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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO 
DIRETORIA DE ENSINO E CULTURA 
ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS 
“CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO” 
 
 
 
CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE 
POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO 
DA ORDEM PÚBLICA 
 
APOSTILA DE DIREITO PENAL MILITAR 
 
 
 
Departamento de Ensino e Administração 
Divisão de Ensino e Administração 
Seção Técnica e Seção Pedagógica 
 
 
 
 
APOSTILA ATUALIZADA EM MAIO DE 2014 
 
 
 
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DIREITO PENAL MILITAR 
 
É aplicado no Brasil desde o tempo do Império, quando a família real veio para o Brasil e 
organizou o primeiro Tribunal que a nação conheceu, o Supremo Conselho Militar e de 
Justiça, que posteriormente se transformou no Superior Tribunal Militar (STM). 
É o ramo do Direito relacionado à legislação das Forças Armadas. Tem sua origem no Direito 
Romano, onde era utilizado para manter a disciplina das tropas da Legião Romana. É 
conhecido como Direito Castrense, ou seja, palavra de origem latina, que designa o direito 
aplicado nos acampamentos do Exército Romano. 
O vigente Código Penal Militar (CPM) data de 1969 e alcança os integrantes das Forças 
Armadas, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. 
Aplicação da Lei Penal Militar 
1) Reserva Legal: “art 1º - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal”. 
2) Irretroatividade da Lei: a mais benéfica retroage ( excetua-se os efeitos de natureza civil). 
3) Lei excepcional ou temporária: aplica-se ao fato praticado durante sua vigência mesmo depois 
de finda. 
4) Tempo: ação/atividade ( ex: atirou, com vontade de matar dia 01; morreu dia 30). 
5) Local: ação ou resultado- ( ex: atirou em São Paulo; morreu no Paraná). 
6) Aproveitamento de Pena estrangeira: computação, atenuante. 
Art. 122 CF: trata sobre o STM; Tribunais Militares e Juízes Militares (Conselhos de 
Justiça). 
Art. 124 CF: “ à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em 
lei”. 
Art. 125 CF: “ Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos 
nesta Constituição. 
§ 3º A lei estadual poderá criar mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar 
Estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, 
em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos 
Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os policiais militares e bombeiros 
militares nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares 
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao Tribunal 
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. 
 
 
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§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os 
crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, 
cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os 
demais crimes militares. 
O CPM (Código Penal Militar) é integrante do sistema jurídico nacional – (Sistema 
harmônico). 
Parte geral: 
Crimes militares em tempo de paz; 
Crimes militares em tempo de guerra. 
Parte especial: 
Títulos penais em tempo de paz; 
Títulos penais em tempo de guerra. 
Art.9º Crimes militares em tempo de paz (tipicidade indireta) (crimes propriamente militares). 
Inciso I- ( federal- qualquer agente), estadual: militar da ativa. 
Inciso II- por militar. 
Inciso III- inativos ou civis. 
Art.42 CF- Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições 
organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Territórios. 
 
CRIMES PROPRIAMENTE MILITARES E IMPROPRIAMENTE MILITARES 
Doutrinariamente, identificam-se dois tipos de crimes militares, a saber: 
I-Crimes propriamente militares: 
São aqueles somente definidos no CPM(art.9º,incisoI). São delitos em que ocorrem infrações 
específicas e funcionais da vida militar, os quais ofendem diretamente a instituição e cujas 
hipóteses delituosas estão previstas nos títulos I,II,III e IV da parte especial do CPM. 
São exemplos de crimes propriamente militares: o motim, a revolta, a insubordinação, a 
deserção, a falta do cumprimento do dever, o abandono de posto e o atentado contra a 
soberania nacional. 
II- Crimes impropriamente militares. 
São crimes igualmente definidos no CPM (art. 9º inciso II) e na lei penal comum e que, por 
um artifício legal, tornam-se militares por se enquadrarem em uma das várias hipóteses do 
inciso referido, sendo seu requisito fundamental de aplicabilidade a condição de militar da 
ativa do agente. 
 
