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RETORNO_AOS_ABISMOS_SIDERAIS - Radha Krishna

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RADHA KRISHNA 
 
RETORNO AOS ABISMOS SIDERAIS 
 
EDITORA PONGETTI – 1972 
 
 
 “Vida da minha vida, eu tratarei de trazer sempre puro o meu 
corpo, sabendo que o Teu tato pousa sobre todos os meus membros. 
 Eu tratarei de trazer sempre longe dos meus pensamentos 
qualquer falsidade, sabendo que Tu És essa Verdade que acende a 
Luz da Razão no meu Espírito. 
 Eu tratarei de afastar sempre do meu coração qualquer maldade 
e de conservar sempre em flor o meu amor, sabendo que Tu tens a 
Tua morada no santuário íntimo do meu coração. 
 E será todo o meu empenho o de revelar-Te em MINHAS AÇÕES, 
sabendo que é o Teu PODER que me dá a força de agir.” 
 
RAVINDRA NATH THAKUR TAGORE 
 
 
 “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não 
tiver AMOR, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que 
retine. 
 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os 
mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha FÉ ao ponto 
de transportar montes, se não tiver AMOR, nada serei. 
 E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e 
ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não 
tiver AMOR, nada disso me aproveitará.” 
 
CORÍNTIOS 1-13 
 
 
RETORNO... 
 Passa urgente o Tempo neste Mundo. 
 Constante, inexorável... 
 Implacável carrasco de ideais e sonhos! 
 Mal necessário, gerador fecundo, 
 Do que está por vir... 
 Do que passou, 
 Do que retornará. 
 
 Eu bem que observo... 
 O que passa por mim, 
 O que fui, o que Sou! 
 Ponto de Energia condensada 
 Velha Equação que perdura 
 Obstinada, não simplificada 
 Resistência que converge 
 Para os mais longínquos horizontes 
 Pequena Força que reduz distâncias 
 Que investigou voragens 
 E ainda hoje... 
 Tenta sondar abismos. 
 
 Os dias estão passando... 
 E Aquilo que Sou lentamente retornando 
 Aos Espaços de onde foi atraído. 
 Átomos, moléculas, células viventes! 
 Experimentadas por estranhos processos, 
 Não computados pela Mente 
 Do terráqueo, ainda ignorante. 
 
 Dissociado aquilo que compõe... 
 O denso instrumental 
 Figura humana... 
 Compacta, sensível, atingível! 
 Doce imperfeição que ainda preside 
 A Forma nesta Esfera. 
 Sob o controle da Lei, 
 Que Impera Autônoma, 
 Em qualquer Universo ou Dimensão, 
 Reunem-se de novo os elementos 
 Ressurgindo a configuração. 
 Um Poema de Vida 
 Com outra simetria. 
 Outros anseios, 
 Outra moradia... 
 
 
OSCILAÇÃO 
 
 OSCILA o mundo hodierno, como Prelúdio de FIM. Nada mais que 
um ciclo natural. Mas... é o momento do GRANDE TESTE para o Homem 
terráqueo. O momento vital desta pobre civilização enfermiça. 
 Aquele que pesquisa pode ver sem muito esforço os cálculos 
vazios gerando sonhos de pouca duração. Suscitando anseios, 
promovendo ganhos. Pode observar os muitos caminhos abraçados... 
Os controles complicados torturando. As vantagens transitórias 
induzindo, rumo a miragens vária, tendências ilusórias. 
 O próprio homem cria seus grandes empecilhos. Acarreta seu 
autonaufrágio, com justificativas que ele, ingenuamente, supõe 
“apropriadas", mas em verdade não satisfazem. 
 Ah! Tantas versões exploradas. Vez por outra algo modificadas, 
tombando inexpressivas! A absorção milenar de inválidos 
condicionamentos acionando a Mente na direção do ABISMO... 
 Símbolos tão sérios, vulgarizados por impenitência. Uma 
conformação hipócrita mantida tempo a fora... Razões estruturadas 
em terrenos arenosos, admitidas sem contestação. Quase inesperada 
surge tempestuosa uma tendência nova! Trânsito para o futuro. 
Sombrio panorama de vagas combinações. Encadeamento de limites. 
Sufocamento de potencial sensível. Sucesso de exaltação, nula 
desde o nascimento! Frustração do QUERER... Dissolução do Poder de 
AMAR antes de DESEJAR! 
 Não temos mais que aguardar o cortejo final da terrível Noite 
de KALI. Formidável evento que seguirá transmutando, engendrando 
mergulhos insondáveis. Arrastando os vencidos, vitimas da 
autoilusão. Etapa que fará rastejar cérebros operosos. Adeptos do 
Poder Provisório, logo extinto. Soturna confraria, escrava do 
Egoísmo e da Ambição. 
 Apagam-se as luzes tremulantes de uma Era sombria... Que pouco 
ou nada representa na contagem do ABSOLUTO. Fecunda, com certeza, 
porém, outra vez a TERRA amanhecerá! Libertada do caos, dos 
escombros letais. Novamente bela e fremente de novos mistérios. 
Metamorfose das explosões finais. Apaziguada por outras VIBRAÇÕES. 
Revolvida por novos IDEAIS. Perpetuadas em suas novas flores. 
Atraída por mais puras tentações. Abençoada MUTANTE ESPACIAL! 
 
 
POEMAS E POETAS 
 
 "MAS que el cielo o la Arcadia, 
 Te amo, oh, mi ÍNDIA 
 Y tu amor lo daré 
 A todas las hermanas naciones que existem!" 
 
 - Dulcíssimo poema de Paramhansa YOGANAND. Transbordamento de 
ternuras, sutilidades da Alma, espraiando-se em suaves carícias, 
na penumbra matizada do coração. 
 Nunca fui muito afeiçoada a poemas... Contudo, quem não se 
perderia embevecido entre tanto sentimento e tanta cor?! De minha 
parte, flutuo enfeitiçada entre transparência e perfume abstrato. 
Oscilo de YOGANAND a TAGORE. Entre o cristal dum lago refletindo o 
céu e canteiros policromos de jardins soberbos. 
 
 TAGORE é o CANTOR: 
 "Sim, bem sei, Amado do meu coração. Tudo isto não é senão o 
Teu amor. Esta luz doirada que dança sobre as folhas. Estas nuvens 
preguiçosas navegando pelo céu. Esta brisa fugitiva deixando uma 
frescura em minha fronte... 
 "Estou apenas esperando o amor para todo me abandonar 
finalmente em suas mãos. Por isso é já tão tarde e por isso fui 
culpado de tantas faltas. 
 Eles vêm com as suas leis e os seus códigos para logo me 
prenderem; mas eu lhes fujo sempre, porque estou apenas esperando 
o amor, para todo me abandonar finalmente em suas mãos. 
 Os outros censuram-me e chamam-me negligente; não duvido que 
tenham o direito de censurar-me. Esses que vieram chamar-me em vão 
voltaram enraivecidos. Estou apenas esperando o amor, para todo me 
abandonar finalmente em suas mãos." 
 
 Outros, muitos outros também são penachos incendiados. O poeta 
será sempre uma CHAMA que arde entre sombras... serpenteando 
imprecisamente. E, perdendo-se, por fim, nas dobras flamantes de 
esplêndidos clarões! 
 
