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MOÇAMBIQUE NA ROTA DE PETRÓLEO, POLUIÇÃO MARINHA E INDEMNIZAÇÃO JUSTA Micas Filipe Macamo Introdução Para qualquer Estado costeiro paira sobre as suas `aguas a ameaça de um dia vir a ser alvo de poluição marinha por fontes localizadas no mar e na costa. O Canal de Moçambique é uma das principais rotas do transporte de petróleo por petroleiros, que partem do Médio Oriente para os Países consumidores da Europa e das Américas, passando por Moçambique e África do Sul. A história nos revela que ao longo do tempo, vários casos de derrame de hidrocarbonetos afectaram gravemente os Países costeiros e seus ecossistemas marinhos e costeiros, com efeitos colaterais na economia e na vida das pessoas. Ao nível da África Austral, o exemplo mais grave encontramos na África do Sul onde em 1983 o navio “Castillo de Belver” derramou 260.000 toneladas de hidrocarbonetos (Almeida, 2005). Os impactos socioeconómicos negativos destes derrames e outros poluentes atirados nos cursos de água são imensuráveis. As principais vítimas são as comunidades costeiras que tem o mar e rios suas fontes de renda. Cientes destes impactos, foi surgindo nas sociedades a consciência ambiental. Citamos como exemplo a norma inscrita no “ reportório das ordenações do reino”, do Livro 5, título 88, parágrafo 7o,do Portugal do Século XVI, segundo Martins (1994:187), que estabelece: “Pessoa alguma não lance nos rios e lagoas, trovisco, barbasco, coca, cal, nem outro material, com que o peixe se mate: e quem o fizer, sendo fidalgo ou escudeiro hé degradado para a África: e sendo de menor qualidade hé açoutado”. Foi, também, da experiência de poluição do mar por navios – tanque que a comunidade internacional, após a II Guerra Mundial, aprovou e entrou em vigor a Convenção Internacional sobre a Prevenção da Poluição do Mar por Óleo, de 12 de Maio de 1954 (OILPOL 54), antes da actual MARPOL. No caso de Moçambique actual, o temor não é apenas de navios em trânsito, acresce-se o facto de estarem em curso actividades de pesquisa e prospecção de hidrocarbonetos, que pela sua natureza representam ameaça ao sistema ecológico natural prevalecente. Nestas actividades, estão envolvidas Plataformas moveis ou fixas e navios de apoio, incluindo os que realizam actividades de reabastecimento em combustível. Mais Plataformas e embarcações virão com entrada em actividades de novos projectos de gás ou de petróleo. Quando iniciar o processamento e exportação do gás, serão petroleiros e cargueiros a chegarem e a sair, num sinal claro do aumento de tráfego. Incidentes ou acidentes poderão acontecer e não será novidade, já tivemos casos de género, uns ligados a Plataformas e outros não. O de maior impacto foi o derrame de óleo na Costa de Maputo em Abril de 1992 pelo navio-tanque grego “Katina P”, que resultou em mais de 3 mil toneladas no mar. Quando este incidente aconteceu, o País não havia aderido às principais convenções internacionais relacionados com o mar e meio ambiente marinho e costeiro, nem as referentes a responsabilidade civil por prejuízos causados por óleo no mar, como veremos mais adiante. Aquele facto influenciou negativamente no esforço desenvolvido pelo governo moçambicano na busca de responsabilização do poluidor. Um dos actos demonstrativos disso foi a necessidade do então Chefe Estado ter que emitir o Despacho Presidencial de 23 de Março de 1994, conferindo poderes ao Governo moçambicano do então “para junto de Tribunais ou outras instâncias competentes nacionais e internacionais apresentar petições e reclamações e defender todos os interesses públicos e privados, afectado pelo fuel oil derramado…”.O lado positivo deste sinistro, foi ter impulsionado o País a ratificar e aderir às Convenções internacionais inerentes ao mar e ao meio ambiente marinho e costeiro. Diante da problemática acima descrita e das lições aprendidas com o incidente do navio tanque “Katina P”, a pergunta é: como Moçambique está preparado hoje? Com este texto pretendemos fazer saber como um Estado promove o crescimento económico (através de aprovação de projectos económicos) sem perder de vista a protecção do meio ambiente e dos direitos dos cidadãos. O papel do estado na criação de normas de protecção do meio ambiente O Governo ou o Estado tem usado diversos instrumentos para atingir os objectivos tendentes a estabelecer o controlo e redução da poluição. Alguns desses instrumentos aplicados são as políticas e leis sectoriais e outros processos complementares. Os Estados também têm recorridos a subscrição de acordos e Convenções internacionais, alguns