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Universidade Lúrio Faculdade de Engenharia Departamento de Engenharia Geológica Dinâmica de Solo e Minas Projecto de Pedreira Discente: Docente: Bianca C. Alberto Desejo Mechequene, Lic Mário Lucas Zamudine Cafuro, Lic Yuni Inxala Pemba, Novembro de 2019 2 Índice de figura Figura 1: Localização geográfica de Montepuez. ........................................................................... 6 Figura 2: Geologia local adaptado por autores. .............................................................................. 8 Figura 3 Ilustração do ciclo de produção do calcário ornamental. ............................................... 11 Figura 4: Ilustração das operações que compõem o método de desmonte da rocha. (SANTARÉM, 2010) .................................................................................................................... 11 Figura 5: método de desmonte. ..................................................................................................... 13 Figura 8: Sinais de Aviso. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) ................................ 21 Figura 9: Sinais de obrigação. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) ......................... 22 Figura 10: Sinais de salvamento ou de emergência. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) ............................................................................................................................................. 23 Figura 11: Sinais de material de combate a incêndio. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) ............................................................................................................................................. 23 Figura 12: Sinais de proibição. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) ........................ 24 Figura 13: Sinalização de matérias perigosas. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) . 24 Figura 14: Desenho esquemático da filosofia de concepção da recuperação paisagística. .......... 33 Figura 15:Metodologia preconizada para a lavra/recuperação. .................................................... 34 Índice de quadro Quadro 1: Aspectos a ter conta no cálculo de reserva. ................................................................. 10 Quadro 2: ilustração das várias operações que compõem o método de desmonte a utilizar na pedreira para desmonte dos blocos de rocha ornamental. ............................................................. 12 Quadro 3:Lista de actividades e riscos potenciais. ....................................................................... 17 Quadro 4: Meios utilizados para os diversos tipos de sinalização. ............................................... 20 Quadro 5: Significado e indicações associadas a cada cor de segurança. .................................... 21 3 Indice 1. DESCRIÇÃO DO PROJECTO ........................................................................................................................ 4 2. Localização e acesso do projecto .............................................................................................................. 6 3. Geologia local ............................................................................................................................................ 7 4. Calculo de Reserva .................................................................................................................................... 8 5. Circuito produtivo ................................................................................................................................... 10 5.1. Método de desmonte ...................................................................................................................... 11 6. PLANO DE SEGURANÇA ........................................................................................................................... 16 6.1. Medidas de Prevenção ..................................................................................................................... 17 6.2. Sinalização ........................................................................................................................................ 19 6.3. Tipos de sinais .................................................................................................................................. 19 7. AVALIAÇÃO DE IMPACTES AMBIENTAIS ................................................................................................. 25 7.1. Medidas de minimização ..................................................................................................................... 28 8. Plano ambiental e de recuperação paisagística (PARP) .......................................................................... 31 9. O PLANO DE DESACTIVAÇÃO .................................................................................................................. 34 9.1. Plano de monitorização ................................................................................................................... 35 10. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 36 4 1. DESCRIÇÃO DO PROJECTO A atividade mineradora é responsável pela maior parte da matéria-prima utilizada pela construção civil e pelas indústrias em geral. Ao longo dos anos, essa atividade tem beneficiado a humanidade possibilitando o desenvolvimento das cidades. O projeto da pedreira “Pedreira BIYUMAR” foi elaborado de acordo com as condições técnicas e geológicas da área. Trata-se, portanto, de um vasto documento técnico que descreve os métodos e técnicas associadas à atividade da pedreira e no qual se incluem o Plano de Lavra, o Plano de Segurança e Saúde, o Plano de Deposição ou Aterro, o Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP) e o Estudo de Viabilidade Económica, visto que se trata de uma pedreira da classe ou categoria 2. Salienta-se que, na conceção do projeto, foram já integrados os dados e as recomendações resultantes da elaboração do Estudo de Impacte Ambiental. Dentro dos principais objetivos que se pretendem alcançar com o Projeto referem-se os seguintes: Racionalizar o aproveitamento e a exploração do recurso mineral, minimizando potenciais impactes ambientais e compatibilizar a pedreira com o espaço envolvente em que se insere, durante e após as atividades de exploração; Reconverter paisagisticamente o espaço afetado pela pedreira, em concomitância com o desenvolvimento da lavra, através da implementação do Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP), possibilitando uma gradual requalificação ambiental dos espaços afetados. Minimizar os impactes ambientais induzidos pelo projeto, através da adoção de medidas preventivas e corretivas cuja eficácia será avaliada por atividades de monitorização contempladas no Plano de Monitorização definido no estudo