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Resumo
	 Ex Machina é um filme de ficção científica dirigido por Alex Garland e lançado em 2015. Conta a história de Caleb, um jovem programador que ganha um prêmio na empresa em que trabalha: passar uma semana com o CEO Nathan, um gigante na área da tecnologia. Caleb viaja de helicóptero por duas horas até a casa deste, um baker isolado no meio de uma floresta, que na verdade, dentro se constitui em uma mansão com todos os recursos tecnológicos inimagináveis. Nathan lhe mostra o quarto onde deverá pernoitar durante o tempo que ali permanecer, deixando Caleb assustado pelo fato de não existir nenhuma janela e ter várias câmeras, mostrando que o mesmo estaria sendo vigiado o tempo todo. Depois lhe entrega um cartão magnético, indicando que as demais peças da casa que ele quiser conhecer e for permitido o cartão lhe dará acesso e negado as que lhe forem proibidas.
	Caleb observa que Nathan é jovem, vive apenas com uma empregada que não fala a língua deles e é extremamente maltratada pelo chefe. Na primeira conversa Nathan expõe o objetivo da vinda de Caleb até sua casa: realizar o teste chamado Turing. Esse teste implica interagir com uma máquina, avaliando a sua capacidade de mostrar um comportamento inteligente igual a de um humano, ou idêntico a este. Ele não busca ver se o que a máquina responde está certo ou errado, mas se estaria próximo daquilo que um humano responderia. 
	A máquina a ser testada por Caleb é Ava, que passando no teste seria a primeira com inteligência artificial igual a inteligência humana. Caleb chega a destacar que caso isso ocorresse, Nathan poderia ser considerado um deus. Ao realizar a interação, Caleb se surpreende com Ava, percebendo que ela ultrapassa as suas expectativas, entendendo que é uma máquina, mas que precisa provar que pode ser uma humana. Caleb percebe que Nathan tem explosões de raiva, é alcoólatra. Durante o tempo em que interagia com Ava, ocorriam quedas de energia. Momentos em que Caleb e Ava acreditavam não estarem sendo gravados. Ava insistia com Caleb que Nathan o enganava. Nesse ambiente, Caleb percebe que foi enganado e que não ganhou o sorteio, mas que foi escolhido, pois apresentava o perfil desejado por Nathan para realizar o teste. Ao mesmo tempo, Caleb percebia que Ava desejava a liberdade, para tanto, criava quedas de energia, que impedia que Nathan ouvisse a conversa entre eles. Nesse momento, Caleb se colocou ao lado de Ava e combinou a fuga da mesma daquele local, pois percebera que ao concluir o teste, Nathan a desligaria e iniciaria outro experimento. 
	Quando Caleb confronta Nathan sobre isso, o mesmo diz que sim, que Ava é apenas uma criatura e que suspeita que Caleb está criando sentimentos e sendo usado por Ava. Caleb desmente e então Nathan conta que já suspeitava que Ava era responsável pelas quedas de energia e por isso havia colocado novas câmeras movidas a bateria e sabia de suas intenções. No entanto, já era tarde. Caleb já havia revertido os cartões magnéticos, Ava já estava liberta e com a ajuda da empregada, que era na verdade uma máquina, deixa de obedecê-lo e as duas o matam. Ava não ajuda Caleb, o fecha em um dos quartos, deixando-o sozinho para morrer, rouba uma das muitas peles que havia em um dos quartos proibidos da casa e ganha liberdade indo até o helicóptero que aguardava, juntando-se as demais pessoas na cidade para viver normalmente entre elas.
QUESTIONAMENTOS
	A criação da inteligência artificial constitui-se na criação da vida. Essa premissa, até os dias de hoje é uma discussão que divide opiniões no mundo inteiro. Ela caracteriza a divisão entre a ciência e a religião. Entre quem acredita na ciência (nas várias teorias científicas) e quem acredita que foi Deus quem criou o homem. Quando o filme coloca nas mãos de Nathan a possibilidade de tornar Ava uma máquina em um ser com inteligência artificial, ele cria a possibilidade de um homem comum criar um outro ser, o que Caleb descreve para Nathan “Você seria um deus”. Ou seja, abre um precedente até então não existente. Acontece, que essa possibilidade de criar, de fazer nascer, não discutiu a possibilidade de fazer morrer, que se torna um problema ético no filme. Ao mesmo tempo que torna Nathan um deus com o poder de criar, torna Nathan um deus com o poder de matar. Um deus com “ética” ou regras próprias. 
