriz (fem) e tensão normalmente têm o mesmo significado. Intensidade de corrente (ampére) A intensidade de corrente através de um fio é determinada pelo número de elétrons que passa por um determinado ponto, em um segundo. Conforme foi visto anteriormente, 1 Coulomb representa 6,28 x 1018 elétrons. Se 1 Coulomb passar por um ponto em 1 segundo, o fluxo de corrente será de 1 ampére. A unidade de corrente, 16 ampére, tem o nome do cientista A. M. Ampère, que viveu no século XVIII. A corrente pode ser medida, também, em microampéres (milionésimos de ampére) e miliampéres (milésimos de ampéres). A eletricidade produz calor Todas as vezes que uma corrente elétrica circula através de um fio, produz algum calor. A razão disso é que alguma energia é utilizada para provocar o fluxo de corrente. Essa energia se dissipa na forma de calor. Como é mais fácil causar o fluxo de corrente nos bons condutores, a produção de calor em materiais desse tipo é menor. Um mal condutor, como é o caso do níquel-cromo, produz uma grande quantidade de calor, quando conduz uma corrente elétrica. O cobre é, aproximadamente, sessenta vezes melhor condutor do que o níquel cromo. O efeito térmico da eletricidade é utilizado em muitos aparelhos eletrodomésticos: torradeiras, ferros elétricos, secadores, cobertores elétricos, aquecedores, etc. Você deve ter em mente, que mesmo os bons condutores produzem algum calor. A eletricidade produz energia luminosa Muitos materiais maus condutores se aquecem por efeito da corrente elétrica e se tornam incandescentes. Nesse caso, além do calor há produção de luz. Esse é o fenômeno que ocorre nas lâmpadas incandescentes. A luz pode ser obtida a partir da eletricidade sem a produção de muito calor, por meio de fluorescência, fosforescência e eletroluminescência. A eletroluminescência é produzida por alguns materiais sólidos, quando conduzem corrente. A quantidade de luz que eles emitem é, entretanto, relativamente pequena, e portanto são utilizados com a finalidade de realce. Muitos gases quando conduzem corrente se tornam ionizados e produzem radiações luminosas. Neônio, argônio e vapor de mercúrio são alguns exemplos, utilizados em letreiros luminosos de néon. A fosforescência ocorre quando um feixe de elétrons se choca com fósforo ou outro tipo de material. O cinescópio de um televisor funciona desta maneira. A fluorescência combina a eletroluminescência e a fosforescência. Um gás, como por exemplo o vapor de mercúrio, conduz corrente elétrica e se torna ionizado, emitindo radiação ultravioleta. A radiação atinge uma camada fosforescente e esta, por sua vez, emite luz branca. A eletricidade produz magnetismo Da mesma forma que o magnetismo pode gerar eletricidade, a eletricidade também pode produzir magnetismo. Todo condutor que conduz uma corrente elétrica se comporta como um imã. Esse fenômeno constitui 17 o eletromagnetismo. Tanto o magnetismo como o eletromagnetismo serão explicados com mais detalhes nas páginas seguintes. Magnetismo O magnetismo foi descoberto pelos antigos gregos há cerca de 2000 anos quando perceberam que um certo tipo de pedra era atraído pelo ferro. Como a descoberta se deu na Magnésia, na Ásia Menor, a pedra foi chamada magnetita. Mais tarde, quando se descobriu que essa pedra se alinhava na direção norte-sul, quando suspensa por um fio, ela foi chamada pedra indicadora ou pedra-ímã. Portanto, a magnetita é um imã natural capaz de atrair os materiais magnéticos. O magnetismo e o elétron Embora as forças elétricas estejam relacionadas, são de natureza completamente diferentes. As forças magnéticas e as forças eletrostáticas não interagem na ausência do movimento. Porém, se um dos campos de força estiver em movimento, surge um fenômeno que provoca a interação entre as forças. Como o elétron é a menor partícula da matéria, foi desenvolvida uma teoria que estabelece a relação entre eletricidade e magnetismo. Trata-se da teoria eletrônica do magnetismo. Sabemos que o elétron possui uma carga negativa. Essa carga produz um campo de forças cujas linhas são semi-retas que chegam no elétron, vindas de todas as direções. Porém, cientistas afirmam que cargas em movimento produzem um campo magnético. Como o elétron é dotado de um movimento de rotação (spin), ele dá origem a um campo magnético. Esse campo é constituído por linhas circulares concêntricas em torno do elétron. Portanto, as linhas de força dos campos elétricos e magnéticos se cruzam perpendicularmente em cada ponto do espaço. A combinação dos dois campos é chamada de campo eletromagnético. Materiais magnéticosOs materiais naturalmente magnéticos são chamados materiais ferro-magnéticos. Com relação ao magnetismo os materiais ferrosos atuam como o ferro. Como os materiais magnéticos contêm moléculas magnéticas, em princípio deveriam atuar sempre como imãs. Porém, isso não ocorre. A razão disso é que sob condições normais, as moléculas magnéticas estão espalhadas e orientadas de forma aleatória, de modo que seus campos magnéticos se cancelam. Portanto, o metal é considerado não-magnetizado. 