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Processos Extrativos Prof. Me. Matheus Sobral Nutricionista Disciplina: Fitoterápicos e Produtos Naturais Introdução • Após colheita e subsequente processo de secagem, • Parte da planta medicinal desejada (raiz, folhas, flores etc.), agora chamada de droga vegetal, passa por processos farmacotécnicos que otimizam sua utilização em preparações mais sofisticadas, • Essa primeira etapa chamamos de “formas farmacêuticas básicas ou intermediárias”, que serão utilizadas posteriormente na preparação das formas farmacêuticas para dispensação ao paciente. Principais Processos Extrativos – Extratos Vegetais Processos Extrativos: Retirar o princípio de uma planta medicinal: • Através de solventes (álcool, água, vinagre, óleos, glicerina). • Principais: maceração, infusão, decocção, percolação,turbólise, destilação. (MARQUES,2015) Processos de Extração Processos Extrativos – Infusão >5 minutos => + taninos < 5 minutos => + cafeína (MARQUES,2015) • Um dos processos mais antigos e tradicionais, • Muito utilizado na fitoterapia popular, • Infusos são preparados por um meio de extração : adicionar água fervente sobre as partes da droga vegetal, • Droga vegetal devidamente triturada, mantidas em recipiente fechado, em repouso, geralmente 5 a 10 minutos e depois filtrados, • 150 ml de água para cada 4 a 5g droga vegetal, • 150 ml de água para cada 8 a 10g droga fresca (in natura). Chá de “saquinho” : • Mais pulverizado, maior praticidade, extração mais eficiente, • Entretanto, formas mais pulverizadas deixam os ativos mais expostos a fatores externos, principalmente umidade, • Comprometimento a qualidade do produto. • Deve ser ingerida a temperatura adequada, • Infusões para tratamento de resfriado, gripe, bronquite e febre: Ingeridos ainda bem quente. • Infusões problemas digestivos, indigestão, diarreia: Ingeridos frios ou gelados. • Infusão folhas da goiabeira (Psidium guajava L.): indicado para diarreia, adicionar uma pitada de sal para cada 150 ml (caráter hidratação). • Preferencialmente preparar em doses individuais, utilizar em seguida. • Uso frequente, preparar em quantidades maiores, após preparo, não exceder 12h. • Infusões medicinais muito popular, secular, • Pincipalmente Camellia sinensis (L.), • Chá branco, verde, preto, Oolong (amarelo), Pu-Erh (vermelho), • RDC nº 277/ 2005 ANVISA → Chá: “produto constituído de uma ou mais partes de espécie(s) vegetal(is) inteira(s), fragmentada(s) ou moída(s); com ou sem fermentação, tostada ou não, constantes de Regulamento Técnico de Espécies Vegetais para o preparo de chás”. • IT nº 45/ 2010 ANVISA → Termo “chá” deve ser utilizado exclusivamente àqueles destinados para fins alimentícios, sem nenhuma finalidade terapêutica, também não deve conter descrito em sua embalagem nenhum tipo de indicação de uso ou posologia. • RDC nº 10/ 2010 ANVISA → Drogas vegetais destinadas para finalidade terapêutica, administradas soba forma de infusão, decocção ou inalação, apresentam uma legislação específica, as quais não devem ser denominadas de “chás”, • Devem apresentar indicação de uso, posologia e efeitos adversos conforme indicado no anexo da legislação. • Torna-se difícil traçar uma linha divisória entre chá alimentício e infusão medicinal, • Rotulagem de chás alimentícios não possui autorização para mencionar ações ou usos medicinais, • Observa-se: propagandas em revistas ou informativos para induzir as expectativas do consumidor. • “ban chá”, chá-preto, chá olong, chá branco: produzidos a partir de folhas da Camellia sinensis (L.), • Boa colheita: plantas não devem ser exploradas até que tenham 5 e 10 anos de idade, • Folhas colhidas de diferentes partes da planta e a forma de processamento determinam os vários tipos diferentes, • Chá verde representa 80 – 90% da produção chinesa, • Folhas