Hoje, não há uma homogeneidade no que se refere a quem criou o homem, mas sabe-se quem é mãe, o pai, ou quem criou esse ser. Existem leis que dizem que ninguém pode tirar a vida de ninguém. Não existe certeza de quem criou, mas existe a certeza de que ninguém pode tirar a vida do homem. Apesar de existir pena de morte em alguns países. Nem mesmo o aborto é permitido em alguns lugares. No entanto no filme, essa linha tênue deixa de existir. A criatura não é filha de alguém, ainda não está sujeita às leis. Acredita-se que seja apenas ficção científica. Mas constitui-se em um problema ético que poderá surgir após a experiência feita. 
Outra questão é que Nathan talvez pense dessa forma em função de sua pouca idade, pouca ou quase nenhuma interação com pessoas, ou por seguir ao extremo as regras da própria ciência, sem a discussão ética. 
	Ainda no que se refere a vida, o filme quando enfatiza a grandiosidade que seria a conquista da criação de uma máquina idêntica ao homem, a que se perguntar, porque os seres humanos têm tanta necessidade de buscar essa criatura perfeita. A resposta sempre tem sido, que em situações de risco ela seria usada no lugar do homem. Se em situação de perigo não poderíamos usar um ser humano, também não poderíamos usar a Ava do filme. Há quem queira encontrar essa criatura perfeita para companhia, o que é um pouco mais difícil de entender, considerando que no mundo há tantas pessoas solitárias pensando a mesma coisa. Não haveria necessidade de criar uma. Bastaria procurar que já existem pessoas por aí nessas condições.
	Nathan apesar de jovem é muito rico, extremamente inteligente, mas tem a pretensão de ser deus, à medida que tem o controle de tudo. Ele tem todas as medidas de segurança em relação aos seus projetos. Ele determina, quem entra, quem sai. Mas ele não tem controle da sua própria vida. Ele é alcoólatra. Ou seja, ele não tem domínio sobre um impulso próprio, nem teve controle sobre sua própria morte.
	Ocorre aqui também o isolamento social. Nathan vive recluso. Apesar do luxo do local onde vive, ele vive só. Caleb percebe isso tanto no tempo em que demora pra chegar até lá, como na aparência do local. O preço da genialidade, do medo de ter suas ideias roubadas, requer um sigilo, um isolamento tão grande, que a pessoa se torna um ser quase “paranoico”. Ele deixa de interagir com pessoas, interagindo apenas com máquinas. Dessa forma, não interessa os meios, somente os fins. Portanto, a ética deixa de ter importância. A invasão da privacidade não importa. Filmar o outro, observar o outro. Quando Caleb descobre que foi escolhido por Nathan e não sorteado como havia pensado. Ele diz: ”Você me escolheu traçando meu perfil”. Significa que ele invadiu a vida privada dele. Percebeu que ele serviria aos seus interesses pessoais, enganou ele e usou ele. Pelos parâmetros de Nathan, Caleb deveria estar se sentido orgulhoso por estar fazendo parte dessa experiência. Não seria algo errado. 
	Sob o ponto de vista de Ava, também tem importantes questões que devem ser levantadas. Em um primeiro momento, ela parece ser uma criatura má que simplesmente se rebelou contra seu criador. Mas tem dois aspectos que merecem a atenção. Ela foi instruída a ser uma humana, sob o risco de ser “desligada”. Quanto mais humana, mais consciência. Quanto mais consciência, mais desejo de liberdade, mais medo de ser “desligada”. Quanto mais humana, maiores os sentimentos de maldade ou de bondade, de poder, de manipulação. A experiência deu certo. Ela usou o que ela mais conhecia, o que ela mais aprendeu com o seu criador. 
	Outro aspecto, a criatura, no caso Ava, sabia que era somente uma criatura, que depois dela viria outra e outra. Esse éo instinto natural de todo ser humano. O de sobrevivência. Quando o homem pensar em criar inteligência artificial, não pode pensar que vai criar algo que não pensa em se manter vivo. Até a planta se volta para a claridade para sobreviver. A convivência de Ava na maior parte de sua “vida” foi com Nathan, o que ela viu foi um homem manipulador. O que ela aprendeu foi a manipular. Ela viu ele matar as demais máquinas. Isso se tornou natural para ela. Essa foi a ética do criador para sua criatura. Esse é o risco que corremos quando máquinas com inteligência artificial forem criadas por pessoas com nenhuma ética humana.
