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edicao52- revista cfmv

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Prévia do material em texto

R e v i s t a 
Conselho Federal de Medicina Veterinária
CFMVissN 1517-6959
Ano 17/2011 – n°52 – R$ 7,00
jaN/fev/maR/abR
um novo cAmpo 
de AtuAção 
pRofissionAl
Transgenia 
em animais
Revista Cfmv. – v.17, n.52 (2011)
 brasília: Conselho federal de medicina veterinária,
 2011
 
 Quadrimestral
 
 issN 1517 – 6959
 
 1. medicina veterinária – brasil – Periódicos.
 i. Conselho federal de medicina veterinária.
 
 aGRis L70
 CDU619(81)(05)
a revista CFmV é editada quadrimestralmente pelo Conselho Federal 
de Medicina Veterinária e destina-se à divulgação de trabalhos técnico-
científicos (revisões, artigos de educação continuada, artigos originais) e 
matérias de interesse da medicina veterinária e da Zootecnia. 
a distribuição é gratuita aos inscritos no sistema Cfmv/CRmvs e aos órgãos 
públicos. Correspondência e solicitações de números avulsos devem ser 
enviadas ao Conselho Federal de Medicina Veterinária no seguinte endereço:
sia – trecho 6 – Lote 130 e 140
brasília – Df – CeP: 71205-060
fone: (61) 2106-0400 – fax: (61) 2106-0444
Site: www.cfmv.gov.br – E-mail: cfmv@cfmv.gov.br
a revista CFmV é indexada na base de dados aGRObase
CFMV
CF
M
V
4 Editorial
5 Entrevista | Andréa Cristina Basso
sumário
14 Biotecnologia Animal
17 Comportamento Animal
26 Suplemento Científico
58 Avicultura Industrial
66 Obesidade Canina
72 Vigilância Sanitária
76 Publicações
78 Agenda
80 Opinião | Lívio Cézar menezes fontes – Necessidade de uma 
Visão
 
Profissional - Empresarial
e chegou o tão esperado ano novo! Como es-
tamos entregando o primeiro número da Revista 
Cfmv em 2011, as esperanças estão renovadas e as 
perspectivas, bem positivas. início de ano é época 
de se preparar para enfrentar o que vem pela fren-
te, é época de muito trabalho e também de muita 
dedicação. 
O início de um novo ano estimula a todos – até 
aos mais descrentes – a encontrar coragem para 
superar os desafios, transformando-os em oportuni-
dades de crescimento e realizações. 
Recomendamos aos nossos colegas médicos 
veterinários e Zootecnistas que aproveitem este 
início de ano, e todos os dias que estão por vir, para 
buscar a melhoria e o aperfeiçoamento profissional e 
pessoal. Nossa existência, com certeza, deve ser mar-
cada pelos valores que somos capazes de agregar às 
pessoas que estão a nossa volta. 
Nesta edição da Revista Cfmv tivemos a satis-
fação de entrevistar a Dra. andréa Cristina basso, 
médica veterinária atuante em biotecnologia da 
Reprodução, e tratamos, em nossa reportagem de 
capa, da transgenia animal. Daí vem a ideia de pen-
sar o que nos prepara o futuro. Como vai ficar tudo? O 
certo é que os avanços da ciência importam em que 
devemos estar preparados para atuar com eficiência 
e dentro do que a sociedade espera de nós.
atualmente, não conseguimos mais viver exclu-
sivamente o momento presente. Não paramos de 
tentar adivinhar o porvir e, nesta nave, devemos estar 
atentos e esperançosos de que a ciência nos levará ao 
bom caminho e, se quisermos, poderemos contribuir.
conselHo fedeRAl de 
medicinA veteRinÁRiA
SIA – Trecho 6 – Lote 130 e 140
Brasília – DF – CEP: 71205-060
Fone: (61) 2106-0400
Fax: (61) 2106-0444
www.cfmv.gov.br
cfmv@cfmv.gov.br
tiragem: 85.000 exemplares
diRetoRiA eXecutivA
PrESIDENTE
benedito fortes de arruda
CrMV-GO Nº 0272
VICE-PrESIDENTE
eduardo Luiz silva Costa
CrMV-SE Nº 0037
SECrETárIO-GErAL
joaquim Lair
CrMV-GO Nº 0242
TESOurEIrO
amilson Pereira said
CrMV-ES Nº 0093
conselHeiRos efetivos
adeilton Ricardo da silva
CrMV-rO Nº 0002/Z
Oriana bezerra Lima
CrMV-PI Nº 0431
Célio macedo da fonseca
CrMV-rr Nº 0004
josé saraiva Neves
CrMV-PB Nº 0237
Geovane Pacífico vieira
CrMV-AL Nº 0250
antônio felipe Paulino
figueiredo Wouk
CrMV-Pr Nº 0850
conselHeiRos suplentes
josiane veloso da silva
CrMV-MA Nº 0030/Z
Luiz Carlos januário da silva
CrMV-AC Nº 0001/Z
Nivaldo de azevêdo Costa
CrMV-PE Nº 1051
Raimundo Nonato C. Camargo
júnior
CrMV-PA Nº 1504
Ricardo de magalhães Luz
CrMV-DF Nº 0166/Z
conselHo editoRiAl
PrESIDENTE
eduardo Luiz silva Costa
CrMV-SE Nº 0037
joaquim Lair
CrMV-GO Nº 0242
amilson Pereira said
CrMV-ES Nº 0093
editoR
Ricardo junqueira Del Carlo
CrMV-MG Nº 1759
JoRnAlistA ResponsÁvel 
flávia tonin
MTB Nº 039263/SP
colAboRAção
flávia Lobo
MTB Nº 4.821/DF
pRoJeto e diAgRAmAção
Duo Design Comunicação
impRessão
Gráfica Editora Pallotti
e D i t O R i a L
e X P e D i e N t e
O futuro que nos espera
Os aRtiGOs assiNaDOs sÃO De iNteiRa ResPONsabiLiDaDe DOs aUtORes, NÃO RePReseNtaNDO, NeCessaRiameNte, a OPiNiÃO DO Cfmv.
Médica Veterinária graduada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - 
UNESP. Obteve os títulos de Mestre e Doutora em Reprodução Animal pela Universidade de São 
Paulo – USP. É uma das maiores especialistas em melhoramento genético bovino do País e é 
uma das fundadoras da In Vitro Brasil, laboratório que se tornou referência em biotecnologia re-
produtiva no Brasil. Atua principalmente na produção “in vitro” de embriões bovinos no cultivo 
“in vitro” de tecido ovariano e na criopreservação de embriões bovinos produzidos “in vitro”.
1. Você pode definir o que se entende por Bio-
tecnologia da reprodução e qual sua importân-
cia para o melhoramento genético bovino?
as biotecnologias aplicadas à reprodução 
animal compreendem um grupo de tecnologias 
desenvolvidas a partir de estudos científicos dire-
cionados ao melhor entendimento e desenvolvi-
mento da biologia reprodutiva dos animais domés-
ticos e silvestres. 
envolve desde estudos relacionados à pesquisa 
básica até a aplicada. a primeira parte desvendando 
a fisiologia da reprodução e seu funcionamento e a 
segunda, utilizando-se de ferramentas que promo-
vem, direta ou indiretamente, a melhoria da reprodu-
ção animal.
Depois da inseminação artificial e da transferên-
cia de embriões produzidos in vivo, nas duas últimas 
décadas, a fertilização In Vitro (fiv) foi introduzida 
como a terceira grande biotecnologia da reprodução 
animal no brasil. 
Outras biotecnologias da reprodução vêm 
complementando a fiv, como é o caso do uso de 
sêmen sexado, da criopreservação de embriões 
produzidos in vitro, do transporte de embriões du-
rante o cultivo in vitro e da clonagem e produção de 
animais transgênicos.
e N t R e v i s ta
anDrÉa CrisTina BassO
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 5
2. Faça um paralelo entre o tipo de produtor que 
esta tecnologia atende no Brasil e em outros países 
que possuem pecuária de alto nível de produção.
O brasil tem sido bastante requisitado em 
termos de exportação de genética por meio de 
embriões congelados, principalmente de raças 
leiteiras. Países da américa do sul e Central, como 
Colômbia, venezuela, Panamá e méxico, têm 
enviado delegações ao brasil em busca de novos 
negócios, para compra tanto de genética como de 
tecnologia de produção de embriões. 
África do sul, China, austrália, israel, espanha e 
estados Unidos também fazem parte do grupo de 
países que têm investido em melhoramento genéti-
co por meio da fiv.
O perfil do criador brasileiro tem mudado nos 
últimos quatro anos. Hoje, o interesse pelos servi-
ços de fiv tem sido direcionado ao melhoramento 
genético rápido, feito pela negociação de embriões, 
criopreservados ou não, oriundos de rebanhos gene-
ticamente superiores. 
Há, por exemplo, alguns projetos realizados e 
outros em andamento no brasil em que grandes 
indústrias de beneficiamento de leite formam seus 
próprios rebanhos de matrizes de alta produção 
100% a partir de embriões produzidos in vitro, com 
sêmen sexado de fêmea. O objetivo é fortalecer o 
abastecimento de leite para a indústria e fazer com 
que oprodutor tenha menos animais, porém com 
maior produtividade.