 
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Obs: No tocante à Justiça Militar Estadual cumpre destacar que, por força do art.125, 
parágrafo 4º da CF e art. 81 da Constituição Estadual, compete a ela processar e julgar 
militares estaduais e não civis. 
Portanto, o civil não figura como indiciado em Inquérito Policial Militar na esfera estadual. 
Cumpre ainda ressaltar que nos crimes impropriamente militares, as condições, circunstâncias 
e locais de ocorrência que os caracterizam estão relacionadas no inciso II do art.9º do CPM. 
 
DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ 
( art.9º do CPM) 
As infrações penais militares são definidas pela lei penal no art. 9º, inciso I, II, e III do 
Código Penal Militar, conforme abaixo: 
Art.9º- Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I- Os crimes de que trata este código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, 
ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial: trata dos crimes 
cuja previsão só ocorre no CPM, como o crime de insubmissão, desacato a superior e dormir 
em serviço; não encontrados no Código Penal Comum. Cabe ressaltar que a Justiça Militar 
Estadual somente pode processar e julgar crimes militares cometidos por Policiais Militares. 
Difere da Justiça Militar Federal que processa e julga crimes militares cometidos por quem 
quer que seja(militares federais,estaduais ou civis).Logo, havendo atentado contra Quartel da 
Polícia Militar praticado por civil, responderá perante as lesões e danos a bem jurídicos 
perante a Justiça Criminal Comum. 
II-Os crimes previstos neste código, embora também o sejam com igual definição na lei penal 
comum, quando praticados: Ex: quando ocorre essa dupla previsão, é necessário verificar se o 
crime se encaixa em alguma hipótese deste inciso. Havendo o preenchimento de alguma 
dessas condições abaixo explicadas, o crime passa a ser militar e será julgado pela Justiça 
Militar. Usaremos o exemplo do crime de lesão corporal que é previsto tanto no Código Penal 
Comum- art.129, quanto no CPM- art.209. É portanto um crime que se transforma em militar 
se ocorrer alguma hipótese do art. 9º inciso II, alíneas “a”, “b”, “c”, “d” ou “e” do CPM. 
a)por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou 
assemelhado. Ex: caso um militar da ativa lesione a integridade física de outro militar da 
ativa, independente do local, não responde na Justiça Comum, mas sim na Militar. (militar 
contra militar-critério em razão da pessoa). 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado em lugar sujeito à administração 
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado ou civil. Ex: militar da ativa 
 
 
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que pratica lesão corporal no Quartel, Base Comunitária ou qualquer local sob a 
administração militar e a vítima é militar da reserva, reformado ou civil, responde na Justiça 
Militar. Se for contra militar da ativa, a hipótese que transforma o crime comum em militar é 
a alínea “a”. Basta estar em local militar, não precisa estar em serviço o militar da ativa. 
c) por militar em serviço,ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou 
em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar da 
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil. Esta hipótese se refere ao militar em serviço 
ou de folga, desde que em razão da função (prisão em flagrante estando de folga). Independe 
do local em que ocorre o delito, pode ser em via pública, basta que o militar esteja em serviço 
ou de folga, atue em razão da função policial militar que é a preservação da ordem pública. 
Independe a vítima: militar da reserva, reformado ou civil. Ex: PM em patrulhamento na via 
pública pratica lesão corporal contra civil. Outro exemplo: PM de folga e em trajes civis, 
usando arma particular presencia crime de roubo e para efetuar prisão em flagrante pratica 
lesão corporal contra meliante. Independe do local e independe da vítima ( se for militar da 
ativa, é também crime militar, porém recai na letra “a” do inciso II do art.9º), basta estar em 
serviço ou folga atuar em razão da função. 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva ou 
reformado, ou civil. Obs: aqui o crime se transforma em militar, quando o militar pratica em 
nosso exemplo lesão corporal contra militar da reserva, reformado ou civil em período de 
manobras ou exercício. Contra militar da ativa, recai no art.9º. 
e)por militar em situação de atividade , ou assemelhado, contra o patrimônio sob a 
administração militar ou a ordem administrativa militar. Obs: Não precisa estar em serviço 
para que o crime seja militar, basta ser militar da ativa e atentar contra a administração 
militar. Ex: Concussão, art.305 CPM-“ Exigir para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena- reclusão, de 2(dois) a 8 (oito) anos.” 
III- os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra ad 
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como 
os do inciso II, nos seguintes casos: Obs: o inciso III do art. 9º do CPM transforma o crime 
comum em militar quando praticado por civil, militar da reserva ou reformado. Cabe 
relembrar que a Justiça Militar Estadual não pode julgar crime militar praticado por civil, haja 
vista a CF restringir sua competência para processar e julgar crimes militares praticados por 
policiais e bombeiros militares. Assim, se um civil furta objeto em Quartel da PM responde 
por furto na Justiça Criminal Comum. Se civil furta objeto em Quartel das Forças Armadas, 
 