18 Se todas as moléculas forem dispostas de forma a apontar para a mesma direção, seus campos de força poderão se somar. O metal, então, se tornará magnetizado. Se todas as moléculas forem alinhadas, o campo resultante será bastante intenso. Porém, se somente algumas das moléculas se alinharem, o campo resultante será fraco. Nesse caso, o material estará parcialmente magnetizado. Polaridades magnéticas A fim de se estabelecer nas regras que explicam como os imãs interagem entre si, atribuem-se polaridades a seus extremos. As polaridades são chamadas norte (N) e sul (S). A extremidade norte de um imã é determinada suspendendo-o por uma corda que o permita girar livremente. O imã, então, se alinhará na direção do campo magnético da terra. A extremidade do imã que apontar para o pólo norte geográfico é chamada pólo norte (N) do imã e a outra extremidade do imã é chamada pólo sul (S). O imã sempre se alinhará desta maneira e a razão disto será explicada mais adiante. Linhas de força O campo magnético de um imã é composto por linhas de força que saem do pólo N, e se espalham por todo o espaço e entram pelo pólo S. Essas linhas nunca se cruzam e a distância entre elas aumenta à medida que nos afastamos do imã. Quanto maior o número de linhas de força e quanto menor à distância entre elas, mais intenso será o campo magnético. A existência das linhas de força pode ser demonstrada, espalhando-se limalha de ferro sobre uma superfície plana e, em seguida, colocando-se uma barra imantada sobre ela. As partículas de ferro se alinharão ao longo das linhas de força, permitindo visualizar o campo magnético. As linhas de força também são conhecidas como linhas de fluxo. ELETROMAGNETISMO O que é eletromagnetismo Como o elétron produz seu próprio campo magnético, devido ao seu spin orbital, a acumulação de elétrons excedentes num corpo poderia originar um campo magnético. Porém, estando as cargas em repouso, vimos que os pares de elétrons com spins opostos cancelam seus campos magnéticos mutuamente. Portanto, a eletricidade estática não gera campo magnético. 19 Os elétrons que se movem através de um condutor, sob a ação de uma força, causando um fluxo de corrente, com spins opostos; eles se movem na mesma direção e os efeitos de seus campos magnéticos tendem a se somar. Em 1819, Hans Christian Oersted descobriu que uma corrente elétrica gerava um campo magnético, ao observar que um fio percorrido por uma corrente elétrica afetava uma bússola. Eletromagnetismo num fio condutor Como o campo magnético em torno de um elétron forma linhas fechadas, a combinação dos campos dos elétrons resulta numa série de linhas em torno do fio. O sentido do campo magnético depende do sentido da corrente; uma bússola se movendo nas proximidades do fio terá sua agulha orientada no sentido das linhas de fluxo. A regra da mão esquerda pode ser usada para determinar o sentido do campo magnético. Se você envolver o fio com a mão esquerda, com o polegar apontando no sentido do fluxo de corrente dos elétrons, os outros dedos apontarão no sentido do campo magnético. Intensidade de campo Quanto maior a corrente através de um fio condutor, mais intenso será o campo magnético criado por ela. Da mesma forma que o campo magnético de um imã, as linhas se concentram próximas ao fio condutor e a distância entre elas aumenta à medida que nos afastarmos do fio. Portanto, o campo é maior nas proximidades do condutor e diminui com o aumento da distância. O decréscimo do número de linhas de força por unidade de área é inversamente proporcional à distância do condutor. Isso significa que a uma distância d do condutor, a densidade de linhas é a metade que a uma distância d/2. Interação de campos Se aproximarmos dois condutores percorridos por corrente em sentidos opostos, seus campos magnéticos serão opostos. Nesse caso, como as linhas de fluxo têm sentidos opostos e não podem se cruzar, os campos tendem a afastar os condutores. Quando as correntes têm os mesmos sentidos, e os condutores são aproximados, seus campos magnéticos se somam, pois as linhas de fluxo têm o mesmo sentido. Estas linhas se somam e dão origem a linhas fechadas que envolvem ambos os condutores, tendendo a aproximá-los, tornando assim, mais forte o campo magnético. A colocação de três ou quatro condutores justapostos poderá produzir um campo ainda mais intenso. Se um fio condutor é enrolado de modo a formar uma espira (loop), os campos magnéticos em torno do fio serão dispostos de tal forma que as linhas de fluxo entram na espira por um lado e saem pelo outro. As linhas de 20 fluxo se concentram no centro da espira, criando um intenso campo, produzindo pólos magnéticos com o norte no lado em que as linhas saem da espira e sul n o lado em que elas entram. Eletromagnetismo numa bobina Quando várias espirais são enroladas no mesmo sentido para formar uma bobina, há um número maior de campos contribuindo para aumentar a densidade de linhas através desta. O campo magnético, então, se torna mais intenso. Quanto maior o número de espiras, maior a intensidade de campo. Se as espiras forem comprimidas entre si, a soma dos campos aumenta ainda mais, produzindo um forte eletro-ímã. Uma bobina enrolada em forma helicoidal, para produzir um campo magnético mais intenso, é chamada solenóide. As linhas de fluxo num solenóide se comportam como num imã; elas partem do pólo N, e entram no S. Uma barra de ferro colocada nas proximidades de um extremo do solenóide será atraída para o interior deste. Existe, também, a regra da mão esquerda para solenóides. Se você envolver o solenóide com os dedos apontando no sentido da corrente, seu polegar indicará o pólo N. O núcleo magnético O campo magnético de uma bobina pode ser