Os criadores de rebanhos de elite para produção 
de carne continuam produzindo matrizes e repro-
dutores de alto padrão. também têm melhorado 
rebanhos localizados em propriedades distantes dos 
grandes centros, aonde, até pouco tempo, as biotec-
nologias da reprodução não chegavam.
atualmente, é possível maximizar a produção de 
embriões em um mesmo período de tempo, possibi-
litando produzir mais embriões por dia de trabalho. 
a biotecnologia tornou-se mais acessível ao criador.
3. a que se deve creditar o crescimento do 
número de empresas que fornecem esse tipo de 
serviço no Brasil?
No início da aplicação comercial da fiv (2002) 
eram duas ou três empresas prestando esse serviço. 
O custo de produção era alto, assim como o retorno 
financeiro. Havia poucos profissionais especializados 
no assunto, os estudos eram escassos e localizados e 
a fiv era direcionada a rebanhos de elite. Comercial-
mente, os resultados eram instáveis e havia pouca 
flexibilidade na técnica.
Os estudos científicos em torno das biotecno-
logias da reprodução foram ganhando adeptos e a 
tecnologia se aperfeiçoou. as empresas, aos poucos, 
conquistaram a confiança do criador, e novos técni-
cos foram treinados para realizar as diferentes etapas 
do processo.
Novas empresas surgiram sempre alavancadas 
pelas pesquisas desenvolvidas para o setor e, para-
e N t R e v i s ta
“No Brasil, grandes indústrias de beneficiamento de 
leite formam seus próprios rebanhos de matrizes de 
alta produção 100% a partir de embriões produzidos 
“in vitro”, com sêmen sexado de fêmea.”
Bezerras Girolando, resultado do processo de produção em larga escala, produzidas por fertilização in vitro, após implantação em 
receptoras da raça Nelore
iN
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Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 20116
lelamente, os profissionais que saíam das universi-
dades com a base teórica da técnica iniciaram sua 
atuação no mercado. 
entre 2004 e 2007, o brasil tinha cerca de 50 em-
presas atuantes, porém o retorno era menor, apesar 
da maior estabilidade de resultados. a fiv passou a 
ser aplicada na reposição dos rebanhos de elite.
Desde essa época, o perfil das empresas conti-
nuou mudando. Hoje o retorno é marginal, mas é 
possível lançar mão de diferentes recursos que a fiv 
oferece para dar garantias de resultados. 
4. Qual é a realidade da FiV no Brasil?
a fiv é uma ferramenta consolidada no País e 
utilizada por inúmeras empresas comerciais, univer-
sidades e centros de pesquisa.
Desde 2008, nossa empresa tem realizado gran-
des projetos de produção de matrizes leiteiras em di-
ferentes estados do território nacional e no exterior. 
em 2009, essa escala atingiu a produção de animais 
destinados ao abate. 
em termos numéricos, a iets estimou que, 
em 2007, o brasil teria produzido 200 mil 
embriões. vamos aguardar os números de 
2010, que, posso afirmar, vão surpreender, 
pois somente nossa empresa fechou o ano 
com 140 mil embriões produzidos.
5. O que podemos esperar da produ-
ção e da oferta de embriões produzidos 
in vitro no Brasil?
todos os dias mais pecuaristas têm 
acesso à tecnologia de produção in vitro 
de embriões, pois, com o aperfeiçoamen-
to dos meios de cultivo e com a capacita-
ção de mais médicos veterinários e equi-
pes de campo, a técnica se massificou, os 
resultados ficaram mais consistentes e os 
custos diminuíram.
O brasil vê ampliada a possibilidade de 
exportar sua genética zebuína para o mun-
do. Porém, torna-se urgente a discussão 
e implantação de um protocolo sanitário voltado à 
exportação de embriões fiv de bovinos.
6. Qual é a realidade do congelamento e do co-
mércio de embriões congelados no Brasil? Quais 
são os números do setor?
O brasil é o líder mundial em produção in vitro de 
embriões, no entanto, apenas 3,7% deles eram crio-
preservados em 2007 (iets).
esse baixo número de embriões congelados foi 
influenciado pelos resultados de campo, em que 
os embriões fiv apresentavam menor tolerância 
ao congelamento, principalmente os de gado 
zebu, quando comparados com os embriões de 
vacas europeias.
Durante anos, as estratégias de criopreservação 
estudadas pelos pesquisadores foram baseadas nos 
crioprotetores e nas velocidades de congelação e 
descongelação dos embriões, sendo os métodos 
mais utilizados a congelação lenta e a vitrificação.
Na rotina dos laboratórios de fiv é muito comum 
ter sobra de embriões, seja por falta de receptoras 
“A criopreservação dos embriões excedentes nos 
permite montar um banco de embriões congelados, 
a serem utilizados quando há sobra de receptoras, 
otimizando o trabalho e diminuindo sensivelmente os 
custos do processo.“
Andréa no laboratório de clonagem próxima do equipamento de micro-mani-
pulação de células e embriões
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Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 7
aptas no dia da transferência, seja por produção aci-
ma da média. em contrapartida, há ocasiões em que 
sobram receptoras sincronizadas sem receber em-
brião. O fato é que, até há pouco tempo, os embriões 
não transferidos eram descartados, um desperdício 
de genética e dinheiro. 
a criopreservação dos embriões excedentes nos 
permite montar um banco de embriões congelados, 
a serem utilizados quando há sobra de receptoras, 
otimizando o trabalho e diminuindo sensivelmente 
os custos do processo. 
7. Qual sua opinião sobre a clonagem animal? 
atualmente, o que se tem praticado com essa 
tecnologia em termos de animais de produção?
a clonagem de bovinos, assim como as demais bio-
tecnologias da reprodução, teve início em âmbito de 
pesquisa e, diante da expectativa dos técnicos e cria-
dores, foi introduzida como prática comercial no brasil. 
a preservação genética pelo simples armaze-
namento de uma linhagem celular de determinado 
animal tem funcionado como um seguro de vida em 
muitos casos. Por um custo muito baixo, é possível 
manter um estoque de células congeladas para uma 
futura clonagem que se faça necessária. 
Quando iniciamos a produção comercial de clo-
nes de bovinos em 2005, havia uma série de dificul-
dades relacionadas à produção propriamente dita. 
Os partos necessitavam de assistência e, na sua maio-
ria, eram feitos por meio de cesariana. Os produtos 
apresentavam dificuldades de sobrevivência e a taxa 
de perda neonatal era em torno de 70%.
Depois de inúmeras modificações de protocolos e 
adequações, conseguimos evoluir quanto aos resulta-
dos de produção. atualmente, 50% dos partos realiza-
dos em nossa sede são por via natural, sem assistência. 
Dos outros 50%, uma parte é natural assistido e somen-
te 20% ainda necessitam de cesariana. O aproveitamen-
to das receptoras passou de 10 % 
para 90% e a taxa de morte neonatal 
caiu para cerca de 20%. 
O crescimento vertical da clo-
nagem no último ano se deu prin-
cipalmente pela possibilidade de 
se fazer o registro de animais clona-
dos, oficializado pelo maPa e pelas 
associações de criadores em 2009.
Para este ano, já estamos ca-
minhando para um novo passo na 
técnica, a clonagem de equinos.
8. em entrevista recente para 
a revista exame você mencio-
nou que as empresas do setor 
são carentes de mão de obra 
qualificada. Onde está a origem 
do problema? Você tem treina-
do profissionais?
a técnica de produção in vitro 
de embriões consiste de três etapas 
distintas: a coleta dos oócitos, a 
“ Mesmo tendo especialização na área, esses 
profissionais necessitam passar por um treinamento 
para se adequar à rotina de produção comercial, que é 
bastante diferente da rotina que aprendemos 
na universidade.” 
Clones do Touro Bandido, popular em rodeios, nasceram em 2006 e foram produzidos 
por transferência nuclear de células somáticas(fibroblastos) 
iN vitRO bRasiL
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 20118
produção in vitro e a transferência dos embriões. Para 
cada uma delas é necessário uma equipe com qualifi-
cações diferentes. 
a oferta de mão de obra é abundante, quase 
todos os dias recebo currículos de profissionais 
médicos veterinários e biólogos, a maioria recém-
formados, porém 90% deles nunca participaram de 
nenhum estágio ou treinamento na área. 
entre os outros profissionais recém-formados 
que seguem para a pós-graduação em Reprodução 
animal, somente uma pequena parte deles sai do 
mestrado ou Doutorado em busca de trabalho em 
empresas de fiv. a maioria segue carreira acadêmica 
ou de pesquisa. 
mesmo tendo especialização na área, esses pro-
fissionais necessitam passar por um treinamento 
para se adequar à rotina de produção comercial, 
que é bastante diferente da rotina que aprende-
mos na universidade. É evidente que o embasa-
mento teórico aprofundado e a experiência de 
rotina laboratorial de especialistas acelera esse 
processo de treinamento.
todos os profissionais que são contratados pela 
nossa empresa passam, pelo menos, por quatro 
meses de treinamento. Primeiramente, o técnico tem 
que conhecer a rotina comercial de produção de em-
briões, as dificuldades e as exigências do trabalho, 
para, depois, começar a fiv propriamente. 