de impacto ambiental (EIA). O projecto que se pretende desenvolver consiste, especificamente, na implantação de uma exploração de calcário ornamental. A exploração do maciço na área intervenção será precedida por um conjunto de operações preparatórias da lavra com vista a serem garantidos os parâmetros de segurança, de economia,de bom aproveitamento do recurso e de protecção ambiental. A primeira dessas operações é a desmatagem sendo a sequência temporal da retirada do coberto vegetal articulada com o avanço da lavra e com a subsequente recuperação paisagística. De seguida 5 procede-se à decapagem (remoção da terra vegetal), efectuada com recurso a uma pá carregadora, funcionando com o balde (pá) em posição rasante ao solo. O solo resultante da decapagem será guardado num depósito denominado parga, e estas terras serão posteriormente reutilizadas na recuperação paisagística da pedreira. O desmonte do recurso mineral será realizado do seguinte modo primeiramente procede-se à perfuração vertical e horizontal, nos limites do bloco a extrair, de forma a passar o fio diamantado que procederá ao corte das faces laterais (verticais). No corte horizontal da base do bloco (corte de levante) e da face de tardoz (vertical), será utilizada uma roçadora de cadeia diamantada. O corte das faces laterais realiza-se através de uma máquina de fio diamantado. As operações principais da actividade desta pedreira são o corte do calcário ornamental (mármore), o derrube das talhadas individualizadas, o esquartejamento da talhada desmontada em blocos transportáveis, a remoção dos blocos vendáveis para o parque de blocos e dos estéreis para a escombreira. Relativamente aos blocos irregulares, será efectuada a operação de esquadriamento, no fundo da pedreira (com recurso a martelos pneumáticos ou máquinas de fio diamantado) ou à superfície (com recurso a monolâminas ou monofio). A totalidade de reservas úteis da pedreira cifram-se em cerca de 97 600 m3 (253 760 t) de calcário ornamental. Para tal, serão escavados cerca de 244 000 m3 (634 400 t) de material, dos quais cerca de 146 400 m3 (380 640 t) serão estéreis. Refira-se que o material estéril (rejeitados) produzido na pedreira será incorporado no processo de recuperação paisagística, mais concretamente na modelação da área explorada. Esta modelação irá permitir efectuar a reposição parcial do relevo da área explorada. Atendendo às reservas existentes, a exploração deverá estar concluída em cerca de 16 anos, considerando uma produção de 6 000 m3/ano. A exploração da pedreira será desenvolvida de forma a compatibilizar-se a lavra com a recuperação paisagística permitindo que estas possam evoluir paralelamente, minimizando, em cada momento, a área a afectar à lavra. A estratégia de base para uma correcta recuperação paisagística é a de possuir uma zona de exploração atrás da qual existe uma zona a ser aterrada e outra em que o aterro possui a configuração próxima da final. 6 2. Localização e acesso do projecto O distrito de Montepuez está localizado na parte sul da Província de Cabo Delgado a 210 km da Capital Provincial - Pemba, confinando a Norte com o distrito de Mueda, a Sul com os distritos de Namuno e Chiúre, a Leste com os distritos de Ancuabe e Meluco e a Oeste com os distritos de Balama e Mecula, este último da Província do Niassa. A superfície do distrito é de 17.874 km2. O acesso a pedreira faz-se a partir da estrada nacional N 6 a oeste percorrendo cerca de 5km da cidade em direção a Balama. Apartir da estrada desvia-se em direção a este percorrendo cerca de 2 km. Uma vez percorrida essa distancia encotra-se a pedreira BIYUMAR. Figura 1: Localização geográfica de Montepuez. Clima e Relevo Climaticamente a região é dominada por climas do tipo semiárido e sub-húmido seco. A precipitação média anual varia de 800 a 1200 mm, enquanto a evapotranspiração potencial de referência (ETo) está entre os 1300 e 1500 mm. A precipitação média anual pode, contudo, mais perto do litoral, por vezes exceder os 1500 mm, tornando-se o clima do tipo sub-húmido chuvoso. Em termos da temperatura média durante o período de crescimento das culturas, há regiões cujas temperaturas excedem os 25ºC, embora em geral a temperatura média anual varie entre os 20 e 25ºC. O Distrito é atravessado por importantes rios não permanentes ao longo de todo o ano, exceptuando o rio Lugenda que serve de limite com o Distrito de Mecula da vizinha Província do Niassa. 7 Os rios não são navegáveis devido ao seu curso acidentado, mas contribuem para a prática de actividades agrícolas e de pesca artesanal, gerando rendimentos à população e tornandose uma fonte importante da economia do Distrito. Uma parte considerável do interior é de altitudes compreendidas entre os 200 e 500 metros, de relevo ondulado, interrompido de quando em quando pelas formações rochosas dos “inselbergs”. Fisiograficamente a área é constituída por uma zona planáltica baixa que, gradualmente passa para um relevo mais dissecado com encostas mais declivosas intermédias, da zona subplanáltica de transição para a zona litoral. O escoamento superficial é lento e difuso para além de poder ainda beneficiar da contribuição do fluxo de água subterrânea, principalmente nas zonas cujos depósitos apresentam texturas grosseira e arenosa. Estas unidades de terreno são ainda características das áreas mais planas ao longo dos divisores de água dos rios. 3. Geologia local A vegetação está relacionada com a extensão à qual a geologia da rocha-mãe foi exposta à meteorização, principalmente no rejuvenescimento da paisagem. A geologia da região de Montepuez oferece formações cristalinas e vulcânicas do Pré-câmbrico. Os principais recursos minerais existentes na região são: • Grafite, cuja existência é conhecida entre Montepuez e Balama • Mármore, em grandes quantidades, apresentando-se em camadas de 1.500m de largura e estende- se por 25Km de um modo contínuo entre Montepuez – Balama. O elevado potencial do jazigo, quanto à disponibilidade de recursos, pode cobrir o aumento da capacidade de exploração e, simultaneamente, assegurar um longo período de extracção. As principais unidades pétreas apresentam as tonalidades cinzenta e branca. • Pedra abundante utilizada no fabrico de cal para construção. • Recursos hídricos, as águas subterrâneas são muito circunscritas e modestas. O rio Montepuez, o maior do Distrito, não oferece potencial hidroeléctrico. 8 Figura 2: Geologia local adaptado por autores. 4. Calculo de Reserva O plano de lavra e, consequentemente, o cálculo de reservas, teve em consideração alguns aspectos que condicionam a exploração, dos quais se destacam os geológicos, os ambientais, os logísticos e os técnico-económicos. 