 O poeta divaga: 
 
 "Há olhos boiando nas sombras da noite. OLHOS VERDES, macios, 
feitos de pedaços de mar! Há olhos perdidos nas vagas do Espaço. 
Perpassando de infinita ternura todas as fibrilhas do meu ser. 
Luzes de estranho fulgor guardam no âmago esses OLHOS VERDES, 
incrustados no manto da noite da minha vida sem cor e sem música, 
sem destino e sem forma! (E. A. C. D.)" 
 
 Sinto que nessa divagação há dádiva e prece... Entronização do 
Sonho na rutilância alcandorada do Sublime! Eu também vez por 
outra divago, e penso que os Espaços Siderais não são mais que UM 
POEMA INFINITO, surpreendente, formado na meditação inacessível 
d'AQUELE que tanto tem criado poetas! 
 
 
CONEXÃO 
 
 SEMPRE um ensaio! Nada mais que um ensaio, passível de 
fracasso. Embora os recursos previstos estejam prosseguindo seu 
curso normal. E as tentativas ainda imprecisas, reconduzindo a 
MENTE para a antiga órbita... 
 Revoluções da ALMA que espreita o Momento e reclama o Direito 
de outros prismas visuais. De outros páramos estelares. Outras 
extensões ainda interditadas... 
 Um conjunto de lembranças abrangendo remotas demarcações. 
Encerrando uma escala sucessiva de ocorrências... estreitamente 
ligadas entre si. Fornecendo impulsos, sintonizando sussurros que 
chegam de infinitasdistâncias, sempre mais perto, sutilmente. 
Como se captados fossem por circuitos eletrônicos. Mas, que 
dispensam qualquer tipo de válvulas, embora apresentando 
comportamento análogo ao de amplificadores de audiofreqüência. 
 Aprendi de fonte idônea, que o Homem é uma ANTENA VIVA! 
Podendo atuar com seu equipamento, natural e original, desde que 
lhe proporcionem as "tensões" adequadas de funcionamento. Uma 
vontade sólida e determinação liberada de interesses mesquinhos, 
fraudulentos, corrutíveis! Mas, Céus!... O coração do Homem 
tornou-se uma gândara hostil. Jazida acanhada de afecções 
eversivas. Precário "combustível" anima as belezas latentes. E o 
que há mesmo acontecendo, é um processamento assustador. Acréscimo 
de desvario gradual... A displicência envenenando cada vez mais a 
atmosfera do mundo, já tão poluída! Alarme que retoma a calma 
antes conquistada. Frêmito que se instala sem atenuantes. 
Sofreguidão sobrepujando a coerência. Inquietude febril minando a 
vontade. Uma avidez sem trégua afrontando a TERRA, já tão 
pressionada! 
 Curiosa obsessão precipitando a oscilação do eixo... E a 
cristalização de belos sonhos abandonada ao longo da vida. 
Desbordamento de esperanças em demanda de atividades tão pouco 
avaliadas! Escassez de Amor verdadeiro, de sentimento limpo. Quase 
nenhum espaço disponível para os interesses da ALMA. Ninguém 
habilitado para reparar os danos da psique envolvida pelos 
embaraçantes processos de fuga e frustração... Sólidos "Intrusos" 
assinalando a lenta e densa agonia do Homem! Enquanto isso, 
ninguém atenta para a aceleração inexorável da CONSUMAÇAO. 
 Em meio dos bloqueios inevitáveis, vou tentando eliminar os 
inconvenientes que alimentam as tensões estranhas à minha "ONDA 
PESSOAL". Ansiando por uma Mecânica celeste que atesta outros 
Domínios Siderais, onde poderiam ser contestadas as leis que se 
aplicam às nossas imediações universais. Ansiedade por outros 
crepúsculos sem iminência de Plenilúnio... soturnos como os 
atuais. Ansiedade pelo Instante de representar UTILIDADE, tal como 
se fosse fonte independente de polarização. Gerador 
autoconstituido (?), operante potencializado, livre de turbulência 
ou distorção, por Galáxias além... Intentando situar minha própria 
valia, como prolongamento em estágio rudimentar, de ALGUÉM que 
maneja parte do meu Destino, e aguarda no LIMIAR! Um SOL muito 
especial, em deslocamento contínuo. Muito atento... Vigilância que 
contorna ou concilia os aspectos da minha ignorância. Reprimindo 
qualquer expansão não moderada. PRESERVADOR incansável do MAIOR 
BEM humano. Radiosa e insólita evidência da minha UNIDADE! 
 
 
KRISHNA, AMOR! 
 
 OUTRO aniversário seu, RAMÍ querida... Para este ano, porém, 
não tenho palavras. Perdoe-me! Não tenho condições. Nenhuma 
inspiração para escrever o seu cartão. Somente a presença DELE no 
meu pensamento faminto. ELE e Seu distante OLHAR de censura pelo 
que fiz falhando, ou pelo que deixei de fazer. ELE e MINHA 
ETERNIDADE nos Seus OLHOS! ELE e os Infinitos alternando-se nas 
expressões de Sua Face. ELE e o espocar de novos mundos, 
deslumbrando a quem possa contemplar, por instante sequer, o 
feitiço VERDE da esplêndida tonalidade de Seus OLHOS! ELE! O AMOR, 
a VIDA! E fora disso, INEXISTÊNCIA. 
 Você bem sabe RAMÍ: sem a proximidade de KRISHNA, nem 
palavras, nem presentes, nem êxitos, nem as gloriosas do mundo... 
NADA poderia trazer alegria à Alma de RADHA ou ao coração de 
RUKMINI. 
 Por ELE adotamos um método decisivo contra a "incineração" 
consciente dos sentimentos belos e emoções humanas sobreviventes. 
Foi ELE que, de mansinho, despertou no mais recôndito de nós uma 
finalidade que predomina sobre o GELO que se instala, ostensivo, 
no coração do homem! Foi DELE que nos veio um ROTEIRO, um 
OBJETIVO, um IDEAL, sem as compensações concebidas pelos 
interesses mesquinhos do homem comum. ELE ensinou, mostrou a 
evidência, não aceita ou não visualizada. "Aí está - disse - o 
homem tropeça nos próprios pés... Colide com seu irmão mais 
próximo. Entra em choque com a s ambições do seu vizinho. Ignora 
qualquer advertência considerada por ele “inconveniente". Sem 
esquecer, contudo, de registrá-la para futuros comentários. Sofre, 
por fim, as conseqüências desastrosas. POR QUE? Simplesmente 
porque não faz mais que acumular, ao longo de sua jornada, 
parcelas de atividades que resultarão em aniquilamento. A elevada 
toxidade de seus próprios pensamentos e ações impuras, não concede 
escapatória possível." 
 Assim, aqui estou RAMÍ, quieta, sem ânimo... aguardando tão 
somente o ansiado momento de tê-LO por perto novamente. E seu 
OLHAR DE AGRADO, como se merecesse... 
 