deles emanados pelas agências da Organização das Nações Unidas, para pôr cobro á poluição. Uma delas é a Organização Marítima Internacional (IMO). Mecanismos jurídicos e técnicos para prevenção e combate a incidentes de poluição e da responsabilidade civil do poluidor Para se precaver e fazer face aos futuros incidentes de poluição marinha e compensar devidamente os afectados, Moçambique é Estado parte, entre outras, das seguintes convenções internacionais, inerentes ao mar e sua poluição: Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) de 1982, ratificada por Moçambique por via da resolução nr 21/96 de 26 de Novembro, a qual estabelece que os Estados têm a obrigação de: proteger e preservar o ambiente marinho; estabelecer medidas necessárias para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho;cooperar no plano universal ou regional; notificar danos iminentes ou reais; e elaborar e promover Planos de emergência contra a poluição, entre outras disposições. Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios de 1973 e seu protocolo de 1978 (MARPOL – 1973-1978), aderido através da resolução nr 5/2003 de 5 de Novembro, que estabelece regras de alcance universal para a prevenção da poluição do meio ambiente marinho através de hidrocarbonetos e outras substâncias nocivas por navios, bem como a minimização das descargas acidentais; concede poder aos Estados costeiros para a instituição do Controlo pelo Estado do Porto (Port State Control) ou seja, a inspecção do navio estrangeiro (sem aviso prévio) que escala portos nacionais e autonomia para deterem o navio sob suspeita, até a eliminação satisfatória do risco de dano ao meio ambiente; Convenção Internacional sobre Preparação, Resposta e Cooperação em caso de poluição por hidrocarbonetos, de 1990 (OPRC9O), aderido através da resolução nr 6/2003 de 25 de Fevereiro, que estabelece as condições de cooperação entre os Estados, tendo por propósito a preservação e a prevenção dos danos ao meio ambiente. Prevê ainda, o estabelecimento pelos Estados dos Planos de Contingência, tanto para navios como para instalações em que haja risco de poluição, a fim de permitir uma resposta eficaz; Convenção internacional sobre responsabilidade civil pelos prejuízos devido à poluição por hidrocarbonetos (CLC 92), aderido através da resolução nr 52/2001 de 6 de Novembro (art. 2), após denúncia da CLC 69 (art. 1), que preconiza a responsabilização do proprietário do navio ou pessoas que possuem o navio, caso este não esteja registado, por derramamento ou descarga de óleo transportado ou de consumo do próprio navio; que o Estado parte ou contratante de registo do navio que transporte mais de 2.000 toneladas de óleo a granel, como carga, tenha um seguro ou outra garantia financeira como caução bancária, ou um certificado emitido por um fundo internacional de compensação, para cobrir a sua responsabilidade por danos; que uma vez confirmada a existência de seguro ou outra forma de garantia, o Estado parte e de registo, deve emitir para esse navio um certificado denominado“Certificado de seguro ou outra garantia financeira relativa à responsabilidade civil por danos causados por poluição por óleo”. Com base naquelas convenções, o País precedeu a respectiva regulamentação que deu lugar aos seguintes instrumentos legais, em vigor: Lei nr 4/96 (Lei do mar) de 4 de Janeiro, em processo de reformulação; Lei nr 20/97 (Lei do Ambiente) de 1 de Outubro; Lei nr 21/2014 (Lei de Petróleo) de 18 de Agosto, sucessora da anterior; Regulamento para a prevenção da poluição e protecção do ambiente marinho e costeiro, aprovado pelo Decreto nr 45/2006, de 30 de Novembro; Regulamento ambiental para operações petrolíferas, aprovado pelo Decreto nr 56/2010, de 22 de Novembro. Plano Nacional de contingência (PNC) de combate a poluição causada por navios, aprovado pela 5ª Sessão do Conselho de Ministros de 25 de Fevereiro de 2014. Neles estão previstos mecanismos legais em três âmbitos principais: Âmbito de prevenção Uma Plataforma de pesquisa e prospecção de hidrocarbonetos, no quadro do licenciamento ambiental (previsto na Lei do ambiente) é obrigado a ter Plano de gestão ambiental da actividade, como também de contingência de resposta a situação de emergência, de acordo com Regulamento ambiental para operações petrolíferas (art. 13). Igual exigência vem estabelecida no Regulamento para a prevenção da poluição e protecção do ambiente marinho e costeiro (art. 7). A mesma medida estende-se para portos, instalações portuárias e de apoio existentes ao longo da costa. Para garantir a funcionalidade daqueles