9. sabemos que o Brasil detém tecnologia e 
excelentes programas de pós-graduação na área 
de biotecnologia da reprodução. Qual a sua opi-
nião sobre a interação universidade e empresa?
a interação entre a universidade e o setor pri-
vado é importante e, muitas vezes, imprescindível. 
De um lado, a universidade colabora com oferta de 
mão de obra, projetos de pesquisa direcionados 
ao aperfeiçoamento da técnica e possibilidade de 
desenvolvimento de projetos subsidiados. De outro 
lado, a empresa absorve a mão de obra, fornece uma 
tecnologia padronizada e com resultados conheci-
dos para execução de experimentos e tem agilidade 
em disponibilizar recursos para a pesquisa. 
Nossa empresa pratica a interação com universi-
dades brasileiras e do exterior e está sempre buscan-
do parcerias para inovações tecnológicas. estamos 
participando, atualmente, de três projetos de pes-
quisa de Doutorado em três universidades no brasil 
e outro no Canadá. esperamos novidades para 2011.
atualmente, a empresa disponibiliza estágios 
curriculares direcionados à contratação. boa parte 
dos que fizeram estágio conosco não foram mais em-
bora e hoje são grandes profissionais. 
10. em 1999, o número de médicas Veteriná-
rias correspondia a 25% do total de profissionais 
no Brasil, atualmente, esse número corresponde 
a quase 45% dos atuantes. a que atribui esse 
crescimento? Para você foi difícil ser uma mulher 
atuante na medicina Veterinária? algum conse-
lho à futuras colegas? 
Não só a presença da mulher na medicina veteri-
nária cresceu como os recursos tecnológicos ficaram 
mais acessíveis, o que facilitou – e não somente para 
as mulheres – o trabalho “pesado” do campo. Outros 
setores surgiram e atraíram em especial as mulheres, 
como é o caso das biotecnologias da reprodução. 
Desde o início do curso de medicina veterinária 
ficou claro qual seria o foco da minha profissão. De-
pois da graduação, tive a oportunidade de me dedi-
car mais à biotecnologias da reprodução e, durante 
seis anos, apliquei-me no mestrado e no Doutorado. 
essa experiência me forneceu a base para o trabalho 
que desenvolvo. No entanto, ao chegar ao mercado 
de trabalho, ainda tive muito em que me aperfeiçoar, 
sobretudo na execução da técnica de fiv em si, na 
padronização de protocolos comerciais, na criação 
de técnicas novas e por aí vai. 
Considero que, como em qualquer outra profis-
são, atuar em medicina veterinária requer habilida-
de, dedicação, empenho e paixão. Por isso se tiver 
que passar uma mensagem para as colegas médicas 
veterinárias, será esta: tudo o que se dispuser a fazer, 
faça com capricho e emprenho e, sobretudo, tenha 
prazer no que faz. somente assim terá realização pro-
fissional e pessoal.
“Se tiver que passar uma mensagem para as colegas 
Médicas Veterinárias, será esta: tudo o que se dispuser 
a fazer, faça com capricho e emprenho e, sobretudo, 
tenha prazer no que faz.”
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 9
D e s ta Q U e s
No ano em que a medicina veterinária comemora 
250 anos de ensino no mundo, as principais orga-
nizações que representam a profissão em diversos 
países, entre elas o Conselho federal de medicina 
veterinária (Cfmv), se reuniram para iniciar as come-
morações do “vet 2011: ano mundial da medicina 
veterinária”. O slogan do evento evidencia a impor-
tância da medicina veterinária para a saúde, alimen-
tação e sustentabilidade do planeta. a data relembra 
a primeira escola de medicina veterinária funda-
da, em Lyon, na frança, em 1761.
Na reunião de abertura, fez-se um balanço 
dos eventos que serão realizados. No total, se-
rão 154, distribuídos em 55 países. Desses, 58 
eventos receberam a chancela de acreditação da 
associação organizadora do vet 2011. todos os 
eventos enviados pelo Cfmv foram acreditados, 
correspondendo a 10% das atividades que re-
ceberam o selo mundial. a chancela demonstra 
a afinidade da entidade brasileira às propostas 
discutidas entre os dirigentes da medicina veteri-
nária de diferentes países. 
além das organizações profissionais, o evento 
tem outros membros institucionais de peso, como 
a Organização das Nações Unidas para a educa-
ção, a Ciência e a Cultura (Unesco), Organização 
mundial de saúde (Oms), Organização das Nações 
Unidas para agricultura e alimentação (faO), en-
tre outras. acompanhe as atividades do vet 2011 
no Portal do Cfmv (www.cfmv.gov.br).
avaliação, mas uma consultoria cujos resultados 
poderão ser acatados pela instituição para a me-
lhoria. mais informações sobre a parceria podem 
ser obtidas em comissoes@cfmv.gov.br
COMISSãO DE ENSINO DA MEDICINA VETErINárIA DO CFMV ASSESSOrArá 
COOrDENADOrES INTErESSADOS NO APrIMOrAMENTO DE CurSOS
2011 é INSTITuíDO COMO O ANO MuNDIAL DA MEDICINA VETErINárIA 
atenta à atualização e à qualidade do ensino su-
perior e disposta a atuar em parceria com os cursos de 
medicina veterinária que apresentarem interesse, a 
Comissão Nacional de ensino da medicina veterinária 
(CNemv) do Cfmv se dispõe a assessorar os coorde-
nadores de curso, para analisarem e discutirem, em 
conjunto, o programa pedagógico praticado pela ins-
tituição, buscando melhorias para os próximos anos. 
voluntariamente as escolas poderão solicitar 
adesão ao programa. Previamente elas preencherão 
um cadastro e enviarão o programa pedagógico. em 
seguida, dois integrantes da Comissão visitarão a 
instituição para que seja feito um diagnóstico em con-
junto com a equipe local definida pela escola. “serão 
avaliações pontuais, pois cada curso tem as suas par-
ticularidades”, comentou Rafael Gianella mondadori, 
Presidente da CNemv. 
Os membros da Comissão esclarecem que não 
haverá custo para a instituição e garante-se o sigilo 
das informações tratadas. O processo não é uma Instalações adequadas são imprescindíveis para bons cursos
aRQUivO Cfmv
aR
Q
U
iv
O
 C
fm
v
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 201110
PrOGrAMA DE PArCELAMENTO DE DéBITOS é rEINSTITuíDO NO SISTEMA CFMV/CrMVS
O Conselho federal de medicina veterinária 
(Cfmv) reinstituiu o programa de parcelamento de 
débitos fiscais no âmbito do sistema Cfmv/CRmvs a 
partir da Resolução Cfmv nº. 975, de 14 de dezembro 
de 2010, publicada no Diário Oficial da União em 23 
de dezembro do mesmo ano. 
O programa é destinado à regularização de dé-
bitos de anuidades, multas, taxas, emolumentos e 
demais créditos das pessoas físicas e jurídicas com 
vencimentosaté 31/12/2008, inscritos ou não em 
dívida ativa, ajuizados ou a ajuizar, com exigibilidade 
suspensa ou não. 
O parcelamento do débito deverá ser solicitado 
pelo interessado até o último dia útil do mês de 
junho de 2011. Não poderão aderir ao programa 
reinstituído por essa resolução os interessados que 
tiverem sido excluídos do programa instituído pela 
Resolução Cfmv nº. 924, de 2009. a Resolução Cfmv 
nº. 975 pode ser lida na íntegra no Portal Cfmv, em 
Legislações/Resoluções Cfmv. 
rio de Janeiro – O Cfmv também decidiu 
prorrogar o prazo de pagamento das anuidades 
referentes ao exercício de 2011 para as empresas 
e os profissionais residentes nos municípios da re-
gião serrana do Rio de janeiro atingidos pelos de-
sastres naturais do início do ano. a prorrogação é 
válida apenas àqueles que estão sediados em are-
al, bom jardim, Nova friburgo, Petrópolis, são josé 
do vale do Rio Preto, sumidouro e teresópolis. 
POrTAL CFMV AGOrA é www.cfmv.gov.br
O Conselho federal de medicina veterinária 
(Cfmv) tem novo domínio para acesso ao seu portal 
na internet e também para envio de mensagens 
eletrônicas. após vários anos com o domínio “org.br”, 
o Cfmv passa a ser “gov.br”. ao buscar o portal de 
notícias, acesse www.cfmv.gov.br e todos os e-mails 
devem ser enviados para a extensão @cfmv.gov.br. 
Como exemplo: cfmv@cfmv.gov.br.
serviços – Por meio do Portal Cfmv o usuário 
tem, em um único lugar, informações de interesse 
para os profissionais registrados no sistema. além do 
acesso aos contatos de todos os Conselhos (federal e 
Regionais), existem informações sobre a legislação, 
comissões assessoras, Programas de Residência re-
conhecidos pelo Cfmv, Comissões de Ética no Uso de 
animais (CeUas) registradas no Conselho, listagem 
médicos veterinários e Zootecnistas.
