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Clínica de pequenos 1 – Fluidoterapia Objetivos da fluidoterapia: 1. Correção da desidratação 2. Manutenção da hidratação 3. Manutenção do acesso vascular 4. Manutenção da volemia 5. Transfusão sanguíneas Tipos de desidratação 1.Isotônica 70 – 90% dos casos (H2O = eletrólitos) – vômito e diarreia 2.Hipotônica 8 – 20% dos casos (eletrólitos < H2O) – vômito, diarreia e desnutrição 3.Hipertônica 2 – 10% dos casos (H2O < eletrólitos) - diabetes insipidus, diuréticos osmóticos e solução hipertônica Indicações da Fluidoterapia: Traumas, hemorragias... Desidratação (perdas gastrointestinais como diarreia, vômito...) Poliúria persistente (diabetes, hiperadreno...) Processo inflamatório, que gera vasodilatação generalizada, levando a hipotensão, hipovolemia... (piometra, pancreatite) Tipos de soluções cristaloides - Reposição Cistalóides são soluções hidroeletrolíticas que rapidamente se difundem pelos compartimentos corporais. Podem ser isotônicos ou hipertônicos. Alguns exemplos são o Ringuer, plasma-lyte, normosol-R e cloreto de sódio 0,9%. Isotônicos Atravessam facilmente a barreira endotelial e tendem a se acumular em maior quantidade no interstício. Após 1 hora: apenas 20 - 25% do volume infundido permanece no espaço intravascular, reposição três a quatro vezes maior que a perda estimada. 1.Ringer lactato/Ringer simples • Solução isotônica balanceada de eletrólitos • Baixo risco de efeitos adversos • Desvantagens: Hiponatremia e hipercalemia Precauções para o Ringer lactato: Choque e trauma → Capacidade de metabolização do lactato pelos rins e fígado pode estar diminuída → piora da acidose. 2.NaCl 0,9% • Não balanceada, apenas sódio, cloreto, água • Acidificante – pH 5,0 • Indicada para pacientes com comprometimento da barreira hemato-encefálica. Ex.: TCE e hiponatremia • Desvantagem: Acidose hiperclorêmica, hipernatremia e hipertensão 3.Soro fisiológico • Vantagens: Baixo risco de eventos adversos, baixo custo, indicada para pacientes com comprometimento da barreira hemato-encefálica (BHE). Ex.: TCE – Alcalose metabólica hiperclorêmica e hiponatremia. • Desvantagens: Acidose metabólica hiperclorêmica e hipernatremia. Hipertônicos Pequenos volumes: Expandem o volume intravascular, elevam a pressão arterial e o débito cardíaco → Favorecem o fluxo de água do interstício para o intravascular. Podem expandir a volemia em até 10 vezes mais do que a solução de Ringer lactato. Principais indicações: Choque hemorrágico, politrauma e hipertensão intracraniana. Vantagens: Baixo custo e necessidade de pouco volume. Desvantagens: Efeito benéfico temporário, flebite em vasos de pequeno calibre, hipertensão se infusão rápida (< 5min), hipernatremia, hipercloremia e hiperosmolaridade → Risco de mielinólise e convulsões. • Cloreto de sódio 7,5% • Cloreto de sódio 10% • Cloreto de sódio 20% Outras 1.Solução glicofisiológica (NaCl 0,45% + glicose 5%) • Glicose 5% - fonte de água; apenas 15% das necessidades calóricas; uso em hipernatremia, hipoglicemia • Desvantagem: Diabéticos 2.Solução salina hipertônica • Cloreto de sódio 7,5 %, 10%, 20% * Pequenos volumes → Expandem o volume intravascular, elevam a pressão arterial e o débito cardíaco → favorecem o fluxo de água do interstício para o intravascular * Indicações: choque hemorrágico, hipertensão intracraniana * Taxa máxima de infusão → 1 ml/kg/min (4-8 ml/kg – cães; 2 ml/kg - gatos) 3.Coloides (proteicos ou não proteicos): Soluções com alto peso molecular que exercem efeito osmótico atraindo líquidos do espaço intracelular para o espaço extracelular. Não se deve usar inicialmente em pacientes desidratados, pois esta solução causará uma desidratação intracelular, levando à hipoxemia. • PM → Expansores plasmáticos (IV) • Indicações: hipoproteicos • Cães: 5-10mL/kg/15 a 20min./ 24hrs (lento)/ Gatos: 1-5mL/kg/15 