aumentado, introduzindo um núcleo de ferro em seu interior. Como o ferro doce é um material magnético que possui baixa relutância, ele permite que o número de linhas de fluxo concentradas no interior da bobina seja maior do que quando a bobina contém apenas ar. Quanto maior for o número de linhas de fluxo, mais intenso será o campo magnético. O ferro doce é usado como núcleo num eletroímã, porque o ferro duro ficaria permanentemente magnetizado. Força magnetomotriz A força de magnetização produzida pelo fluxo de corrente num condutor é chamada força magnetomotriz (fmm). A fmm depende da intensidade da corrente e do número de espiras da bobina. Se a corrente dobrar, a fmm será duas vezes maior. Além disso, se o número de espiras da bobina aumentar, a fmm também aumentará. A fmm é determinada por uma grandeza denominada ampére-espira, que é o resultado do produto da corrente elétrica pelo número de espiras da bobina. A intensidade da fmm determina o número de linhas de fluxo, ou seja, a intensidade do campo. Quanto maior a fmm, maior será o número de linhas de fluxo. Entretanto, há um ponto em que o aumento da fmm não produzirá o aumento do número de linhas de fluxo. Isso é conhecido como ponto de saturação. 21 O motor elétrico O funcionamento do motor elétrico se baseia na interação entre um campo magnético e um condutor percorrido por corrente elétrica. Essa corrente produz um campo magnético em torno do condutor, que irá deformar as linhas de fluxojá existentes entre os dois pólos magnéticos, deslocando-os na mesma direção e sentido das linhas de força do condutor. As linhas de fluxo deformadas, tentam voltar à configuração inicial, exercendo uma força de repulsão sobre o condutor, empurrando-o para a região de menor densidade de linhas. Esse é o princípio de funcionamento do motor elétrico. A regra da mão direita, para motores, permite determinar o sentido do movimento do condutor. Se uma espira de fio for ligada a uma bateria através de um comutador, a corrente nesse fio produzirá campos magnéticos que serão repelidos pelas linhas d fluxo. Isso provocará a rotação da espira, ou seja, a produção de um torque. Quando a espira atingir a posição mostrada na figura B, a força de repulsão deixará de existir; porém, a inércia permitirá a continuidade do movimento até a posição C, onde a repulsão do campo atuará novamente. O comutador é necessário porque, ao passar pela posição B, a espira seria repelida de volta à posição A. Como os segmentos do comutador são separados, nesse ponto, a corrente através do fio se inverte e o fio é empurrado no mesmo sentido anterior. O rotor (ou armadura) nesse tipo de motor deve ter muitas espiras e muitos segmentos do comutador. O gerador básico O funcionamento do gerador é o processo inverso do funcionamento do motor. Ao invés de alimentarmos os enrolamentos do rotor com uma corrente elétrica, para produzir um campo magnético, o rotor é girado mecanicamente, normalmente por um motor. Nesse caso, quando os enrolamentos do rotor atravessam as linhas de fluxo, a energia magnética força a passagem de corrente no condutor. Quando o condutor se movimenta no sentido do campo, a corrente tem um determinado sentido. Se o sentido do movimento for invertido, a corrente também inverterá seu sentido. O comutador, entretanto, comuta os fios externos ao gerador, enquanto o rotor gira, de forma a manter a corrente do medidor sempre no mesmo sentido. Por isso, é chamado gerador de corrente-contínua (CC), mais conhecido como gerador DC (direct-current). Se não utilizarmos o comutador, a corrente fornecida pelo gerador terá seu sentido mudado, à medida que a espira girar. Nesse caso, o gerador é chamado corrente alternada (CA), mais conhecido como gerador AC (alternating current). A regra da mão esquerda para geradores permite determinar o sentido da corrente produzida pelo movimento de um condutor através de um campo magnético. 22 O circuito de corrente contínua Desde que a corrente de elétrons sempre flui do terminal negativo da fonte de energia, o fluxo de corrente terá sempre o mesmo sentido, se a polaridade da fonte de tensão não se alterar. Este tipo de fluxo de corrente é denominado de corrente contínua, e a fonte é chamada de fonte de corrente contínua. Qualquer circuito que usar uma fonte de corrente contínua será então um circuito de corrente contínua. Por simplicidade, a corrente contínua normalmente é abreviada CC ou DC (do inglês direct-current), portanto, podemos falar de fontes DC, tensão DC, corrente DC e circuito DC. Os três tipos de fontes mais comuns em circuitos DC são a bateria, o gerador CC ou DC e a fonte de energia eletrônica. A teoria de operação de todos os circuitos DC é a mesma, independente do tipo de fonte DC utilizado. Essa teoria será vista neste volume. Quando a polaridade da tensão da fonte muda, ou se alterna, o sentido do fluxo da corrente também se alterna. Este tipo de corrente é chamada de corrente alternada (CA ou AC, do inglês alternating-current). Condutântica Os materiais não conduzem a corrente elétrica igualmente. Se recordarmos algumas das teorias elétricas básicas, veremos que existem, basicamente, dois tipos de materiais nos quais estamos interessados e que são muito utilizadas em eletricidade. Estes são os condutores e os isolantes. Os condutores permitem que a corrente circule facilmente e os isolantes se opõem ao fluxo da corrente. Isso