Cadastrem-se em www.cfmv.gov.br e recebam semanalmente, em seu endereço eletrônico, notícias do CFMV.
com as entidades habilitadas pelo Cfmv para a 
concessão de título de especialista, notícias ins-
titucionais, edições anteriores da Revista Cfmv, 
notícias diárias de interesse para a medicina vete-
rinária e Zootecnia, entre outras informações. vi-
site www.cfmv.gov.br e cadastra-se para receber 
o boletim eletrônico. 
www.cfmv.gov.br
sHUtteRstOCk
sHUtteRstOCk
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 11
D e s ta Q U e s
TrAMITAçãO DE ArTIGOS CIENTíFICOS PArA A rEVISTA CFMV TErá MAIOr AGILIDADE
muito se discute sobre o aquecimento global e 
suas causas, porém, para uma linha de especialistas em 
meteorologia, o planeta vive uma fase de resfriamento. 
a informação é baseada nos dados históricos e técnicos 
de ciclos que se repetem a cada 30 anos. Desde 1999, 
os estudos mostram que a terra entrou em uma fase de 
invernos mais rigorosos, maior número de tempesta-
des, períodos secos mais agressivos e menores índices 
pluviométricos. a tendência é de agravamento até 
2030. Os dados científicos foram apresentados pelo 
especialista em meteorologia Luiz Carlos baldicero 
molion (foto), no dia 9 de fevereiro, na abertura da ses-
são Plenária Ordinária do Cfmv, realizada de 9 a 11 de 
fevereiro de 2011, em maceió, aL. 
CFMV DISCuTE AquECIMENTO GLOBAL EM SESSãO PLENárIA E AVALIA 
VErSãO CIENTíFICA OPOSTA AO AquECIMENTO
Contrário à ideia de aquecimento, molion 
informa que a temperatura atual é inferior à 
média dos últimos 10 anos. ele esclarece que as 
alterações são influenciadas por ciclos e fenô-
menose também pelas mudanças nos oceanos. 
ele enfatiza que a concentração de pessoas 
em grandes centros pode alterar o microclima 
local, mas não influencia diretamente em todo 
o clima do planeta. O alerta é dado para os pró-
ximos anos. “O sol produzirá menos energia e os 
oceanos estão se esfriando”, comenta o pesqui-
sador. ele acredita que a situação está próxima 
do que houve durante a fase fria da terra, de 
1947 a 1976. 
Caso o ciclo se repita, molion teme pelos 
animais, em especial os que são criados a pasto, 
pois podem vir a perder peso e não resistir, como 
já ocorreu em períodos frios anteriores. molion é 
graduado em física pela UsP e estudou meteoro-
logia nos estados Unidos e no Reino Unido. ele é 
pesquisador sênior apostado do inpe/mCt e, atu-
almente, professor associado da Universidade 
federal de alagoas (Ufal), entre outras atuações.
Com objetivo de agilizar a tramitação de ar-
tigos científicos enviados para a Revista Cfmv, o 
Conselho federal de medicina veterinária mudou 
algumas regras de envio e passa a aceitar a remes-
sa de artigos científicos por e-mail. Os trabalhos 
para serem submetidos à publicação poderão ser 
encaminhados para artigos@cfmv.gov.br
a tramitação entre consultores e autores tam-
bém será toda digitalizada, evitando atrasos e per-
das. apesar das mudanças no envio, as normas de 
conteúdo, formatação e avaliação por consultores 
ad hoc continuam as mesmas (veja página 56).
a Revista Cfmv, com periodicidade quadri-
mestral, segue para todos os profissionais inscritos 
no sistema Cfmv/CRmvs. ela é indexada à agroba-
se, além de ser considerada um dos principais veí-
culos de comunicação com médicos veterinários e 
Zootecnistas no brasil. 
aRQUivO Cfmv
DUO DesiGN 
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 201112
receba via Twitter notícias do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e informações 
de importância para a Medicina Veterinária e Zootecnia. Também é realizada a transmissão em 
tempo real de eventos organizados por ess14e Conselho. Para seguir o CFMV procure, 
no Twitter, por CFMV_oficial. Siga-nos!
muito aguardada por todos, o Conselho federal 
de medicina veterinária (Cfmv) promoveu, no final de 
2010, uma discussão sobre a Leishmaniose visceral, 
com apresentação de diferentes pontos de vista sobre 
a doença e suas implicações. O fórum foi realizado nos 
dias 22 e 23 de novembro, em brasília, Df, e acompa-
nhado pelos Presidentes do sistema Cfmv/CRmvs. 
também houve transmissão pela internet, com parti-
cipação de profissionais de todo o brasil. 
Para o Presidente do Cfmv, benedito fortes de 
arruda, foram dois dias em que a medicina veterinária 
brasileira mostrou a sua força, a sua potencialidade, a 
sua jovialidade, o seu conhecimento, a sua profundi-
dade e a sua responsabilidade. “Nós saberemos cami-
nhar ouvindo todos os lados e todas as posições”, afir-
mou ao final do evento. ele enfatizou a importância da 
participação das organizações convidadas, que con-
tribuíram para os esclarecimentos e apresentação de 
dados atualizados. No final do ano, o Cfmv publicou 
seu posicionamento sobre a doença (veja página 71).
O representante da Organização Pan-americana 
da saúde Panaftosa (Oms/Opas), fernando Leanes, 
comentou que o evento se equipara às discussões 
que estão sendo realizadas em outros países. “É muito 
CFMV DISCuTIu A LEIShMANIOSE VISCErAL E PuBLICOu SEu POSICIONAMENTO
bom que seja o Conselho federal de medicina 
veterinária que esteja liderando esta discussão. 
Por sua atuação com os Regionais, ele tem grande 
potencial para apoiar o trabalho que o estado 
precisa cumprir”. Leanes enfatizou a necessidade 
de consenso entre as diferentes opiniões para que 
exista o avanço no combate à doença.
Para o Presidente da associação Nacional 
de Clínicos de Pequenos animais (anclivepa 
brasil), Paulo Carvalho de Castilho, o evento 
foi válido por ter apresentado os dois lados de 
ação contra a Leishmaniose visceral e também 
os avanços científicos. 
Principais debates – sobre a vacinação, o 
chefe da Divisão de Produtos veterinários do De-
partamento de fiscalização de insumos Pecuários, 
Ricardo Pamplona, do ministério de agricultura 
Pecuária e abastecimento (mapa), afirmou que a 
análise dos estudos da fase iii executados por seus 
respectivos laboratórios e cujos relatórios foram 
enviados ao mapa para avaliaçãoainda está em 
andamento e não há um parecer conclusivo. 
apresentações debateram os prós e contras 
dos tratamentos em cães infectados. sobre etiopa-
tias, resposta imune, diagnóstico e interpretação de 
diagnóstico, o médico veterinário fabiano borges 
figueiredo, do instituto de Pesquisa Clínica evandro 
Chagas (ipec/fiocruz) explicou como é feito tanto 
o diagnóstico clínico e epidemiológico, como tam-
bém a evidência do parasito, técnica molecular e 
provas imunológicas. em sua opinião, é de extrema 
importância que haja a notificação de casos mesmo 
em áreas não endêmicas, pois, assim, pode-se iden-
tificar e investir em ações de controle da doença no 
início de sua ocorrência.
muitos palestrantes enfatizaram a importân-
cia de se investir em várias medidas de controle 
de forma integrada, para que se consiga comba-
ter a doença. entre elas, a mais citada foi o comba-
te ao vetor.
Fórum reuniu Presidentes do Sistema CFMV/CRMVs
aRQUivO Cfmv
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 13
Transgenia em animais: 
nOVO CamPO De 
aTuaçãO PrOFissiOnal
em 1798, malthus publicou sua teoria sobre 
crescimento populacional e produção de alimentos, 
em que previa uma catástrofe mundial provocada 
pela fome, já que, segundo ele, a população cres-
ceria mais que a produção de alimentos. essa ideia 
assombrou a humanidade até que, em meados do 
século passado, a difusão de sementes melhoradas 
e técnicas agrícolas modernas aumentaram signifi-
cativamente a produção de alimentos, fazendo com 
que regiões de baixo potencial agrícola se tornassem 
celeiros, como foi o caso do cerrado brasileiro. tal fato 
foi denominado “revolução verde”, que rendeu ao 
agrônomo Norman borloug o prêmio Nobel da Paz 
de 1970. isso mostra a capacidade de transformação 
do homem, que pode tanto provocar desastres como 
evitá-los, com o uso da ciência e tecnologia.
Recentemente, assistimos a uma enorme polê-
mica provocada pela utilização de sementes trans-
gênicas, acusadas de provocar doenças e prejudicar 
a biodiversidade. atualmente, quase não ouvimos 
mais manifestações sobre o tema, e a produção de 
vegetais transgênicos, em 2009, chegou aos 134 mi-
lhões de hectares plantados, dos quais 16% no brasil. 
a transgenia vem colaborando com a produção agrí-
cola mundial, sendo uma realidade comercial e social 
irreversível, apesar da resistência de alguns setores 
mais conservadores.
