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FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO (ART. 318, CP) DISPOSITIVO LEGAL Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990). CONCEITO Usando as palavras de Fernando Capez, sobre o conceito deste crime, no qual está disposto no artigo 318 do CP, é “facilitar, com infração de dever funcional, a pratica de contrabando ou descaminho (CP, art. 334): Pena – reclusão, de 3(três) a 8(oito) anos, e multa” (pena majorada pelo art. 21 da Lei n. 8.137/90. Segundo Hungria, o termo contrabando “vem de contra (oposição) e bando (edito, ordenança, decreto), e, em sentido amplíssimo, quer dizer todo comercio que se faz contra as leis”. Demais, continua o mesmo autor, “contrabando é, restritamente, a importação ou exportação de mercadorias cuja entrada no pais ou saída dele, é absoluta ou relativamente proibida, enquanto descaminho é toda fraude empregada para iludir, total ou parcialmente, o pagamento de impostos de importação, exportação ou consumo (cobrável este, na própria aduana, antes do desembaraço das mercadorias importadas)”. OBJETO JURÍDICO No presente caso, o Código Penal busca tutelar a Administração Pública, em especial o erário público, uma vez que, no descaminho, o Estado deixa de arrecadar impostos e, no contrabando, coloca em risco a ordem pública, uma vez que há a entrada ou saída, no país, de mercadoria(s) proibida. OBJETO MATERIAL No caso em tela, conforme entendimento de Greco (2014), o objeto material do delito é a mercadoria proibida, o imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo seu consumo, cujo pagamento fora iludido total ou parcialmente. NÚCLEO DO TIPO Facilitação do contrabando do descaminho por parte de funcionário público. SUJEITOS ATIVO E PASSIVO Sujeito ativo do crime é o funcionário público incumbido de impedir a prática do contrabando e do descaminho - (Rogério Sanches, 2018). Sujeito passivo é o Estado, principal interessado em coibir a criação de fortuna à custa do assalto ao erário público - (Rogério Sanches, 2018). ELEMENTO SUBJETIVO Caracteriza pelo dolo do agente, ou seja, vontade de facilitar o descaminho ou contrabando. A consciência de estar infringindo o dever funcional. Ressalta-se que nesta modalidade não há modalidade culposa. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA A consumação se dá com a efetiva facilitação, dada a ciência do agente de estar praticando seu dever funcional, não se importando com a completa ação do descaminho ou contrabando. É crime formal ou de consumação antecipada. A tentativa somente será possível quando tratar de facilitação ativa, caso em que a execução do crime admite fracionamento em vários atos - (Rogério Sanches, 2018). AÇÃO PENAL A ação penal é pública incondicionada. O CRIME NA LEI 9.099/95 Como leciona Rogério Sanches(2018), “a pena cominada ao delito não admite nenhum dos benefícios da Lei 9.099/95.” COMPETÊNCIA Por se tratar de crime praticado em detrimento dos interesses da União, o processo e julgamento competem à Justiça Federal, ainda que o funcionário criminoso seja estadual. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO ou OMISSIVO (o verbo nuclear facilitar é conduta que pode ser realizada tanto por ação quanto por omissão); CRIME DOLOSO (pois não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO ( o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar n o tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME UNISSUBSISTENTE ou PLERISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado ou não em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta). FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO E TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMAS DE FOGO O art. 318 do CP tipifica como crime a conduta daquele que facilitar, com infração do dever funcional, a prática de contrabando (art. 334). A maioria da doutrina entende que sujeito ativo de tal crime é exclusivamente o funcionário público, porquanto somente este teria dever funcional de repressão ao contrabando. Entretanto, como o art. 18 da Lei de Armas passou a prever como crime a conduta daquele que favorece a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente, entendemos que em decorrência do princípio da especialidade, quando se tratar de armas e acessórios, prevalecerá somente o delito deste art. 18, quer se trate de favorecimento praticado por funcionário público ou por particular. (Delmanto, Roberto – Leis especiais comentadas, 2014).