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História do Brasil BRASIL PRÉ-COLONIAL (1500-1530) 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivo......................................................................................................................................... 2 1. Período Pré-Colonial (1500-1530) ............................................................................................ 2 1.1. Primórdios ......................................................................................................................... 2 1.2. A exploração do pau-brasil ................................................................................................ 2 1.3. O trabalho indígena ...................................................................................................... 4 1.4. O monopólio português ............................................................................................... 5 1.5. As consequências da exploração do pau-brasil. ......................................................... 5 1.6. O fim do período Pré-Colonial ..................................................................................... 6 Exercícios ...................................................................................................................................... 6 Gabarito ....................................................................................................................................... 8 Resumo ......................................................................................................................................... 8 2 Introdução Nesta apostila será apresentado o Período da história brasileira denominado de pré-colonial, o qual abrange os anos entre 1500 a 1530. Esse período compreende os primeiros trinta anos que se sucederam à chegada dos portugueses no Brasil, os quais foram caracterizados pela exploração do pau-brasil, pelos primeiros contatos entre europeus e indígenas e o surgimento das primeiras ocupações portuguesas na América, as feitorias. Nesses primeiros anos, o pau-brasil foi densamente desmatada e levada para terras portuguesas, contando com o trabalho dos indígenas, para produção do corante vermelho que era utilizado na produção têxtil, tintas utilizadas na produção de manuscritos e produção de madeira. Objetivos • Compreender o período pré-colonial do Brasil; • Conhecer o ciclo econômico do pau-brasil e seus desdobramentos. 1. Período Pré-Colonial (1500-1530) 1.1. Primórdios Sabe-se que as Grandes Navegações europeias foram movidas pelo intenso desejo de encontrar riquezas, principalmente metais preciosos, ou ainda chegar ao Oriente para dominar o cobiçado mercado das especiarias. Quando chegaram ao Brasil em 1500, os portugueses não tinham muita expectativa em encontrar neste território mercadorias que lhes rendessem lucros e prestígio, pois seu foco estava em encontrar a rota para o Caminho das Índias, ao passo em que a América foi apenas um desvio de percurso. Deste modo, durante os primeiros 30 anos após o descobrimento, não houve interesse português em colonizar o Brasil, pois, aparentemente, as terras aparentavam ter apenas atrações exóticas, com uma infinita variedade de plantas, aves e até mesmo de indígenas. 1.2. A exploração do pau-brasil Todavia, apesar do desinteresse inicial, expedições foram enviadas com o intuito de realizar o reconhecimento territorial e promover a efetiva busca de riquezas, principalmente ouro e outros metais preciosos. Nestas primeiras 3 expedições os portugueses verificaram a existência do pau-brasil, árvore nativa que se espalhava na Mata Atlântica brasileira, principalmente no litoral, cujo nome científico é Caesalpinia echinata. Esta árvore deu nome ao nosso país. SAIBA MAIS! Sabendo que esta poderia ser uma fonte de renda a Portugal, começou-se a organizar a exploração do pau-brasil. Logo se percebeu que poderia se obter lucro com a comercialização desta madeira na Europa, a qual era considerada bastante resistente e eficaz na construção de obras civis e navais. Além disso, notou-se que a mesma apresentava semelhança com outra árvore do Oriente, da qual se extraía uma tinta vermelha, muito apreciada para o tingimento de tecidos e para a pintura de manuscritos. Rapidamente buscou-se efetivar a exploração da árvore, através da construção de feitorias, ou seja, locais onde se armazenava a madeira e a colocava em transporte para Portugal, por meio das caravelas. Geralmente, essas construções se localizavam na área litorânea, para facilitar a conexão com os oceanos. Inicialmente a exploração da árvore ficou a cargo de comerciantes de Lisboa, para os quais a atividade foi arrendada pela Coroa portuguesa. Estes deveriam enviar certa quantidade de navios da madeira por ano, em troca da possibilidade de explorar uma parte da costa e ali estabelecer uma feitoria. IMPORTANTE! Feitorias eram locais que poderiam ou não ser fortificados. Cumpriam a função de realizar o envio do pau-brasil a Portugal. Geralmente a madeira era trazida pelos indígenas até a feitoria, que se encarregava de organizar a carga nas caravelas. No site Mega Curioso é possível acessar o texto: “9 curiosidades sobre o pau-brasil, a árvore que dá nome ao nosso país”. É uma leitura dinâmica e bastante informativa. 