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- - - -,_ - - -1- - - - -- --1- --- ,_ --- ... . .._, ....... --- .......... --:------ 1~ UNICO~ • Pasta nº.: f bÔ .:,S __ (- Capítulo Original n°.: Data;_QJ_/ o~ QJ_1_Lf~ ~ Educação e pedagogi,a o po (1 \ ) de. po'1-t d a. do ~ --)~"ú l.Q., e· Neste capítulo entrelaçamos concei· tos fundamentais como educação e pe· dagogia , procurando compreendê-los à luz daqu ilo que atualmente se espera do Q , r~~ ucador e do pedagogo. Aqui, ape· ~ J nas esboçamos algumas diretrizes, cujos prirkipais vetores serão retomados ao longo do livro. -C. W } J L 0. (_(,).ÃJ vtS) O"'b , - -----· , ~ ~ ,;z, ~ l Ô 1 l.\.~31))' )11 . O ato de educar .J Jif,? () ~x: L:) r')t~ », cJ - - , . J , - ~y j/', ;y · , .., \ • ~- t Y A e ucaçao nao...e ::i s1mp es 1ransm1ssao ~-r » .., ~ • .o "b ,, l : daM_rança dos an_!tpassados para as novas ~' ~s, ~\o processo pelo gnal tam• bém se torna possível a gs_stação do novo e a r!J.ptura com o ,.,,.lho.. Evidentemente, isso ocorre de maneira variável, conforme sejam as sociedades estáveis ou dinâmicas. As comunidades primitivas e as tradiciona- listas~ mais à muda~a, enquantc nas sociedades urbaws contemporâneas a mobilidade é muito maior. < Nesta xilogravura do inicio do século XVI, o mestre lê, tendo ao chão a vara que castiga. De lá poro cá, percebemos quanto já mudamas no ação educativo, mas também quanto ainda teremos de mudar. Para o professor José Carlos I .ibâneo, 1educar] (em la. tim educa,e) é conduzir de m estado a outcq. é~. dire~ue é suscetível de educ~. ~-arapes:Jãg~ipode, então, se~c com~a de i n te• ração entn.' seres sociais, tanto no nível do -~~_',como no nívd da -~fl~ 3\ do meio, inte_ração essa que se confi ra nu1na ·tçã 'd gu- , o exerci a sobre sui· eito grupos d . . . s ou e sujeitos visando provocar neles n1udanças t- f-i . ao e cazes que os tornem ele- mentos ativos dest , · _ . p. ª propna açao exercida 1 esun1e-se a'i a · 1- - · ,. ~ d , . , ' , . inter igacao no ato µe- .... · ., agog,co d " · • - ,;o, . . . , . ~-Jtres componente:Jum \.~nlev ·,\ ) · (alguem um g-ru .. . ,'. í- • , .. .. ' ·- \..~ - - .. po, um meio social etc .) · uma mensagem t ·· ··· ·r.··I;· ··( , , ' . d ,. - . 7C?.1llmMua_J.conteudos, meto- ·~ os, auton1atisn10 h · b "l"d d (2-,,/,d •·-- s, a 1 1 a es etc.) e um ,..:! ucando '(aluno d . - ' grupos e alunos un1a cre- raçao etc.)" I _ ' o 1?iz aindª 0 1Professor Libâneo /q_ue o es- pecificamente P-ed , · - ... _ _ agogico está na imbrica- ç~o entre a mensagem e o educando, propi- ciada pelo ao-ente e . A • • _ ~ • 01no instancza mediadora a açao d , · . ' • J:?e agogica estabelece a relação de rec1proc1dade entre indivíduo..e_sociedade .· \ Conclui-se que a ed~cação não ode ser :,;. . i) ~ c_om re~ndida fora de u ----~ntexto_!~_is_~◊~- l- ~~ ~º.:.:'-9.;.1.al coocr:e _o_ e, p~rtanto, :~. SQQ.al e )o P9.!l.i.Q .. d.e_p_ªr.P.9ª-. e o -~ e a .i:;i<! ª- ã.o .e.dªgo .e· 1 · Vei-en1os na unidade II comu a educação se processa de modo difuso nas sociedades tribais ou, ainda h~je, permanece informal na família e no convívio social. Mas a edu- cação também pode ser formal, quando são criadas instituições especialmente voltadas para a educação intencional, cujo exem- plo mais comum é a escola . Neste capítulo abordaremos sobretudo o sentido da edu- cação formal, intencional. Pa__ra que a práxis_ educa~i?.