planos, os regulamentos ora citados (arts, 26 do primeiro e 7 do segundo) impõem aos projectos daquela natureza, a realização de auditorias conjuntas e inspecções ambientais sempre que se mostrar necessário, pelos órgãos dos ministérios que superintendem o meio ambiente e petróleos e pela autoridade marítima nacional. Por seu turno, a Lei dos Petróleos (arts. 65 e 66) também reitera a necessidade de inspecções e auditorias das indústrias petrolíferas. Determinam também que as operações destas indústrias (reconhecimento, pesquisa, produção, construção e uso de sistemas de oleodutos e gasodutos) devem se realizar em conformidade com a legislação ambiental e outra aplicável, incluindo a tomada de medidas de protecção à altura dos padrões internacionais aceitáveis, caso ocorra algum incidente. Outro instrumento de prevenção de risco ambiental é o Livro de registo de óleo, de consumo próprio, que deve existir a bordo da Plataforma, onde são anotadas as movimentações desse óleo como também delastros, misturas oleosas. São registadas ainda, as datas de entregas a uma instalação de recebimento e tratamento de resíduos, de acordo com o Regulamento para a prevenção da poluição e protecção do ambiente marinho e costeiro (art. 11). O referido livro, pode ser requisitado pelas autoridades marítima, ambiental e de petróleos, para a verificação dos procedimentos de gestão das substâncias poluentes. Para além destas medidas, de acordo com MARPOL 73-78 (Regras 4 e 21 do anexo I) as Plataformas e determinados Navios estão sujeitos a vistorias para prevenção de poluição por hidrocarbonetos. Podem ser feitas, ainda, inspecções previamente anunciadas como podem ser por via de surpresa no âmbito do controlo de Estado do Porto (PortStateControl) e de acordo com o Regulamento de prevenção e protecção do ambiente marinho e costeiro (art. 27), anteriormente citado. Âmbito de Combate a derrames de hidrocarbonetos no mar e portos Como instrumento macro de combate `a poluição, o Governo de Moçambique aprovou o Plano Nacional de contingência de combate `a poluição causada por navios (PNC). A sua activação terá lugar caso surja uma emergência nacional resultante de derrame dos hidrocarbonetos no mar. Elaborado de acordo com as prescrições da Convenção OPRC90 acima referido, na sua estrutura organizacional e de comando integra 13 Ministérios, 5 associações económicas e similares, incluindo a representação das Organizações Não Governamentais (ONG’s), os Municípios e uma empresa pública, sob presidência do Ministério dos Transportes e Comunicações. O PCN permitirá que o Governo, através de instituições e dos grupos nele integrados, se mobilize de forma estruturada e coordenada para identificar a fonte de poluição, salvar o património, avaliar a extensão da área poluído, conter a expansão da substância poluente, limpar as zonas afectadas, receber e analisar as reclamações dos prejuízos e preparar os processos para posterior responsabilização do poluidor pelos Tribunais. Dentro de si, o PNC (para o território nacional) insere sub planos que compreendem os Planos Provinciais (para território provincial) e locais (para área portuária ou de operações de plataformas) e estabelece os comandos que irão activar a execução de cada um deles em função da envergadura da poluição, com relação ao território. Para o efeito de execução, o PNC estabelece grupos multissectoriais e multidisciplinares de resposta ao derrame, que a partir dos comandos central, provincial e local executarão as tarefas de forma articulada, de acordo com as atribuições estabelecidas no mesmo Plano. Antes de execução, pelos grupos de resposta, será feita uma avaliação espacial e de factores de base, e produzido o plano operativo. Para um efectivo combate `a poluição marinha, o PCN além de órgãos de direcção e de resposta ao sinistro indica as medidas práticas a serem tomadas e meios a serem empregues. Destes meios destacam-se os meios aéreos, navais e equipamentos tais como, barreiras de contenção e absorção e sistemas mecânicos (skimmers), não só. Os grupos poderão recorrer também a outros recursos que forem disponibilizados, por exemplo, os constantes do Manual da OMI (Manual on OilPollution – Section IV – Combating OilSpills (IMO, 2005). Os equipamentos ora mencionados, permitem barrar, desviar, absorver, concentrar e recolher o óleo derramado, evitando assim a afectação de áreas de importância ecológica e socioeconómica, como Reservas marinhas, Praias, Portos, Salinas, Estuários e outros. Além destes meios, está previsto o uso de dispersantes químicos. Estes, após a sua pulverização sobre a