	Caleb quando chega na casa de Nathan fica deslumbrado com tudo o que vê. Ele o conhece pela fama. Não são amigos. Não íntimos. Ele fica sabendo da experiência que vai realizar e tem em mãos o documento, o qual ele pergunta se deveria ter um advogado. Diante da indagação ele assina imediatamente, porque não quer perder a chance de fazer parte daquilo que poderia entrar para a história. Nesse momento, ele não pensa em perguntar se a experiência desse certo o que aconteceria com a máquina, nada. Apesar de ser um filme, mostra o quão são inconstantes, tênues, irrelevantes, os princípios quando as pessoas se veem diante de ofertas grandiosas e que por vezes podem colocar em prática questões críticas para a sociedade humana. É um filme apenas, mas poderia ser verdade. Poderia ser dois jovens superdotados com dinheiro, sem nenhuma ponderação e com entusiasmo para iniciar um projeto. Nesse caso, aconteceria a reflexão sobre o que fazer com a “maquina pensante com sentimentos” só depois. 
	No que se refere as relações humanas, Nathan não realizava interações com ninguém na casa. O que lhe reservava uma postura agressiva, sem afeto. Não recebeu Caleb com intenção de fazer amizade. Caleb, apesar de saber que estava fazendo o teste de Turing, logo sentiu afeto por Ava, porque saiu de um lugar onde interagia. Talvez quando Caleb ganhou o prêmio ele tenha pensado que seria uma honra. Mas no decorrer do filme ele acaba percebendo que aquele mundo é um mundo obscuro, isolado, sem afeto. É um mundo contraditório. Enquanto Nathan é um humano que tem tudo, ele vai perdendo tudo para a tecnologia, escravizando-se nela, perde sua juventude, seu tempo, seus amigos, suas histórias. Já a tecnologia, a mesma que Nathan deu a vida e a liberdade, mata Nathan para tê-las, porque estas ainda são as coisas que definem o ser humano. A tecnologia trouxe liberdade para Nathan ou o escravizou? O que a Inteligência Artificial mais precisava para se parecer com um Humano de verdade? Liberdade. 
	Nos dias de hoje, embora não se saiba de experiências como esta (não significa que não existam), a tecnologia tem feito isso com as pessoas, isolado uma das outras. As pessoas conseguem viver sozinhas, principalmente em grandes cidades onde há aplicativos para tudo, comida, transporte, remédio, entre outros. Quando se fala com alguém dessas cidades alegam a situação da violência, que é mais seguro ficar em casa. Isso preocupa porque as pessoas se tornam reclusas deixando de interagir e de trocar afetos, falar amenidades, usufruir de espaços, tornar ambientes aconchegantes. Não se resolve o problema da violência em si. Se isola criando outros problemas sociais. Vivemos em uma sociedade que tem tudo, tem também liberdade como nunca teve antes. Mas na verdade nunca esteve tão só e ao mesmo tempo não tem liberdade para usufruir essa liberdade que conquistou.
	O filme mostra Nathan como um CEO jovem, rico e bem-sucedido. Assim como Caleb ainda jovem e trabalhando em uma grande empresa. No entanto, ambos são sozinhos. Isso também demonstra uma geração jovem, que domina a tecnologia, que tem liberdade (mais do que seus pais tiveram) mas que nunca esteve tão só. Os jovens de hoje estão conectados nos celulares, nas redes, com amigos virtuais e em jogos, tem mais liberdade para sair, mas a maioria é muito só. Nathan traçou o perfil de Caleb investigando sua vida através da internet. Atualmente todos estão expostos da mesma forma. Apesar da solidão podem ter sua vida invadida através das tecnologias a qualquer momento. Todos sabem da vida de todos, mas sabem pouco ou quase nada de importante.
	Não há como fugir da tecnologia. Ela veio para ficar e com certeza vai evoluir cada vez mais. Muita inteligência artificial será criada ainda em benefício dos seres humanos. Mas cabe a estes pensarem como usá-la a seu favor. O que tem se presenciado, principalmente é que essa tecnologia que está ao alcance da maioria é uma tecnologia que mais escraviza do que liberta. Enquanto que a tecnologia que cria a inteligência artificial está nas mãos de uma minoria. Isso também diz muita coisa. Quem tem o conhecimento dessa tecnologia tem o poder. Não foi uma fala simples a de Caleb, quando disse a Nathan que se a experiência desse certo ele seria um deus. O filme permite muitas reflexões. Desde a simples questão do isolamento social, ao poder de quem tem a tecnologia, a questão da ética no uso da tecnologia, até completa mudança nas formas de interação social, comercial, afetiva e ética entre as pessoas.

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