são colocadas sob vapor e depois secas: ingredientes naturais não são oxidados e preservam os nutrientes. “Ban-chá” • Tipo de chá verde constituídos das folhas mais velhas e rasteiras, • Menos catequinas devido processamento, Chá-preto: • Constitui 90% da produção da Índia, • Passa por várias etapas de processamento: fermentação – oxidação enzimática de flavonóis e teaflavinas (grupo característico). Chá olong: • Oxidação parcial pela ação enzimática da enzima polifenol oxidase das folhas, • Mais consumido no sul da China, • 2% consumo mundial, Chá branco: • Diferença; forma de colheita, • Extraído dos brotos e das flores da planta, • Menor quantidade de cafeína, • Sabor mais delicado, doce, • Propriedades de combater a formação de células cancerígenas, prevenir infecções e inibir peroxidação lipídica. • Dosagem e modo de usar: 1 col de sopa 1L água ou 2 col chá 150 ml água. • Associar canela para melhor palatabilidade. Chá verde: • Muito consumido países orientais, • Mais catequinas, • Folhas mais tenras, melhor qualidade: sensorial e presença de flavonoides, • Alta concentração de epigalocatequina galato (EGCG): Interesse de investigação cintífica, Composição Química dos Chás: • Alta quantidade de flavonas (derivados dos flavonoides) conhecidas como catequinas: ❖Epicatequina (EC) ❖Epigalocatequina (EGC) ❖Epicatequina galato (ECG) ❖Epigalocatequina galato (EGCG) • Típica infusão de chá verde preparada com 1g da folha rasurada para 100ml de água quente: 35 – 45% catequinas e 6% cafeína. Modo e Preparo: 1. É colocada água em um recipiente (em geral uma xícara entre 150 e 200ml) com até 2 colheres de chá da planta (seca ou fresca? Ver prescrição), 2. Espera-se de 5 a 10 minutos, sendo esta forma ideal para as folhas, flores e ramos finos, 3. Abafar. • DESVANTAGENS extração do princípio ativo da planta é parcial não se aplica a plantas que contém órgãos sólidos e duros como constituintes. Modelo de Prescrição • Nome completo do profissional) • CRN5 (Nº registro profissional) Nome do paciente: J.B.L Uso oral - Infusão Droga vegetal: Mentha piperita, hortelã-pimenta, folhas e sumidades floridas Infusão: Em 150 mL de água quente (uma xícara de chá), adicionar 3 colheres de café (1,5g) das folhas e sumidades floridas. Tampar o recipiente e deixar em repouso por 10 a 15 minutos e filtrar. Tomar uma xícara (150 mL) de 2 a 4 vezes ao dia, por 30 dias. Assinatura e carimbo Data Endereço e forma de contato Processos Extrativos – Decocção (MARQUES,2015) • Obtido mantendo a droga, dividida grosseiramente em contato recipiente fechado com um solvente, geralmente água, sob aquecimento até ebulição, • Semelhante a infusão, principal diferença: realizada sob fervura por pelo menos 10 minutos, • Gerando o decocto, • Técnica aplicada a um número restrito de drogas vegetais, • PA podem ser alterados devido aquecimento sob alta temperatura durante um tempo prolongado, • Utilizadas drogas lenhosas cujos princípios são solúveis a quente e quimicamente estáveis: taninos, flavonoides... • Ex: Quebra-pedra (Phyllanthus niruri L.): 30 a 40g da droga fresca ou 10 a 20g droga vegetal 1L de água. • Após 15 minutos de repouso decocto deve ser filtrado a quente seguido de prensagem do material vegetal. • Evitar o uso de recipientes de ferro, alumínio e outros metais que possam prejudicar a extração e a atividade dos PA. • Industrialmente: uso de recipientes de aço inox, • Preparações “caseiras”: uso de recipientes de vidro. Modo e Preparo: • Cozimento das plantas medicinais, colocadas num recipiente adequado (não metálico) • Plantas que contém princípios mais compactados e de natureza lenhosa (casca, raízes, folhas muito duras) 1. Ervas em fogo brando por 15 a20 minutos sem levantar fervura 2 minutos = flores e folhas 7 minutos= raízes e caules 10 minutos = planta toda A extração por decocção