mancha de óleo provocam a sua desagregação em pequenas gotículas, evitando-se a recobertura fatal dos pássaros e outra fauna e flora marinhas e costeiras. Relativamente ao plano de contingência para emergências na Plataforma ou nos portos, a sua activação irá ocorrer quando surgir incidente susceptível de provocar um derrame, de acordo como estabelecido no PCN. Antes porém, este comando deve de imediato, usando o meio mais viável possível, comunicar as autoridades marítimas, ambientais e de petróleos, conforme determina o regulamento (art. 21) atrás referido. A necessidade de uma imediata comunicação às autoridades relaciona-se com as características físico-químicas que cada hidrocarboneto apresenta antes e depois de ser derramado no mar, que com o passar do tempo, podem ajudar ou dificultar as operações de avaliação (aéreo ou marítimo) e de resposta dos grupos operativos. E, a falta de comunicação é penalizada de acordo com o mesmo regulamento (art. 22). Outras medidas preventivas, são a retenção da embarcação poluente sem certificado de seguro, o transbordo obrigatório do poluente para outro navio quando houver suspeita de incidente de poluição, a obrigação do comandante ou dono da embarcação a realizar operações de afundamento ou destruição do navio ou da sua carga, ou mandar tomar outra rota que livra Moçambique da ameaça ambiental, entre outras acções, de acordo com o regulamento (artigos. 24 e 26) retro citado. Âmbito de responsabilidade civil pelosPrejuízos devidos `a poluição. A adesão de Moçambique à Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios (Marpol 73/78) e à Convenção internacional sobre responsabilidade civil pelos prejuízos devidos à poluição por hidrocarbonetos (CLC 92) e posterior regulamentação por via do Decreto nr 45/2006 de 30 de Novembro, vigente, permite que qualquer incidente de poluição marinha causado por Plataforma, Navio e unidades de apoio nas águas jurisdicionais do País, possa ser dirimido internamente, conforme estabelece o Regulamento de Prevenção à Poluição e de Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro (art. 40). A actual realidade jurídica, contrasta com aquela que foi vivida em 1992 por ocasião da poluição marinha causada por “Katina P”, em que a falta de adesão ou adopção daqueles instrumentos jurídicos internacionais, forçou que o País recorresse á consultores e fundos internacionais, em alguns casos sem sucesso, para prossecução dos objectivos da Comissão Central de inquérito encarregue de dirigir o combate à poluição, investigação do sinistro e de proceder a determinação das compensações, de acordo com o relatório da referida Comissão, datada em 13 de Outubro de 1994. Outra consequência, foi o pagamento das compensações no valor de US $ 4,5 milhões, contra US $10,7 milhões reclamados. A Lei do ambiente em vigor estabelece a responsabilidade objectiva, o que obriga o poluidor, independentemente da culpa e da observância das normas legais, a pagar indemnização aos lesados por um incidente de poluição que cause danos significativos, por prática de actividades perigosas (art. 26). A mesma lei obriga que a todo o agente económico que exerça actividades de elevado risco ambiental, uma vez assim classificadas pela legislação sobre a avaliação do impacto ambiental, assegure a sua responsabilidade civil (art.25).Estes dispositivos, tornarão a vida dos cidadãos e entidades que vierem a sofrer prejuízos decorrentes da poluição por hidrocarbonetos mais facilitada, porquanto podem recorrer aos tribunais no quadro da responsabilidade civil objectiva. A responsabilidade civil objectiva significa que bastará o lesado comprovar o nexo de causalidade entre o facto e o dano para que seja imputada a responsabilidade civil do poluidor, independentemente da culpa deste.Todavia, nada do que precede isenta ao lesado de cumprir procedimentos devidos para tramitação do seu processo junto da equipa de recepção de reclamações ou do Ministério Público. Entre os procedimentos a Section II do Manual on Oil Pollution – Contingency Planining (IMO, 1995) entre outros aponta: “Identificação do poluidor No caso de grandes derrames de petróleo, geralmente há dificuldade em identificar a fonte. Para contornar a dificuldade e levar o navio ofensor ao Tribunal, sendo preciso: Tomar as amostras de óleo derramado imediatamente, devidamente rotuladas e testemunhadas, submeter para análise a fim de servir de prova ao Tribunal. Tomar as amostras (também rotuladas e testemunhadas de forma semelhante) dos tanques de carga de petróleo, dos tanques de funcionamento e espaços das máquinas dos navios suspeitos