a 20min./ 24hrs (lento) OBS.: Monitorar PA a cada 3-5 minutos • Desvantagens: Anafiláxia, nefropatas, prurido. Como administrar os fluidos Via intravenosa Possíveis complicações: • Trombose • Flebite Veias mais usadas: • Cefálica • Safena • Jugular Via intra-óssea Animais de pequeno porte ou muito jovens. Principais locais: • Tuberosidade da tíbia • Fossa trocantérica do fêmur • Asa do íleo • Tubérculo maior do úmero Possíveis complicações: • Osteomielite • Dor Via subcutânea • Prática e barata • Contra indicada em animais com vasoconstricção periférica (grande desidratação, hipotermia, hipotensão) • Absorção esperada em no máximo 4h • Não usar fluidos hipertônicos (risco de necrose) • Soluções de escolha: NaCl 0,9%, RL Via oral • A mais fisiológica e barata • Deve ser usada sempre que não houver vômitos, mesmo que junto com outra via • Ideal para administração de soluções hipertônicas e calóricas • Sondas naso ou orogástricas Via endovenosa Cateteres agulhados (scalp) – 19-25G • Uso a curto prazo • Fácil extravasamento e dano endotelial (flebite) Cateteres de veia periférica – 14-24G • Uso por até 72h • Risco de trombose e flebite • 20 - 24G → gatos e cães < 5 kg • 22 - 18G → cães 5-15 kg • 20 ou 18G → cães > 15 kg • 16 – 14G → grande porte Cateteres de veia central Permitem: • Infusão de grandes volumes • Rápida velocidade • Soluções hipertônicas / viscosas • Retirada de sangue • Pouco usados no dia a dia • Cuidado com infecção Equipos • Macrogotas (20gts/ml) • Microgotas (60gts/ml) • Transfusão Bomba de infusão • Permite melhor controle do volume infundido • Alto custo Como calcular o volume a ser administrado e a velocidade de infusão Considerar: A) Reposição = PESO X % DESIDRATAÇÃO X 10 = Resultado em mL B) Manutenção = 40-60mL/kg/dia C) Perdas - 40ML X PESO (Vômito) - 50ML X PESO (Diarréia) - 60ML X PESO (Vômito + Diarréia) Animais em CHOQUE: Cães: 80-90mL/kg/IV / Gatos: 50-55mL/kg/IV A+B+C = 24H (A= Reidratação; B= Reposição; C= Perdas atuais) • A 4 – 6H • B + C 18 – 20H Exemplo – Caso 1: Canino: Floquinho Peso: 4 Kg Raça: Poodle Idade: 6 anos H/A: Vômitos e diarreia há 2 horas após comer chocolate. E/F: Moderada diminuição da elasticidade cutânea (8%), mucosas moderamente ressecadas. TPC: 3s. Tº: 38.5C Qual o volume total de fluido a ser infundido, a via de administração e o tipo de fluido? A) 4KG X 8% DESIDRATADO X 10 = 320ML B) 50ML X 4KG = 200ML C) 60ML X 4KG = 360 ML 880ml em 24h 320ml em 6h 560 em 18h Equipo Macrogotas (20gts/ml) Fluido total em ml X gotas/ml = Número de gotas por minuto Tempo em minutos A) 320ML X 20 = 6400 =17 gts por minuto 6 X 60 360 Exemplo – Caso 2: Felino: Priscila Raça: PCB Idade: 8 meses Peso: 2,5kg H/A: Prostração há 24horas. Ausência de ingestão hídrica. Anorexia. 2 episódios de vômitos em 24 horas. Tº: 39.9C. E/F: Leve diminuição da elasticidade cutânea (7%), mucosas úmidas. TPC: 3s. PS: Paciente DRC Qual o volume de fluido a ser administrado, via de administração, tipo de fluido? Qual tipo de fluido a ser usado? Utilizando o equipo pediátrico (microgotas): 60 gotas = 1,0 ml Fluido total em ml x 60 = Número de gotas por minuto H x 60 (min.) Fluido total em ml = Número de gotas por minuto Tempo em horas Esse equipo é útil para pacientes de baixo peso, e quando necessitamos infundir fármacos que necessitam de rigoroso controle de velocidade de infusão por minuto como a Dopamina e Antiarrítimicos. Monitoração da fluidoterapia Reavaliar o estado de hidratação - Hiperhidratação Reavaliar perdas (urina / vômitos / diarreia) Avaliar parâmetros clínicos – sinais de hiperidratação (edemas, efusão pleural, taquipneia), distúrbios eletrolíticos (hipocalemia) Avaliar exames laboratoriais Avaliar o local da cateterização – extravasamentos, sinais de infecção, formação de coágulos / êmbolos (ar) Verificar o fluxo – numerar frascos / marcar hora, uso de talas...