 
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responde por furto na Justiça Militar Federal. Para a Justiça Militar Estadual, este artigo é 
aplicado ao militar da reserva ou reformado, jamais o civil. Ainda, o crime deve ter por foco 
atentar contar as Instituições Militares (lesão corporal praticada por Soldado Reformado 
contra Militar da ativa é crime comum). 
a) contra o patrimônio sob administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; 
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação da atividade ou 
assemelhado, ou contra funcionário de Ministério Militar ou da Justiça Militar, no exercício 
de função inerente ao cargo 
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, 
exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
d) ainda que fora do lugar sujeito á administração militar, contra militar em função da 
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação de ordem 
pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em 
obediência a determinação legal superior. 
Parágrafo único: os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos 
contra civil, serão de competência da Justiça Comum (Tribunal do Júri). Parágrafo acrescido 
pela Lei 9.299/96. 
Cabe lembrar que os crimes não previstos na parte especial do CPM, jamais poderão ser 
julgados pela Justiça Militar, seja seu autor militar, seja contra militar. Ex: porte de arma, 
prática de racismo, abuso de autoridade, tortura; sempre julgados pela Justiça Comum, ainda 
que praticados por militar, ou seja que a vítima seja militar, por falta de tipificação no CPM. 
Ainda, os crimes dolosos contra a vida de civil são da competência do Tribunal do Júri, por 
expressa disposição constitucional (art.125 §4º da CF “ Compete à Justiça Militar Estadual 
processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações 
judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima 
for civil, cabendo ao Tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos 
oficiais e da graduação das praças”). 
 
CRIMES MILITARES EM TEMPO DE GUERRA 
Art.10. Consideram-se crimes militares em tempo de guerra: 
I- os especialmente previstos neste código para o tempo de guerra; 
II- os crimes militares previstos para o tempo de paz; 
III- os crimes previstos neste código, embora também o sejam com igual definição na lei 
penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: 
 
 
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a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou 
as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do 
País ou podem expô-la a perigo; 
IV- os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste código, 
quando em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro militarmente 
ocupado. 
 
MILITAR - CONCEITO 
Art.22- É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em 
tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às Forças Armadas, para nelas servir em posto, 
graduação, ou sujeição à disciplina militar. 
 
SUPERIOR - CONCEITO 
Art.24-O militar que, em virtude de função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou 
graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal. 
 
 TÍTULO IV 
 DO CONCURSO DE AGENTES 
Coautoria 
Art.53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas. 
Condições ou circunstâncias pessoais 
§1º. A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, 
determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim as 
condições ou circunstâncias da caráter pessoal, salvo quando elementares ao crime. 
Cabeças 
§4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, 
provocam, instigam ou excitam a ação. 
§5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados 
cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial. 
Obs: Cabeça: esta nomenclatura existe apenas no CPM. 
 