 
CONSTATAÇÃO 
 
 KYE, meu milenar AMIGO! Somente agora eu sei... Jamais 
estivemos separados, depois do meu exílio. O tempo e a distância 
não conseguiram sujeitar o teu Amor. Pelo que vejo, deu-se o 
contrário. E isso é quase mítico neste mundo... 
 Antes, quando caminhávamos lado a lado, eu permanecia 
distante. Embora analisasse, entre preocupada, temerosa e 
perplexa, tua angústia silenciosa inteiramente submetida à força 
do teu sentimento concentrado. Sabia, sempre soube, que teu braço 
assim como tua Mente, teu poder, tua sabedoria, teu coração e 
mesmo tua Alma... estavam a meu serviço. Sem condições! Mas, eu 
fugia a todos. Temia os laços mais profundos. Minhas ambições 
exigiam uma liberação ilimitada. Era uma mulher atraída por 
fenômenos siderais. Por surpreendentes maravilhas ainda obscuras 
para sua ciência. Uma mulher constantemente elaborando ensaios. Os 
mais arriscados! Desde que a resultante experimental justificasse 
a negligência de sua segurança pessoal. Ou as revoluções súbitas 
de sua Alma. Conflagrações tão imprevistas quanto seus 
desfechos... 
 Anos, tantos anos luz pareciam separar "para sempre" minhas 
novas formas transitórias, minhas vidas físicas das tuas. Omisso 
estavas na minha nova fase de aprendizado. Quase um estranho, nos 
meus raros momentos de percepção. Contudo, estavas lá... 
Investigando sempre, sem dispersão. Sem esbarrar nos obstáculos 
que predominam por estas plagas. Vigilante, estranhamente alerta 
ao teu Amor! Enquanto eu, despojada de memória retroativa, exposta 
a ventos que abrasavam, cambaleava, quase perecia, submersa nesse 
esquecimento de proporções quase irreversíveis. 
 Cedeu, porém, a aridez funesta. Minha PRIMAVERA retornou quase 
como explosão. Mutando cores, flores, tudo em sinfonia... 
Desvendando você e também... especialmente... o meu SOL 
particular. O que significou REENCONTRO VITAL, minha 
"ressurreição"! Tenho certeza de que foi através DELE que percebi 
o teu Amor. Ver tão claramente esta constância tua. Esta 
modalidade de Amor tão poderosa, que atravessou os tempos e se 
perpetua, bela e imperecível. Colossal, nada tempestuosa. 
 
 
UDAIPUR 
 
 TALVEZ esta página não venha a condizer com este livro de 
meditações. Mas, a verdade é que, de quando em quando, sinto-me 
saudosa. Penso em Gokul, Vrindavan... um passado remoto. 
Detenho-me, porém, em Udaipur. Das antigas capitais indianas ela 
foi eleita, unanimemente, a mais fascinante. Aliás, a beleza de 
todo o território RADJPUT (a palavra significa: Filhos de Rei) foi 
incessantemente comentada por penas respeitáveis. Sua Casa 
Reinante, considerada a mais importante da Índia, dispõe de um 
longínquo passado de episódios, lendas e supostas lendas que a 
formosa raça radjputana conserva com zelo e orgulho. 
 Dizem que nunca um soberano de Udaipur visitou a Europa. Não 
sei se continuou assim. Alguns chegaram a afirmar que isso jamais 
sucederá, porque eles "preferem viver circunscritosao seu 
território, arrogantemente altivos no isolamento dos seus palácios 
enevoados de glória, rodeados de lendas e tradições que os 
aprisionam tanto como as cadeias das altas colinas que lhes 
interceptam o horizonte" - como opinou Pellenc. Agora, entretanto, 
tudo deve ter mudado. Não sei se para melhor. Tenho minhas 
dúvidas... 
 Apesar do que escreveu acima, o mesmo Pellenc mostrou-se 
grande entusiasta da inegável magia que envolve, ou antes... 
envolvia, aquela região privilegiada. De sua passagem, 
antigamente, por Udaipur, Jean transmite emoções do homens e do 
artista diante do Belo! Descreve a velha muralha que oculta o 
JARDIM DO ESCRAVO - "o mais deslumbrante e maravilhoso jardim de 
Udaipur. Balneário ideal para as princesas de contos de fadas." 
Fala sobre o portentoso palácio do Maharana (titulo que significa: 
maior que Maharajá), "verdadeira cascata de mármore de cem metros 
de altura." E segue, desenhando, com o singular encanto da análise 
desapaixonada, o festival de luz, cor e som revelado no desfile 
teúrgico da vida cantante de Udaipur! 
 Certa lenda narra acerca da estranha maldição que asseguram 
pesar, desde séculos, sobre a Casa Real da antiga e bela capital 
construída sobre lagos. Outra, que não é bem uma lenda, conta-nos 
a estória da mimosa e mística princesa MYRHA, que se supunha noiva 
do "deus" KRISHNA. E evoca, fatalmente, seu bailado suave. O 
corpinho moreno ondulando sob véus coloridos. O ritmo dos braços e 
mãos esguias, diáfanas como asas imateriais, fazendo vacilar a 
chama da lamparina. Pesinhos ligeiros sobre tapetes macios. Em 
tamanho natural, a estátua brônzea de KRISHNA no meio de flores... 
"DANÇO PARA TI MEU BEM-AMADO SENHOR!"... 
 Eu não sei o que ocorreu com Udaipur, com a Índia ou com o 
mundo. Nem vale a pena pensar. Sei somente que a suposta lenda 
dessa princesa que não queria casar porque dedicara sua vida e seu 
amor unicamente ao senhor KRISHNA, continuará evocando o perfume 
das múltiplas variedades de flores que adornavam de sonho os 
jardins reservados de Udaipur. Suas piscinas transparentes, seus 
palácios marmóreos e salões vastíssimos. Toda a miraculosa 
formosura desse pedaço de terra indiana, radiosa e solene como o 
cortejo das manhãs primaveris. 
 
 
CONVITE FRATERNO 
 
 VENHA, CHANDAN! Você que é meu único irmão de origem que 
encontrei, até agora. CHANDAN é seu verdadeiro nome, antes e 
sempre, não é? Pois bem... Segure minha mão. Desvendarei outras 
belezas além dos seus engenhos, além do seu PORTAL. Outros 
encantos além dos seus visores espaciais. Outras maravilhas além 
dos seus Andróides tão humanos! Outros deslumbramentos somente 
semelhantes aos que haviam antes em NOSSA formosíssima e tão 
distante ESFERA... hoje revertida à energia pura. 
 Você que é meu irmão de ORBE, que é meu irmão como criatura na 
CRIAÇÃO, seja meu irmão ainda outra vez! Mesmo sendo assim como é, 
tão extraterráqueo, tão cientista, tão enigmático, mas tão 
profundamente humano. Segure minha mão. Tudo se tornará mais 
simples, se caminharmos juntos. SEI de soberbas atrações 
interestelares. Você terá facilidade de VER e de SENTIR. Ninguém 
seria tão humano e tão super-humano ao mesmo tempo, além de 
KRISHNA. Só você! Fomos dotados, essencialmente, pelo NOSSO MUNDO, 
de estranha, esquisita sensibilidade, constituída de perspectivas 
infinitas. 
 Venha! Seja meu irmão ainda outra vez. Esta vez! E não tema 
por seu Sentimento. Assim ele estará a salvo das procelas, das 
profusões de torrentes exaltadas, das tormentas desencadeadas... 
que abalam sólidos alicerces, geram e aumentam a aflição da Alma. 
Trabalharemos perto, mas interiormente longe... dos que sucumbem 
encerrados nos sarcófagos de seus próprios condicionamentos 
fracassados. Não nos deteremos por onde houver sinais precursores 
de fraudes assinalando terrenos movediços. Enfim... Nada que venha 
a ferir frontalmente a natureza do que sente seu coração ou os 
infatigáveis empenhos do meu Espírito. 
 O tempo conta para o terráqueo. No que diz respeito a você, 
será apenas... logo mais. E estarei de volta às incógnitas das 
estrelas duplas, triplas, quádruplas, quíntuplas, novas, 
temporárias, variáveis, etc. De volta às escalas cósmicas ainda 
não alcançadas pelo homem de cá. De volta aos câmbios mais 
envolventes e emocionantes. As mais atraentes energias de 
conversão. Seus inúmeros níveis! De volta, em suma, às sonhadas, 
inconquistadas ESPIRAIS! 
 Segure minha mão, CHANDAN, meu irmão de ESFERA-MATER. Esta mão 
singela e humana. Apesar de nossa tão singular diferença 
evolucional. A despeito de seu tão grande, respeitável, formidável 
acervo tecnológico. Sejamos protonautas de paragens primitivas, de 
extensões em contínua expansão, de trajetórias nem sequer 
ventiladas. A presença da matéria, densa ou sutil, permitirá 
valioso aprendizado. 
 Segure minha mão, CHANDAN. E, por favor, não dificulte meu 
trabalho! 
 