9 PRESSUPOSTOS DESCRIÇÃO ASPECTOS A TER EM CONTA NA LAVRA Geológicos A unidade Calcários Ornamentais (com aptidão) contacta com a unidade Vidraços de Topo (sem aptidão) à cota aproximada de 460 m junto ao vértice da poligonal nº 14. A atitude geral dos níveis litológicos identificados na área a licenciar, em particular os calcários com potencial ornamental é N60°W, 10°NE. A evolução da exploração no topo da área de exploração a céu aberto estará dependente da verdadeira possança da camada de vidraço de topo (fase 2 e 3). Para garantir condições de segurança a exploração deverá avançar, evitando os pisos inclinados. Ambientais Criação de ruído e poeiras no interior da área de exploração. Compatibilidade com as figuras de ordenamento do território. Os potenciais impactes gerados pelo ruído e poeiras devem ser minimizados. Minimizar as áreas afectadas pela lavra a céu aberto em cada instante através de uma exploração e recuperação faseada. Técnicos Económicos Aumento da espessura para NW da unidade Vidraços de topo. Probabilidade de variação lateral de fácies nos calcários da unidadeCalcários Ornamentais. Aparecimento de novos sistemas de fracturação ou densificação da fracturação A bancada de Vidraços de topo é bem visível na exploração de calçada existente na área identificada como fase 2. Podendo aumentar a espessura de camada de carga inviabilizando as operações a céu aberto. A fracturação e a variação lateral das camadas de calcário 10 existente. ornamental poderão condicionar a extracção tanto em subterrâneo como a céu aberto, implicando a alteração da geometria da exploração. Quadro 1: Aspectos a ter conta no cálculo de reserva. Reserva total = 97 600m3 = 253 760 toneladas Densidade= 2,6 g/cm3 Volume anual explorado= 6 000m3= 15 600 toneladas Capital inicial = 350 000 000 meticais Total do valor adquirido em temo útil de vida da mina: 1 m3 10 000 meticais 6 000 m3 x meticais X= 6 000 × 10 000 = 60 000 000 𝑚𝑒𝑡𝑖𝑐𝑎𝑖𝑠 Total do valor adquirido em tempo útil de vida da mina = 60 000 000 × 16 𝑎𝑛𝑜𝑠 = 960 000 000 𝑚𝑒𝑡𝑖𝑐𝑎𝑖𝑠 Tempo útil de mina= 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎𝑑𝑜 = 253 760 15 600 = 16 𝑎𝑛𝑜𝑠 Período de retorno de capital= 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑢𝑡𝑖𝑙 𝑑𝑒 𝑚𝑖𝑛𝑎×𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎𝑑𝑞𝑢𝑖𝑟𝑖𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑢𝑡𝑖𝑙 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑚𝑖𝑛𝑎 = 350 000 000×16 960 000 000 = 5 600 000 000 960 000 000 = 6 𝑎𝑛𝑜𝑠. A partir do sexto ano de produção, começaremos a ter retorno do capital inicial investido. 5. Circuito produtivo A atividade extrativa projetada envolve um conjunto de operações sequenciais que traduzem o circuito produtivo esquematizado na Figura. 11 Figura 3 Ilustração do ciclo de produção do calcário ornamental. 5.1. Método de desmonte As operações principais que compõem o método de desmonte utilizado para a exploração e que possibilitam o arranque da rocha e a sua preparação para futura transformação encontram-se descritas no Quadro. Figura 4: Ilustração das operações que compõem o método de desmonte da rocha. (SANTARÉM, 2010) 12 Quadro 2: ilustração das várias operações que compõem o método de desmonte a utilizar na pedreira para desmonte dos blocos de rocha ornamental. Configuração da escavação A exploração irá desenvolver-se em profundidade, a céu aberto, por degraus direitos. A lavra será realizada com recurso a bancadas de desmonte com altura máxima de 10 m. A inclinação das frentes de desmonte será na ordem dos 90º, compatível com as características geotécnicas do maciço. Entre bancadas sucessivas serão deixados patamares mínimos na ordem dos 10 m, na situação intermédia e final da lavra. A altura máxima das bancadas de exploração, na situação final de escavação, será de 10 m, de forma a permitir a integração paisagística dos trabalhos e dar cumprimento à legislação vigente. Também a largura mínima de pisos, na situação final da escavação, será de 10 m, de modo a assegurar a estabilidade estrutural das frentes e do maciço rochoso remanescente, facilitando a circulação dos equipamentos móveis e as atividades de recuperação paisagística subsequentes. Malha de perfuração A geometria das malhas de perfuração será triângulo equilátero ou malha alongada. Malha Triângulo Equilátero: são malhas estagiadas com a relação E/A = 1,15. São indicadas para rochas compactas e duras. Possuem ótima distribuição da energia do explosivo na área de 13 influencia do furo, maximizando a fragmentação. O centro do triângulo equilátero, o ponto mais crítico para fragmentação, recebe igual influência dos três furos circundantes. Figura 5: método de desmonte. Dados a considerar na configuração de furos temos: Diâmetro do furo: 0,3m Profundidade de furo: 15m Afastamento entre os furos: 10m Espaçamento entre os furos: 10m. Números de furos: 20 Longitude do tampão (T) ou posição do plugue em relação ao topo do furo: 3m. Equipamentos Os equipamentos necessários previstos para realizar as atividades de exploração incluem: 1 Pá carregadora frontal, 1 Escavadora giratória, 1 Dumper, 1 Torre de perfuração, 3 Máquinas de fio diamantado, 1 Serrote de bancada, 1 Perfuradora e 1 Compressor. Além destes equipamentos existem na pedreira ferramentas mecânicas diversas utilizadas para operações específicas em determinados momentos. 14 Operações preparatórias As ações de desmonte do maciço rochoso serão precedidas por um conjunto de operações preparatórias da lavra que visam garantir os parâmetros de segurança, de economia, de bom aproveitamento do recurso mineral e de proteção ambiental. Essas atividades englobam a desmatação e decapagem do solo, a traçagem gradual dos acessos e das rampas e a preparação das frentes que englobará o saneamento das bancadas e a manutenção dos acessos às bancadas inferiores, os quais evoluem com a progressão da lavra. Remoção A remoção dos blocos desmontados será executada desde a frente de desmonte até à área destinada a parque de blocos que poderá ser relocalizada para Oeste, podendo ainda ser utilizadas outras áreas de exploração disponíveis) através de uma pá carregadora. O material sem aptidão ornamental (escombros) será removido com recurso a uma pá carregadora e/ou dumpers, desde a frente de desmonte para a área prevista para a deposição temporária e posteriormente vendidos como agregados ou alvenaria ou utilizados na recuperação paisagística da pedreira. Os blocos de calcário ornamental, bem como os subprodutos, serão carregados com auxílio de uma pá carregadora em camiões de expedição para os clientes. Tratamento Os blocos de rocha ornamental explorados, antes de serem expedidos da pedreira sofrem, regra geral, uma transformação primária de esquadriamento, que proporciona aos blocos uma forma paralelepipédica de faces mais ou menos regulares. O tratamento e beneficiação do material produzido poderá ser realizado junto do parque de blocos através de guilhação (perfuração em linha) ou de máquinas de fio diamantado, podendo ser equacionada a hipótese de instalar, no futuro, máquinas de fio diamantado do tipo monofio ou outro similar. Parqueamento e expedição Os blocos prontos para venda serão