4 1.3. O trabalho indígena A retirada da madeira da mata começou a ser realizada pelos próprios portugueses. Todavia, as árvores não se encontravam concentradas em um mesmo território, mas sim, espalhavam-se por todo o litoral. deste modo, surgiu o interesse em buscar nos indígenas a força de trabalho necessária para esta atividade. Em um primeiro momento, os portugueses negociavam com os indígenas a retirada do pau-brasil, inclusive contando com o trabalho destes povos nativos para o corte das árvores, as quais possuíam troncos com cerca de um metro de diâmetro e de 10 a 15 metros de altura, exigindo considerável esforço físico para o transporte das mesmas até as embarcações que as levariam para a Europa. Deste modo, o trabalho indígena foi fundamental neste período, o qual era conseguido a partir da prática do escambo, ou seja, da troca. Como recompensa pelo corte e transporte das árvores, os indígenas recebiam dos portugueses objetos de pouco valor, mas que até então eram desconhecidos para eles, tais como tecidos, miçangas, espelhos ou mesmo canivetes, que lhes proporcionavam alegria. Algumas vezes era preciso investir um pouco mais, entregando aos nativos, ferramentas como machados ou serras. Mesmo assim, os lucros com a atividade traziam satisfação aos portugueses, visto que na Europa, a madeira e os objetivos feitos a partir da tinta atingiam bons preços e faziam sucesso. Embora os indígenas neste período não tenham sido efetivamente escravizados, vale reforçar que eram enganados na prática de escambo, pois recebiam em troca de seu trabalho objetos com pouco ou nenhum valor. Era o início da exploração da mão-de-obra nativa no Brasil (Figura 01). 01 Indígenas trabalham na retirada do pau-brasil. 5 1.4. O monopólio português Com vistas a garantir o monopólio da atividade, a colônia portuguesa cobrava tributos daqueles países que buscassem explorar a madeira.No período, os portugueses enfrentaram forte concorrência dos franceses, que também buscavam obter lucros com o pau-brasil. Como o território ainda não estava povoado, eram comuns no litoral as invasões de holandeses, ingleses e franceses. Os espanhóis neste momento respeitavam o acordo do Tratado de Tordesilhas, que em 1494 estabeleceu os limites da exploração do Novo Mundo entre Portugal e Espanha. SAIBA MAIS! Todavia, mesmo com esta busca pelo monopólio, a Coroa portuguesa não foi capaz de impedir a exploração do pau-brasil de inúmeros traficantes. A maioria desses eram franceses que ingressavam na atividade por conta própria. Pois o rei francês nem sempre chegava a ter conhecimento destes fatos, bem como não os apoiava, em respeito à decisão do já mencionado Tratado de Tordesilhas, o qual garantia que o litoral brasileiro era posse portuguesa. Com vistas a conter as invasões dos povos estrangeiros, a Coroa portuguesa enviou ao litoral brasileiro as chamadas “expedições guarda-costas”, como forma de proteger o território. A primeira destas expedições foi enviada em 1516 e a segunda em 1526. Na disputa entre portugueses e franceses, os povos nativos também tomaram seus posicionamentos, dividindo-se. Deste modo, era comum que povos tupinambás fossem aliados dos franceses, enquanto os tupiniquins eram mais próximos aos portugueses. 1.5. As consequências da exploração do pau-brasil. Por se tratar de um recurso natural finito, a exploração do pau-brasil em terras brasileiras não durou muito tempo, tendo seu auge justamente nas três décadas que compõem o período Pré-Colonial. Rapidamente, estas árvores foram se esgotando e restando apenas uma pequena quantidade que não apresentava tanta A primeira concessão portuguesa para exploração do pau-brasil ocorreu em 1501, a um homem chamado Fernando de Noronha, o qual deixou seu nome à ilha, hoje pertencente ao estado de Pernambuco, no Brasil. 6 qualidade como antes. Assim, começou-se a perder o interesse pela atividade, sendo que apenas alguns poucos carregamentos continuavam a ser realizados pela Coroa portuguesa, de forma esporádica. Todavia, esta primeira atividade econômica do Brasil deixou sérias consequências ao país, principalmente no que se refere à questão ambiental, visto que se estima que cerca de 90% da área original da Mata Atlântica - bioma a que pertence o pau-brasil - tenha sido destruída durante o período. DICA Além disso, há ainda que se considerar, os prejuízos que se deram aos povos indígenas, os quais foram enganados para que trabalhassem forçosamente na atividade de exploração do pau-brasil. Sem contar nas mortes que ocorreram entre aqueles que não resistiram ao trabalho ou mesmo às doenças transmitidas pelos europeus, para as quais eles não possuíam imunidade. 