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Cunicultura Introdução A cunicultura é parte da zootecnia voltada a criação de coelhos. As criações podem ser destinadas para: Carne Pele Pêlos Genética e melhoramento genético Animais de laboratório Animais de companhia Introdução o Os coelhos possuem longevidade de 6 a 8 anos; o Temperatura corporal (°C) de 38,5 – 40; o Monogástrico; o Maturidade sexual de 4 a 7 meses; o Gestação de 28 - 34 dias; o Poliéstrico, com ovulação induzida. Introdução A produção de carne na cunicultura ainda é um mercado restrito, devido a cultura brasileira onde ainda não se é tão comum o consumo desta carne, sendo pouco ofertada no mercado. O coelho possui uma carne extremamente nutritiva. Em relação a produção, cerca de três quartos da produção mundial de carne de coelho são assegurados pela China, Itália, França, Espanha e Portugal, sendo a China o principal produtor. Durante os ultimos anos o mercado da cunicultura Pet tem crescido, tendo uma maior aceitação destes como animais de companhia. Aspectos produtivos Os coelhos podem ser classificados de acordo com a sua raça e seguem quatro padrões característicos: Existe também os padrões secundários como tamanho e inserção de orelha, presença ou não de papada, cor, forma e tamanho de olhos etc. Aptidão Cor da pelagem Comprimento do pelo Porte físico Aspectos produtivos Ao se planejar o inicio de uma criação é importante definir para que a produção será destinada. Existe raças específicas para um tipo de exploração e raças mistas. Independente da finalidade, a produção comercial deve sempre visar raças mais precoces, prolíferas, rústicas, resistentes e produtivas. Para produção de carne o grupo mais importante é de raças médias. Tendo como principais raças a Nova Zelândia, Califórnia, Chinchilla, Bélier, Angorá e Borboleta Francês. Algumas Raças Nova Zelandia Origem: EUA Aptidão: carne e pele Pelagem: branca Tamanho: médio Peso adulto: 4,5kg Califórnia Origem: EUA Aptidão: carne e pele Pelagem: himalaia branco e preto Tamanho: médio Peso adulto: 4kg Chinchila Origem: França Aptidão: pele e carne Pelagem: chinchila Tamanho: médio Peso adulto: 4,5kg Belier (Inglês ou Francês) Origem: Inglaterra ou França Aptidão: carne e/ou companhia Pelagem: diversas Tamanho e peso: variado Algumas raças Angorá Origem: Turquia Aptidão: Pêlo Pelagem: Diversa, sendo a branca de maior valor comercial Tamanho: Médio Peso: 4,5 kg Borboleta Origem: Discutível; Aptidão: carne, podendo ser utilizado como linhagem paterna em cruzamentos; Pelagem: específica; Tamanho: gigante; Peso adulto: 5,5kg Alimentação Na cunicultura cerca de 70% dos gastos estão relacionados a alimentação. Os coelhos até os 14 dias de vida se alimentam somente de leite materno. Durante os 14 aos 21 dias de vida começam a experimentar alimentos sólidos (ração e/ou forragem) mas ainda tem como principal fonte de alimentação o leite materno. Após os 21 dias começam a ingerir mais alimentos sólidos e água, reduzindo a ingestão do leite. Alimentação Os coelhos têm uma estratégia alimentar única entre os animais domésticos: a CECOTROFIA. Estes animais ingerem cecotrófos (fezes moles), que representa um aporte adicional de proteínas, vitaminas C, K e do complexo B produzido no ceco do animal. O animal ingere as cecotrófos diretamente do anus e necessita desse hábito para se nutrir. Outra particularidade do coelho é apresentar baixo peristaltismo intestinal, necessitando ingerir ração com nível adequado de fibra, para evitar transtornos intestinais. Alimentação Para alimentação é utilizado ração peletizada para coelhos, podendo ser fornecido também forrageira de boa qualidade previamente murchada ou seca, como: Alfafa, Azavém, Rami, Soja Perene. Ração peletizada Planta de Rami Alimentação Na produção deve-se utilizar dois tipos de ração, uma para reprodutores e outra para engorda. Sendo necessário devido a exigência nutricional em cada fase. Caso não seja possivel fazer a diferenciação da ração deve-se utilizar uma ração de fase única. O fornecimento de ração deve ser fracionado, sendo oferecido metade pela manhã e metade ao final da tarde, afim de evitar desperdícios. Alimentação Tabela de sugestão de dieta única (para todas as categorias) ou dupla: Deve-se lembrar que dietas desbalanceadas, principalmente com níveis de fibra muito baixos, podem acarretar baixa produção, diarréias e até a morte. Alimentação Os animais em engorda devem receber ração a vontade, o que varia de 80 a 130 g/dia conforme a idade e época. Já os animais em