ocorre porque os condutores possuem muitos elétrons livres. Quase todos os metais são bons condutores. Entretanto, alguns metais são melhores do que outros porque nem todos possuem o mesmo número de elétrons livres. A facilidade com que o metal permite a passagem da corrente é medida pela condutância. Se uma mesma fonte de tensão é ligada a diferentes metais, aqueles que possuírem uma condutância relativa maior permitirão maior fluxo de corrente. Na figura acima temos o gráfico das barras que fornece a condutância relativa d alguns metais semelhantes. A prata possui a maior condutância; entretanto, o cobre é mais utilizado por ser mais barato que a prata. Atribui-se ao cobre uma condutância relativa unitária, sendo que os outros metais são classificados em comparação ao cobre. O tungstênio, por exemplo, que é utilizado nas lâmpadas de filamento, possui somente 0,312 da condutância do cobre. Portanto, o cobre permitirá um fluxo de corrente 3 vezes maior do que o tungstênio, se ambos ligados na mesma fonte de energia. 23 Resistência O termo condutância é utilizado para descrever a facilidade de um material conduzir a corrente elétrica. Podemos dizer também que materiais de baixa condutância se opõem ou resistem à passagem da corrente elétrica. Alguns materiais, entretanto, oferecem maior resistência ao fluxo de elétrons do que outros. Realmente, esta é a forma com que os materiais são relacionados no campo da eletricidade. Se cortássemos, de forma padronizada, um pedaço de cada um dos metais mais comuns e ligássemos estes pedaços a uma bateria, um por vez, encontraríamos diferentes intensidades de corrente elétrica. É que cada metal possuía uma resistência diferente ao movimento de elétrons. A forma padrão, normalmente usada no teste de resistência dos metais, é um cubo de 1 centímetro de aresta. O gráfico de barras mostra a resistência de alguns metais mais comuns comparados com o cobre. A prata é melhor condutor do que o cobre porque possui menor resistência. O níquel-cromo apresenta uma resistência 60 vezes maior do que a do cobre, ou seja, no cobre circulará 60 vezes mais corrente do que no níquel-cromo, se eles forem ligados, separadamente, à mesma bateria. Como a resistência pode ser diminuída A resistência de qualquer material, efetivamente, depende do número de elétrons livres que ele tem disponível. Conforme foi visto, a corrente elétrica é medida em ampéres; 1 ampére representa 6 280 000 000 000 000 000 de elétrons livres passando por um dado ponto de um fio em 1 segundo. Portanto, um bom condutor deve dispor de um número de elétrons livres que possibilite o fluxo de muitos ampéres. Como a corrente é uma medida do fluxo de elétrons por um ponto de um fio, pode-se aumentar a disponibilidade de elétrons aumentando-se a espessura da peça de metal, possibilitando um fluxo maior de corrente. Uma peça de cobre de 2 centímetros de altura e 1 centímetro de largura possui o dobro de elétrons livres, no ponto em que a corrente está sendo medida, do que uma peça de cobre de apenas 1 centímetro de altura e 1 centímetro de largura. A peça de altura maior conduzirá o dobro de corrente. Se a peça considerada tiver 2 centímetros de largura, a corrente também duplicará e a resistência cairá à metade novamente. Quando aumentamos a largura ou a altura de uma peça de metal, estamos aumentando sua área transversal. Quanto maior a área transversal de um condutor, menor será sua resistência. Como a resistência pode ser aumentada Aumentando a área transversal de um condutor, teremos um maior número de elétrons livres disponíveis para a formação da corrente, portanto, a resistência do condutor foi diminuída. Isso poderia levar à conclusão de 24 que o aumento do comprimento de uma peça de cobre poderia provocar o mesmo fenômeno. Porém, isso não ocorre. Emborauma peça de cobre de comprimento maior disponha de um número maior de elétrons livres, a quantidade extra de elétrons não é disponível ao longo da linha em que a corrente é medida. Realmente, cada comprimento de condutor possui uma certa resistência. Quando adicionamos um comprimento extra de cobre, efetivamente adicionamos mais resistência. Quanto maior o comprimento de um fio, maior será sua resistência. Como a resistência é variada Verificamos que a resistência de um pedaço de fio pode ser aumentada ou diminuída, pelo acréscimo ou decréscimo de seu comprimento. Da mesma forma, podemos diminuir ou aumentar a resistência, através do acréscimo ou decréscimo de sua área transversal. Se dobrarmos o comprimento de um fio, sua resistência também dobrará. Devido a essa relação, dizemos que a resistência de um fio é diretamente proporcional ao seu cumprimento. Se dobrarmos a área transversal de um fio, sua resistência cai à metade. Devido a isso, dizemos que a resistência do condutor é inversamente proporcional à sua área transversal. Portanto, escolhendo-se um metal adequado para um condutor podemos, através da variação do comprimento e da área transversal, obter qualquer valor de resistência desejado. O efeito da temperatura Os valores relativos de resistência vistos até agora se aplicam aos metais à temperatura ambiente. Para temperaturas mais altas ou mais baixas, as resistências de todos os materiais têm seu valor alterado. Na maior parte dos casos, quando a temperatura de um material sobe, sua resistência cresce. Porém, em outros materiais, o aumento da