Na década de 1980, foram demonstradas as 
primeiras tentativas de geração de animais transgê-
nicos, incluindo camundongos, ovelhas, coelhos e 
porcos, com potencial de expressão proteica exóge-
na. Desde então, a produção de diversas proteínas 
recombinantes de interesse farmacêutico tem sido 
desenvolvida em animais transgênicos gerados por 
ferramentas da biologia molecular em conjunto com 
biotécnicas reprodutivas avançadas (figura 1). a uti-
lização de animais transgênicos como biorreatores 
representa uma alternativa promissora para a indús-
tria farmacéutica. 
a maioria das pesquisas concentra-se na produ-
ção de medicamentos, aos quais se agrega um alto 
valor. alguns exemplos de produtos secretados no 
leite de animais transgênicos são: fatores de coa-
gulação viii e iX, produzidos por ovelhas, cabras e 
porcas, empregados no tratamento de distúrbios 
da coagulação sanguínea; proteína da teia de ara-
nha, produzida por cabras e empregada como cola 
orgânica; a-1 antitripsina, produzida por ovelhas e 
utilizada no tratamento de fibrose cística e enfise-
ma pulmonar. 
b i O t e C N O L O G i a a N i m a L
sHUtteRstOCk
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 201114
No brasil temos relato da produção de alguns ani-
mais transgênicos. “vitor” foi um camundongo pro-
duzido pelo Laboratório de animais transgênicos 
do Centro de modelos experimentais em medicina 
e biologia (Cedeme), da Universidade federal de são 
Paulo (Unifesp), como modelo para estudo de 
doenças cardíacas. ”Camila” e “tinho” são cabri-
tos produzidos pelo Laboratório de fisiologia e 
Controle da Reprodução (LfCR), da Universidade 
estadual do Ceará (Uece), chefiado pelo médico 
veterinário Dr. vicente josé figueirêdo de freitas. 
esses caprinos têm a capacidade de eliminar no 
leite o fator de estimulação de Colônias de Gra-
nulócitos humano (hG-Csf), que pode auxiliar no 
tratamento de aiDs e do câncer.
a possibilidade de animais transgênicos ex-
pressarem proteínas em determinados orgãos, 
utilizando-se promotores tecido-específicos, 
torna-os viáveis como biorreatores de prote-
ínas de importância biomédica. animais de 
produção podem servir como “biofábricas” em 
larga escala de proteínas expressas na urina ou 
no leite.
modelos atuais de animais transgênicos são 
capazes de secretar/eliminar em seus fluidos 
(leite, urina, sangue, plasma seminal) substâncias 
com atividades farmacológicas, tornando-os 
“biofábricas” de substâncias ativas. O isolamen-
to de proteínas expressas nos fluidos corporais 
apresenta vantagens sobre os tecidos, pois estes 
são constantemente produzidos e aquelas são 
facilmente recuperadas.
Diversos estudos têm demonstrado que o 
tecido mamário pode ser o sítio de produção de 
uma unidade de proteína recombinante de interesse 
famacêutico. a produção de proteína no leite é um 
dos melhores modelos de biorreator animal, pela 
praticidade em se obterem grandes volumes para 
pe
so
 (g
)
diAs A pARtiR dA AlimentAção iniciAl 
salmão aquadvantage
salmão standard
Figura 1. Esquema de produção de proteínas recombinantes em glândula mamária 
utilizando tecnologia de microinjeção em embriões de bovinos. Fonte: adptado de 
Collares et.al., 2007
Figura 2. Curva de crescimento do salmão AquAdvantage em comparação à do salmão Standard. Fonte: Aquabounty Technologies
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 15
COLLaRes, t.; seiXas, f.k.; CamPOs, v.f. et al. animais trans-
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 RUmPf, R. Produção de animais transgênicos: metodolo-
gias e aplicações. brasília: embrapa, Recursos Genéticos e 
biotecnologia, 2005. 2
extração de produto biológico e pelo domínio da 
tecnologia de produção de leite. 
a transgenia poderá atuar também na produ-
ção de órgãos de animais para serem utilizados em 
transplantes nos seres humanos (xenotransplan-
tes). existem trabalhos que relatam a introdução de 
gene humano em células de suínos. Consequente-
mente, os órgãos desses animais passaram a incitar 
menor reação imunológica quando transplantados 
em símios não humanos. O desenvolvimento de 
animais transgênicos compatíveis imunologica-
mente com o homem trará uma nova perspectiva 
para os transplantes entre espécies diferentes (xe-
notransplante), permitindo a recuperação da saú-
de de muitos seres humanos e dando à produção 
animal uma nova finalidade.
também estão sendo apresentadas pesquisas 
para aumento de produtividade. Nesse sentido, 
pode ser citado o salmão denominado “aquad-
vantage”,que pode atingir o tamanho de mercado 
duas vezes mais rápido que o salmão tradicional 
(figura 2). esses animais são estéreis, o que elimina 
a ameaça de cruzamentos entre si ou com popula-
ções nativas.
a transgenia pode contribuir com a produção 
animal, gerando animais com maior capacidade de 
conversão alimentar, velocidade de crescimento, 
resistência a doenças infecciosas e parasitárias. De 
outra forma, também pode auxiliar a adaptação de 
animais a ambientes inóspitos, como os que podem 
surgir com o aquecimento global, ou melhorar a to-
lerância ao cativeiro, o que pode levar à preservação 
de algumas espécies que correm risco de extinção 
pela destruição dos ambientes naturais. 
a transgenia já é um campo de atuação para os 
médicos veterinários e, à medida que as técnicas 
forem sendo aprimoradas e seus custos diminuídos, 
muitos mais poderão estar envolvidos quer seja na 
produção animal ou, na preservação das espécies 
quer seja, na erradicação de doenças ou na produ-
ção de animais de laboratório para uso em pesquisa 
(figura 3). enfatize-se que os investimentos no setor 
biotecnológico crescem a cada ano e que vaca, por-
cos, cabras, ovelhas, camundongos, coelhos e gali-
nhas transgênicos estão, cada vez mais, sendo utili-
zados em ensaios biotecnológicos e que precisamos 
ocupar nossos espaços como médicos veterinários. 
Dados do autor
Felipe Pohl de Souza
médico veterinário, CRmv-PR 2934. mestrado 
em Ciências veterinárias – UfPR. 
endereço para correspondência: 
atílio Gasparini, 46 – bairro jardim social –
 Curitiba/PR – CeP 82520-440.
E-mail: buiatra@bol.com.br
Referências bibliográficas
GRUPOs De PesQUisa DaUNiveRsiDaDe De sÃO PaULO (UsP) COORDeNaDOs PeLOs PROfessORes 
LYGia Da veiGa PeReiRa (iNstitUtO De biOCiêNCias) e jOsÉ aNtôNiO visiNtiN (faCULDaDe De 
meDiCiNa veteRiNÁRia e ZOOteCNia)
 Figura 3. Filhotes de camundongos quiméricos gerados pela agregação de células-tronco 
embrionárias geneticamente modificadas com embriões. A foto ilustra diferentes graus de 
integração das células modificadas, oriundas de camundongos da pelagem agouti
b i O t e C N O L O G i a a N i m a L
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 201116
INTrODuçãO
a agressividade canina é o problema de com-
portamento que mais leva cães, do mundo inteiro, 
aos serviços de etologia clínica (Overall e Love, 
2001; bamberger e Houpt, 2006; fatjó et al., 2007). 
É também um problema de saúde pública, visto 
que o número de pessoas atacadas por cães é muito 
grande. Nós estados Unidos da américa, por exem-
plo, o número de pessoas atacadas é de cerca de 
2% da população (Overall e Love, 2001). No brasil, 
a agressividade canina é o segundo problema de 
comportamento mais frequentemente relatado 
nas clínicas e é a principal causa comportamental 
de abandono ou eutanásia (soares et al., 2010). Por 
conta disso, há uma preocupação em se prevenir o 
problema dos ataques de cães a seres humanos. No 
estado do Rio de janeiro, em abril de 1999, redigiu-
se uma lei (Rio de janeiro, 1999), que ganhou nova 
redação em setembro de 2005 (Rio de janeiro, 
2005), para controlar populações de cães de certas 
raças supostamente agressivas, caracterizados 
como cães ferozes. essa lei impõe a castração de 
cães da raça Pit bull e proíbe sua criação. também 
obriga que cães das raças Pit bull, Rottweiler, fila e 
Doberman transitem apenas em logradouros públi-
cos de pouco movimento e usando guia, enforca-
dor e focinheira. O governo do estado de são Paulo, 
em 2003, também promulgou a Lei n. 11.531 (são 
Paulo, 2003), que obriga o uso de guia e coleira em 
cães das raças Pit bull, Rottweiler e mastim Napo-
litano, para condução desses cães em locais públi-
cos. vários projetos de lei vêm tramitando, inclusive 
DesaFiOs na assOCiaçãO 
ePiDemiOlógiCa 
enTre raça e 
agressiViDaDe Canina
C O m P O R ta m e N t O a N i m a L
sHUtteRstOCk
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 17
em escala federal, mantendo a perspectiva de levar 
à extinção algumas raças no País. tais dispositivos 
legais foram propostos, supostamente, para aten-
der a uma necessidade expressa pela população 
desses estados. Contudo, uma pergunta é relevan-
te: segregar uma ou outra raça resolve a questão da 
agressão canina como problema de saúde pública?