 
PELO MEU DESERTO INTERIOR 
(1964) 
 
 ESTE MOMENTO é de quietude argêntea, quando a Lua entra em 
Plenilúnio. Instante sutil, quando me parece que DEUS me toca com 
a magia de SUAS MÃOS sem forma. 
 Enquanto a Lua Plena faz da TERRA sua doce presa magnética, 
minha Alma busca repousar na TUA, ó AMOR! Meu DEUS... É só como 
AMOR que anseio TE buscar. Rogando-TE que me deixes sempre ver-TE 
através dos sinuosos véus que iludem a visão humana. 
 VISHNU-RAM-KRISHNA! Também a ti invoco. Não importa com que 
nome... já que és minha ETERNIDADE. Lembro-me que te revelaste 
como poder flamante, quando eu chorava meu deserto interior. E foi 
quando soube que em mim existias desde a origem. Quetamente, 
secreto, intocado! 
 Ó tu, através de quem sonho meu Sonho Infinito! Onde quer que 
estejas, ouve-me! Sou toda censura ao disfarce, às traições 
conscientes, à hipocrisia e ao egoísmo do mundo. Por que devem ser 
infiéis as criaturas? Conta-me tu que és meu maior e mais doce 
Mistério. O que se passa com o coração humano? Fala-me tu que és 
minha Vida. Suplico-te, vem um pouco. Fica ao meu lado, enquanto 
durmo, pelo menos. Detem-te e desce sobre minha pobreza teu 
poderio de AMOR. Vem! Porque tenho n’Alma o cansaço dos milênios 
que passaram por mim... Tenho n’Alma a desolação das minhas 
próprias falhas e frustrações... Vem! Já não me satisfaz encontrar 
algo de ti nas verdes folhas da primavera, na cintilância das 
águas, no perfume da brisa, nas preces de Amor murmuradas, ou nos 
cantos de saudade que ecoam nas mornas noites pinceladas de prata. 
Vem! Deixa-me repousar um pouco nos teus OLHOS. E através deles 
ver DEUS face a face... sem morrer! Deixa-me acreditar que não 
está distante o dia em que me levarás para longe das angústias e 
tolos desejos. Deixa-me sonhar com o dia em que contigo serei 
IMENSIDADE! Quando todos os tormentos serão diluídos em ti. Quando 
gozarei de ternuras nunca antes desvendadas. Sim... Deixa-me 
aguardar docemente o dia em que flutuaremos pelos espaços, 
polarizados num único corpo. Quando alcançaremos galáxias e sóis 
de beleza e coloração inimagináveis... envolvidos pelos outros 
esplendores da CRIAÇAO. Mas, tu onde andarás, meu terno 
deslumbramento? As estrelas vigiam do alto e sabem que há terrível 
carência de ti no meu pequeno coração. 
 Em mim parecem haver morrido todos os desejos. Só um 
sobreviveu. Imortalizou-se, tornou-se cósmico! Esse desesperado 
anseio de dissolver minha existência unicamente na tua. 
 Certa vez eu dormia, e tu vieste como num sonho. Dormia mesmo? 
Acaso tenho dormido nessas intermináveis noites de pesada solidão 
espiritual? Posso assegurar que ouvi teus passos. Como conheço 
teus passos! Lentos, firmes, macioscomo os de um felino. Lembrou-
me outros tempos, quando discutíamos... e tua flauta quedava 
silenciosa. Teu corpo moreno-metálico e, especialmente, teus 
esplêndidos OLHOS falavam de outros mundos mais perfeitos. Onde a 
BELEZA possui horizontes de elasticidade inexplorada pelo homem da 
TERRA. 
 Apesar de saber que é em ti que existo, fui condenada pelo 
aprendizado a buscar-te sempre. Até que deixes de ser um doce 
ENIGMA, envolvente Mistério do ETERNO. E tenho te buscado KRISHNA. 
Nos meus inquietos sonhos, nas minhas duras vigílias. Agora, nesse 
fim sombrio de milênio, resolveste que terei de ser semelhante a 
pequeno corpo sideral.. . que em sua passagem quase imperceptível, 
tem dever de deixar discreta luminosidade, calor benigno e 
esperanças nascidas. Difícil empresa ó KRISHNA! Mas, como vives em 
mim, assim: será! 
 Os dias passarão monótonos ou agitados. Não importa... 
Ilusões, esperanças e doces sonhos irão se apagando como lâmpadas 
sem azeite. Dias sem fim... Noites de desconforto e desamparo. 
Minhas antigas palavras, como pastora, retornarão vivas aos meus 
lábios. Ah! KRISHNA! Queda-te apenas em meu coração e não me 
apareças mais em tua forma humana. Velha tolice minha que se 
repetirá, com as recordações de uma flauta distante. Recordações 
de um deus moreno escuro... De um carinho infinito que vibrava em 
VRINDAVAN, onde o tesouro de PREM era ofertado como adorno do 
ESPÍRITO. Mas, acontecerá exatamente como está determinado. Porque 
permaneces sempre em mim. Física, mental e espiritualmente, como 
força contínua, essência-raiz, REALIDADE IMANENTE. 
 
HINDOSTÃO 
 
 MAIS UMA VEZ meu pensamento busca a Índia, que sempre preferi 
chamar de HINDOSTAO. Retorno que não é mais que, uma SAUDADE, ou 
mesmo uma tristeza infinda por tudo o que na ÍNDIA não é mais 
HINDOSTÃO. Penso no MAHABHARAT, a célebre epopéia que discorre 
sobre a raça descendente do grande personagem que foi o rei 
BHARAT, irmão de RAM. Inevitável recordo o RAMAYAN, onde se lê... 
e quase é possível ouvir... o cantor do autor honrando solene a 
lealdade e o sentimento fraterno de BHARAT. Coisas de um passado, 
supostamente mítico, e tão remoto! 
 O HINDOSTAO! Assunto preferido, manancial inesgotável da minha 
adolescência, estranhamente entranhado na minha Alma... A ÍNDIA 
paradoxal, contraditória, exuberante, foi sempre o mais doce e 
inspirador motivo de tudo quanto escrevi antes. Sentia não possuir 
"veia poética" pare cantá-la num punhado de versos vivos. Sentia 
meu vocabulário pobre, jamais suficiente, para desenhá-la tal como 
era: esplêndida, imutável. Toda beleza e mistério! 
 No hall da Audiência Privada do Forte de Delhi existe uma 
inscrição que diz 
 
 “SE HÁ UM PARAISO NA TERRA, É ESTE 
 Ó É ESTE, É ESTE!" 
 