armazenados no parque de blocos no interior da área de exploração e serão expedidos em camiões próprios. O projeto estima uma produção média futura de 6 000 m3/ano que, a verificar-se, representará um tráfego de expedição de cerca de 3 camiões por dia, ou seja, menos de 1 camião por hora. 15 Resíduos mineiros A atividade de extração de calcário ornamental irá originar a produção de resíduos mineiros e resíduos não mineiros no decurso das diferentes fases da sua exploração. A totalidade de reservas úteis da pedreira cifram-se em cerca de 97 600 m3 (253 760 t) de calcário ornamental. Para tal, serão escavados cerca de 244 000 m3 (634 400 t) de material, dos quais cerca de 146 400 m3 (380 640 t) serão estéreis. Os estéreis da exploração a utilizar na recuperação da pedreira serão, essencialmente, constituídos por blocos de rocha, pedras e terras. Resíduos não mineiros Os principais resíduos não mineiros produzidos pela pedreira, resultantes da normal atividade industrial, os óleos de motores, transmissões e lubrificação, os pneus usados e os filtros usados são armazenados, em recipientes próprios, num local impermeabilizado de modo a prevenir potenciais derrames e, consequentemente, a contaminação dos solos e dos aquíferos. Os resíduos domésticos são levados para os contentores dos serviços municipalizados e os esgotos domésticos da pedreira,são encaminhados para uma fossa estanque, a qual é periodicamente esgotada pelos serviços Municipais ou por outra entidade licenciada. Plano de deposição e de gestão de resíduos O Plano de Deposição e de Gestão de Resíduos tem como principal função promover a correta gestão desses materiais, compatibilizando as tarefas de deposição com as atividades de lavra e de recuperação paisagística, de modo a promover, gradualmente, o enquadramento paisagístico, ambiental e de segurança da área intervencionada. O Plano de Deposição garante, ao nível estratégico, o enquadramento em termos paisagísticos, ambientais e de segurança da área intervencionada pela exploração. O faseamento da construção do aterro decorrerá em concomitância com a lavra, de forma a permitir uma rápida reabilitação da área da pedreira e a melhorar o seu enquadramento paisagístico. O faseamento do aterro acompanhará o faseamento da recuperação paisagística que será desenvolvido de Este para Oeste. De referir que, após a deposição definitiva dos resíduos mineiros, 16 será espalhada terra viva resultante da decapagem, de forma a permitir a fixação da vegetação proposta. 6. PLANO DE SEGURANÇA O sector de indústrias extractivas engloba um vasto e diversificado conjunto de características em geral únicas, envolvendo por isso riscos específicos que importa prevenir, eliminando-os na origem ou minimizando os seus efeitos. Tal prevenção implica um conjunto de acções em todas as fases de realização dos trabalhos, sendo importante o envolvimento de todos, que directa ou indirectamente intervêm no processo. Assim, na execução dos trabalhos de lavra desta Pedreira são de realçar os procedimentos gerais seguintes: Fazer cumprir a legislação nacional aplicável e todas as directrizes provenientes das entidades fiscalizadoras competentes; Organizar um sistema de segurança que permita uma eficaz prevenção dos riscos que podem afectar a vida, a saúde e integridade física dos trabalhadores presentes na Pedreira; Fomentar a cooperação entre os trabalhadores tendo em vista a prevenção dos riscos profissionais; Informar os trabalhadores de todas as medidas a tomar na Pedreira, no que respeita à Segurança e Saúde no trabalho. 17 Identificação de riscos potenciais – medidas de prevenção Quadro 3:Lista de actividades e riscos potenciais. Avaliação de riscos: B = Baixo, M = Médio, A = Alto 6.1. Medidas de Prevenção Colocação de chapas sinalizadoras de circulação, limites de velocidade; Obrigatoriedade de utilização de equipamentos de protecção individual por parte das visitas da pedreira, as quais deverão preencher as fichas de visita e segurança e entrega de equipamentos EPI. Todas as visitas são informadas pelo responsável de Higiene e Segurança a cerca dos riscos e providências a adoptar durante a visita; Deverão existir entradas separadas para viaturas e pessoal; As Instalações fixas estão providas de guarda-corpos; Reduzir os percursos internos dos trabalhadores, de materiais e equipamentos tendo em conta os riscos específicos da Pedreira; Verificar o estado de conservação das vias circulação e limpar detritos ou objectos encontrados; 18 Nas vedações metálicas, sempre que existirem, em depósitos ou provisoriamente noutros locais da pedreira, ter o cuidado de as afastar convenientemente dos elementos eléctricos nus e em tensão; Criar saídas e caminhos de emergência. Não exceder a lotação legal das máquinas e veículos em geral; Não transportar trabalhadores na caixa de atrelados e/ou camiões basculantes; Medidas de protecção colectiva A Segurança, Higiene e Saúde em vigor determina a necessidade de o empregador aplicar, entre outras, as medidas necessárias de protecção colectiva visando a redução de riscos profissionais, acidentes de trabalho e doenças profissionais. As medidas de Protecção Colectiva a desenvolver, deverão definir objectivamente os equipamentos a empregar, devidamente dimensionados e especificados, e os respectivos locais de implantação, em função dos riscos a que os trabalhadores e terceiros poderão estar expostos (risco de queda em altura, risco de queda de objectos, risco de electrização/ electrocussão). Sem prejuízo de outras protecções que se entenda necessário, ou que o Responsável de Segurança e Higiene determine, no estabelecimento das Medidas de Protecção Colectiva, deve atender-se ao seguinte: Frentes de desmonte da pedreira: Todas as zonas com risco de queda, projecção de objectos para vias de circulação e serviço, provocar distracção e/ou intervenções com terceiros, devem ser protegidas com sistemas de protecção adequados; As pás carregadoras, retro e dumpers deverão ser providas de alarme de marcha atrás; Utilizar tipos de extintores adequados aos diversos locais de trabalho. Medidas de protecção individual Antes da utilização de equipamentos de protecção individual (EPI), o Responsável de Segurança e Higiene terá que assegurar que são transmitidas ao trabalhador que vai utilizar o EPI todas as instruções necessárias para o correcto uso dos equipamentos. 