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O machismo nas produções audiovisuais
RESUMO: O presente artigo busca mostrar o maschismo atráves da indústria audiovisual mostrando o papel da mulher na sociedade brasileira, de modo geral, que tem sido ampliado à medida que vai sendo questionada a “divisão sexual”. Na atualidade, as mulheres estão presentes em quase todas as profissões, inclusive em atividades antes destinadas apenas aos homens, como na engenharia mecânica, no transporte público, na carreira militar, dentre outras. A imagem social da mulher que constrói uma carreira profissional passou a ser mais valorizada e cada vez mais um número crescente de mulheres vem conquistando maior respeito profissional e alcançando cargos de chefia e comando, embora os homens ainda predominem na diretoria das empresas e em funções gerenciais.
PALAVRAS-CHAVE: Machismo. Audiovisual. Mulheres.
The masochism in produces audiovisual
ABSTRACT: The present article seeks to show the attractive masochism of the audiovisual industry by showing the role of women in Brazilian society in general, which has been expanded to measure that it will be questioned by a "sexual division”. Currently, women are present in almost all professions, including activities before being eliminated only in men, such as mechanical engineering, public transportation, military career, among others. A social image of the woman who built a professional career has become more valued and a greater number of women are gaining greater professional respect and burgeoning leadership and command, although men still predominate in corporate boards and managerial roles.
KEYWORDS: Masochism. Audiovisual. Womem.
	
INTRODUÇÃO
O presente artigo mostra o machismo nas produções audiovisuais e como ele prejudica as mulheres no ambiente de trabalho se baseando em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e Ancine (Agência Nacional do Cinema), divulgados em 2017, em que as mulheres representam 51,4% da população brasileira. Entretanto, por mais que as mulheres sejam a maioria, ao olharmos para o mercado de trabalho a presença feminina ainda é menor e mais precária. Em 2007, as mulheres ocupavam 40,8% das vagas do mercado formal e em 2016 representavam 44%, demonstrando um leve aumento no período, conforme reportagem divulgada pelo Portal Brasil. No audiovisual a situação não é diferente. Um estudo divulgado recentemente pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), que tem o objetivo de mapear o perfil do emprego no audiovisual entre os anos de 2007 e 2015, mostra que as mulheres ocupam 40% dos cargos no setor e que em 2015 elas receberam em média 13% menos que os homens. Ainda segundo a Ancine, em 2016, 20,3% dos filmes lançados no país foram dirigidos por mulheres, porém metade dessas produções são documentários, o que aponta para uma presença feminina em filmes de menor orçamento. Ainda, dos dez filmes brasileiros mais vistos nesse mesmo ano, apenas dois contam com mulheres à frente da direção.
A intersecção entre gênero e trabalho aponta ainda para outras disparidades. Conforme reportagem do jornal O Globo, as mulheres ocupam somente 37% dos cargos de chefia nas empresas, e se olharmos para o setor público o número ainda diminui para 21,7%. O texto também mostra que a taxa de desemprego da mulher é de 11,7%, enquanto a do homem é de 9,6% e que a mulher ganha, em média, 76% do salário do homem. Nos cargos de chefia este número cai para 68%. Se olharmos especificamente para a mulher negra, ela recebe cerca de 40% menos do que o homem branco. Por outro lado, a média semanal de trabalho das mulheres conta com 7,5 horas a mais do que a dos homens, contabilizando as atividades realizadas fora e dentro de casa, segundo informações do IBGE
A linguagem audiovisual em foco
Conforme a própria palavra já sinaliza, a linguagem audiovisual é composta pela junção dos elementos sonoros e visuais. Assim, estamos nos referindo a uma forma de comunicação direcionada a dois sentidos humanos: a visão e a audição.
O problema, porém, não está só em Hollywood. Segundo a pesquisa “A cara do cinema nacional: perfil de gênero e cor dos atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros (2002-2012)”, no Brasil, as direções de cinema ficam por conta de apenas 13% das mulheres brancas e os roteiros, com 26% das mulheres brancas. No período analisado, não havia nenhuma mulher negra como diretora nem roteirista na lista de produções da Ancine. E a desigualdade de gênero e cor estende-se por todas as outras esferas que compõem o audiovisual, não só o cinema.
 