 Estranho paraíso, talvez, considerando seu calor ardente e 
chuvas torrenciais. A miscelência de credos, línguas e condições 
sociais. Via, de regra, porém, o estrangeiro que lá se detinha por 
algum tempo, não sentia desejo de deixá-lo. Pelo contrário! 
Acabava sentindo, intimamente, o espírito da vida indiana... 
quando os preconceitos pessoais não interferiam. E acabava amando 
aquela região transbordante de glória, onde turbantes brancos 
sobre testas morenas, e variegadas tonalidades de saris, 
constituíam espetáculo agradável à vista e ao coração. 
 Através da resenha histórica, qualquer um investigador 
consciente, honesto, pode concluir que o verdadeiro início da 
história da ÍNDIA está perdido na poeira dos tempos. Os magníficos 
poemas épicos dos árias contam a "conquista do mais belo país do 
mundo por uma raça forte, inteligente e harmoniosa" e a apologia 
dos conquistadores CONQUISTADOS! Porque até bem pouco tempo atrás, 
era possível sentir a terra do INDOS inconquistável. Ainda que a 
narrativa demonstrasse uma série de invasões, da qual a ÍNDIA foi 
palco vibrante, também não conseguiu escurecer que os dominadores 
não tardavam em CEDER À INFLUÊNCIA DA CIVILIZAÇAO INDIANA. 
Considerando-se, por fim, filhos da terra, completamente 
conquistados pelo país encantado do Himalaia. 
 A despeito das invasões dos turcos, hunos, persas, mongóis e 
muçulmanos, as poderosas dinastias nativas mantinham 
deliberadamente o poder. E o antigo indú, que era sobejamente 
compreensivo, possuía especial maneira de aprender as coisas boas 
dos outros, sem esquecer as próprias. 
 Falou-se muito da influencia estrangeira, no subcontinente. 
Não obstante, tanto nos setores científicos como nos religiosos e 
épicos, o espírito indú seguiu sempre sendo indiano puro. 
 Estabeleceram-se os árabes como soberanos no vale inferior do 
Indos. E com eles, penetrou na ÍNDIA o Islam. Lá, a doutrina 
floresceu com o primeiro império maometano. 
 Dos príncipes muçulmanos, SCHER SHA foi um dos melhores. 
AKBAR, conforme conta a história, não foi apenas um grande 
caudilho. Seus conselheiros e ministros foram indús, porque AKBAR 
não aspirava ser sultão maometano, mas soberano indú. Assim, a 
mais ampla liberdade religiosa reinava em seu império. Ele próprio 
era livre e tolerante. Especialmente em matéria religiosa. Tanto 
que chegou a desposar uma cristã armênia. Projetou e difundiu 
todas as crenças numa única religião eclética, esperando que seus 
súditos não vacilassem em adotá-la. Isso tudo, porque AKBAR não se 
sentia estrangeiro. Era indú de coração. Precisamente nisso 
residiu a CAUSA de seus grandes êxitos! 
 Finalmente, acabaram-SE, as dominações. Se é que se pode dizer 
isso, observando a ÍNDIA atual tão desmembrada. Supõe-se que temos 
hoje uma ÍNDIA livre que deseja ocupar no mundo culto o lugar que 
por direito lhe pertence. Mas, meu coração indaga, pesado de 
saudades: aonde está o HINDOSTÃO? O que foi feito daquele tão 
formoso pedaço do planeta TERRA? 
 
 
AINDA A SAUDADE! 
 
 "... ÉS TÃO GRANDE 
 E TÃO GRANDE É TUA DADIVA, 
 QUE TENDO CRIADO A LUZ DOS DIAS, 
 PENSASTE TAMBÉM NA DOÇURA DAS NOITES." 
 
 - Versículo do ADI-GRANTH, de Nanak Nirakari Devji, louvando o 
ESPÍRITO UNIVERSAL. 
 
 Hoje minha meditação é absurda... quase turística. Meu 
pensamento viaja por velhos, sombrios corredores subterrâneos: o 
velho templo de Kailasa, em Ellora! Detem-se em contemplação aos 
portais, quase interpenetrados, da Moti Masjid, em Agra. Logo está 
voltado para a agradável edificação da Academia Nacional de Música 
Hindustânica, em Luknow. Observa a alta tensão sendo controlada 
num laboratório do Instituto Indiano de Ciência, em Bangalore. 
Antiga instituição fundada pela família TATA. Voa vagarosamente 
sobre o Buland Darwâza, muito bela edificação da cidade 
abandonada: Fatehpur-Sikrí. Onde registrei para sempre esplêndido 
exemplar das preciosas colunas empregadas pelos arquitetos e 
escultores do soberano AKBAR nos palácios da cidade deserta. 
 Meu pensamento continua seu passeio. É como se estivesse 
pairando sobre a montanha sagrada de KATHIAWAR, o centro da 
religião JAINA, onde existiam 862 templos desta religião. 
Construções lindas, diferentes, como nos contos das "Mil e uma 
noites". Construções maravilhosas como o palácio do Maharajá de 
DARBANGA, em RAJNAGAR. 
 Fico pensando... Existirá ainda aquele edifício da Assembléia 
Legislativa, em DELHI? Era exótico, com seus hemiciclos onde 
funcionavam as três câmaras. E a Mesquita Dourada de BIKHARI KHAN 
em Lahore? O Templo de Ouro de Benares, com sua cúpula central 
construída em ouro verdadeiro? A fortaleza de Gualior, dentro de 
cujas muralhas se encontravam cinco palácios? Ainda existirão 
intactos? 
 Quantas vezes assisti RAM GOPAL, o mais famoso dançarino 
indiano, em seus mais célebres desempenhos. A DANÇA CÓSMICA DESHIVA, ou a DANÇA DO CREPÚSCULO, acompanhado de flauta, veena, 
drums e o cântico de hinos. A dança do Sândalo... e tantas outras! 
Mas, que importa meu pensamento errante? É só SAUDADE... SAUDADE 
do meu HINDOSTÃO que me parece haver fugido para outra dimensão 
desconhecida, sem deixar seus velhos e profundos alicerces. Porque 
na ÍNDIA de hoje, apenas é possível ADIVINHAR fluídica silhueta do 
HINDOSTÃO bem-amado. Já não poderei deter meu passo às portas de 
todos os velhos templos. Nem sonhar à margem de todos os seus 
rios. Tão pouco a monção poderá surpreender-me bisbilhotando 
portentosas ruínas... enquanto me perdia na heteróclita abstração 
que retém o passado numa extremidade do presente, quase futuro. 
Não verei as águas desabarem estuantes, enquanto o céu plúmbeo 
aparece entre clarões dos elementos. Não sentirei o cheiro bom 
daquela terra molhada, enchendo de vida meu coração e o HINDOSTÃO 
inteiro! 
 
 "Si hay un lugar de la tierra donde tengan cabida todos los 
ensueños de los seres vivientes, desde de los primeros dias en que 
el hombre empezó el ensueño de la existencia, ése ES LA ÍNDIA". 
 