19 6.2. Sinalização considera-se como sinalização "aquela que, relacionada com determinado objecto, actividade ou situação, fornece uma indicação ou uma prescrição relativa à segurança e/ou saúde no trabalho, por intermédio, consoante o caso, de uma placa, uma cor ou um sinal luminoso ou acústico, uma comunicação verbal ou um sinal gestual." A sinalização tem, pois, por objectivo, chamar a atenção, de forma e perceptível, para objectos e situações susceptíveis de provocar determinados perigos, identificar e localizar os meios, particularmente importantes do ponto de vista da segurança, quer para todos os colaboradores que habitualmente trabalham na empresa, quer para outros que só aí se encontrem temporariamente (por exemplo, visitas, fornecedores, colaboradores externos, etc.). A sinalização, deve ser sempre encarada como uma técnica auxiliar e complementar. A sinalização nunca substitui as medidas técnicas preventivas, para a eliminação ou controlo do risco e, por isso, deve utilizar-se essencialmente nas seguintes situações: Quando não é possível eliminar o risco, ao projectar a instalação e/ou os equipamentos; Quando não se podem instalar medidas técnicas que protejam as pessoas; Como complemento de qualquer outro sistema de segurança. 6.3. Tipos de sinais Existem vários tipos de sinais: Sinal de proibição Proíbe um comportamento susceptível de expor uma pessoa a um perigo ou de provocar um perigo. - Sinal de aviso (perigo) Adverte de um risco ou perigo. - Sinal de obrigação Prescreve um comportamento determinado. - Sinal de salvamento ou de socorro Dá indicações relativas às saídas de emergência ou aos meios de socorro ou salvamento. - Sinal de indicação Sinal que fornece outro tipo de indicações para além das mencionadas nos pontos anteriores. Formas de sinalização A sinalização pode ser permanente ou acidental. Sinalização Permanente 20 Serão efectuadas com carácter permanente, as seguintes sinalizações: Proibições, avisos e obrigações. Através de placas Localização e identificação dos meios de salvamento ou de socorro Placas Localização e identificação de material e equipamentos de combate a incêndios Através de placas ou cor de segurança Riscos de choque contra obstáculo e de quedas de pessoas Através de placas ou cor de segurança Marcação de via de circulação Através de cor de segurança Sinalização sobre recipientes e tubagens Atravésde pictograma adequado, de acordo com determinadas regras Quadro 4: Meios utilizados para os diversos tipos de sinalização. Sinalização Acidental Serão efectuadas com carácter acidental, as sinalizações de: a) Acontecimentos perigosos, chamada de pessoas para uma acção específica, evacuação de emergência de pessoas: Através de sinal luminoso, acústico e/ou comunicação verbal. b) Orientação de pessoas que efectuem manobras que impliquem riscos ou perigos: - Através de sinal gestual ou comunicação verbal. Códigos de Sinalização O código normalizado utilizado no sistema de Sinalização baseia-se em três elementos: Cor; Forma; Símbolo. Cor No quadro da página seguinte indica-se o significado e as indicações associadas a cada cor de segurança: 21 Cor de Segurança Significado ou objetivo Indicações e Precisões Vermelho Sinal de Proibição Atitudes perigosas Perigo-Alarme Stop, Pausa, dispositivos de corte de emergência, Evacuação Vermelho Material e equipamento de combate a incêndios Identificação e localização Amarelo ou amarelo-alaranjado Sinal de Aviso (perigos) Atenção, precaução, verificação Azul Sinal de Obrigação Comportamento ou acção específicos- obrigação de utilizar equipamento de protecção individual Verde Sinal de salvamento ou de socorro Portas, saídas, vias, material, postos, locais específicos Situacao de seguranca Regresso a normalidade Quadro 5: Significado e indicações associadas a cada cor de segurança. Sinais de aviso Características intrínsecas: - Forma triangular; - Pictograma negro sobre fundo amarelo, margem negra (a cor amarela deve cobrir pelo menos 50 % da superfície da placa). Figura 6: Sinais de Aviso. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) 22 Sinais de obrigação Características intrínsecas: - Forma circular; - Pictograma branco sobre fundo azul (a cor azul deve cobrir pelo menos 50 % da superfície da placa). Uso obrigatório de óculos de protecção; Uso obrigatório de capacete; Uso obrigatório de protectores auriculares; Uso obrigatório de protectores respiratórios; Uso obrigatório de botas; Uso obrigatório de luvas; Várias obrigatoriedades; Uso obrigatório de máscara; Uso obrigatório de dispositivos anti-queda. Figura 7: Sinais de obrigação. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) Sinais de salvamento ou de emergência Características intrínsecas: - Forma rectangular ou quadrada; - Pictograma branco sobre fundo verde (a cor verde deve cobrir pelo menos 50 %da superfície da placa). 23 Figura 8: Sinais de salvamento ou de emergência. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) Sinais de material de combate a incêndio Características intrínsecas: - Forma rectangular ou quadrada; - Pictograma branco sobre fundo vermelho (a cor vermelha deve cobrir pelo menos 50 %da superfície da placa). Figura 9: Sinais de material de combate a incêndio. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) Sinais de proibição Características intrínsecas - Forma circular; - Fundo branco, símbolo a preto e banda oblíqua a vermelho (cor de segurança). 24 Figura 10: Sinais de proibição. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) Sinalização de matérias perigosas As matérias e as substâncias que são utilizadas no dia-a-dia, na indústria, no comércio ou em casa, têm todos os seus riscos. No entanto, alguns destes materiais são particularmente perigosos: tóxicos, nocivos inflamáveis, explosivos, radioactivos, comburentes, corrosivos, entre outros. Figura 11: Sinalização de matérias perigosas. (Carvalho, Benedita, Alcobaça, & Leiria, 2014) 25 7. AVALIAÇÃO DE IMPACTES AMBIENTAIS O objectivo deste EIA (estudo do impacto ambiental) consistiu na identificação, previsão e avaliação dos impactes associados ao projecto da pedreira “BIYUMAR”, face à situação de referência, considerada como a que irá existe no local de implantação do projecto. A área de intervenção do projecto foi caracterizada através do estudo de todas as componentes ambientais potencialmente afectadas, abrangendo aspectos biofísicos, sócio-económicos, patrimoniais, de planeamento e qualidade do ambiente. As componentes estudadas foram: o clima, a geologia e geomorfologia, os recursos hídricos superficiais, os recursos hídricos subterrâneos, a qualidade das águas superficiais e subterrâneas, os solos e a ocupação actual dos solos, a ecologia (dividida em flora e vegetação e fauna e biótopos), a qualidade do ar, o ambiente sonoro, a paisagem, a sócio-economia, o ordenamento do território e o património arqueológico e arquitectónico. Em função dos impactes negativos previstos, para cada uma das componentes ambientais estudadas, o EIA considerou medidas de minimização específicas. Relativamente ao clima, não se prevê que as actividades da pedreira venham a ter impactes. No entanto verificou-se que algumas características climáticas, por exemplo os ventos e a chuva, poderão influenciar a dispersão de poeiras. Relativamente à geologia, não existem quaisquer aspectos de interesse particular que importem preservar, pelo que não existem quaisquer impactes gerados pelo projecto. Em relação à geomorfologia, o impacte directo e negativo que