Não há um consenso na literatura sobre a 
associação da raça canina com seu en-
volvimento em ataques (Guy et al., 
2001a; Guy et al., 2001b; bamberger 
e Houpt, 2006; takeuchi e mori, 2006; 
fatjó et al., 2007; Rosado et al., 2007; 
Duffy et al., 2008; mcGreevy e masters, 
2008; O’sullivan et al., 2008a; shuler et 
al., 2008;), sendo necessários mais estudos 
para que se chegue a tal associação. Um estudo 
espanhol (fatjó et al., 2007) cita o Pastor Catalão 
e o Cocker spaniel inglês como mais agressivos, 
já um estudo canadense (Guy et al., 2001a) cita o 
Retriever do Labrador e o springer spaniel. esse 
conceito de mais agressivos, nesses dois estudos, é 
consequente do número de animais envolvidos nos 
ataques, não há uma análise qualitativa dos ataques. 
mesmo que a agressividade não apresente relação di-
reta com a raça, o poder de contundência dos ataques 
deve ser considerado. Raças maiores e mais fortes pro-
vocam lesões mais graves nas pessoas atacadas e, por 
isso, estão envolvidas em mais casos fatais (Overall 
e Love, 2001), ganhando, consequentemente, 
mais repercussão na mídia. 
Por que é tão difícil chegar a uma conclusão a res-
peito da associação entre agressividade e raça? O ob-
jetivo do presente artigo é analisar, à luz da literatura, 
alguns desafios encontrados em tal análise.
A OrIGEM DAS rAçAS CANINAS
ao longo da história, os cães vêm sendo subme-
tidos tanto aos efeitos da seleção natural, que possi-
bilitaram a sua adaptação ao meio ambiente em que 
vivem, como aos efeitos da seleção artificial, provo-
cada pelos seres humanos, de diversos modos, ob-
jetivando uma ampla variedade de aplicações para 
esses cães (Denis, 2007). No início da domesticação, 
os seres humanos conservaram aqueles animais 
menos agressivos e menos arredios, provavelmente 
selecionando aqueles com características morfo-
lógicas que diferiam dos exemplares selvagens, 
fato que pode ter possibilitado a grande variedade 
morfológica encontrada nos cães domésticos hoje 
em dia (Denis, 2007). a origem do cão doméstico 
tem o lobo como ancestral mais provável (vilá et al., 
1997). exemplares dessa espécie foram, ao longo do 
tempo, sendo selecionados para diversas aptidões, 
sendo, hoje, um animal com potencial maior de cog-
nição social que os lobos selvagens, destacando-se 
até de grandes primatas em certas tarefas que 
dependem da leitura de sinais corporais humanos 
(Hare et al., 2002).
as primeiras associações entre homens e ca-
nídeos foram encontradas na China e remon-
tam há 150.000 anos. Há cerca de 10.000 
anos, ao deixar de ser nômade e caçador 
para ser produtor e criador do seu 
C O m P O R ta m e N t O a N i m a L
Cães de raças consideradas agressivas sofrem restrições em algumas cidades
sHUtteRstOCk
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Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 201118
alimento, o homem precisou domesticar o canídeo 
ancestral do cão para auxiliá-lo na caça e, posterior-
mente, no cuidado do gado. a fixação dos padrões 
raciais só apareceu a partir do século Xvi para os cães 
de caça e prosseguiu ao longo dos séculos posteriores. 
a cinofilia progrediu até que, no século XiX (Londres, 
1861 e Paris, 1863), registraram-se as primeiras exposi-
ções caninas (Grandjean, 2001).
Raça é entendida como subespécie animal re-
sultante do cruzamento de indivíduos selecionados 
pelo homem para manutenção ou aprimoramento 
de determinados caracteres (ferreira, 1975). as ra-
ças, como são conhecidas hoje, são fruto de seleção 
natural, seleção artificial e docruzamento entre 
animais de padrões diferentes. O reconhecimento 
das raças depende da organização das pessoas que 
criam os cães em associações ou clubes, nos quais 
seus integrantes estabelecem padrões morfológicos 
e comportamentais. essas associações ou clubes de 
cinofilia têm, hoje, uma entidade internacional de 
reconhecimento e classificação das raças, chamada 
federação Cinófila internacional (fCi). Portanto, do 
Husky siberiano ao Cão Pelado mexicano, do Pequi-
nês ao Dogue alemão, todas as cerca de 400 raças 
homologadas pela fCi, a despeito de sua diversidade 
morfológica, pertencem à espécie Canis familiaris. 
entre animais da mesma raça podem existir linha-
gens diferentes, que são desenvolvidas pelos cria-
dores a partir da seleção das matrizes e padreadores 
para personalizar sua criação (Grandjean, 2001).
rELAçãO DA rAçA COM O 
COMPOrTAMENTO DO CãO
todos os criadores de cães trabalham com a 
seleção dos animais a partir de características mor-
fológicas, como: porte, pelagem, inserção de orelhas 
e cauda e aprumos. alguns excluem de seus plantéis 
animais com temperamento inapropriado. então, 
se faz a pergunta: é possível que uma característica 
comportamental, como a agressividade, seja trans-
mitida para a geração seguinte?
em 1965, os pesquisadores john scott e john 
fuller, publicaram um livro em que relatam os re-
sultados de suas experiências com hereditariedade 
de características comportamentais em cães (scott 
e fuller, 1965). Os experimentos foram realizados 
com cães de cinco raças: Cocker spaniel americano, 
basenji africano, fox terrier pelo de arame, Pastor de 
shetland e beagle. entre os experimentos realizados, 
esses pesquisadores relatam diferenças raciais signi-
ficativas no comportamento agressivo de filhotes de 
13 a 15 semanas, sendo os filhotes da raça fox terrier 
os mais agressivos e os Cocker spaniel americano 
os menos. Porém, esse estudo considerou compor-
tamentos agressivos durante interações lúdicas 
com os filhotes, o que pode não estar diretamente 
associado ao comportamento agressivo desses cães 
quando adultos, porque esses comportamentos se 
alteram com a idade e com as experiências vividas. O 
que tem relação com a socialização do cão.
 Da mesma forma que características morfoló-
gicas podem ser herdadas de gerações passadas, 
características neurofisiológicas também podem. 
Portanto, a predisposição genética para diversos 
problemas comportamentais pode justificar uma 
possível associação entre agressividade e raça do 
cão. tal relação pode ser justificada com diferenças 
nos níveis de neurotransmissores ou na eficiência de 
seus receptores no sistema Nervoso Central (sNC), 
favorecendo, ou não, o surgimento de problemas 
como agressividade ou ansiedade (takeuchi e 
Houpt, 2003). alguns artigos associam alterações es-
truturais nos cérebros de cães agressivos e não agres-
sivos. Por exemplo, há um aumento do número de re-
ceptores para andrógenos na amígdala baso-lateral 
em machos agressivos comparados a não agressivos 
Primeiras associações entre homens e canídeos remontam há 150.000 anos
sH
U
tt
eR
st
O
C
k
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 19
(jacobs et al., 2006). também há aumento no número 
de receptores serotoninérgicos por todo encéfalo 
(badino et al., 2004; jacob s et al., 2007) e uma diminui-
ção no número de receptores adrenérgicos no córtex 
frontal, hipocampo e tálamo (badino et al., 2004) dos 
cães agressivos comparados aos não agressivos. 
Há alterações metabólicas associadas à agressivi-
dade. Cães agressivos da raça Pastor alemão tiveram 
menores concentrações de bilirrubina e colesterol 
total comparados a cães não agressivos da mesma 
raça, idade, porte e sexo. a composição sérica dos 
ácidos graxos também diferiu. O grupo agressivo 
apresentou menores concentrações de Ácido Do-
cosahexaenóico (DHa) e uma razão maior de Ácidos 
graxos Omega6/Omega3 (Re et al., 2008). Porém 
esses resultados merecem uma avaliação no eixo 
causa-efeito, pois tais alterações podem ter relação 
com o estresse, o que ficou evidente em uma pes-
quisa (verrier et al., 1987) na qual os cães induzidos a 
ataques de fúria tiveram alterações cardíacas, prova-
velmente mediadas por catecolaminas.
Há um setor identificado no genoma canino que 
interfere na captação da dopamina no cérebro, o que 
pode estar relacionado com a agressividade de cer-
tas raças (ito et al., 2004).
mesmo com todas essas possibilidades, em um 
estudo realizado com 
cães das raças Pastor alemão e Rottweiler, os auto-
res identificaram uma correlação genética em al-
guns traços de personalidade, como os comporta-
mentos do eixo timidez-ousadia, mas não naqueles 
relacionados à agressividade (saetre et al., 2006). 
Há outro estudo que comprovou que o efeito do 
ambiente da ninhada tem maior influência no com-
portamento que a genética materna (strandberg 
et al., 2005). ainda outro, em que foi relatada uma 
associação maior entre fatores ambientais, sociais 
e de manejo no desenvolvimento de agressões por 
dominância, comparados a fatores intrínsecos aos 
cães, como: raça, porte e cor de pelagem (Pérez-
Guisado e muñoz-serrano, 2009).
