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Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi Curso de Direito – Campus Limeira Material de acompanhamento de aulas presenciais Direito do Consumidor Prof. Fernando Sergio Sacconi Sumário Sumário .............................................................................................................. 2 1. Tributos Federais ........................................................................................ 3 1.1 Imposto de Importação .......................................................................... 3 1.2 Imposto de Exportação ......................................................................... 6 1.3 Imposto Sobre Renda e Proventos de Qualquer Natureza ................... 9 1.4 Impostos sobre produtos industrializados ........................................... 11 1.5 Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários ........................................ 13 1.6 Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural .................................... 15 1.7 Contribuições Sociais .......................................................................... 16 1.8 Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico ........................ 18 1.9 Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas .................................................................................................. 19 2 Tributos Estaduais .................................................................................... 20 2.1 Imposto sobre transmissão “causa mortis” e doação de quaisquer bens e direitos ....................................................................................................... 20 2.2 Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços - ICMS ..................................................................... 22 2.3 Imposto sobre propriedade de veículos automotores - IPVA .............. 26 3 Tributos Municipais ................................................................................... 28 3.1 Imposto sobre propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU .......... 28 3.2 Imposto sobre a transmissão “inter vivos” de bens imóveis e direitos a ele relativos- ITBI .......................................................................................... 30 3.3 Imposto sobre serviços de qualquer natureza - ISSQN ...................... 32 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 34 Bibliografia Básica: ....................................................................................... 34 Bibliografia Complementar: ........................................................................... 34 Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 3 1. Tributos Federais 1.1 Imposto de Importação Competência Tributo de competência da União justificado pelo fato de se tratar de imposto com implicações no relacionamento externo do país (art. 153, I, da CF). Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros ... Função A função do Imposto de Importação é puramente econômica, ou regulatória, o imposto de importação é importante instrumento de política econômica, atuando na proteção a indústria brasileira, permitindo-lhe competir, no mercado interno, em condições de igualdade ou de vantagem com produtos do exterior, possui também relevante papel no controle da balança comercial brasileira, possuindo, portanto, além da função fiscal a função extrafiscal. Fato gerador (CTN, art. 19) Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional. Base de cálculo Em Direito tributário, a base de cálculo é a grandeza econômica sobre a qual se aplica a alíquota para calcular a quantia a pagar. (CTN, art. 20): Art. 20. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 4 Alíquota específica é a que incide sobre a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida (peso, volume, metros peças etc.) Alíquta ad valorem é uma porcentagem que incide sobre o preço da mercadoria, segundo as normas do art.7º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio - GATT Alíquota Percentual que irá incidir sobre a base de cálculo para se apurar o montante devido. As alíquotas podem ser alteradas pelo Executivo (153, § 1º, da CF, art. 21 do CTN). Constituição Federal Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. CTN Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Atualmente, contudo, as alíquotas do imposto são, em sua maior parte, definidas no âmbito do Mercosul e formalizadas em um documento denominado Tarifa Externa Comum. Contribuinte (CTN, art. 22, I) Art. 22. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados. Segundo o CTN o contribuinte é o importador ou quem a ele a lei equiparar e em se tratando de produtos apreendidos ou abandonados, o contribuinte será o arrematante destes. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 5 O Decreto lei nº 37/66 nos seus arts. 31 e 32 ampliou as disposições do CTN: Art.31 - É contribuinte do imposto: I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; (Redação pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988) II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; III - o adquirente de mercadoria entrepostada. Art . 