resulta da modificação do relevo, é permanente e irreversível, uma vez que os estéreis não são suficientes para repor a topografia inicial. As operações de recuperação paisagística serão simultâneas à exploração, pelo que existirão apenas depósitos temporários de estéreis e de terra vegetal. Nestas condições, conclui-se que os impactes, sendo negativos, serão pouco importantes e temporários. Relativamente aos recursos hídricos subterrâneos não se prevê a ocorrência de impactes resultantes da escavação do maciço calcário ornamental, uma vez que o projecto não irá interceptar qualquer lençol freático existente na região. Ao nível dos recursos hídricos superficiais, não se prevê que haja qualquer impacte; dada a permeabilidade das formações calcárias, verifica-se que não existem linhas de água com água na 26 área de intervenção da pedreira ou sua envolvente próxima, mesmo em épocas chuvosas. Na fase de desactivação, e na impossibilidade da reposição das cotas originais do terreno, o projecto prevê a instalação de sistemas de drenagem que encaminham as águas para as linhas de escorrência natural e a implantação de vegetação, pelo que cessará qualquer tipo de afectação que eventualmente se possa verificar. Relativamente à qualidade das águas subterrâneas, os impactes negativos poderão ser devidos a alguma descarga acidental de esgotos das instalações sociais, ou no caso de se verterem acidentalmente óleos ou combustíveis, que poderiam afectar as águas subterrâneas. Perante uma eventual situação de acidente, o impacte na qualidade das águas será negativo e muito importante, se não forem tomadas medidas imediatas de controlo. A qualidade das águas superficiais poderá ser afectada pelas actividades extractivas devido ao arrastamento ou deposição de partículas de poeiras ou por descarga acidental de óleos e lubrificantes utilizados nas máquinas e veículos utilizados na exploração e transporte dos calcários. O impacte resultante, ao nível da qualidade da água, por partículas de poeiras é considerado pouco importante, uma vez que não existem linhas de água de carácter permanente que as transportem. A descarga de óleos e lubrificantes na água ou no solo poderá resultar de uma situação acidental, num curto espaço de tempo e de âmbito muito localizado,pelo que o impacte resultante, embora negativo, é considerado pouco importante. Os solos presentes na área de intervenção da pedreira são, essencialmente, solos calcários e apresentam bastantes limitações para a utilização agrícola. A área de intervenção encontra-se actualmente ocupada por matos de médio porte, sendo notório que a utilização agrícola desta área foi abandonada há muito tempo. O Plano de Pedreira prevê a retirada das terras de cobertura, mais férteis, o seu armazenamento, tratamento e posterior colocação nas zonas a recuperar. Deste modo, independentemente da capacidade produtiva que os solos em causa apresentam, considera-se que os impactes associados ao projecto serão pouco importantes, uma vez que os solos aqui presentes serão preservados. Quanto à qualidade do ar, destaca-se que este tipo de actividade implica, acima de tudo, a produção de poeiras. No entanto, não existem, na envolvente da pedreira, casas ou áreas industriais que possam vir a ser afectados por estas poeiras. O controlo das poeiras por aspersão de água, especialmente nos acessos não asfaltados, contribuirá para uma importante redução da quantidade 27 de poeiras no ar. Realizando-se a aspersão de água, não são de esperar situações em que a quantidade de poeiras no ar atinjam níveis superiores ao legislado, pelo que os impactes gerados embora negativos são pouco importantes. No que respeita à flora e à vegetação, foram analisados dois aspectos fundamentais: a presença ou ausência de plantas raras ou ameaçadas de extinção em Montepuez ou protegidas por legislação nacional e comunitária, e a qualidade do coberto vegetal, conclui-se que não existe espécies de grande importância. No entanto, dado que a nossa área de exploração não se localiza no interior de nenhuma zona com importância para a Conservação da Natureza, considerou-se que os impactes associados ao projecto, durante a exploração da pedreira são globalmente negativos, decorrentes essencialmente da remoção do coberto vegetal, mas pouco importantes. Salienta-se que com a implementação das actividades de recuperação paisagística será assegurada a reversibilidade dos impactes, compensando a afectação causada. No que respeita à flora e à fauna, os impactes não são muito significativos pelo facto de a área de intervenção possuir um interesse faunístico baixo e porque não existem plantas raras ou ameaçadas. Com vista à avaliação da afectação da paisagem, avaliaram-se os impactes visuais resultantes da exploração da pedreira. Assim, face às características do relevo e da ocupação do território na envolvente à área da pedreira, não se prevê que exista uma afectação significativa das povoações ou vias de comunicação aqui presentes. Com a implementação do PARP, a visibilidade da pedreira será mais atenuada, pelo que se concluiu que os impactes sobre a paisagem são negativos mas pouco importantes, temporários e reversíveis porque o projecto inclui a recuperação paisagística faseada das áreas exploradas, isto é, à medida que as cotas finais da exploração vão sendo atingidas é reposto um coberto vegetal com características semelhantes ao da envolvência. A avaliação dos impactes de um projecto associado à indústria extractiva, sobre o descritor da sócio-economia, é a que apresenta maior complexidade. De facto, a determinação da sua importância não se pode aferir simplesmente pelos empregos directos que cria ou pelo seu volume de facturação, dada a importância que assume para a viabilidade de toda uma fileira industrial que abastece, em especial para o sector da Construção Civil e Obras Públicas. É sobre a sócio- economia que irão incidir os impactes positivos mais importantes, quer localmente quer a um nível mais abrangente. Destaca-se que o calcário extraído nesta zona, é alvo de grandes solicitações do 28 mercado nacional e mesmo internacional. Em resumo, os impactes do projecto são, na sua generalidade positivos, sendo muito importantes à escala regional e local, pois garantirão a manutenção de emprego directo e, igualmente, muito relevantes ao nível da manutenção e criação de emprego indirecto, contribuindo de forma importante para a diversificação do tecido económico local, regional e mesmo nacional. Relativamente ao património arqueológico e construído, no decurso dos trabalhos de campo não se identificaram ocorrências na área de intervenção direta, razão pela qual não se reconhecem impactes negativos no descritor. Ainda assim, e como medida de minimização geral, é recomendado o acompanhamento arqueológico para todas as operações que envolvam o revolvimento da camada superior do solo. 7.1. Medidas de minimização Após a identificação dos principais