 - Romain Rolland (Infelizmente, não se pode confirmar 
atualmente, as palavras de Rolland!) 
 
 
 
POEMAS DEDICADOS À RADHA KRISHNA 
(AUTORES DIVERSOS) 
 
 
MEU OUTRO EU 
 
 À lucidez de Radha Krishna 
 
 (Publicado em 5 e 15 de março de 1972 - "Gazeta Comercial" - 
Juiz de Fora - Estado de Minas Gerais) 
 
 No espelho de mim 
 meu anticorpo 
 atesta a duplicidade 
 de meu anti espírito. 
 Feições plasmadas 
 ao inverso das minhas: 
 - linhas 
 marcadas 
 por outras sensações vitais. 
 Às vezes 
 Sinto 
 essa outra 
 Alma 
 E com ela dialogo 
 Em linguagem telepática 
 Me espanto quando canto 
 e ela responde em pranto. 
 Ao soluçar 
 de desencanto 
 Já lhe ouvi a risada 
 cristalina, 
 Em acalanto 
 talvez para ninar 
 minha exaustão 
 enorme. 
 As exigências da carne 
 Ela devolve o cristal 
 do pensamento informe. 
 Ao meu pensar, 
 Ela devolve 
 as necessidades físicas 
 e muitas vezes ironiza 
 a poesia 
 Que de mim escapa... 
 Mas se me escondo 
 do belo revoltada 
 calejada pela decepção, 
 ela me envia a ternura 
 da beleza... 
 e o consolo é total, 
 cheio de mansidão, 
 E somos, de repente, como uma só, 
 ela me fala 
 em plenitude, 
 em comunhão... 
 
 (Colunista da "Gazeta Comercial" 
 Secção GENTE, LETRAS & ARTE) 
 
 
RADHAKRISHNA 
 NARENDRA (24.12.1971) 
 
 De tão longe que estou 
 Rasgo o céu nuM pensamento, 
 Dos SEUS OLHOS me restou 
 De Amor um sé momento... 
 
 Um PORTAL bem na passagem... 
 Ingressei sem perceber 
 Num castelo oriental 
 Disfarçado de VoCÊ. 
 
 A colina se incendeia, 
 Meu Amor acende o sol. 
 E o mar cobrindo a areia, 
 Verde-mar é meu lençol... 
 
 Pra que voltar 
 Se é tudo tão longe? 
 Mais perto é VOCÊ, 
 O Nosso Lugar. 
 
 Quebrou-se o encanto... 
 Meu longo mutismo 
 Dispersa o egoísmo 
 E recolhe seu manto. 
 
 Deixei minha noite 
 Deserta de estrelas. 
 Achei Sua Noite, 
 Já pude revê-las... 
 
 
RADHA KRISHNA MINHA MÃE, MINHA NAMORADA 
 
 RAM KRISHNA (15.9.1972) 
 
 MINHA namorada é tão linda, tão linda 
 Que me parece uma rosa. 
 Foi por esta rosa que me apaixonei... 
 Ela é uma rosa encantadora! 
 
 Seus OLHOS são tão lindos, tão lindos 
 Como duas esmeraldas. 
 Quando anoitece vejo-os 
 Como pequenos faróis verdes, 
 Extraordinários! 
 
 Minha mãezinha é minha namorada. 
 Ela merece todo meu amor 
 Nenhuma outra mãe é igual a minha, 
 Sou filho apaixonado, isso eu sou! 
 
 (Ram Krishna tem 11 anos!) 
 
 
ROSA ENCANTADORA 
 
 De ROMA KRISHNA para Mamãe 
 (Em 15.7.1968 - Cinco anos de idade, 
 incompletos!) 
 
 A JANELA 
 O MAR... 
 O CÉU CHEIO DE ESTRELAS 
 MEU BEM, EU FUI NO JARDIM 
 COLHI UMAS FLORES. 
 EU FUI NA FONTE MAIS CRISTALINA DO MUNDO! 
 AH! MEU BEM! 
 SE EU PUDESSE TERIA TRAZIDO TUDO PARA VOCÊ, 
 EU REPITO, MEU BEM. 
 OLHA O CÉU CHEIO DE ESTRELAS. 
 AH! VOCÊ QUER DESCANSAR UM POUCO? 
 VOCÊ VAI ME DAR UM BEIJO, MEU BEM? 
 
 
RADHA KRISHNA, MAMÃE 
 
 RADHA KRISHNA FILHA (14.9.1972) 
 
 QUERO ir para onde você for 
 Como oferenda de mim mesma 
 E do meu Amor! 
 Em troca quero apenas olhar 
 Seus OLHOS nessas noites de luar. 
 
 
RADHA KRISHNA MÃEZINHA ADORADA 
 
 LUNA KRISHNA (14.9.72 – 8°. da Lua) 
 
 Pergunto: 
 O mundo sobrevive sem Amor? 
 O céu brilha sem estrelas? 
 O sonho continua sem ter uma esperança? 
 O mar rola sem suas ondas? 
 O coração vive sem um pouco de carinho? 
 A primavera existe sem suas flores? 
 Enfim, a vida continua sem se ter uma esperança? 
 Sei que não. E por isso, quero sempre ao seu lado ficar, 
 Para sempre poder amá-la. 
 E um dia, então, poder decifrar 
 O grande mistério que vem do seu OLHAR. 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 SHALIMAR (3°. da Lua - 12.7.1972) 
 
 Reflexos de cristais cintilantes, 
 Areias de matizes cambiantes, 
 Debruçam-se no espelho do Mar – 
 Hão de estar em busca de um OLHAR 
 Alçam-se em alegres revoadas... 
 
 Lindas aves de cores variadas, 
 Anunciando o dia que nasceu. 
 KRISHNA AMOR, como este Mundo 
 Saúda em Ti a Criação! 
 Haverá, pergunto a mim, então, 
 Mais Vida do que a que vive em Ti? 
 Infinitos, em TEUS OLHOS, já vi! 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 DYYO (Julho de 1972) 
 
 No toque silente de ternura 
 No verde do teu doce olhar 
 No sopro frágil de tua brisa 
 No AMOR a flauta a vibrar 
 Nos olhos perdidos na distância 
 Toda a saudade a manejar. 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 SHALIMAR (7.7.1972) 
 
 RADHA... RAÍ... minha doce inspiração! 
 Afaga minh’Alma, já sem solidão 
 Depois que Te viu... que soube que TU ÉS! 
 Hoje só queria depor a Teus Pés 
 Algo muito belo... seu... do Teu Agrado! 
 