temperatura provoca a diminuição da resistência. A variação da resistência de m material para uma variação de 1 grau de temperatura é 25 chamada coeficiente de temperatura. As palavras positivo e negativo são utilizadas para mostrar se a resistência aumenta ou diminui com a temperatura. Se a resistência de um material aumenta quando a temperatura cresce, dizemos que ele possui um coeficiente de temperatura negativo. A unidade de resistência Durante o início do século XIX, o cientista alemão Georg Simon Ohm realizou muitas experiências com a eletricidade e fez algumas das primeiras descobertas sobre a natureza da resistência elétrica. Em sua homenagem, a unidade de resistência é chamada ohm. Um condutor possui uma resistência de 1 ohm quando uma fem de 1 volt provoca a passagem de corrente de 1 ampére através desse condutor. Se, por exemplo, a fem de 1 volt causasse uma corrente de ½ ampére, a resistência seria de 2 ohms. Através dessa relação, podemos determinar a resistência exata de um condutor de qualquer tipo, forma e tamanho. Os valores de resistência variam desde frações de ohms até quilohms (1000 ohms) e megohms (1000000 ohms). O símbolo de ohm é a letra omega (�). Resistores Freqüentemente, quando conectamos uma carga a uma fonte de tensão fixa, a corrente resultante no circuito é excessiva. Isso ocorre quando a resistência da carga é muito pequena ou a tensão de saída da fonte é muito alta. A corrente poderia ser diminuída pela redução da tensão da fonte, mas geralmente é impossível, ou pelo menos impraticável. Como já sabemos, a única maneira de reduzir a corrente é adicionar resistência ao circuito. Isso pode ser feito pelo aumento da resistência da fonte de tensão, da carga ou dos fios de ligação. 26 Entretanto, as resistências da fonte e da carga são características do circuito e não podem ser alteradas; a resistência da fiação, por sua vez, é tão baixa que seriam necessários vários quilômetros de fios para se obter um aumento de alguns ohms na resistência total do circuito. Poderíamos utilizar, também, fios de ligação de resistência maior e, realmente, esse método já teve aplicação prática no passado. Nesse caso, porém, seria necessário uma grande variedade de tipos de fios para interligar as partes de um circuito. O método adotado na prática consiste em aumentar a resistência do circuito sem variar muito suas dimensões e o material que o constitui. O componente do circuito elétrico que permite a realização desse método é o resistor. Os resistores são utilizados para adicionar resistência a um circuito elétrico. Basicamente, são materiais que oferecem alta resistência ao fluxo de corrente. Os materiais mais utilizados para a construção dos resistores são carvão e ligas especiais de metal, tais como o níquel-cromo, constantan e manganina. Um resistor é ligado ao circuito de tal modo que a corrente que passa através dele é a mesma que passa pela carga e pela fonte. A resistência total do circuito é, então, a soma das resistências individuais da carga, da fonte, da fiação e do resistor. Portanto, podemos concluir que adicionando um resistor apropriado ao circuito, sua resistência poderá ser alterada para qualquer valor, na maioria dos casos. Tolerância A característica básica de qualquer resistor é o número de ohms de resistência que este possui. Esse número é chamado de valor do resistor e, normalmente, vem indicado, sobre o próprio resistor. Entretanto, o valor marcado constitui, apenas, um valor “nominal”; o valor real pode ser um pouco maior ou menor que o nominal. Isso ocorre porque os resistores são produzidos em grande número e, assim como todos os artigos produzidos em série, ocorrem variações durante o processo de fabricação. Para que essa variação seja levada em consideração, os resistores são marcados com uma tolerância. A tolerância do resistor, em geral, é dada em porcentagem e indica a variação permissível da resistência real, acima ou abaixo do valor nominal. Portanto, um resistor de 100 ohms e 10% de tolerância pode, efetivamente, ter uma resistência de qualquer valor entre 900 e 110 ohms. As tolerâncias mais comuns são 20, 10, 5 e 1%. Quanto menor a tolerância, mais alto se torna o custo de um resistor. Resistores de carvão Muitas vezes, as características exigidas de um resistor não são muito severas sendo necessário, apenas, que ele realize uma certa função com o menor custo possível. Nesses casos, o mais usado é o resistor de carvão. O tipo mais comum de resistor de carvão consiste, basicamente, de um elemento resistivo constituído de carvão em pó, um invólucro tubular plástico para lacrar e proteger o elemento resistivo e terminais condutores para ligar o 27 resistor ao circuito. Conforme pode ser visto no gráfico da p. 18, o carbono possui uma resistência 2030 vezes maior do que a do cobre. Portanto, para se obter uma alta resistência, é preciso apenas uma pequena quantidade de carvão. O carvão em pó é misturado com um material isolante, denominado aglutinante, e o valor da resistência depende das quantidades relativas de carvão e do material aglutinante utilizado. Os resistores de carvão são construídos com resistências que variam entre valores menores do que 10 ohms até valores acima de 20 milhões de ohms (20 M�), e com tolerâncias de 20, 10 e 5%. Estão sujeitos a superaquecimento quando submetidos a altas correntes e possuem altos coeficientes de