impactes, associados à implementação do projecto, definiram- se as medidas correctivas e minimizadoras que garantem o adequado equilíbrio do ambiente na área de intervenção e na sua envolvente. São apresentadas as medidas de minimização a adoptar durante as várias fases de implementação do projecto (exploração, desactivação e pós- desactivação) com vista à mitigação das perturbações previstas. Algumas destas medidas constituem aspectos integrados ou complementares das intervenções inscritas no Plano de Pedreira que são incluídas tanto nos respectivos Projectos parcelares (Plano de Lavra e Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística - PARP), como na própria laboração da pedreira. Outras referem-se às soluções técnicas e ambientalmente mais adequadas, de forma a garantir que este Projecto constitua uma referência no domínio da integração e da protecção ambiental. Destaca-se, assim, a existência de algumas regras e procedimentos comuns a praticamente todos os factores ambientais que permitirão atenuar de uma forma eficaz os impactes perspectivados. Fase de exploração Na fase de exploração as medidas de minimização de carácter geral a implementar passam pelas seguintes actuações: 29 • o avanço da exploração será efectuada de forma faseada, com o objectivo de promover a revitalização das áreas intervencionadas no mais curto espaço de tempo possível, concentrando as afectações em áreas bem delimitadas, evitando a dispersão de frentes de lavra em diferentes locais e em simultâneo; • as acções respeitantes à exploração serão confinadas ao menor espaço possível, limitando as áreas de intervenção para que estas não extravasem e afectem, desnecessariamente, as zonas limítrofes; • todo o perímetro da área de intervenção será vedado e sinalizado, de forma a limitar o mais possível a entrada de estranhos à pedreira e, desta forma, evitar acidentes; • a destruição do coberto vegetal será limitada às áreas estritamente necessárias à execução dos trabalhos e a prossecução do projecto garante que estas são convenientemente replantadas no mais curto espaço de tempo possível (pela avanço faseado da recuperação em função da lavra); • os locais de deposição dos stocks de materiais, da terra viva decapada (pargas) e dos depósitos de estéreis, e respectivos percursos entre estes e as áreas de depósito final foram definidos clara e antecipadamente; • o PARP contempla a decapagem e armazenamento da camada superficial do solo para posterior utilização dos trabalhos de recuperação paisagística e desta forma garantir um maior sucesso na implantação da vegetação; • os estéreis serão transportados e depositados o mais rapidamente possível para as áreas a modelar definitivamente, evitando a permanência e acumulação destes materiais no interior da pedreira; • será implementado o plano de gestão de resíduos integrado no Plano de Pedreira, que garante a correcta gestão e manuseamento dos resíduos e efluentes produzidos e associados à pedreira, nomeadamente,óleos e combustíveis, resíduos sólidos e águas residuais, através da sua recolha e condução a depósito/destino final apropriado, reduzindo assim, a possibilidade de ocorrência de acidentes e contaminações; • os equipamentos a utilizar na pedreira deverão respeitar as normas legais em vigor, relativas às emissões gasosas e ruído, minimizando os efeitos da sua presença; • todos os acessos à pedreira terão que ser regados regular e sistematicamente, durante as épocas mais secas, de forma a minimizar a emissão de poeiras; 30 • todos os acessos à pedreira terão que ser regados regular e sistematicamente, durante as épocas mais secas, de forma a minimizar a emissão de poeiras; Fase de desativação Na fase de desativação preconizam-se as seguintes medidas gerais: • a remoção e limpeza de todos os depósitos de resíduos ou substâncias perigosas (tanques de depósito de óleos usados, depósitos de combustíveis, etc.) terá que ser assegurada, garantindo o seu adequado encaminhamento para destino final de acordo com o especificado; • será efectuado o desmantelamento e remoção do equipamento existente na pedreira procedendo às necessárias diligências de forma a garantir que, sempre que possível, este será reutilizado ou reciclado ou, na sua impossibilidade, enviado para destino final adequado; • será efectuada uma vistoria a fim de garantir que todas as áreas afectadas pelas actividades associadas à exploração da pedreira são devidamente recuperadas de acordo com o PARP definido, procedendo-se aos necessários ajustes de forma a que exista, no mais curto espaço de tempo possível, uma ligação formal entre a área intervencionada e a paisagem envolvente. Fase de desativação Finalmente, para a fase de pós-desactivação destacam-se as seguintes medidas gerais: • avaliar a evolução da área recuperada através da prossecução das actividades de monitorização e conservação da área da pedreira, com especial atenção para o comportamento dos taludes e crescimento da vegetação; • efectuar vistorias regulares à área da pedreira de forma a verificar o estado de conservação da vedação e sinalização, de forma a garantir a adequada protecção contra acidentes. A implementação destas medidas de minimização trará benefícios, directos e indirectos, sobre a generalidade dos factores ambientais analisados, pelo que seguidamente só se procede à sua descrição quando existem acções concretas com influência sobre os domínios de análise em causa. A implementação destas medidas de minimização trará benefícios, directos e indirectos, sobre a generalidade dos factores ambientais analisados, pelo que seguidamente só se procede à sua descrição quando existem acções concretas com influência sobre os domínios de análise em causa. 31 Medidas específicas Recursos hídricos superficiais e subterrâneos: Ainda que não se prevejam quaisquer impactes negativos significativos sobre os recursos hídricos, reforça-se a necessidade de dar cumprimento a medidas preventivas como: • Garantir a adequada manutenção do estado de limpeza dos órgãos de drenagem pluvial, nomeadamente das valas a instalar na periferia das áreas de escavação, e dos acessos às zonas de trabalho; • Uma gestão adequada das pargas que albergam os solos de cobertura decapados nas fases preparatórias dos trabalhos de extracção; • O desmantelamento, segundo as normas que constam no Plano de Desactivação, de todas as estruturas associadas à actividade industrial. Qualidade do ar: As poeiras constituem o principal poluente atmosférico que emitido pelos trabalhos de exploração da pedreira “BIYUMAR” pelo que se recomenda que se efectue rega por aspersão de água dos caminhos não asfaltados no interior das áreas de exploração e nos acessos à pedreira. A aspersão de água poderá ser realizada com recurso a um Joper ou poderá ser criado um sistema permanente de aspersores ao longo dos acessos não pavimentados. A implementação destas medidas contribuirá para o cumprimento dos limites impostos pela legislação em vigor. Relativamente ao transporte dos materiais, deverá ser dada especial atenção ao controlo do estado de conservação e de limpeza das viaturas utilizadas para este transporte, uma vez que o percurso que será utilizado obriga ao atravessamento de algumas localidades. Sócio-economia: Nos empregos criados na pedreira BIYUMAR deverá ser dada preferência à população local com o objectivo de reduzir os níveis de desemprego e permitir uma maior aceitação da incomodidade associada à implementação do projecto por parte da população local. 