1.6. O fim do período Pré-Colonial D. João III, rei de Portugal, optou por iniciar a colonização do Brasil, em 1530, por meio da habitação do território, como forma de protegê-lo de possíveis invasores estrangeiros. Martin Afonso de Souza comandou a primeira expedição colonizadora, no ano de 1531, quando chegou ao Brasil. A partir disso teve início a distribuição das terras no modelo de sesmarias. Exercícios 1. (PUC) — Nesta questão utilize o seguinte código: a) Se forem verdadeiras as proposições I, II e III. b) Se forem verdadeiras as proposições I e II c) Se forem verdadeiras as proposições I e III. A Organização Governamental SOS Mata Atlântica vem desenvolvendo um trabalho de defesa deste bioma, através de reflorestamento e campanhas de sensibilização social. Maiores informações podem ser obtidas no site SOS Mata Atlântica. 7 d) Se forem verdadeiras as proposições II e III. e) Se for verdadeira a proposição I. I — A ocupação efetiva das terras descobertas na América do Sul, pelos portugueses, resulta do declínio do comércio com as Índias, da necessidade de dar combate aos invasores estrangeiros e de buscar riquezas exploráveis. II — As feitorias, nos moldes realizados pelos portugueses na Costa da África, foram adotadas na ocupação da terra brasileira e deram origem aos principais núcleos de povoamento da Colônia. III — A empresa colonial de Portugal foi um momento da expansão mercantil europeia, caracterizada pela revolução comercial, pelo mercado internacional e pelo predomínio da produção agrícola em grande escala. 2. (ENEM, 2011) Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e péros, (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?” (LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974). O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado , em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido: a) do destino dado ao produto do trabalho em seus sistemas culturais; b) da preocupação com a preservação com os recursos ambientais; c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil; d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas; e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno. 3) (Autor, 2019) Dentre os motivos que levou Portugal a iniciar a ocupação da América Portuguesa, não podemos afirmar que: a) a constante presença de corsários no litoral se tornou uma ameaça ao domínio português na América e foi um dos principais fatores para o início da colonização. 8 b) A descoberta de fontes de riquezas minerais como ouro e prata explica o interesse português no território. c) o escambo foi utilizado para custear o trabalho indígena de extração de pau-brasil. d) as feitorias foram o principal núcleo de ocupação portuguesa no período. e) A expansão do cristianismo foi uma das justificativas utilizadas para justificar o domínio português na América. Gabarito 1. Gabarito d. Inicialmente, não ocorreu uma ocupação sistemática e efetiva do território brasileiro, pois o comércio com a Índia absorveu a maior parte dos esforços mercantis portugueses. 2. Gabarito a. O texto base serve para demonstrar ao leitor a inocência dos indígenas quanto à exploração econômica da madeira do pau-brasil, visto que para os povos nativos a natureza era utilizada apenas para a sobrevivência. Não conheciam a exploração que visava o lucro, a destruição dos recursos naturais em massa, por isso estranhava o fato de o pau-brasil interessar tanto aos povos europeus, que se deslocavam ao Brasil para realizar a atividade. 3. Gabarito b. O período pré-colonial foi marcado pela falta de interesse dos portugueses para com a colônia brasileira, visto que não encontraram nela metais preciosos e o foco do momento era encontrar a rota para poder chegar ao Oriente e assim obter lucros com o comércio de especiarias. Explorou-se o pau-brasil neste período, o qual permitiu alguns ganhos sem que houvesse a necessidade de habitar o colonizar o território efetivamente. Resumo Nesta apostila vimos como ocorreu o período da história brasileira chamado de Pré-Colonial, que abrange os anos entre 1500 a 1530. Sobre o período é importante destacar que inicialmente Portugal não teve interesse em colonizar as terras brasileiras, visto que estavam concentrados em encontrarcaminhos para o Oriente e realizar o comércio das especiarias. 9 As primeiras expedições portuguesas na América verificaram que seria possível obter lucros com a exploração do pau-brasil, árvore que dava lucros pela madeira e também pela tinta que era dela retirada. O trabalho de retirada das árvores era realizado pelos indígenas por meio do escambo (troca por objetos como tecidos, miçangas ou facas...) que ocorria nas feitorias: fortes improvisados que foram estabelecidos no litoral para facilitar o envio da madeira a Portugal e também servir de fortificação contra invasões de corsários franceses que buscavam contrabandear madeira Por fim, o período pré-colonial encerrou-se em 1530 quando, D. João III, então rei de Portugal, resolveu colonizar as terras brasileiras para não as perder. 10 Referências bibliográficas FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. 2 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. 26 ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. Referências imagéticas Figura 01: WIKIMEDIA. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:AtlasMiller_BNF_Brasilis_paubrasil.jpg}>. Acesso em: 17/04/2019 às 19h46min.
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