Os aspectos relatados nos parágrafos anterio-
res poderiam alicerçar os argumentos favoráveis à 
associação entre raça e agressividade, porém ainda 
não é possível responder à pergunta se há uma 
associação direta entre agressividade e raça. até 
porque, dentro de uma mesma raça, há linhagens 
diferentes que dependem das características “da 
moda”, fato que pode ser regionalizado. a formação 
dessas linhagens depende também da seleção dos 
machos padreadores ou raçadores, que acontece 
sempre que um macho se destaca nas exposições e 
passa a ser muito procurado para transmitir as suas 
características morfológicas (Grandjean, 2001), 
o que pode causar um viés dentro dessa raça em 
relação a características morfológicas ou compor-
tamentais originadas desse indivíduo.
O quE é AGrESSIVIDADE?
Definir agressividade canina é um 
outro desafio, pois os mesmos compor-
tamentos podem ser interpretados como 
agressivos ou não. Por exemplo, um cão 
que morde a perna do proprietário para 
chamá-lo para brincar está se compor-
tando de maneira agressiva sem, contudo 
ameaçar a integridade física dessa pessoa. 
Por outro lado, um cão que rosne para o pro-
prietário que mexe em seu comedouro 
pode representar ameaça de ataque 
contra essa pessoa.
a agressividade é definida como a 
conduta do agressivo, como a disposi-
ção para o desencadeamento de condu-
tas hostis e destrutivas (ferreira, 1975). a 
palavra agressão traz como significado 
à mente humana: maldade, sordidez ou 
vingança, mas não é o que acontece com 
C O m P O R ta m e N t O a N i m a L
sHUtteRstOCk
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 201120
os cães. as agressões fazem parte do repertório 
comportamental dessa espécie (fogle, 1992). No 
caso do cão, os comportamentos agressivos são 
subdivididos em três etapas: ameaça, ataque e 
apaziguamento (beaver, 2001). a ameaça é carac-
terizada por posturas intimidadoras, rosnados, 
latidos, exibição de dentes, piloereção cervical 
ou manutenção de contato visual, podendo se 
compor de um ou vários desses sinais. O ataque é 
a agressão propriamente dita, caracterizada pela 
mordida ou sua tentativa. a fase de apaziguamen-
to é caracterizada por um comportamento relati-
vamente não agressivo, mas que reforça a postura 
agressiva do cão pós-ataque. O cão pode lamber 
a região mordida, montar no agredido ou apenas 
por sua pata sobre ele (Overall, 1997).
a agressividade pode ser manifestada em vá-
rios contextos e é essa contextualização que vai 
direcionar uma possível abordagem terapêutica 
para cada caso. as vítimas, nesses contextos, po-
dem ser de qualquer espécie, sendo a agressão di-recionada a humanos o foco do presente artigo. Os 
contextos podem ser divididos didaticamente em 
ativos ou passivos. Nos casos da agressividade ati-
va, os cães atacam sem que tenha havido qualquer 
ameaça direta à sua integridade física. Portanto, se 
podem caracterizar como ativos os episódios de 
agressão ocorridos nos seguintes contextos: 
Predação – o cão ataca com todo um gestual de 
caça. É comum acontecer contra pessoas correndo 
(frequentemente crianças), rodas e pneus (carros, 
motos, bicicletas, patins ou skates). também com 
animais de outras espécies (fogle, 1992; Overall, 
1997; beaver, 2001).
Proteção Territorial – os ataques são direcio-
nados a indivíduos que invadam seu espaço terri-
torial. esse território pode se estender para além 
dos limites estabelecidos pelos seres humanos, 
como muros ou cercas. Neste contexto, o cão pode, 
também, reagir agressivamente durante passeios 
com algum membro humano de seu grupo social, 
quando indivíduos (humanos ou caninos) se apro-
ximam, invadindo um perímetro territorial que ele 
reconhece como seu (fogle, 1992; Overall, 1997; 
Landsberg, 2004). 
Proteção maternal – os ataques são efetuados 
por fêmeas comumente em período de amamenta-
ção. Pode ocorrer também com algumas cadelas em 
pseudociese. esta categoria de agressividade assume 
características semelhantes às de proteção territorial, 
porém dentro do contexto da fêmea protegendo sua 
prole (fogle, 1992; Overall, 1997; beaver, 2001).
Disputa Hierárquica – uma das principais ca-
racterísticas deste tipo de agressão é o fato de, na 
maioria das vezes, ser direcionada a algum membro 
da família (Cameron, 1997; Palácio et al., 2005). É o 
tipo de agressão mais difícil de ser contextualizado, 
pois, normalmente, envolve situações em que não 
se encontram justificativas, tendo como base valo-
res humanos, como o cão atacar a pessoa porque foi 
acordado ou acariciado enquanto estava deitado. 
a agressividade caracterizada como passiva en-
volve situações em que o cão simplesmente reage 
a estímulos que ameacem sua integridade física. 
são essas situações:
Por medo – um cão acuado se defende dessa 
ameaça de forma agressiva. este tipo de agressão 
foi o mais observado em um estudo belga com cães 
militares, mesmo com a rejeição de cães medrosos 
no momento da seleção para o trabalho designado 
(Haverbeke et al., 2009), o que pode estar relaciona-
do com a técnica de adestramento usada com tal 
grupo de cães. É um tipo de agressão normalmente 
perigoso, pois o cão não reprime o ataque, visto que 
se sente ameaçado (fogle, 1992; Overall, 1997; bea-
ver, 2001). É como se dissesse: “é ele ou eu”.
Por Dor – o cão ataca aquele que está causando-
lhe dor, ou que já lhe tenha causado dor (fogle, 
1992; Overall, 1997; beaver, 2001). Portanto é um 
contexto comum nas clínicas veterinárias ou com 
cães que estejam sofrendo ou que já tenham sofrido 
processos dolorosos (artrites, miosites, otites ou 
traumas de maneira geral).
todas as situações listadas envolvem contextos 
comuns de respostas agressivas, porém ainda ocor-
rem agressões que não se enquadram nesses contex-
A interação cão e ser humano manifesta-se de várias formas
aRQUivO Cfmv
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 2011 21
tos mais comuns e são chamadas de idiopáticas. exis-
tem também aquelas com causas clínicas (disfunções 
hormonais, raiva ou neuropatias) e ainda há casos com 
ambivalências, que mesclam classificações. a agres-
são, normalmente caracterizada como hierárquica ou 
por dominância, traz, em inúmeros casos, linguagem 
corporal incompatível com o conflito hierárquico, com 
o contexto do líder se impondo ao seu subordinado. 
tal linguagem corporal, com misto de ofensiva e de-
fensiva (ativa e passiva), caracteriza uma situação que 
mescla a dominância e o medo, motivando a agressão 
(Luescher e Reisner, 2008).
essa contextualização também cria um viés em 
relação à associação com a raça, já que algumas delas 
têm maior potencial para agredir em certos contex-
tos do que em outros. Por exemplo, a agressão dire-
cionada a seres humanos muitas vezes é desejada 
pelos proprietários, como no caso dos cães de guar-
da. Porém, ainda assim é necessário que se preveja e 
trabalhe tal agressividade, a fim de evitar acidentes 
que ocorrem pela falta de discernimento dos cães 
para o certo e o errado.
A IMPOrTâNCIA DA 
SOCIALIZAçãO DO CãO
socialização é o processo de integração de 
indivíduos em um grupo (ferreira, 1975). No pro-
cesso de domesticação, o cão é inserido no convívio 
humano, por isso, é extremamente necessário que 
seja socializado, para que possa interagir com seres 
humanos de uma forma coerente e socialmente 
aceita. ao ser socializado, o cão passa a ter uma rela-
ção mais harmônica com sua família humana (sek-
sel, 1997). Considerando que a maioria dos ataques 
acontece em contextos familiares e comumente 
são direcionados a pessoas conhecidas da família, 
como vizinhos, parentes e amigos (Overall e Love, 
2001), a socialização torna-se uma necessidade 
mais significativa. Por meio do processo de sociali-
zação, o cão passa a reconhecer pessoas ou ativida-
des como parte da sua vida e não como ameaça. as-
sim, o cão não ataca uma criança conhecida quando 
ela invade o seu território por não identificá-la nem 
como ameaça nem como presa.