temperatura. Entretanto, possuem como vantagens: pequeno tamanho, rigidez mecânica e baixo custo. Em geral, os resistores de carvão são utilizados em aplicações que não envolvem altas correntes e não exigem tolerâncias muito pequenas. Resistores de fio Os dois principais inconvenientes dos resistores de carvão são a baixa capacidade de corrente e a dificuldade em se obter tolerâncias pequenas. Ambas as limitações podem ser eliminadas, em troca de um custo mais alto, utilizando-se elemento resistivo constituído por uma resistência de fio especial, ao invés de carvão em pó. Normalmente, torna-se necessário um fio de comprimento bastante grande, para obter os valores usuais de resistência; para diminuir o tamanho do resistor, o fio éenrolado em torno de um núcleo. O resistor obtido por esse método é conhecido como resistor de fio. Existem, basicamente, dois tipos de resistores de fio: o de potência e o de precisão. O primeiro é usado em circuitos submetidos a correntes altas, ao passo que o segundo é utilizado nos casos em que se exige uma pequena tolerância. Nos dois casos, um fio de liga especial é enrolado em torno de um núcleo isolante e, então, é aplicada uma capa de um material plástico, cerâmico, ou outro isolante. Nas extremidades do enrolamento são fixadas as capas de metal em cada um dos extremos do núcleo. As capas possuem alguma forma de terminal para ligar o resistor ao circuito. As altas correntes que percorrem um resistor de potência geram uma grande quantidade de calor que deve ser dissipado ou transferido ao ar circundante. Por esta razão, esses tipos de resistores são de grandes dimensões, pois quanto maior o tamanho da área de superfície de um corpo, maior será a quantidade de calor que ele poderá transferir. Os resistores de fio de potência possuem resistências que variam entre alguns ohms e milhares de ohms (K), com tolerâncias de 10 ou 20%. Os resistores de fio de precisão têm resistências mais baixas, chegando a valores de ordem de 0,1 ohm e tolerâncias bem pequenas, de até 0,1%. Para se obter tolerâncias pequenas, os materiais e métodos utilizados são de alto custo e, conseqüentemente, os resistores de precisão são bastante caros. 28 Resistores de película Os resistores de película podem ser considerados como um meio-termo entre os resistores de carvão e os resistores de fio de precisão. Eles apresentam um pouco da precisão e estabilidade do resistor de fio, entretanto, são de tamanho menor, de maior resistência mecânica e de menor custo. Os resistores de película, normalmente, são obtidos pela deposição, através de um processo especial, de uma fina película de material resistivo sobre um tubo de vidro ou cerâmica. Os terminais para ligação do resistor ao circuito são colocados nas extremidades do tubo e, em seguida, uma capa isolante é moldada em torno da unidade, para proteção da mesma. A resistência de um resistor de película é determinada pelo material e pela espessura da película. Geralmente, a espessura utilizada se situa entre 0,0002 e 0,000 0002 milímetros. Deste modo, podemos verificar a razão porque estes resistores são denominados de resistor de película fina. Resistores fixos Vimos, até esse ponto, que os resistores são classificados de acordo com os materiais que compõem os elementos resistivos. Existe, porém, outra maneira de classificá-los. Isto é feito pelo valor da resistência que pode ser fixo e invariável ou que pode ser variado. Os resistores vistos até agora são de dois terminais, cada um deles ligado a uma extremidade do elemento resistivo; quando esses resistores são ligados ao circuito, sua resistência total é adicionada ao circuito. Portanto, um resistor fixo possui um único valor de resistência. Existe, entretanto, um tipo de resistor fixo que apresenta mais de um valor de resistência; esse resistor, além dos dois terminais normais, possui um ou mais terminais situados entre as extremidades do elemento resistivo. Ligando-se esses terminais ao circuito, podemos obter diferentes valores de resistência; contudo, cada uma das resistências continua tendo um valor fixo. Esse tipo de resistor é denominado resistor com derivação. Os resistores fixos podem ser de carvão, fio ou película. Resistores ajustáveis Conforme foi visto no item anterior, os resistores fixos não possuem flexibilidade em relação à resistência, pois esta tem valor único que não pode ser variado. O resistor com derivação oferece alguma flexibilidade, pois dispõe de mais de um valor de resistência. Entretanto, o número de resistências que podemos obter de um resistor com derivação normalmente é limitada a três ou quatro. Muitas aplicações exigem um resistor com derivação normalmente é limitado a três ou quatro. Muitas aplicações exigem um resistor que ofereça uma faixa de valores de resistência, desde zero até um valor máximo; por exemplo, um resistor que pudéssemos ajustar algum valor desde 29 0 até 100 ohms, ou talvez de 0 até 25 K. Um tipo de resistor que permite esse ajuste é o resistor ajustável. Ele é semelhante a um resistor fixo de fio com derivação mas eu enrolamento é exposto em toda sua extensão. Uma braçadeira móvel, com um terminal fixado, está em contato com o enrolamento e pode se mover ao longo do comprimento do enrolamento. A resistência entre o terminal móvel e um dos terminais das extremidades depende, então da posição em que se encontra a braçadeira móvel. Os resistores ajustáveis