reprodução, sem filhotes ou no início da gestação, não podem receber ração a vontade, pois o excesso provocaria sobre peso, que prejudica a fertilidade dos animais. Já fêmeas durante o terço final de gestão e lactação devem receber ração a vontade. Instalações As instalações devem ser construídas de maneira a facilitar as trocas de calor, pois são animais que possuem um reduzido número de glândulas sudoríparas, que são importantes para a dissipação do calor produzido pelos animais. O estresse do animal frente ao desconforto térmico pode ser observado através da queda da produção, transtornos reprodutivos e aumento de doenças. A zona de conforto térmico para essa espécie está entre 16 e 21°C, os coelhos são sensíveis a mudanças bruscas de temperatura e ao calor excessivo, a temperatura acima de 30º se torna crítica na produção desses animais Instalações Algumas pesquisas mostram que não há diferença significativa entre a fertilidade de fêmeas com e sem luz artificial no Brasil. Nas instalações deve haver uma ventilação mínima para se eliminar gases nocivos, como amônia e CO2, renovar o oxigênio, favorecer as trocas gasosas entre o animal e o ambiente e banir o excesso de umidade e calor produzidos pelos coelhos. A construção de galpões demanda muito investimento. O aproveitamento e adaptação de outras estruturas deve ser considerada no momento do planejamento. Instalações Alguns aspectos que devem ser considerados na escolha do local da granja: Possuir disponibilidade de água de boa qualidade; O ambiente deve ser isolado e tranquilo; Ser um local de fácil acesso; Em regiões quentes, maior atenção deve ser dada às construções que devem ser feitas no sentido de facilitar as perdas de calor do animal para o ambiente. Instalações A criação de coelhos pode ser feita em diferentes tipos de infraestrutura: Ar livre, abrigos abertos, abrigos parcial ou totalmente fechados, como os galpões. A escolha da instalação depende das condições ambientais e da quantidade de animais que se pretende produzir, além da quantidade de dinheiro que dispõe o produtor. Para granjas de média escala é aconselhável a utilização de galpões separados para engorda e maternidade ou, pelo menos, a divisão física dentro de um mesmo galpão. Instalações Telhado: preferencialmente de barro, para o isolamento térmico e a diminuição de ruídos pela chuva. Laterais: totalmente abertas com telas laterais ou podem ter uma mureta de alvenaria, medindo 50 cm de altura. Corredores: concreto. Pilares: madeira ou de concreto Gaiolas: podemser sustentadas por arames ligados a uma barra paralela ao comprimento do galpão sustentada nas tesouras. As extremidades podem ser de alvenaria ou de amianto. Sob as gaiolas: terra com inclinação de 2%. Beiral: 1m Instalações A vala coletora deve ser construída por baixo das gaiolas, cimentando apenas os corredores para facilitar a circulação. Deve ter um total de 80 cm de profundidade. Corte transversal de uma planta de galpão de cunicultura. Instalações Os galpões devem ser orientados longitudinalmente no eixo leste oeste, a fim de se evitar insolação direta nos animais, conforme observado na figura: Instalações As gaiolas não devem sustentar mais que 40kg/m2 de superfície. Devem estar suspensas e serem preferencialmente de arame galvanizado, quando utilizado o sistema intensivo. É necessário que haja uma distância de 20 cm entre a gaiola e o corredor, para evitar que a urina do animal caia no mesmo. As frestas ou malhas do piso da gaiola devem ter 1 x 5cm ou 1 x 10cm para que as fezes passem facilmente através delas. Na parte da frente deve-se ter uma porta, com no mínimo, 35 x 35cm, e um vão para o comedouro semi-automático, de modo que ocupe todo o espaço. As gaiolas devem respeitar a área mínima necessária a cada animal, que é de 800cm2 para cada animal em crescimento, 3200 cm2 para reprodutores macho ou Fêmeas de reposição ou ainda 4800 cm2 para cada fêmea em reprodução. Instalações O esquema de disposições de gaiolas mais utilizados nas criações de coelhos no brasil é o flat-deck. Instalações Comedouros: barro, calha, metálicos ou semi-automáticos. Bebedouros: mamadeira, vaso de barro ou cimento, pressão, calha e automático são os cinco mais conhecidos. O tipo chupeta é o mais adequado. Instalações Ninhos: Internos abertos ou fechados. São caixas de material resistente destinadas às coelhas prenhes, sendo colocadas três dias antes do parto e retiradas quando os filhotes estiverem com 18 a 21 dias. Dentro deles deverá ser colocada uma camada de 5 cm de palha, ou capim