permite um melhor aproveitamento dos compostos bioativos das plantas DESVANTAGEM gosto forte + amargo/ palatabilidade. Modelo de Prescrição • Nome completo do profissional) • CRN5 (Nº registro profissional) Nome do paciente: J.B.L Uso oral: Decocção Droga vegetal: Pimpinela anisum, erva doce, frutos. Decocção: Ferver 150 mL de água (uma xícara de chá), quando atingir ebulição adicionar 3 colheres de café (1,5g) dos frutos e manter em fogo brando por 2 minutos com a panela tampada. Deixar em repouso por 10 a 15 minutos e filtrar. Tomar uma xícara (150 mL) 3 vezes ao dia, por 5 dias. Assinatura e carimbo Data Endereço e forma de contato Processos Extrativos – Maceração • Tipo de extração em que a droga vegetal é submetida ao contato com um determinado solvente, • Vários dias, com eventuais agitações, • Temperatura ambiente, • Processo lento quando comparados a outros métodos, • Nunca além do estado de pós grosseiro: fácil circulação através do material e extrair, • Pó muito fino: tendência a formar uma massa, líquido extrativo dificilmente penetra. • Maceração pode ser do tipo dinâmica, • Realizada temperatura ambiente, • Agitação constante da matéria vegetal e do solvente, • Diminuição do tempo do processo extrativo. • Maceração: desvantagem; lentidão no processo. Modo e Preparo: • Preparação líquida que requer longa imersão. Para qualquer parte da planta. • Pode anteceder a decocção. • Temperatura ambiente. 1. Coloca-se a planta medicinal em contato com um solvente (água, álcool, vinho, vinagre) frio 2. Cobre-se o recipiente 3. Deixa repousar em lugar fresco durante uma noite ou dias. Modelo de Prescrição • Nome completo do profissional) • CRN5 (Nº registro profissional) Nome do paciente: J.B.L Uso oral: Maceração Droga vegetal: Citrus aurantium, laranja amarga, flores. Maceração: Colocar 2 colheres de chá das flores em 150 mL de água (uma xícara de chá) de água fria. Mexer suavemente e tampar o recipiente. Deixar em repouso por 3 a 4 horas. Tomar uma xícara (150 mL) 1 a 2 vezes antes de dormir, por 30 dias. Assinatura e carimbo Data Endereço e forma de contato Processos Extrativos – Percolação (MARQUES,2015) • Passagem do líquido extrator, • Droga vegetal pulverizada, • Até seu esgotamento, • Droga é acondicionada no interior de um recipiente cônico provido de uma placa perfurada e de torneira na parte inferior (percolador), • Percolação envolve uma etapa preliminar: umedecimento da droga por 1 – 2h, fora do percolador (auxiliar no processo), • Após o acondicionamento da droga ao percolador, adiciona-se solvente até cobri-la, • Após período determinado, pode ser dias, inicia-se o processo de percolação com abertura da torneira do percolador, • Recolhendo-se o percolato em recipiente, • Primeira porção do extrato, mais rica em ativos (80% do volume total) é recolhido e reservado, • Em outro recipiente recolhe-se outros 20%: processo de eliminação do solvente e após adicionado aos 80% = 100% de extrato. • Metodologias de extração: determinados pelas monografias farmacopêica. • Percolação simples: Desuso devido fatores tempo x custo! • Processo utilizando equipamento denominado turbolizador, • Extração é realizada com redução simultânea do tamanho das partículas, • Moagem e Extração, • Reduz drasticamente o tamanho das partículas e o consequente rompimento das células: rápida dissolução das substâncias ativas diante do solvente, • Rendimentos gerados são altos, tempo de extração pequeno (minutos), quase esgotamento total da droga vegetal, • Método bastante eficiente, utilizado em diferentes escalas. Processos Extrativos - Turbólise Seleção Planta Medicinal Cultivo Colheita Seleção e Desinfecção Estabilização e Secagem Droga Vegetal Conservação e Estocagem Conservação e Estocagem Divisão/ Moagem Preparo de Extratos Controle de Qualidade Obtenção de Formas Farmacêuticas