Casos de impunibilidade. 
 
 
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Art.54- O ajuste, salvo determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, 
não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
TÍTULO II 
DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR 
Capítulo I 
DO MOTIM E DA REVOLTA 
Visa o legislador proteger a autoridade dos superiores e também a disciplina militar, inibindo 
reuniões que tenham o cunho de afrontar os regimentos disciplinares, administrativos e 
operacionais. 
Motim 
Art.149-Reunirem-se militares ou assemelhados: 
I-agindo contra a ordem recebida de superior ou negando-se a cumpri-la; 
II-recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando 
violência; 
III-assentindo em recusa conjunte de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, 
contra superior; 
IV-ocupando Quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência 
de qualquer deles,hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se 
de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, 
em desobediência à ordem superior ou em detrimento da ordem ou de disciplina militar. 
Pena-reclusão de 4 (quatro) a 8(oito) anos, com aumento de um terço para os cabeças. 
Obs: bastam dois militares para se configurar o crime. 
Revolta 
Parágrafo único- Se os agentes estavam armadas: 
Pena: reclusão de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças. 
Caracteriza o motim a franca disposição dos militares na recusa em obedecer à ordem legal de 
superior usando os amotinados, às vezes, de resistência com violência. 
Vale lembrar que o CPM diz que conceito de superior se traduz da seguinte maneira: “o 
militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre o outro de igual posto ou 
graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar”. 
Na verdade, a revolta é uma forma qualificada do crime de motim. 
Assim, o que caracteriza a revolta é motim onde os agentes se encontram armados. 
 
 
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Deve-se ressaltar que o legislador prevê aumento de pena para os cabeças do motim ou da 
revolta, aumentando-a em um terço para os líderes dos delitos. 
Obs: o crime de motim e de revolta exige-se mais de dois agentes para a caracterização do 
delito, que é cometido por grupos. Diz também o artigo da figura do assemelhado, entendido 
como tal servidor, efetivo ou não, da organização militar, em virtude de lei ou regulamento. 
Organização de grupo para a prática de violência 
Art.150 – Organização de grupo para a prática de violência 
Reunirem-se dois o mais militares ou assemelhados com armamento ou material bélico, de 
propriedade militar, praticando violência à pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar 
sujeito ou não à administração militar. 
Pena: reclusão de quatro a oito anos. 
Omissão de Lealdade Militar 
Art.151- Omissão de lealdade Militar. 
Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta de 
cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os 
meios ao seu alcance para impedi-lo. 
Pena: reclusão de três a cinco anos. 
Verifica-se, no tipo penal em estudo, que duas são as formas de cometimentos de omissão de 
lealdade militar: 
1)deixar de levar ao conhecimento do superior; e 
2)estando presente ao ato criminoso, não tentar impedi-lo. 
Deve-se salientar que o agente deste delito não se confunde com o crime de motim, mas sim 
aquele que apesar de não participar do delito de motim, omite-se em impedir sua consumação. 
 
Conspiração 
Art.152- Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 
149: 
Pena- reclusão, de três a cinco anos. 
Isenção da pena 
Parágrafo único: é isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando era ainda 
possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou. 
Violência contra superior 
Art.157- Praticar violência contra superior: 
Pena-detenção, de três meses a dois anos. 
 
 
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Formas qualificadas 
§1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general; 
Pena: reclusão, de três a nove anos. 
§2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço. 
§3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime 
contra a pessoa. 
§4º Se da violência resulta morte: 
Pena- reclusão, de doze a trinta anos. 
§5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço. 
Violência contra militar de serviço 
Art.158: Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, 
vigia ou plantão: 
Pena: reclusão de três a oito anos. 
Formas qualificadas 
§1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço. 
§2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime 
contra a pessoa. 
§3º Se da violência resulta morte: 
Pena- reclusão, de doze a trinta anos. 
Desrespeito a superior 
Art.160- Desrespeitar superior diante de outro militar: 
Pena- detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço. 
Parágrafo único: Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o 
agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade. 
 