32. É responsável pelo imposto: I - o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno; II - o depositário, assim considerada qualquer pessoa incubida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro. Parágrafo único. É responsável solidário: I - o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; II - o representante, no País, do transportador estrangeiro; III - o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira,no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. Lançamento É feito por homologação, pois o contribuinte efetua o pagamento do tributo antes de qualquer providência da fiscalização. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 6 1.2 Imposto de Exportação Competência: Compete à União instituir e cobrar o imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (CF, art. 153, II). Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: ... II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; Função: Em conjunto com o Imposto de importação é também instrumento de política econômica, possuindo efeito regulatório da economia, atuando na proteção ao mercado brasileiro; tem função predominantemente extrafiscal; é de caráter exclusivamente monetário e cambial e tem por finalidade disciplinar os efeitos monetários decorrentes da variação de preços no exterior e preservar as receitas de exportação. Fato gerador: o imposto sobre a exportação tem como fato gerador a saída de produtos nacionais ou nacionalizados do território nacional (CTN, art. 23). Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional. Base de cálculo (CTN, art. 24) Art. 24. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência. Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento. Apesar da alíquota poder ser alterada pelo Poder Executivo, somente a lei pode alterar a base de cálculo (art.25 CTN). Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 7 Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço, referidos no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos. Alíquotas Alíquota específica é a que incide sobre a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida (peso, volume, metros peças etc.) Alíquta ad valorem é uma porcentagem que incide sobre o preço da mercadoria, segundo as normas do art.7º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT Pode também ser alterada pelo poder Executivo (art. 26 CTN) Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Contribuinte: (CTN, art. 27) Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar. Exportador pode ser considerado como aquele que remete a mercadoria, a qualquer título, para o exterior, ou a leva consigo. Lançamento É feito mediante declaração do exportador, mas pode ser feito de ofício, no caso de o fisco não concordar com o valor. Drawback O regime aduaneiro especial de drawback, instituído em 1966 pelo Decreto Lei nº 37, de 21/11/66, consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto exportado. Art.78 - Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: I - restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada; II - suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 8 complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; III - isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 9 1.3 Imposto Sobre Renda e Proventos de Qualquer Natureza Competência O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, ou simplesmente imposto de renda, como é geralmente conhecido, pertence à competência da União (CF, art. 153, III, e CTN, art. 43). Função O IR tem, predominantemente, função fiscal, consistindo, hoje em dia, na principal fonte de receita tributária da União; como, no entanto, presta-se também como instrumento de redistribuição de riquezas, em razão de pessoas e lugares, mediante concessão dos chamados incentivos fiscais à regiões geográficas de interesse, desempenha, igualmente, importante função extrafiscal. Fato gerador É a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho, ou da combinação de ambos; e de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda (CTN, art. 43). Diferença entre disponibilidade econômica e disponibilidade jurídica: Por disponibilidade econômica entende-se o efetivo recebimento de valores patrimoniais; Por disponibilidade jurídica, entende-se o crédito a esses valores, sem que tenha ocorrido seu efetivo recebimento. Alíquotas São fixadas por lei na chamada ”Tabela do Imposto de Renda”. Atualmente variam de 7,5% até 27,5%para pessoas físicas Base de cálculo É o montante real, arbitrado ou presumido da renda ou dos proventos tributáveis (CTN, art. 44). Os rendimentos da pessoa física são classificados na declaração anual. Depois de inclusões e abatimentos resulta na declaração de renda líquida que em última análise será a base de cálculo do imposto. O rendimento das pessoas jurídicas são apurados também em declaração, de modo geral com base nos lucros. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 10 Lucro real: constitui a base de cálculo do IR das pessoas jurídicas em geral, pode ser entendido como o acréscimo real do patrimônio da empresa, em determinado período; é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. Lucro presumido: é o montante tributável, determinado pela aplicação de coeficientes legalmente definidos, sobre a receita bruta anual, conforme a natureza da atividade; a definição do coeficiente não pode ser feita pelo fisco discricionariamente. Lucro arbitrado: será uma porcentagem da receita bruta, se esta, obviamente, for conhecida; compete ao Ministério da Fazenda fixar tal porcentagem, levando em conta a natureza da atividade econômica do contribuinte;não sendo conhecida, a autoridade poderá arbitrar o lucro com base no valor do ativo, do capital social, do patrimônio líquido, da folha de pagamento dos empregados, das compras, do aluguel das instalações ou do lucro líquido auferido pelo contribuinte em períodos anteriores. Contribuinte É o titular da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou de proventos de qualquer natureza e o possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos bens tributáveis, desde que a lei lhe atribua essa condição. Lançamento Muita polêmica ainda tem ocorrido em torno do lançamento do Imposto de renda, alguns autores são de opinião de se tratar de lançamento mediante declaração, outros de se tratar de lançamento mediante homologação Considerando a Súmula 436 do STJ: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.” Considera-se então o lançamento por homologação para o Imposto de renda. Caso o lançamento na declaração esteja errado ou incompleto, será feito pela Receita Federal, de ofício. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 11 1.4 Impostos sobre produtos industrializados Competência O IPI pertence à competência tributária da União (CF, art. 153, IV, e art. 46 do CTN). Função: O IPI tem predominantemente função fiscal, tendo em vista que promove grande arrecadação, apresentando também funções extrafiscais, como a de ser imposto seletivo, em função da essencialidade do produto, conforme previsto no § 3º,I, do art. 153 da CF: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre ... § 3º O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; ... A função extrafiscal é também prevista no art. 48 do CTN: Art. 48. O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos. Fato gerador É o desembaraço aduaneiro do produto, quando de procedência estrangeira, a saída do produto do estabelecimento do importador, do industrial, do comerciante ou do arrematante ou a arrematação, quando o produto industrializado apreendido ou abandonado e levado a leilão. Produto industrializado Conforme o parágrafo único do art. 46 do CTN “considera-se o produto industrializado, para fins do IPI, aquele submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para consumo”; O Decreto 87.981/82 amplia o conceito de industrialização do CTN, incluindo qualquer operação, ainda que incompleta parcial ou intermediária, que modifique a natureza, o funcionamento, a utilização, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo. Alíquotas Constam da Tabela do Imposto sobre Produto Industrializado (TIPI), em que vêm estabelecidas para cada classe se produtos, variando de zero até Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 12 mais de 300%; a razão pela qual elas são muito variadas é o caráter seletivo do imposto, em função das classes de produtos sobre os quais incide. Base de cálculo No caso de importação, seu preço normal, acrescido do imposto de importação, das taxas exigidas pela entrada do produto no País e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; no caso de produto nacional, será o preço de venda à saída do estabelecimento industrial ou comercial, ou, na falta deste, o valor do produto no mercado atacadista da praça do remetente; no caso de leilão, o preço da arrematação. Não-cumulatividade Por força de dispositivo constitucional (CF, art. 153, § 3º, II) O IPI não deverá acumular-se devendo ser compensado nas etapas produtivas. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre ... § 3º O imposto previsto no inciso IV: ... II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; Nos termos do CTN, Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transfere-se para o período ou períodos seguintes. Contribuinte É o importador ou quem a lei a ele equiparar, o industrial ou quem a lei a ele equiparar, o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça ao importador ou ao industrial e o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados levados a leilão. Lançamento o IPI é objeto de lançamento por homologação, nos termos do art. 150 do CTN. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 13 1.5 Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) Competência O IOF é de competência privativa da União (art. 153, V, da CF, e art. 63 do CTN). Função O IOF tem função predominantemente extrafiscal, permitindo ao Governo a condução de políticas mais ou menos restritivas sobre os mercados de crédito, câmbio, seguros, e de títulos e valores mobiliários. Fato gerador Art. 63 CTN Em operações de crédito, é a efetivação da operação, pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; Em operações de câmbio, é a efetivação da operação, pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado, em montante equivalente a moeda nacional ou estrangeira entregue ou posta à disposição deste; Em operações de seguro é a efetivação da operação, pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável; Em operações relativas a títulos e valores mobiliários é a emissão, transmissão, pagamento ou resgate, na forma da lei aplicável. Alíquotas São diferenciadas por tipo de operação em função dos dias de aplicação, além de outros fatores, podem ser alteradas por ato do Executivo, podendo ser o imposto ser cobrado no mesmo exercício em que foi instituído. Base de cálculo Nas operações de crédito: o montante das obrigações, compreendendo o principal e os juros; Nas operações de câmbio: o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; Nas operações de seguro: o montante do prêmio; Nas operações relativas a títulos e valores mobiliários: o valor nominal mais o ágio, se houver, na emissão; o preço, o valor nominal ou Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 14 o preço em Bolsa, como determinar a lei, na transmissão; o preço, no pagamento ou resgate. Contribuinte Nos termos do CTN, é qualquer das partes na operação tributada, conforme dispuser a lei. Lançamento É feito por homologação, nos termos do art. 150 do CTN. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 15 1.6 Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural Competência O ITR é da competência da União (CF, art. 153, VI,e CTN, art. 29), podendo ser delegada pela União ao Distrito Federal e aos municípios por meio de convênios, conforme Lei nº 11250, de 27 de dezembro de 2005. Função O ITR tem função extrafiscal, servindo como instrumento de política agrária do Governo, onerando mais pesadamente os latifúndios improdutivos, e permitindo melhor aproveitamento e ocupação da terra. Fato Gerador É a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29). Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município. Alíquotas São progressivas, aumentando em função do tamanho da propriedade e à medida que diminui a proporção entre área utilizada e área total, variando de 0.03 até 20%. Base de cálculo É o valor fundiário do imóvel (CTN, art. 30), isto é, o valor da terra nua, sem incluir qualquer benfeitoria, calculado como a diferença entre o valor total do imóvel e seu valor venal. Contribuinte É o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título (CTN, art. 31). Lançamento É feito mediante declaração do contribuinte; essa declaração, entretanto, só é necessária para o primeiro lançamento; anualmente, novo lançamento é feito de ofício. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 16 1.7 Contribuições Sociais As contribuições, muito embora não mencionadas entre as espécies de tributos citadas no artigo 5º do CTN estão previstas tanto na Constituição. O artigo 149 da Constituição dispõe: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. As contribuições sociais são consideradas como instrumento de atuação indireta do Estado, pois o mesmo as institui, porém, outras entidades promovem sua arrecadação. Entre as contribuições sociais existentes em nosso país, temos: PREVIDENCIÁRIA - Contribuição de empregados, empregadores, contribuintes individuais e segurados facultativos para o INSS, calculada sobre a respectiva remuneração FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço PIS Programa de Integração Social Pasep Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público Cofins Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS TRABALHADORES E DEMAIS SEGURADOS Competência: INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social Conforme art. 195, inciso II , da CF/88, o trabalhador e os demais e segurados da previdência social podem ser obrigados ao recolhimento das contribuições sociais, destinadas à previdência social. Fato gerador: remuneração paga ou creditada pelos serviços prestados pelo segurado, independentemente da denominação utilizada; Alíquota: são variáveis entre 8% a 11%; Base de calculo: salário contribuição, observadas as parcelas que o integram, conforme definido por lei; Contribuinte: trabalhador, entendido, como o segurado empregado, incluídos o doméstico e o trabalhador avulso; Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 17 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL Competência: INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social Fato gerador: folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, a pessoa física Alíquota: 20% Base de cálculo: total das remunerações pagas, devidas ou creditadas ao segurado empregado, ao trabalhador avulso e ao segurado contribuinte individual. Contribuinte: Pessoa Jurídica empregadora CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Previsão: artigo 195, I CF Fato gerador: auferimento de faturamento mensal; Alíquota: a alíquota da COFINS dependerá da fórmula de apuração da contribuição. Se não cumulativa, a alíquota será de 7,6% e na forma cumulativa, a alíquota da contribuição será de 3%. Base de calculo: faturamento ou receita bruta mensal das pessoas jurídicas, a qual consiste na integralidade das receitas auferidas, observadas as exclusões admitidas em lei. Sujeito passivo: pessoas jurídicas de direito privado e equiparadas;. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS SOBRE O LUCRO LÍQUIDO ( CSLL) Previsão: art. 195, inciso I, alínea "c" da CF/88, é representada pela sigla CSLL, com fundamento na Lei n. 7.689/88. Fato gerador : auferimento do lucro líquido(art. 28 da Lei 9.430/96); Alíquota: de 9%. Base de calculo: lucro líquido das pessoas jurídicas, ajustado por adições e exclusões próprias da legislação aplicável. Sujeito passivo: pessoas jurídicas de direito privado ou equiparadas;. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 18 1.8 Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico Segundo o art. 149, § 2º, da CF aplicam-se às CIDE'S as seguintes regras: Art 149 ... § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços III poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. Há dois bons exemplos de CIDE: CIDE COMBUSTÍVEIS art. 177, § 4ª da CF/88 Lei: 10.336/01 Fato gerador: Importação e comercialização no mercado interno de petróleo, gás natural e outros combustíveis Contribuinte: Produtor, Formulador, Importador Base de cálculo: unidade de medida (metro cúbico, tonelada) Alíquota: específica (“tantos R$ por metro cúbico ou tonelada”), podendo ser alterada por ato do Executivo (art. 177 §. 4 da CF) Destinação: financiamento de projetos ambientais, programa de infraestrutura de transportes e pagamento de subsídios a preços e transportes de combustíveis CIDE ROYALTIES Lei: 10.168/00 Fato gerador: Pagamento/remessa a residentes no exterior de royalties, a qualquer título, remuneração decorrente de contratos que impliquem transferência de tecnologia e serviços técnicos, de assistência administrativa e semelhantes. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 19 Contribuinte: detentoras de licença de uso ou exploração e signatários de contratos com transferência de tecnologia etc. Base de cálculo: valor pago/remetido ao exterior Alíquota: 10% Destinação: financiamento de programas de ciência e tecnologia, fomento a pesquisa, inovação tecnológica etc. CONTRIBUIÇÕES PARA CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA – COSIP Nos termos do art. 149ª_A da CF, Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. 1.9 Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas No seu artigo 5°, XIII, a CF declara livre o exercício de qualquer trabalho ofício ou profissão, mas prevê a possibilidade da lei estabelecer as qualificações profissionais necessárias para o exercício de tal direito, Com fundamento na autorização constitucional, foram criadas instituições descentralizadas que fiscalizam o exercício de determinadas profissões. Assim o Estado poderá instituir tributos e reservar o produto da arrecadação a essas entidades para que possam realizar a fiscalização apontada na Constituição. São tributos parafiscais, na medida em que são arrecadadas, por delegação da UNIAO, por outras entidades para custeio de seu funcionamento autônomo, na realização de funções estatais e de interesse do poder público. São exemplos de entidades representativas de categorias profissionais e econômicas: CRC, CREA CRM entre outros. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 20 2 Tributos Estaduais Os tributos Estaduais estão previstos na Constituição federal. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III - propriedade de veículos automotores. 2.1 Imposto sobre transmissão “causa mortis” e doação de quaisquer bens e direitos O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação - ITCMD é um imposto brasileiro de competência dos Estados e do Distrito Federal, que incide quando da transmissão não onerosa de bens ou direitos, tal como ocorre na herança (causa mortis) ou na doação (inter-vivos). Competência A Constituição estabelece que o ITCMD terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal (artigo 155, inciso I, combinado com seu próprio parágrafo 1º). Art.155... § 1.º O imposto previsto no inciso I: I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar: a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior; Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 21 IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal; Função É eminentemente fiscal, funcionando como importante fonte de recursos para os Estados e para o Distrito Federal. Fato gerador É a transmissão causa mortis, ou a doação de propriedade ou domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física, de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia e as servidões prediais e as de ações, créditos, quotas, títulos e valores, ou outros bens móveis de qualquer natureza, e os direitos a eles relativos. Alíquotas O imposto sobre heranças e doações terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal; salvo essa limitação, prevalece a liberdade dos Estados e DF para o estabelecimento de tais alíquotas. Base de cálculo Fixada pela lei da entidade competente para instituir o tributo; deve ser, em princípio, o valor de mercado do bem objeto da transmissão. Contribuinte Na herança, o herdeiro ou legatário; na doação, tanto o doador quanto o donatário, conforme determinar a lei do Estado tributante. Lançamento Em princípio, é feito por declaração; o contribuinte oferece ao fisco os elementos necessários ao respectivo cálculo. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 22 2.2 Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços - ICMS Competência Estadual prevista no art. 155, II da Constituição Federal (combinado com seu parágrafo 2º) Art.155 ... § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores; III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; Função O ICMS é tributo de função predominantemente fiscal. Fato gerador É qualquer operação relativa a circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares, a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores, as prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, o fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios e o fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao ISS, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. Incidência O imposto incide sobre: Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 23 a) Operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; b) Prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; c) Prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; d) Fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; e) Fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. f) A entrada de mercadoria importada do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo permanente do estabelecimento; g) O serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; h) A entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente. Não incidências O imposto não incide sobre: a)Operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; b) Operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semi- elaborados, ou serviços; c) Operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industrialização ou à comercialização; d) Operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; e) Operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei complementar; f) Operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie; Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 24 g) Operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor; h) Operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário; i) Operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras. j) Equipara-se às operações de que trata o item II a saída de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: k) empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa; l) armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro. Não cumulatividade do imposto O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado. É assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento. Exemplo: Total do ICMS devido pelo sujeito passivo: R$ 50.000,00 Valor do imposto anteriormente cobrado, decorrentes de entradas de mercadorias R$ 10.000,00. Valor do ICMS a pagar: R$ 50.000,00 – R$ 10.000,00 = R$ 40.000,00. Alíquotas Variam conforme a operação seja interestadual ou efetuada dentro de um mesmo Estado; costumam ser mais baixas, ou até mesmo zero, nas operações de exportação; são mais elevadas (25%) em operações internas, interestaduais e de importação para alguns produtos e serviços, como armas, bebidas alcoólicas e serviços de comunicação. Contribuinte É qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize operação de circulação de mercadorias ou prestação de serviços descrita como fato gerador desse imposto; deverá ser determinado por lei complementar , segundo o art. 155. § 2º, XII, a, da CF. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 25 Lançamento É por declaração do contribuinte, podendo ser efetuado de ofício, quando ocorrer o fato gerador e não for pago o imposto correspondente. Convênios interestaduais A CF, diz que caberá a lei complementar, regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do DF, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados (art. 155, § 2º, XII, g). Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 26 2.3 Imposto sobre propriedade de veículos automotores - IPVA Competência: é atribuída aos Estados e ao DF ( art. 155, III) Função O IPVA tem função predominantemente fiscal; tem, todavia, função extrafiscal, quando discrimina, por exemplo, em função do combustível utilizado. Fato gerador É a propriedade do veículo automotor, o domínio útil ou a posse legítima de veículo automotor (direito de uso). A incidência só se configura quando a posse ou propriedade for mantida por pessoa que possua a condição de consumidor final. O fato gerador é periódico, cobrado a cada exercício, relativamente à propriedade do veículo automotor. A jurisprudência afasta a cobrança do imposto sobre as embarcações e aeronaves, de modo que o IPVA não está sendo exigido sobre tais veículos em nenhuma unidade federada. A incidência do IPVA sobre a propriedade do veículo exclui a de outros tributos, permitindo-se a cobrança de taxas referentes ao registro e licenciamento do veículo. Alíquota É fixa; não é indicada em porcentagem, pelo menos em alguns Estados, mas em valor determinado, em referência ao ano de fabricação, com alíquotas mínimas fixadas (art. 155, III § 6º) Art. 155 ... III ... § 6º O imposto previsto no inciso III: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização. Base de cálculo É o valor do veículo, ao qual se chega indiretamente, pelo ano de fabricação, marca e modelo do veículo. No caso de veículo novo, o valor venal é aquele fixado pelo órgão federal ou o preço efetivo da alienação, constante do documento fiscal; Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 27 No caso de veículo usado, é o valor fixado em tabelas de valores apurados por pesquisas e publicações ou a partir dos preços médios de mercado e características do veículo. Tal tabela, editada pelas Secretarias. da Fazenda e Planejamento dos Estados, e deverá ser publicada antes do exercício do lançamento. No caso de veículo importado, é considerado o valor da importação, expresso em moeda estrangeira e convertido pelo câmbio do dia do pagamento, a partir da documentação do desembaraço aduaneiro. Contribuinte É o proprietário do veículo, presumindo-se como tal a pessoa em cujo nome o veículo esteja licenciado pela repartição competente. Lançamento O imposto será lançado de ofício, no mês de janeiro de cada ano, relativamente ao veículo usado. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 28 3 Tributos Municipais Os impostos municipais estão previstos na Constituição federal. Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. 3.1 Imposto sobre propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU Competência O IPTU é de competência dos Municípios (CF, art. 156, I, e CTN, art.32) Recolhimento cabe ao município da situação do bem. Função A função do IPTU é tipicamente fiscal; seu objetivo primordial é a obtenção de recursos financeiros para os Municípios. Fato gerador É a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município (CTN,art. 32). Entende-se como zona urbana a definida em lei municipal, observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos dois dos itens seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: a) Meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; b) Abastecimento de água; c) Sistema de esgotos sanitários; d) Rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; e) Escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 29 Alíquotas São fixadas pelos Municípios, sem que a CF nem o CTN imponham qualquer limitação. Sua alíquota varia de um Município para outro, sendo admissível sua progressividade após a edição da Emenda Constitucional 29/2000. O Estatuto das Cidades, no seu artigo 7º, § 1 (Lei 10.257/2001) estipula que a alíquota máxima a ser aplicada para cobrança do IPTU progressivo no tempo é de 15%. Base de cálculo É o valor venal do imóvel (CTN, art. 33) Contribuinte É o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título (CTN, art. 34). Lançamento É feito de ofício, sendo enviado aos proprietários para pagamento com data pré estabelecida. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 30 3.2 Imposto sobre a transmissão “inter vivos” de bens imóveis e direitos a ele relativos- ITBI Competência É dos Municípios (CF, art. 156, II). Recolhimento cabe ao município da situação do bem. Função É predominantemente fiscal. Fato gerador É a transmissão, inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou por acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição. Bens imóveis por natureza Imóveis que se formaram por força da natureza, compreendendo o solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, como árvores, frutos pendentes, espaço aéreo e subsolo. Bens imóveis por acessão física Tudo que o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que não se possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano. Não incidência Transmissão de bens móveis Transmissão gratuita de bens Transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, Transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica OBS: O imposto será devido caso, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; Alíquotas São fixadas pelo Município, mediante lei ordinária, inexistindo limitação constitucional aos percentuais. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 31 Base de cálculo É o valor venal dos bens ou direitos transmitidos (CTN, art. 38). Contribuinte É qualquer das partes na operação tributária, conforme dispuser a lei (CTN, art. 42). Geralmente, os municípios atribuem a sujeição passiva ao adquirente ou cessionário. A maioria das legislações municipais considera direitos transmitidos por: Compra e venda Dação em pagamento Permuta Uso, usufruto e enfiteuse. Cessão de direitos à sucessão aberta Instituição de direito de superfície Lançamento: É feito mediante declaração do contribuinte, podendo também ser executado de ofício. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 32 3.3 Imposto sobre serviços de qualquer natureza - ISSQN Competência É da competência dos Municípios (CF, art. 24, II). Função O ISS tem função predominantemente fiscal. Fato gerador É a prestação de serviços de qualquer natureza, de caráter profissional, elencado em lei ordinária, prestados em caráter oneroso, por empresa ou por profissional autônomo, tendo ou não estabelecimento fixo, desde que não seja de competência tributária dos Estados. Alíquotas São estabelecidas pelos próprios Municípios, obedecidos os valores máximos fixados pela União, em lei complementar, segundo o disposto na CF, art. 156, § 3º, I; podem ser proporcionais ou fixas, conforme a qualidade pessoal do prestador. Base de cálculo É o preço do serviço prestado; se o serviço envolve, também, o fornecimento de mercadorias, sujeitas ao ICMS, a base de cálculo será o valor do serviço menos o preço das mercadorias que serviu de base de cálculo para o ICMS. Contribuinte É o trabalhador autônomo ou a pessoa jurídica que prestou o serviço elencado na lei ordinária. Lançamento É feito por homologação, podendo ser efetuado de ofício. Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 33 Tributos em Espécie Prof. Fernando Sergio Sacconi 34 BIBLIOGRAFIA Bibliografia Básica: CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 24ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. HARADA, Kyoshi. Direito financeiro e tributário. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2008. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 29ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. Bibliografia Complementar: AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008. ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 20ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008. CASSONE, V. Direito tributário. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.