8. Plano ambiental e de recuperação paisagística (PARP) A intervenção preconizada no PARP pretende garantir a recuperação faseada da área intervencionada, conjugando o interesse futuro dos proprietários dos terrenos com as funções determinadas pela sua capacidade de uso e em conformidade com os planos de ordenamento em 32 vigor para a área de projeto. Desse modo, a execução das medidas e objetivos do projeto permitirão a integração da pedreira na paisagem envolvente com vista, não só, à mitigação dos impactes visuais relevantes, mas também, ao cumprimento dos princípios de proteção ambiental e de segurança de terceiros, tendo como objetivo final a constituição de uma paisagem sustentável, multifuncional e de elevada diversidade biológica. A solução de recuperação paisagística, recorre ao aterro e modelação na base da corta, no tardoz dos taludes de escavação e nas bancadas. Para tal, serão utilizados na íntegra os estéreis a produzir na pedreira, posteriormente revestidos com uma camada de terra vegetal, sobre a qual serão efetuadas as sementeiras e plantações propostas. Relativamente à estrutura verde, os critérios de seleção foram funcionais, ecológicos e de integração paisagística e, também, técnicos e económicos, tendo-se optado por espécies vegetais autóctones ou tradicionais da paisagem regional. O PARP será aplicado em três estágios principais, correspondentes a faseamentos distintos em termos de ações, que se podem sistematizar do seguinte modo: Recuperação inicial: Recuperação e integração paisagística de todas as áreas que tenham sido exploradas anteriormente e que já não sejam alvo de exploração futura, nomeadamente, escombreiras e antigas áreas intervencionadas. Essas áreas serão recuperadas através de trabalhos de modelação topográfica, com vista a suavizar os taludes existentes, bem como revestimento vegetal, nomeadamente, sementeiras herbáceo-arbustivas, integradas na tipologia de recuperação efetuada para a restante área de projeto. Recuperação intermédia: As intervenções de integração paisagística terão início após a finalização das operações de lavra e a respetiva modelação com os estéreis até obtenção das cotas finais de projeto. Salienta-se que, no âmbito do PARP, se encontra previsto que assim que a lavra atinja as cotas finais num determinado local haverá lugar à sua modelação final e recuperação paisagística. Será assim garantida uma intervenção mínima das áreas afetas à lavra. As operações associadas à recuperação passarão pela modelação final da área, para ajustamento de pormenor às cotas previstas, espalhamento da terra viva e sementeiras e plantação das espécies propostas. Desse modo, o desenvolvimento da recuperação estará sempre dependente da conclusão dos trabalhos de lavra e da modelação com os estéreis. 33 Recuperação final e Conservação/Manutenção: A recuperação final refere-se à fase de desativação das áreas exploradas sendo por isso, considerada uma etapa crucial, uma vez que é nela que deverá haver uma maior preocupação de integração entre as diversas áreas recuperadas e dessas com a envolvente. A últimafase corresponde às operações de manutenção e conservação. da vegetação, a qual decorrerá durante um período de 2 anos após a conclusão dos trabalhos de recuperação propriamente ditos. As operações de manutenção e conservação da recuperação paisagística prolongar-se-ão por um período de 2 anos após a conclusão dos trabalhos em cada fase, incluindo trabalhos de rega, corte ou ceifa, fertilização, ressementeiras, retancha e desbaste, conforme detalhado e calendarizado no Plano de Pedreira. O desenvolvimento da exploração irá decorrer de forma faseada, alcançando-se um compromisso exequível entre a exploração e a recuperação das áreas afetadas, garantindo que o somatório das áreas em recuperação e das áreas não exploradas terá de ser sempre superior a 50 % da área total. Figura 12: Desenho esquemático da filosofia de concepção da recuperação paisagística. 34 Figura 13:Metodologia preconizada para a lavra/recuperação. 9. O PLANO DE DESACTIVAÇÃO O Plano de Desactivação deverá processar-se em cinco (5) Fases, distribuídas ao longo de quatro (4) semestres procurando uma utilização de espaços e privilegiando a execução de um Plano de ordenamento conforme. As Fases deste Plano, de acordo com as actuais condições de exploração, seriam as seguintes: Fase i – proceder-se-á à regularização de terrenos e a revegetação das zonas libertas, alem de arranjos e adaptação de caminhos e arruamentos a realizar nos segundo e terceiro semestres. Fase ii – os equipamentos existentes na pedreira serão transportados para outros locais. Ao mesmo tempo proceder-se-á a trabalhos de revegetação e arranjo de caminhos e acessos, em terrenos que terão de ser regularizados e terraplenados, ajustando-os ao projecto aprovado para cada um dos casos; Fase iii – execução do PARP e consolidação de taludes; Fase iv - durante o 2º, 3º e 4º semestres deverão ser regularizados os terrenos e construídos acessos e caminhos, procedendo-se ao mesmo tempo à regularização da drenagem natural. Fase v - o plano de recuperação paisagística será revisto, bem como o arranjo de caminhos e beneficiação de acessos, tornando toda a área de percurso agradável e informando toda uma rede de acessos à pedreira. 35 9.1. Plano de monitorização Este EIA inclui um plano de monitorização onde se definem os procedimentos para o controlo da evolução das vertentes ambientais consideradas mais sensíveis na sequência da previsão de impactes, e que são as seguintes: a Qualidade do Ar, o Ambiente Sonoro e o Património Arqueológico. A implementação do plano de monitorização permite a avaliação contínua da qualidade ambiental da área de implementação do projecto, baseada na recolha sistemática de informação primária e na sua interpretação permitindo, através da análise de indicadores relevantes, estabelecer o quadro evolutivo da situação de referência e efectuar o contraste relativamente aos objectivos pré-definidos. Desta forma, será também possível estabelecer relações entre os padrões observados e as acções específicas do projecto e encontrar as medidas de gestão ambiental mais adequadas face a eventuais desvios que venham a ser detectados. 36 10. BIBLIOGRAFIA Carvalho, C. d., Benedita, F. d., Alcobaça, C. d., & Leiria, D. d. (2014). Plano de pedreira. Santarém, A. . (2010). Projecto da pedreira “malhada”.