seco. Devem medir de 45 a 50 cm de comprimento por 30 a 35 cm de largura e 15 cm de altura. Sanidade É importante observar sempre sinais de enfermidade, como queda de apetite, alterações de pelagem, apatia, orelhas caídas ou comportamento isolativo. Medidas gerais de controle: As valas devem der drenagem eficiente; Observar correta densidade animal; Separar animais por faixa etária: reprodução, recria e engorda; Estar atento aos níveis nutricionais adequados e evitar mudanças bruscas na alimentação; Executar a desinfecção periódica da granja; Peneirar toda a ração fornecida aos animais, bem como as sobras dos comedouros; Utilizar ninhos adequados para as condições da instalação e para as condições climáticas da região; Sanidade Medidas gerais de controle: Desinfetar os ninhos após a retirada; Combater insetos da granja; Controlar umidade, temperatura e ventilação, evitando problemas respiratórios; Evitar estresse dos animais, evitando principalmente o barulho; Desinfecção regular nas gaiolas dos reprodutores, cestos para transporte e utensílios usados no manejo dos animais; Utilizar chama direta, com auxílio de lança chamas, periodicamente, sobre as gaiolas, paredes, telas laterais, etc; Após qualquer ocorrência de ordem infecciosa, lavar o chão, paredes e locais anexos à granja; Sanidade Principais doenças na cunicultura: Sarna de cabeça e patas; Sarna das orelhas; Mal das patas; Mixomatose; Dermatomicose; Enterotoxemia; Coccidiose; Coriza; Pasteurelose; Mamite; Metrite. Sanidade Registro e controle do plantel: A identificação é feita através de tatuagem, são feitos pequenos furos na parte interna da orelha, formando números ou letras, e estes são preenchidos por tinta especial. Cada matriz deve possuir sua ficha individual, contendo as datas do seu nascimento, da última cobertura e do parto, o número da gaiola ou tatuagem do reprodutor utilizado, o número de láparos nascidos e desmamados em cada parto. Imunoprofilaxia Os coelhos têm vacinas que previnem o aparecimento das doenças infecciosas: Mixomatose, Doença Hemorrágica Viral e Pasteurelose. Imunoprofilaxia Transporte Os coelhos nunca devem ser levantados pela orelha, pois as orelhas contêm inúmeros vasos sanguíneos para trocar calor com o ambiente e segurando o animal pelas orelhas, vários desses vasos se rompem, podendo necrosar a orelha, quebrá-la e até matar o animal. Para transporte dos coelhos a longas distâncias, este deve ser feito preferencialmente à noite, devido a temperatura mais amena. Deve-se lembrar também que durante o transporte, os animais perdem peso, sendo as perdas de cerca de 4% quando o transporte é próximo; 7% quando o transporte é de 400 km e até 13% quando o transporte é feito a 1200 km de distância. Abate O abate de coelhos pode ser considerado rápido e fácil se comparado ao abate de aves e de outros animais de maior porte. O animal deve ser abatido com aproximadamente 70 dias. É aconselhável deixar o coelho 12 horas em jejum antes do abate Para a realização do abate, os animais são capturados em estado de jejum e conduzidos para o local de abate, seguindo para as etapas de banho de aspersão, pendura, insensibilização, sangria, esfola, evisceração, lavagem, pesagem e armazenamento. Abate Os animais são submetidos a um banho frio de mangueira. Com o objetivo de retirar as sujidades grosseiras da pele do animal e a ativação da circulação sanguínea, facilitando a saída de sangue dos músculos, possibilitando assim uma carne de qualidade. Após o banho, os animais são retirados das caixas e pendurados pelas patas traseiras. Com o uso da chaira, os animais são insensibilizados e submetidos à sangria, sendo esta realizada através do corte na artéria carótida e na veia jugular. Em seguida a cabeça e as patas dianteiras são retiradas. Depois da sangria, faz- se a retirada da pele, atraves de um corte circular ao redor das patas e retirando toda a pele do animal. Abate Para se realizar a evisceração, abre-se a carcaça, iniciando no pescoço, passando pelo tórax até chegar à região inguinal. As vísceras são retiradas, sempre com muito cuidado para não perfurar os intestinos, estômago ou a vesícula biliar para que não haja prejuízo à qualidade da carcaça. As patas traseiras são removidas e a carcaça encaminhada à lavagem. Por fim, as carcaças são pesadas e armazenadas. Abate A carne de coelho é altamente nutritiva e saborosa. Apresenta elevado teor de proteína de alta digestibilidade e ácidos graxos poliinsaturados, baixos níveis de gorduras e colesterol, além de baixo teor de sódio. FIM