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NPJ KROTON - DIREITO CONSTITUCIONAL - PETIÇÃO INICIAL (seção 1)

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Enviado por Igor . em

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Exmo(a). Sr(a). Dr(a). Juíz(a) de Direito da Vara da Fazenda Pública da Comarca de Rosana-SP
	O Ministério Público do Estado de São Paulo, por seu agente que adiante assina, no uso de suas atribuições legais e com base nos arts. 6º, 127, caput, 129, II, 205-A, 208, I e 227 da Constituição da República; art. 103, VIII, da Lei Complementar 734/93 (Lei Orgânica do Ministério Público-SP); art. 25, IV, “a” e “b”, da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); art. 1º e 5º da Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), vem perante Vossa Excelência propor a presente:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
em face do Prefeito Municipal de Rosana-Sp, Sr. ___, CPF __, RG __, com endereço na Rua ___, número _, na cidade de Rosana-SP, Cep __.___-___, pelos motivos de fato e de direito que a seguir passa a expor:
RETROSPECTO FÁTICO
	Chegou a conhecimento desta Promotoria, por meio de um grupo de mães, a ausência de vagas para realização de matrículas nas escolas de educação infantil fundamental do município de Rosana. O argumento foi a necessidade de corte de gastos da Administração Pública, 
o município fechou escolas e não providenciou a abertura de vagas necessárias, argumentando que as crianças deveriam aguarda em casa até o próximo ano letivo.
	A fim de solucionar o problema, o prefeito municipal foi procurado, sendo-lhe proposto o termo de ajustamento de conduta – TAC -, entretanto, o prefeito recusou, alegando que não haveria dinheiro suficiente para isso, devido à finalização das obras de um grandioso estádio de futebol.
DOS DIREITOS
	DO CABIMENTO DA AÇÃO
	Nos termos do inciso IV do art. 1º, da Lei 7.347/85, é cabível Ação Civil Pública quanto haver danos:
IV: a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;
	Direito difuso é conceituado como “direitos transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”. Portanto, percebe-se que a educação é um direito difuso.
	No presente caso, é notável a restrição à educação (direito difuso), logo, cabível a presente Ação Civil Pública.
	DA LEGITIMIDADE ATIVA
	O Ministério Público é órgão legítimo para propor a presente, assim previsto no art. 5º da Lei de Ação Civil pública: 
Art. 5º: Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I. o Ministério Público;
	
	DA LEGITIMIDADE PASSIVA
	O §2º da CR, prevê:
§2º: o não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente;
	No caso, a autoridade competente é o Prefeito Municipal, uma vez ser ele o responsável por administrar a criação de vagas nas escolas de ensino fundamental, nos termos do §2º do art. 211, CR, por meio da aplicação dos recursos públicos.
	DA EDUCAÇÃO
	A educação tem previsão constitucional. Em seu art. 6º, a Constituição da República prevê a educação como direito social, portanto, fundamental ao ser humano.
	Já o art. 205, CR, prevê a educação não só como direito, como também dever do Estado:
Art. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo, para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
	Entende-se como “Estado”, além do Estado propriamente dito, a União e os Municípios.
	Já em seu art. 208, a carta magna dispõe:
Art. 208: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: 
I . educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiverem acesso na idade própria;
§1º: o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo;
§2º: o não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente;
	Assim, o ensino fundamental é direito de todos. Sendo o mínimo para uma vida digna, à qual a CR da república faz alusão em seu art. 1º.
	DO INTERESSE DE CRIANÇA, ADOLESCENTE E JOVEM
	O argumento do Prefeito de que está racionando recursos, a fim de construir um campo no Município não deve prevalecer. Porque, embora o esporte/lazer também seja um direito assegurado pela CR, deve haver um equilíbrio, a fim atender todos os direitos assegurados na carta magna, ou, o máximo possível. Ainda assim não fosse, por lógica, a educação deve prevalecer ao lazer.
	O art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe:
Art. 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direito referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
§ único: a garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
	Assim, os recursos financeiros destinados à educação têm prioridade, portanto, obviamente, deveriam ser destinados a ela, e não à construção de estádio para o Município.
	DA TUTELA DE URGÊNCIA
	Percebe-se a necessidade de uma Tutela Provisória de Urgência conforme arts. 294 a 304, CPC.
	A medida se impõe em razão da urgência, de acordo com o art. 294, CPC, porque, no caso, as crianças estão sem acesso à escola e correm o risco de perderem o ano letivo. Por isso, requer a imediata abertura de vagas.
DOS PEDIDOS
	Diante do exposto, a parte autora requer:
	a) requer seja recebida a presente e deferida a tutela de turgência requerida, a fim de determinar a abertura imediata de vagas.
	b) seja julgada procedente, condenando à criação definitiva de vagas para o ensino fundamental no Município, nos termos do art. 3º, da Lei 7437/85.
	c) a condenação da parte ré ao pagamento de custas e honorários de sucumbência.
	d) a prioridade na tramitação, em razão de tratar de direito de criança e adolescente à educação, nos termos do art. 227, CR.
	e) pretende comprovar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.
	Termos em que pede e espera deferimento.
	
	Dar-se-á à causa, estimativamente e para fins de alçada, o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
Local e data.
Luiz ...
Promotor de Justiça

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