 KRISHNA, Lord KRISHNA, KRISHNA - AMOR, meu AMADO! 
 Recolhe Tua GÔPI de mãos vazias. 
 Importa apenas que sempre saberias... 
 Sempre soubeste quem é a SHALIMAR – 
 Hoje ainda sem ter nada para dar. 
 No entanto, talvez queiras receber 
 A saudade que dá VIDA a seu viver... 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 MARIE ANTOINETTE (19.6.1946) 
 
 Quando eu assim imagino o meu Amor, 
 Todo o meu pensamento usa de cor 
 Mágica de uma saudade eterna, infinda! 
 E de um simples pincel vai surgindo a linda 
 Pastora RADHA, que KRISHNA, o Rei-Vaqueiro, 
 Declarou a toda a TERRA, ao Mundo inteiro, 
 Ser Sua Imagem, Seu DESDOBRAMENTO! 
 - Adoração no AMOR e Contentamento! 
 E o meu pincel continua imaginando 
 Toda a beleza do Homem-deus chamando, 
 Através de Sua Flauta, seus Pastores 
 Que tudo o mais esqueciam, fossem dores 
 Ou prazeres - pois a terna melodia 
 Era toda um só ANSEIO, noite e dia... 
 E ainda hoje, SEMPRE, meu KRISHNA Adorado! 
 Ouvirei dentro de mim o TEU CHAMADO... 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 CHANDRA BALI (7.7.1964) 
 
 Era assina, querida minha, 
 Que muitas vezes, sozinha 
 Nos bosques de VRINDAVAN 
 Aguardavas, com afã, 
 A vinda do BEM-AMADO! 
 Um pavão de cada lado 
 Eis RADHA, a linda Pastora 
 Cujo coração se fora 
 Com o DIVINO VAQUEIRO – 
 Amor, assim verdadeiro, 
 Tão real e tão profundo, 
 Nunca se vira no mundo! 
 E ao tentar pintar-Te, então, 
 Busco no meu coração, 
 Neste coração que é Teu, 
 - Para hoje, Amor meu! - 
 Um poucode colorido 
 Que lá guardei escondido 
 Desde VRINDAVAN, Senhora, 
 Quando eu também, como agora, 
 Ouvia o doce CHAMADO 
 Da FLAUTA do BEM-AMADO! 
 Acolhe pois, por favor, 
 Esta Oferenda de Amor... 
 
 
RADHAKRISHNA 
 
 E. M. DA SILVA (17.8.1964) 
 
 Hoje, RADHAKRISHNA, Caminho meu! 
 Sinto uma necessidade imensa 
 De estender a Teus pés a Mente tensa 
 E, assim, ir repousando esse cansaço 
 Que me dilui no tempo e no espaço. 
 Desejo forte, intenso, de existir 
 Apenas no que Te faça sorrir... 
 Anseio inextinguível de apagar 
 Tudo o que não se acenda ao TEU OLHAR! 
 Necessidade, enfim, de não ser eu 
 A renovar-me em Ti, Caminho meu! 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 E. M. DA SILVA (20.10.1964) 
 
 Tanta cousa me conta o anoitecer... 
 Quando a tarde começa a espairecer 
 E a noite, lentamente, vem descendo 
 Lá de longe... a saudade num crescendo, 
 Parte em busca de Ti, além de mim. 
 A sós comigo mesmo posso, enfim, 
 Procurar naqueles céus o teu olhar, 
 Através da janela meu cismar, 
 Envolve, com ternura, a imensidão 
 Nela encontrando, em Ti, minha Oração. 
 E minh’Alma ante a Tua, ajoelhada, 
 Murmura fervorosa, deslumbrada, 
 O TEU NOME, TEU NOME, simplesmente! 
 É quando surge a Lua, resplendente... 
 
 
RADHAKRISHNA 
 
 E. M. DA SILVA (7.6.1965 - 9°. da Lua) 
 
 Esteja eu onde estiver, 
 Não importa! Haja o que houver 
 Penso em Ti, somente em Ti! 
 Tudo o que já conheci 
 Hoje em dia desconheço 
 E a nada mais dou apreço, 
 A nada mais dou valor 
 A não ser o Teu calor. 
 Quando estou de Ti distante 
 Como agora neste instante, 
 É tão profunda a saudade, 
 Tão intensa a ansiedade 
 Que vou guardando comigo 
 Até poder estar Contigo – 
 Que tenho medo, Senhora, 
 Que me mandes logo embora, 
 Que me expulses por excesso 
 De zelo, de ardor, confesso! 
 Mas, em verdade, é assim 
 O que sinto aqui em mim... 
 
 
RADHASHTAMI 
 
 E. M. DA SILVA 
 
 Conta-me, eu Te peço, minha amada, 
 Como as GÔPIS festejavam RADHA 
 Naquele tempo, neste Teu Dia! 
 Como espalhavam sua alegria 
 Pelos bosques, em risos e cantos, 
 Ornando o mais belo dos recantos 
 Para o senhor KRISHNA e sua eleita. 
 Conta-me corno era então perfeita 
 Nossa vida de amor e beleza, 
 Onde até a própria Natureza 
 Se enfeitava toda para Ti! 
 Conta-me ainda pois já esqueci, 
 Como as pastoras, vestidas de cores, 
 Faziam oferendas de flores, 
 Ou frutos, ao Teu divino amante. 
 E agora, somente alguns instantes 
 Para me contares... se lembrar, 
 Reviver assim o que era AMAR... 
 Sonhar novamente com florestas, 
 Com guirlandas, com alegres festas, 
 Não aumenta mais esta saudade 
 Que me segue pela Eternidade? 
 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 SONALI (7.7.1972) 
 
 Perdoe minha ousadia 
 De dar uma de pintor 
 (E olhe, com lápis de cor). 
 É que eu quis retratar 
 Numa tela de papel 
 O encanto de um OLHAR 
 Feito de verde magia, 
 Meu pedacinho de céu. 
 E pra terminar meu poema 
 Encontrei um novo tema. 
 Não tem jeito mesmo, não. 
 Trocar de bem, é a solução. 
 Bem que eu sei e bem que eu vejo 
 Não há Touro sem Caranguejo. 
 E o Caranguejo, afinal 
 Não tem um Touro, como sinal? 
 
 
RADHAKRISHNA, MEU REFÚGIO! 
 
 SHALIMAR (7.7.1972) 
 
 Se eu pudesse transformar-me em sininho 
 Queria ser aquele - o menorzinho! 
 Assim como eu... Então Te saudaria 
 Cada vez que Te visse. Ou escolheria, 
 Em vez de sino, um punhado de brisa 
 Também coma eu - mutável, imprecisa 
 Mas sempre a Teu redor, toda inquietude. 
 Ou, quem sabe, Algo dessa solicitude 
 Que vive no céu... que vive no mar... 
 Que vive em meu sonho, cor do luar. 
 E assim bem diluída me verias 
 Vagando em TEU OLHAR todos os dias. 
 
 
RADHAKRISHNA 
 
 DYYO (10.8.1972) 
 
 Transportei nas lágrimas 
 Sólidas pedras do chão 
 Tua presença repousante 
 Vivificou a emoção 
 E no brilho tímido 
 De uma gota de orvalho 
 Senti teu olhar sereno 
 Pousar onde sou falho. 
 * 
 Um verde penetrante 
 Descansa os olhos cerrados 
 Ouço toda a paisagem 
 Do teu hálito perfumado 
 E no luar adormecido 
 A ternura te distingue 
 Numa lembrança calada 
 Que jamais se extingue. 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 KIMAI DE KUNTI (6.8.1972) 
 