não são construídos para serem ajustados freqüentemente. Em geral, o ajuste é realizado no momento da instalação do resistor no circuito para o valor de resistência exigido e, então, não mais alterado. Resistores variáveis Em muitos dispositivos elétricos um valor de resistência deve ser freqüentemente variado. Como ocorre com o controle de volume do rádio, o controle de brilho de um aparelho de televisão, o redutor da intensidade de luz elétrica ou o controle de velocidade de um motor. Nesses casos, não poderíamos utilizar um resistor ajustável, pois o ajuste seria difícil e demorado. O resistor utilizado deve ser continuamente variável, dentro de uma certa faixa de resistência, o mesmo que o resistor ajustável, e deve também, ser facilmente variado e resistir a ajustes freqüentes. Os resistores que apresentam essas características são denominados resistores variáveis. Normalmente, um resistor variável consiste em um elemento resistivo de forma circular, envolvido por um invólucro. Esse elemento pode ser de carvão, de fio ou de película. Um contato móvel desliza sobre o elemento resistivo, fazendo contato elétrico com o mesmo. O contato móvel é deslocado por meio de um eixo. A resistência entre as extremidades do elemento resistivo e o contato móvel depende da posição do eixo. As extremidades e o contato móvel estão ligados a terminais externos. Quando todos os três terminais estão ligados ao circuito, o resistor é denominado potenciômetro. Se ligarmos apenas o terminal central e um dos terminais das extremidades, o resistor é chamado de reostato. Em alguns casos, o reostato é construído sem o terminal central e um dos terminais das extremidades, o resistor é chamado de reostato. Em alguns casos, o reostato é construído sem o terminal da extremidade que não será utilizado. É bom lembrar que os potenciômetros e reostatos são resistores variáveis; a diferença entre ele está na maneira pela qual são utilizados no circuito. Código de cores para resistores Todos os resistores possuem os valores de suas resistências marcadas obre eles, de alguma maneira. Primeiramente, poderíamos supor que isto sempre seria feito usando números; por exemplo, 50 ohms ou 1000 ohms. Os resistores de maior potência, resistores de precisão e resistores variáveis possuem este tipo de 30 marcação, entretanto isto é impraticável para resistores de carvão de pequeno tamanho. Esses resistores são geralmente muito pequenos para terem este tipo de marcação. Além disso, eles possuem a forma cilíndrica com terminais axiais, e podem ser fisicamente montados no circuito em qualquer posição. Além disso, eles possuem a forma cilíndrica com terminais axiais, e podem ser fisicamente montados no circuito em qualquer posição. Se os valores de suas resistências fossem marcados com números, existiria uma boa chance desses números ficarem escondidos, quando os resistores fossem ligados num circuito. Naturalmente, a marcação dos números poderia ser feita em torno do resistor, mas seria difícil e aumentaria os custos da produção. Este problema foi resolvido, utilizando-se uma série defaixas coloridas em torno do resistor, para indicar os valores de suas resistências. As posições das faixas e suas cores são estabelecidas pelo código de cores que indicam os valores das resistências. Um único código de cores padrão foi adotado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos e pela Associação de Indústrias Eletrônicas (EIA) para resistores fixos de terminal axial de carvão. Código de cores padrão para resistores Primeiro algarismo significativo: A cor da primeira faixa indica o primeiro algarismo do valor do resistor. Por exemplo, usando a Tabela de Código de Cores, se esta faixa for amarela, o primeiro algarismo será 4. Segundo Algarismo Significativo: A cor da segunda faixa indica o segundo algarismo do valor do resistor. Por exemplo, usando a Tabela de Código de Cores, se esta faixa for preta, o segundo algarismo será 0. Fator de Multiplicação: a cor da terceira faixa indica quantas vezes deve-se multiplicar o número formado pelos dois primeiros algarismos para se obter o valor da resistência. Por exemplo, usando a Tabela de Código de Cores, se esta faixa for verde, o número formado pelos dois primeiros algarismos devem ser multiplicados por 100.000. Esta faixa também pode ser observada como a indicação do número de zeros que devem ser adicionados após o segundo algarismo. Quando usada desta maneira, o número de zeros será aquele mostrado na coluna de Algarismos Significativos da Tabela de Código de Cores. Por exemplo, se a faixa for laranja, adiciona-se três zeros após o segundo algarismo. Se a terceira faixa for dourada ou prateada, o fator de multiplicação deve ser usado. Lei de Ohm Como foi estudado anteriormente, num circuito fechado a tensão provoca o fluxo de corrente e a resistência se opõe a este fluxo. Portanto, deve existir uma relação entre tensão, corrente e resistência. Essa relação foi estabelecida por uma série de experiências realizadas por Georg Simon Ohm que, conforme vimos na p. 23, é o cientista de cujo nome provém a unidade de resistência. Ohm descobriu que se a resistência num circuito for mantida constante, aumentando-se a tensão da fonte, haverá um aumento no valor da corrente. Analogamente, um decréscimo da tensão corresponderá a um decréscimo 31 da corrente. Em outras palavras, Ohm concluiu que, num