CAPÍTULO V 
DA INSUBORDINAÇÃO 
Recusa de Obediência 
Art.163- Recusar obedecer à ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou 
relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução: 
Pena: detenção de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
O crime caracteriza-se pela fala de subordinação, ou seja, não querer voluntariamente cumprir 
ordem legal determinada por superior. 
 
 
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A ordem deve ser legal, não importando se verbal ou escrita. Deve a mesma ter sido dada por 
superior. Para caracterização do delito em estudo é necessário que a ordem do superior verse 
sobre assunto ou matéria de serviço, Encontramos, então, consequentemente, o seu respaldo 
no dever que a própria lei regulamenta, ou na instrução imposta ao subordinado. 
Oposição à Ordem de Sentinela e Reunião Ilícita 
Art.164- Opor-se à ordem da sentinela: 
Pena: detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui faro mais grave. 
Publicação ou Crítica Indevida 
Art.166- Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar 
publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou qualquer 
resolução do governo. 
Pena: detenção de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
O tipo penal abrange tanto a publicação, sem licença, de documento oficial, como a crítica de 
ato superior à disciplina militar e a resolução do governo. 
 
TÍTULO III 
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILITAR 
DESERÇÃO 
Art. 187- “ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que 
deve permanecer, por mais de oito dias”. 
Pena: detenção, de seis meses a dois anos, se oficial, a pena é agravada. 
Inicialmente, antes de se tratar da deserção, necessário verificar o pressuposto do crime em 
questão, que é a ausência ilegal. Esta figura não configura norma penal militar, mas sim o 
caminho natural ao cometimento do delito capitulado no art. 187 do CPM, crime de deserção. 
Assim, a conduta do militar que, após término regular de seu afastamento como folga de 
serviço, conclusão de afastamento de ordem médica, término de licença sem vencimentos ou 
dispensa, não se apresenta à sua unidade de origem, dá condições para se iniciar a contagem 
do período de consumação em estudo, que se concretizará com o transcurso de oito dias fora 
da unidade. 
Enquanto perdurar somente a ausência ilegal, o PM estará sujeito a enquadramento disciplinar 
(RDPM-Lei Complementar nº 893/01) ou, mais precisamente, enquadrado no nº 2 do 
parágrafo 1º do art. 12 do citado regulamento. 
A conduta do ausente ofende basicamente a dignidade militar ou profissional, não se 
constituindo assim em crime propriamente dito. 
 
 
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Devemos esclarecer que a falta ao serviço, desde que não cientificada, também caracteriza 
marco inicial da contagem do prazo para a caracterização do crime de deserção. Começa a 
contagem do prazo a 00h00(zero hora) do dia imediatamente posterior ao que o PM deixou 
de apresentar-se ou tenha falta ao serviço. 
Entende-se que, no caso de falta ao serviço, em especial, até o horário previsto para término 
do mesmo, o PM estará apenas atrasado para cumpri-lo. No espaço de tempo entre o horário 
previsto para o término e à 00h00(zero hora) subsequente, estará o PM respondendo pela falta 
ao serviço. Por fim, após à 00h00 (zero hora) do primeiro dia seguinte ao términoprevisto do 
serviço, estará o PM em ausência ilegal. 
O tempo compreendido entre a formalização e a consumação da deserção é de 08(oito) dias, 
calculados como no caso de ausência ilegal. O início da ausência ilegal inclui-se ao início da 
contagem do prazo para a consumação do crime de deserção. 
O dispositivo refere-se a ficar fora da unidade em que serve por mais de 08 (oito) dias, sem a 
devida autorização legal. 
Segundo o art. 188 do CPM, incorre também nas penas do crime de deserção aquele que: 
I)não se apresenta no lugar designado, dentro de 08(oito) dias, findo o prazo de trânsito ou 
férias; 
II) deixa de apresentar à autoridade competente dentro do prazo de 08(oito) dias, contados 
daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado estado de 
sítio ou de guerra; 
III) tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro de 08(oito) dias; e 
IV) consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou simulando 
incapacidade. 
Resumo para consumação de deserção no caso de falta ao serviço: 
1)Se chegar até o horário previsto para o término do serviço, será enquadrado por chegar 
atrasado para o serviço. 
2)Se chegar após primeira 00h00(zero hora) seguinte ao término e antes da primeira hora 
(00h00): será enquadrado por falta ao serviço. 
3)Se chegar após primeira 00h00(zero hora) seguinte ao término do serviço e antes de 
completar 08(oito) dias: será enquadrado por ausência ilegal. 
4)Se chegar após 08(oito) dias da primeira 00h00(zero hora) seguinte ao término do serviço 
responderá pelo crime de deserção. 
 