O grande desafio nesse caso é avaliar o quanto 
um cão é socializado ou não. existem testes destina-
dos a avaliar o temperamento dos cães (svartberg e 
forkman, 2002; svartberg, 2006; Duffy et al., 2008), 
mas seriam eficazes em predizer as atitudes dos cães 
em todos os contextos possíveis de agressão? mes-
mo sabendo que a abordagem para a socialização 
pode diferir de uma raça para outra (scott e fuller, 
1965), a socialização é um processo individual e a sua 
deficiência é uma grande geradora de problemas de 
comportamento em cães (seksel, 1997). Como ge-
neralizar essa capacidade de socialização a uma raça 
ou outra, se depende de quem está socializando e de 
como está fazendo? 
talvez a melhor solução seja incentivar a so-
cialização primária (seksel, 1997; serra, 2005). a 
fase da vida que vai de oito a dezesseis semanas é 
considerada um ponto crítico no desenvolvimento 
emocional dos cães (scott e fuller, 1965). Nessa fase, 
o cão aprende com muito mais facilidade e de uma 
forma mais intensa e duradoura o que é seguro ou 
não para ele. Cães que até as 16 semanas não têm 
contato com pessoas passam a se comportar como 
selvagens, temendo qualquer pessoa que se apro-
xime, o que o torna incapaz de aprender comandos 
simples de adestramento (scott e fuller, 1965). Por 
outro lado, cães criados em famílias têm maior ren-
dimento em testes cognitivos (scott e fuller, 1965) e 
menos reações agressivas quando comparados aos 
que ficam instalados permanentemente em canis 
(Lefebvre et al., 2007). 
O processo de socialização primária caracteriza-
se pela apresentação positiva ao filhote (8-16 sema-
nas) de todos os fatores controláveis que farão parte 
da sua vida. esses fatores controlados são: pessoas de 
diferentes idades e diferentes etnias, brinquedos e 
objetos (seksel, 1997; serra, 2005).
OrIGEM DOS DADOS 
EPIDEMIOLóGICOS
a origem dos dados epidemiológicos é um outro 
grande desafio para busca da associação entre agres-
sividade e raça. Nove estudos retrospectivos, publi-
cados entre 1997 e 2008, se baseiam em informações 
dos serviços públicos de saúde dos países onde as 
pesquisas foram feitas. Desses, quatro citam as raças 
que foram envolvidas nos ataques (keuster et al.,2006; 
Rosado et al., 2007; O’sullivan et al., 2008a; shuler et 
al., 2008) e outros cinco com o mesmo tipo de fonte 
de dados não citam (tan et al., 2004; fortes et al., 2007; 
O’sullivan et al., 2008b; vucinic et al., 2008; Georges e 
adesiyun, 2009). a única raça coincidente comoa mais 
agressiva, ou seja, a mais frequentemente envolvida 
em ataques foi o Pastor alemão, que está citado em es-
tudos belga (keuster et al., 2006) e espanhol (Rosado et 
al., 2007). Neste último, os autores usam dados epide-
miológicos para comparar a casuística de ataques de 
cães em cinco anos anteriores à promulgação de uma 
C O m P O R ta m e N t O a N i m a L
Revista Cfmv - brasília/Df - ano Xvii - nº 52 - 201122
lei contra cães ferozes com cinco anos sob a vigência 
dessa lei e constatam que não houve diminuição 
nessa casuística, nem alterações quantitativas das 
raças mais envolvidas nos ataques. O estudo norte-
americano não cita diretamente nenhuma raça, mas 
grupos raciais da fCi, e descreve os tipos terrier e cães 
de trabalho como os mais envolvidos em ataques 
contra seres humanos (shuler et al., 2008). 
O Colie é citado como a raça mais agressiva no 
estudo irlandês (O’sullivan et al., 2008a), no qual os 
pesquisadores fizeram contatos telefônicos com 
134 vítimas de agressão canina para caracterizar as 
vítimas e os agressores. as amostras desses nove 
estudos são compostas por dados extraídos das 
notificações do serviço público de saúde, ou seja, 
pelos registros dos atendimentos das pessoas 
agredidas por cães. mas, todas as pessoas que são 
mordidas procuram o serviço público de saúde? 
Há autores que afirmam que pessoas familiares ao 
cão dificilmente notificam oficialmente tais ata-
ques (Guy et al., 2001b; Palestrini et al., 2005; voith, 
2009). Outra questão importante para divulgação 
de dados científicos é a confiabilidade desses da-
dos. Não há como confirmar se todos os casos que 
chegaram ao sistema de saúde foram registrados, 
se os que foram registrados o foram de maneira 
correta e os agredidos podem não saber identificar 
corretamente a raça do cão agressor. talvez, em 
virtude disso, há artigos (tan et al., 2004; fortes 
et al., 2007; O’sullivan et al., 2008b; vucinic et al., 
2008; Georges e adesiyun, 2009) que não tecem 
conclusões a esse respeito.
Outros três estudos (bamberger e Houpt, 2006; 
fatjó et al.¸2007; Yalcn e batmaz, 2007) usam in-
formação de serviços especializados em etologia 
clínica, ou seja, relatam a casuística das clínicas 
especializadas no tratamento de distúrbios de com-
portamento. O estudo turco (Yalcn e batmaz, 2007) 
não cita quais raças são as mais agressivas. O estudo 
norteamericano (bamberger e Houpt, 2006) conclui 
que cães sem raça definida são os mais frequentes 
com queixas de agressividade, seguidos por cães 
das raças: Pastor alemão, springer spaniel e Retrie-
ver do Labrador. O terceiro estudo, que é espanhol 
(fatjó et al.¸2007), cita cães da raça Cocker spaniel 
inglês e Pastor Catalão como as mais frequentes com 
queixas de agressividade. 
também há estudos feitos a partir de dados 
coletados em clínicas veterinárias (bradshaw 
e Goodwin, 1998; Guy et al., 2001a; Guy et al., 
2001b; takeuchi e mori, 2006; O’sullivan et al., 
2008b). Desses, merece destaque o estudo japo-
nês (takeuchi e mori, 2006), no qual é feita uma 
pesquisa de opinião diretamente com médicos 
veterinários, ou seja, os autores perguntam a 
esses profissionais quais raças consideram mais 
agressivas, sendo a 
miniatura Pinscher 
a mais f requente -
mente relacionada 
com agressividade. já 
pesquisa inglesa (bra-
dshaw e Goodwin, 1998), 
não cita qualquer raça 
como mais agressiva, 
ainda que usando o 
mesmo tipo de abor-
dagem do estudo 
japonês ( takeu-
chi e mori, 2006). 
Há dois estudos 
canadenses. e em 
um deles (Guy et 
al., 2001a) os auto-
res coletam dados 
com proprietários 
de cães nas clinicas 
e, no outro (Guy et 
al., 2001b), assim 
co m o n o e s t u d o 
irlandês (O’sullivan 
Guilherme Marques Soares
médico veterinário, CRmv-Rj 5092; msc; Dou-
torando do Programa de Pós-Graduação em 
medicina veterinária – Clínica e Reprodução 
animal – faculdade de veterinária – Universida-
de federal fluminense. 
endereço para correspondência: Prof. Her-
nani melo, 101– Gravato – Niterói/Rj – CeP 
24210-150 .
E-mail: gsoaresvet@oi.com.br
rita Leal Paixão
médica veterinária, CRmv-Rj 3937; msc; Dsc; 
Professora associada do Departamento fisiolo-
gia e farmacologia – instituto biomédico – Uni-
versidade federal fluminense. 
E-mail: rpaixao@vm.uff.br
Dados dos autores
sHUtteRstOCk
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et al., 2008b), foram feitas entrevistas telefônicas 
com proprietários de cães que tinham histórico de 
agressividade. a pesquisa irlandesa (O’sullivan et 
al., 2008b) não traz conclusões sobre raças e as duas 
canadenses (Guy et al., 2001a; Guy et al., 2001b) citam 
os cães sem raça definida e os da raça Retriever do 
Labrador como os mais agressivos.
Duas outras pesquisas buscam dados dire-
tamente na população de proprietários de cães 
e se baseiam em respostas de questionários 
(mcGreevy e masters, 2008; Duffy et al., 2008). No 
estudo norte-americano (Duffy et al., 2008), os 
questionários foram enviados para proprietários 
de cães de 30 raças, tendo como base o cadastro 
de uma entidade cinófila. esse estudo concluiu 
que cães das raças: Dachshund, Chiuaua e jack 
Russel terrier obtiveram as maiores pontuações 
para agressividade. já a pesquisa australiana 
(mcGreevy e masters, 2008) se baseou em questio-
nários encartados em uma revista sobre cães. Os 
autores concluíram que os cães sem raça definida 
obtiveram os maiores escores para agressividade. 
CONSIDErAçÕES FINAIS 
Há muitos desafios para que se confirme a asso-
ciação entre raças caninas e manifestação de agres-
sividade dos cães, sendo ainda necessários muitos 
estudos. Pode-se concluir que novos estudos de-
vem se embasar em abordagens individualizadas, 
considerando não só a raça, mas também aspectos 
psicológicos dos proprietários, prevalência das ra-
ças na população canina da região pesquisada, qua-
lidade do processo de socialização, tipo de manejo 
a que esses cães são submetidos ao longo da vida, 
predominância de determinada linhagem entre o 
total de animais de uma raça na região pesquisada 
e ainda o tamanho e a força dos cães que atacam. 
este último aspecto parece óbvio, mas não é o que 
a mídia mostra quando exibe certas raças como 
ferozes. a diversidade de tamanho e força dentro da 
espécie canina também ressalta a necessidade de 
mais estudos qualitativos dos ataques caninos, para 
que se possa saber se as raças tidas como ferozes o 
são porque atacam com maior frequência ou com 
maior intensidade.
C O m P O R ta m e N t O a N i m a L
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