 Enquanto caminhavas 
 Sem perceberes, deixavas 
 Um rastro de terna saudade 
 Falando de eternidade 
 De um sonho jamais esquecido 
 Que, eu sabia, estava escondido 
 Distante, em algum lugar. 
 Quem sabe, no TEU OLHAR? 
 Deixei de vagar sozinho 
 E fiz do Teu, o meu caminho. 
 Colheste uma rosa carmim 
 Tristonha, apagada, esquecida 
 Num canto daquele jardim. 
 Afagaste-a, enternecida, 
 Com cuidado, com tanto carinho 
 Que eu cheguei a ter ciúme... 
 Estavas, então, tão pertinho 
 Que eu pensei poder Te alcançar. 
 E corri, corri bem depressa... 
 Mas só encontrei Tua rosa 
 Linda, feliz, mas saudosa 
 Que, eu sei, deixaste p’ra mim 
 Como a sombra de uma promessa. 
 Beijei-a, senti Teu perfume 
 E ela contou-me, baixinho, 
 Dos Teus sonhos, desejos, enleios, 
 Tua saudade e Teus anseios. 
 Quando olhaste aquela estrela 
 Esqueceste, distraída, 
 Tua imagem ali refletida. 
 Enamorei-me, ao vê-la, 
 Pensando que Tua imagem 
 Fosse ainda, doce miragem. 
 Mas meu sonho ali estava 
 Era em TEU OLHAR que ele morava. 
 Guardei-Te, querida "Ilusão" 
 Pra sempre, em meu coração. 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 DYYO (8.8.1972) 
 
 Sobrevivi culturas 
 Mergulhei na imensidão 
 Aguardei o Plenilúnio 
 E abri meu coração. 
 * 
 Tropecei nas alturas 
 Apanhei uma flor 
 Escrevi na areia 
 Despertei o AMOR. 
 * 
 Interroguei leituras 
 Percorri a estrada 
 Caminhei mil reinos 
 Encontrei a ti, RADHA. 
 * 
 Contemplei mil gravuras 
 E libertei um tema 
 Reencontrei a emoção 
 E transformei em poema. 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 E. M. DA SILVA (11.8.1972) 
 
 Se consigo em Ti me aconchegar 
 Posso, por instantes, reviver 
 Certa Gôpi que não soube amar, 
 Mas que em TI o AMOR foi conhecer. 
 * 
 Hoje o dia ao vir me despertar 
 Me deixou mais só que o entardecer 
 Pois em mim a Gôpi foi sonhar 
 Com TEUS OLHOS que são o meu viver... 
 
 
RADHA KRISHNA 
 
 KIMAI DE KUNTI (Agosto de 1972) 
 
 O dia chegou de mansinho 
 Enfeitado de VOCÊ 
 E me fez pensar porque 
 A saudade chegou tão cedinho. 
 Saudade terna, gostosa 
 Que VOCÊ deixou numa rosa 
 E eu colhi sem saber 
 Que não ia mais esquecer 
 Nem um instante, de VOCÊ. 
 Ou será que foi o dia 
 Que amanheceu adiantado? 
 Bem que eu tenho reparado 
 Que o Sol anda apaixonado, 
 Enredado na SUA Magia, 
 E de tanto pensar em VOCÊ 
 Acabou por se esquecer 
 De nascer no horário certo. 
 Mudou até de caminho 
 Só pra dar um jeitinho 
 De poder chegar mais perto. 
 A Lua, meio enciumada, 
 Anda um pouco preocupada. 
 E só pra LHE ser agradável 
 Achou muito razoável 
 Surgir ao anoitecer 
 Toda luz ESVERDEADA 
 Só pra ser contemplada 
 E admirada por VOCÊ. 
 Até o vento inconstante 
 E eterno viajante 
 Agora só quer agitar 
 As folhas do SEU jardim 
 Com esperança de A encontrar 
 Colhendo algum jasmim. 
 E, então, acariciar 
 SEU rosto, bem de levinho, 
 Pra depois confessar 
 Num segredo, seu carinho. 
 Eu não posso criticar 
 Nem apontar um senão 
 Pois sou verbo regularE nunca fui exceção 
 À regra de sempre AMAR 
 Só VOCÉ, ADORAÇÃO! 
 
 
RADHAKRISHNA 
 
 NARENDRA 
 
 VOU sozinho, ao acaso, 
 Sem motivo me deixo levar. 
 Morre o sol. Por acaso, 
 Nasce em mim o luar... 
 * 
 Cedi logo à noite sem dono, 
 Decidi pela relva macia. 
 A vigília perdeu-se no sono 
 E o cansaço na noite tão fria. 
 * 
 É manhã... Tímida e urgente... 
 Voltei e tudo ficou. 
 Mudei, nada mudou... 
 Me perdi da Tua gente. 
 * 
 Nossa tarde se esvai, diluída. 
 Vem o vento... Me reduz e consome... 
 E a saudade me trai, distraída, 
 Quando o sol novamente me some... 
 * 
 Anoitece um dia meu, 
 Já distante, sem lugar. 
 Me atrasei pelo Caminho, 
 Não Te pude acompanhar... 
 * 
 O abismo espontâneo se afasta 
 E converge inconsistente 
 Num capricho que é Teu e me basta 
 Nesse espaço divergente. 
 * 
 Amanhece um dia Teu... 
 Sem noção me sinto levar 
 Na fuga do TEU SORRISO, 
 Em busca do meu lugar. 
 * 
 Vou sozinho, sou motivo, 
 CONTIGO me deixo levar. 
 Foge o sol lá no poente, 
 É mais quente TEU OLHAR... 
 * 
 (9 de setembro de 1972 - 3°. da Lua!) 
 
 
DUAS TROVINHAS PARA RAINHA KRISHNA 
 
 SHALIMAR (13.9.1972 - 7°. da Lua) 
 
 QUEM ama sente saudade 
 Haja, ou não, separação. 
 É uma infinda ansiedade 
 Que mora no coração... 
 * 
 Dizem que saudade existe 
 Em certo idioma somente. 
 O que sei é que ela é triste 
 Mas, ai! de quem nunca a sente. 
 
 
Í N D I C E 
 
RETORNO 
OSCILAÇÃO POEMAS E POETAS 
CONEXÃO 
KRISHNA, AMOR! 
CONSTATAÇÃO 
USAIPUR 
CONVITE FRATERNO 
PELO MEU DESERTO INTERIOR 
HINDOSTÃO 
AINDA A SAIDADE! 
 
POEMAS DEDICADOS À RADHA KRISHNA 
(AUTORES DIVERSOS) 
 
MEU OUTRO EU 
RADAKRISHNA (Narenda) 
RADHA KRISHNA MINHA MÃE, MINHA NAMORADA (Ram Krishna) 
ROSA ENCANTADORA (Roma Krishna) 
RADHA KRISHNA, MAMÃE (Radha Krishna Filha) 
RADHA KRISHNA MÃEZINHA ADPRADA (Luna Krishna) 
RADHA KRISHNA (Shalimar) 
RADHA KRISHNA (Dyyo) 
RADHA KRISHNA (Shalimar) 
RADHA KRISHNA (Marie Antoinette) 
RADHA KRISHNA (Chandra Bali) 
RADHAKRISHNA 
RADHA KRISHNA (E.M. da Silva) 
RADHA KRISHNA (E.M. da Silva) 
RADHASHTAMI (E.M. da Silva) 
RADHA KRISHNA (Sonali) 
RADHAKRISHNA, MEU REFÚGIO! (Shalimar) 
RADHAKRISHNA (Dyyo) 
RADHA KRISHNA (Kimai de Kunti) 
RADHA KRISHNA (Dyyo) 
RADHA KRISHNA (E.M. da Silva) 
RADHA KRISHNA (Kimai de Kunti) 
RADHAKRISHNA (Narendra) 
DUAS TROVINHAS PARA RADHA KRISHNA (Shalimar)