 
 
 
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Abandono de Posto 
Art. 195- Abandono de Posto. 
Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou 
o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo: 
Pena: detenção de 03(três) meses a 01(um) ano. 
Nota-se pelo enunciado do artigo que o abandono se dá quando da inexistência de uma ordem 
superior ou um prévio aviso para que tal ocorra. 
Deve o PM estar devidamente escalado em um posto fixo de serviço ou ainda em qualquer 
lugar de serviço previamente determinado. Caracteriza também o abandono de posto a 
situação em que o PM deixa o serviço que lhe cumpria antes de termina-lo, conforme 
preestabelecido. 
A escala prévia mencionada pode ser tanto verbal como escrita. 
 É delito instantâneo, consuma-se com o abandono do local que deveria guarnecer. Posto é um 
lugar fixo, enquanto que lugar de serviço é local mais amplo (subsetor, setor, área). O 
abandono de posto visa proteger o dever militar, não havendo necessidade de dano para 
configurar o delito. Já o abandono do serviço ocorre com a retirada antes do término (Policial 
Militar que abandona o subsetor e dirige-se ao Quartel). 
Embriaguez em Serviço 
Art. 202- Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para 
prestá-lo. 
Pena: detenção de 06(seis) meses a 02(dois) anos. 
Note-se que, responde pelo crime tanto o PM que estando em serviço se embriaga, como 
aquele que se apresenta para o serviço embriagado. 
Dormir em Serviço 
Art.203- Dormir o miliar, quando em serviço, como Oficial de quarto ou de ronda, ou em 
situação equivalente, ou, não sendo Oficial em serviço de sentinela, vigia, plantão às 
máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante. 
Pena: detenção, de 03(três) meses a 01(um) ano. 
A situação do crime é específica: oficial, de serviço ou situação equivalente. 
Quando o militar não for oficial; quando estiver em serviço de sentinela, vigia, plantão, ronda 
ou serviços semelhantes. 
TÍTULO VII 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR 
Capítulo I 
 
 
13 
 
DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA 
Desacato a Superior 
Art.298- Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-
lhe a autoridade; 
Pena: reclusão, até 04(quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
Agravação da Pena 
Parágrafo único: A pena é agravada, se o superior é Oficial General ou Comandante da 
unidade a que pertence o agente. 
Obs: o superior deve estar na função ou a ofensa ser em razão dela. 
Desacato a Militar 
Art.299- Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão dela. 
Pena: detenção, de 06(seis) meses a 02(dois) anos, se o fato não constitui outro crime. 
Obs: Na Polícia Militar, se o fato é praticado por civil, este responderá pelo desacato do 
Código Penal Comum. 
Desacato a assemelhado ou funcionário 
Art.300- Desacatar assemelhado ou funcionário civil no exercício de função ou em razão dela, 
em lugar sujeito à administração militar. 
Pena: detenção, de 06(seis) meses a 02(dois) anos, se o fato não constitui outro crime. 
Ingresso Clandestino 
Art. 302- Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou 
em outro local sujeito à administração militar, por onde seja defeso ou não haja passagem 
regular, ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia. 
Pena: detenção, de 06(seis) meses a 02(dois) anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
CAPÍTULO VI 
DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL 
Violação do dever funcional com o fim de lucro 
Art.320- Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela administração militar, 
seu dever funcional para obter especulativamente vantagem pessoal, para si ou para outrem: 
Pena: reclusão, de 02(dois) a 08(oito) anos. 
Violação de sigilo funcional 
Art. 326- Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo ou função e que deva 
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em prejuízo da administração militar. 
Pena: detenção, de 06(seis) meses a 02(dois) anos se o fato não constitui crime mais grave. 
Patrocínio indébito 
 