e de outras fontes possíveis na área, para análise comparada com o óleo derramado. Preparação de reivindicações Na preparação das reclamações por custos de limpeza e prejuízos, cada reivindicação deve conter as seguintes informações: o nome e endereço do requerente ou representante; a identidade do navio envolvida no incidente; a data, o local e detalhes específicos do incidente, incluindo o tipo de óleo; detalhes das medidas de limpeza tomadas, e do tipo de poluição, bem como os locais afectados; e o montante da reivindicação. Dependendo do valor e da natureza do pedido, ele deve ser dividido em diferentes categorias, tais como: Resumo dos eventos, que inclua uma descrição do trabalho realizado em diferentes áreas e dos métodos de trabalho escolhidos em relação às circunstâncias prevalecentes durante o incidente; delimitação da área afectada, descrevendo a extensão da poluição e identificando as áreas mais contaminadas. Isso deve ser apresentado sob a forma de um mapa ou gráfico suportado por fotografias ou fitas de vídeo; evidências analíticas e / ou outras que ligam a poluição por óleo com o navio envolvido no incidente (por exemplo, análise química, vento, maré e dados actuais, observação e traçado do movimento do óleo flutuante);datas em que o trabalho foi realizado (com custos semanais ou diários);custos de trabalho e administrativos (número e categorias de pessoal de resposta, taxas de remuneração regulares e de horas extras, dias / horas trabalhadas);custos de equipamentos e materiais (tipos de equipamentos utilizados, taxa de aluguer, quantidade e custo do material consumível);custos de transporte (número de tipos de embarcações, aeronaves, veículos usados, número de dias / horas operados, taxa de aluguer ou custo operacional);custos de armazenamento temporário (se aplicável) e eliminação final de óleo recuperado e material oleoso; pesca - custos de (governo) inspecção / monitoramento da presença de óleo em potenciais áreas de impacto pesqueiro; avaliações ambientais dos efeitos que o derrame teve ou iria ter, incluindo o trabalho de campo e preparação de relatórios, muitas vezes após a limpeza ter terminado”. Adesão às Convenções internacionais e o Tendão de Aquiles Entre a adesão às convenções internacionais e a sua implementação no País como normas, há um processo no meio que o País leva a cabo, que é a regulamentação. Apesar do País estar a regulamentar, sobre o mar e o ambiente, o número das normas já produzidas ainda é insuficiente em comparação com as Convenções Internacionais e suas emendas já aderidas. Parte significativa da legislação que ainda vigora em Moçambique, em particular no subsector da marinha mercante, ainda é colonial. E a dupla tarefa do Pais é revisar esta legislação e ao mesmo tempo criar uma nova, para atender a economia e sociedade cada vez mais exigentes. Outro desafio se relaciona com a fiscalização marítima, perante escassez de recursos para um País com mais de 2700 Km da linha da costa e uma largura máxima de águas marítimas jurisdicionais com cerca de 200 milhas náuticas. O que precede revela que se antes, até 1995, o dilema do País era a falta de ratificação das Convenções internacionais ou sua adesão, que chamaríamos isso de maior fraqueza (o Calcanhar de Aquiles), esta fraqueza está razoavelmente curada. A fraqueza actual reside na regulamentação e fiscalização, processos importantes para prevenção e repressão de poluição e de poluidores. Esta fraqueza considera de Tendão de Aquiles, pois é este que impulsiona o pé para andar, mas neste momento está debilitado. Para elucidar, observemos o seguinte: dependendo do tipo de hidrocarboneto e da composição, os poluentes podem ser produtos refinados leves ou pesados e óleos crus. Após o derrame assumem características e “comportamentos” diferentes devido a densidade, viscosidade, emulsão e ponto de fluidez influenciados pela salinidade, batimetria, temperatura, ondas e correntes do mar. Devido também ao efeito do vento e temperatura do ar, o poluente pode evaporar, dispersar, deslocar, submergir, ganhar ou perder cor em minutos, horas, semanas ou meses (Cedre, 2015). Aquela situação, pode tornar a localização do poluente e sua identificação difícil ou impossível, levando os fiscalizadores ou vigilantes a pensarem, erradamente, que não houve poluição ou que o produto poluente derramado foi insignificante. Isto, significa que basta o proprietário ou comandante da fonte poluente não informar pontualmente, propositadoou não, às autoridades indicadas na legislação acima evocada, para ocorrer poluição e prejuízos sem poluidor e compensador.