Um setor feito por homens brancos só pode significar obras feitas para homens brancos. As histórias contadas pelo meio audiovisual, sejam quais forem, produzem subjetividade e influenciam na percepção de vida da pessoa que as assistem. Há toda uma disputa de narrativa ignorada e sobrepujada pela hegemonia masculina branca no setor. Milhares de vozes e olhares femininos e negros são excluídos e apresentados às espectadoras e aos espectadores sob o véu da percepção masculina branca.
 
E não é apenas a narrativa e a representatividade em disputa. Outro grande problema está em quem são os homens que dominam o setor. Não são raros os episódios de atos machistas cometidos por diretores, roteiristas e demais homens ligados ao audiovisual.
Relatos de abusos no audiovisual
Do ano passado pra cá, veio à tona um número significativo de histórias de assédios no audiovisual: histórias relacionadas ao comediante Louis C.K., que constrangeu mulheres ao vê-lo se masturbar; histórias sobre o ator e diretor James Franco; histórias sobre o diretor Roman Polanski, sobre o produtor Harvey Weinstein, entre tantas outras.
A indústria cinematográfica é predominantemente masculina. Num ambiente dominado por homens, principalmente nos cargos de chefia, casos de assédio sexual não são incomuns. A ausência de diretoras é um dos fatores que fortalecem o comportamento machista nos sets. Assim como nos Estados Unidos, no audiovisual brasileiro existem muitas histórias sobre assédios no ambiente de trabalho. Chamou atenção a história envolvendo o ator José Mayer e, mais recentemente, a história de um operador de câmera, que tirou fotos sem autorização da atriz Paola de Oliveira que se espalharam pela internet. Embora essas duas histórias tenham ganhado mais visibilidade por se tratarem de pessoas públicas, sabemos que os números são alarmantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como podemos ver ainda falta muito para que as mulheres tenham uma visiabilidade na indústria audiovisual mas para isso o maschismo precisa diminuir junto com a diferença de salários É mais do que necessário que se crie medidas específicas para garantir pluralidade de falas e olhares. As mulheres, precisam estar mais atentas a estes números. Precisam repensar sobre as equipes, as posturas. O cinema faz parte da construção do imaginário de uma sociedade, ajuda a construir identidades, formar valores e comportamentos. A ausência de mulheres resulta em um olhar predominantemente masculino.
O ativismo e a voz feminina têm se ampliado bastante, irreversivelmente. O espaço que conquistaram só irá se ampliar cada vez mais. Para trás não tem como voltar. As mulheres ocuparão, cada vez mais, seu espaço na sociedade e esse é um movimento importante para toda a humanidade. Inclusive para os homens.
Diante desse cenário de desigualdade e das recentes manifestações descaradas de machismo vindas de homens que representam certa importância no audiovisual brasileiro, as mulheres profissionais do setor decidiram também tornar públicas suas vozes e rechaçar toda discriminação, opressão e sub-representação pelas quais vêm sofrendo.
Não é diferente na indústria cinematográfica, que tem os homens como maioria de seus funcionários, ganhando salários mais altos tanto em frente às câmeras quanto nos cargos de produtores, roteiristas, diretores e outras funções que são parte do fazer do cinema. A luta das mulheres no cinema persistefirme e forte por resistência e destaque.
O público feminino consome metade dos ingressos vendidos para o cinema, mas ainda assim a desigualdade entre homens e mulheres nas fases de produção de um filme , e na sua representação diante das telas traz consequências que podem ser observadas com clareza – o machismo no cinema coloca os papéis femininos como personagens submissas, passivas e muitas vezes mero objeto de desejo, sexualizando-as, sem voz e em segundo plano.
Não à toa, filmes como o recente sucesso de bilheteria e crítica Mulher Maravilha (2017) e os trabalhos do Studio Ghibli, que têm mulheres fortes como a principal fonte dos acontecimentos, são vistos como atos revolucionários somente por fugir do padrão masculino nos papéis mais importantes. Estas personagens são essenciais para a construção de uma consciência coletiva, que demonstre a figura da mulher com importância e veracidade.
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