 
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Art. 334- Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração 
militar, valendo-se da qualidade de funcionário ou de militar. 
Pena: detenção, de até 03(três) meses. 
 
CAPÍTULO VII 
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
MILITAR 
Usurpação de função 
Art. 335- Usurpar o exercício de função em repartição ou estabelecimento militar. 
Pena: detenção, de 03(três) meses a 02(dois) anos. 
Tráfico de Influência 
Art.336- Obter para si ou para outrem vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de 
influir em militar ou assemelhado ou funcionário de repartição militar, no exercício de função. 
Pena: reclusão, até 05(cinco) anos. 
Aumento da pena 
Parágrafo único: A pena é agravada, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também 
destinada ao militar ou assemelhado, ou ao funcionário. 
 
TÍTULO VIII 
 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR 
Desacato 
Art.341- Desacatar autoridade judiciária militar no exercício da função ou em razão dela. 
Pena: reclusão, até 04(quatro) anos. 
Coação 
Art. 342- Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou 
alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona, ou é chamada a 
intervir em inquérito policial, processo administrativo ou judicial militar. 
Pena: reclusão, até 04(quatro) anos, além da pena correspondente à violência. 
 
Auto - acusação falsa 
Art.345- Acusar-se, perante a autoridade, de crime sujeito à jurisdição militar, inexistente ou 
praticado por outrem. 
Pena: detenção, de 03(três) meses a 01(um) ano. 
Corrupção ativa de testemunha, perito ou intérprete 
 
 
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Art.347- Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, 
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, 
perícia, tradução ou interpretação, em inquérito policial, processo administrativo ou judicial, 
militar, ainda que a oferta não seja aceita. 
Pena: reclusão, de 02(dois) a 08(oito) anos. 
Desobediência à decisão judicial 
Art.349- Deixar, sem justa causa, de cumprir decisão da Justiça Militar, ou retardar ou fraudar 
o seu cumprimento.Pena: detenção, de 03(três) meses a 01(um) ano. 
Favorecimento pessoal 
Art. 350- Auxiliar a subtrair-se à ação da autoridade autor de crime militar, a que é cominada 
pena de morte ou reclusão. 
Pena: detenção, até 06(seis) meses. 
Favorecimento real 
Art. 351- Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado 
a tornar seguro o proveito de crime. 
Pena: detenção, de 03(três) meses a 01(um) ano. 
Inutilização, sonegação ou descaminho de material probante 
Art.352- Inutilizar, total ou parcialmente, sonegar ou dar descaminho a autos, documento ou 
objeto de valor probante, que tem sob guarda ou recebe para exame. 
Pena: detenção, de 06(seis) meses a 03(três) anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
ASSIS, Jorge César. Comentários ao Código Penal Militar. 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2001 
BRASIL, Decreto-Lei nº 1.001. de 21 de outubro de 1969, Institui o Código Penal Militar; 
COIMBRA, Cícero Robson. STREINFINGER, Marcelo. Apontamentos de Direito Penal 
Militar, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2005. 
COIMBRA, Cícero Robson. STREINFINGER, Marcelo. Apontamentos de Direito Penal 
Militar, volume 2. São Paulo: Saraiva, 2007.