circuito DC, a corrente é diretamente proporcional à tensão. Ohm descobriu, também, que se a tensão da fonte for mantida constante, enquanto se aumenta a resistência do circuito, a corrente diminuirá. Da mesma forma, uma diminuição da resistência implicaria um aumento da corrente. Em outras palavras, a corrente é inversamente proporcional à resistência. A relação entre corrente, tensão e resistência, num circuito DC, é conhecida como Lei de Ohm, e pode ser assim enunciada: num circuito DC, a corrente é diretamente proporcional à tensão e inversamente proporcional à resistência. Equações Rigorosamente falando, a Lei de Ohm é apenas a expressão de uma proporcionalidade e não uma equação matemática. Entretanto, considerando a corrente em ampéres, a tensão em volts e a resistência em ohms, a Lei de Ohm pode ser expressa pela equação: I = E/R que estabelece que a corrente (I) é igual à tensão (E) dividida pela resistência ®. Duas variações dessa equação são muito utilizadas na análise de circuito DC: R = E/I que estabelece que a resistência ® é igual à tensão (E) dividida pela corrente (I) e E = IR estabelece que a tensão (E) é igual à corrente (I) multiplicada pela resistência ®. Determinação da corrente Algumas vezes, provavelmente, teremos que calcular a corrente de um circuito. Sabemos que isto pode ser feito, utilizando-se a Lei de Ohm; portanto, o primeiro passo é decidir qual, dentre as equações da Lei de Ohm, devemos aplicar. Um método prático consiste em descobrir os termos que são conhecidos e os desconhecidos. Em qualquer equação, o termo desconhecido é aquele cujo valor queremos determinar, e é escrito à esquerda do sinal de igualdade. Os valores conhecidos são os termos restantes da equação e são colocados à direita do sinal de igualdade. No exemplo ilustrado queremos determinar o valor da corrente, ou seja, o termo desconhecido é I. A equação da Lei de Ohm em que I é o termo desconhecido é: I = E/R Portanto, essa é a expressão utilizada para o cálculo da corrente num circuito, através da Lei de Ohm. 32 O diagrama abaixo mostra um resistor de 20 ohms usado como carga, em um circuito alimentado por uma bateria de 100 volts. Sendo a corrente nominal máxima do resistor de 8 ampéres, esse valor será excedido quando a chave for fechada? Depois de lê a questão e analisar o diagrama, podemos constatar que existem duas questões: (1) qual a corrente que passa por um resistor de 20 ohms ligado a uma bateria de 100 volts e (2) essa corrente é maior do que 8 ampéres? A primeira questão indica que a variável desconhecida é a corrente, isto é, usamos a equação I = E/R. I = E/R = 100 volts/20ohms = 5 ampéres A segunda questão é respondida por simples comparação. Como a corrente obtida é de 5 ampéres, o valor nominal de 8 ampéres do resistor não é excedido. Considerando a mesma corrente nominal por simples comparação. Como a corrente obtida é de 5 ampéres, o valor nominal de 8 ampéres do resistor não é excedido. Considerando a mesma corrente nominal de 8 ampéres, o que aconteceria se um resistor de 10 ohms fosse usado no lugar do resistor de 20 ohms? A equação I = E/R é usada novamente. I = E/R = 100 volts/10 ohms = 10 ampéres Portanto, a corrente excede o valor nominal de 8 ampéres; o resistor, provavelmente, “queimará”. Cálculo da resistência A equação da Lei de Ohm para o cálculo da resistência é: R = E/I Usando esta equação, podemos escolher o tamanho adequado do resistor que deve ser ligado ao circuito; ou determinar a resistência do resistor; ou de uma carga qualquer já existente no circuito. No circuito acima, temos uma corrente de 3 ampéres quando o reostato é ajustado na metade de sua faixa. Qual o valor da resistência adicionada ao circuito? A questão, na realidade, é a seguinte: Qual o valor de uma resistência, percorrida por uma corrente de 3 ampéres, quando submetida a uma tensão de 60 volts? Como a incógnita é a resistência, devemos usar a equação R = E/I. R = E/I = 60 volts/3 ampéres = 20 ohms No mesmo circuito, qual a resistência que o reostato deve apresentar para que a corrente seja igual a 6 ampéres? A resistência é, novamente, a incógnita e usamos a equação R = E/I. R = E/I = 60 volts/6 ampéres = 10 ohms Portanto, para dobrar o valor da corrente, a resistência deve cair à metade. 33 Cálculo da tensão A equação da Lei de Ohm para o cálculo da tensão é: E = I/R Se a lâmpada da figura possuir uma resistência de 100 ohms e a corrente for igual a 1 ampére, quando a chave for fechada, qual será a tensão de saída da bateria? Após analisar o circuito, verificamos que a questão é a seguinte: Qual deve ser o valor da tensão que provoca o fluxo de uma corrente de 1 ampére através de uma resistência de 100 ohms? A variável desconhecida é a tensão, portanto usamos a equação E = IR. E = I/R = 1 ampére x 100 ohms = 100 volts Se a corrente do circuito fosse de apenas 0,5 ampére, qual deveria ser a tensão da bateria? Novamente, usamos a expressão E = IR: E = IR = 0,5 ampére x 100 ohms = 50 volts Portanto, a corrente se reduz à metade quando a tensão da fonte cai à metade. Potência Sabemos que a função da fonte de energia, num circuito elétrico, é a de fornecer energia elétrica à carga; esta utiliza a energia para realizar trabalho. Nesse processo, a carga consome a energia e esta é a razão pela qual as pilhas e baterias se descarregam e necessitam ser trocadas ou recarregadas. A quantidade de trabalho