~1a.J__~_ciR.l.n- ~ci<?~ªl , ~preciso~que saiba_ e~p]_~citar .. an temilo ~a serem at111g1dos JJ.Q . . . 2= .. J _ . __ ,.. \ 12roces~o:-- ~ Retomando o turso da históri,½)vemos que a Grécia dos tempos homéric.os prepa- rava o guer'..çir0 na época.clássica, A~~ - formava o cíclad~n~ e Esparta era urna _~_1.: . ~ que privilegiava a f~~~5-~~--11_~q~t_a,J; na \Idade_!.\tfédia, os v~l~res ten~~_:_:10s eram s~bmetidos ~:1.: _c_i:~yi_qp~1_co:1sideradQs sup:- r_LQres; 1'.?. ~en<l~cirr:i_entÜ~. buscava-se ,s;_çl_u- c~r __ para formar o gentil-homem, e assin;-por chame. Seguindo esse raciocínio, sem dúvi::la teríamos muita dificuldade em det~rminar com segurança C!':!~!.~ __ 2_s_fins da edl~~.9.-5tQ r29. Jl1..!-l.JJ_d,0,_ç_q,!_ll~.D1p.or.âne.o; que vcilore5 :;e enço~~-r_•~:1:1 sul?5~ç~ntes ao processo--~~\~~:~~ CÜ>nal? Se tal elucidação é relativ~;~~~t~ simples quando realizada a posteric.ri, mos- t1~a-se problemática quc!ndo queremos de~1- 111r os fins aqui e agora. Para o p~dag<?go nçrre~amei:iç:a~ ~ o proc_ess:> e~u_ç-ª:Ü~o .. é. Q seu~~ pnq fim (o fim na~~QI~o, n<;!TI. úJtimo, 121....e§. deve ser i~,ior à acàQ.) . A partir des- sa visão , o professor argentino .. Gu!;tavo Ci- rig_l_i~~? teceu as seguintes considg-;_çt~_s: " N_o_v,iver diário,.. vig_ª-, atividade e fim s~\ rnnfundem. Os...pais. _ç_r.i.a._m:~~~ seus'_ filbo; ' para torriá~los adultos? Ou a sua criacào & .. Í;~~-;~ --d-~ vida del~s·-~ dos seu~ _ próp1'.ios filhos? ". Isso significa que a educáÇàO_!~à.9 de~,e estat -~-~P.9:r.ada da_ v.id.a nem.é pre-::,a- -~ã~gi,-~I~--ª-- vida~. ~~s-(a vid~ mesm~-~~/ Se os fins nao sao extenores à 2.ção, issc não quer dizer que a ação se reê.lize sen: a clarificação dos fins, mas sim que estes constituem objetivos colocados a ?artir d2. valoração por meio da qual o individuo se esforça para superar a situação viV1da. Sob esse aspecto, as necessidades '.,umanas devem ser analisadas concretamente, e as prioridades serão diferentes se nos propu- sermos a educar em uma favela ou em um bairro de elite. Portanto, os fins se base~am em valores Pt?V_isó6os que se ·;1·teram con- forme ~lcançamos os objetivos imediatos propostos e també m enquanto muda a :-~a- lidadc vivida. Essas questões nos remetem ao :em~t _ d~ política (que veremos melhor no capnulo . l .. · . .. . ,1 .,. ,. , ,. ,-i :1 ní1ico-soci ;d dos runtcúdo~. S;-t<l Paulo, Loy<,b. 198:). P· qí . • ..J . -,-,r r, n 1 ·"' r :1 .'\-e,ducasão não pode ser compreendida. -~ rpaiii~m.J1~ h_~st_ória, ~p~rias n·o contex- to em cu1e os indiyjd110s estabelecer:1 entre si as relações de produção da sua própria ~:~istência. Üesse modo, não há curno se- parar e_çlucaçàQ __ ~ _p9c~ edl_!façào não f umir~ce_s~~ peuti?) ~se acha~Çi)mpro- me_t~da com a economia e a pQfuira de se11 te~o. Por exemplo, veremos no capítulo já re- ferido que a ideo_l9_gi4__i_mRÕ~ví:_lJ9res _de.uma. cJª-,5.S.C .. (portanto seus valores partin. lares) a outra, como se estes fossem valores univer- sais. Assim, para q _c9J9_n.jzªdqr ponuguês, o "q_o_í!!.i.D:9.!.Q." era o índio submiss<1 di~gqgo a trabalhar_de aco~_d_?. c~m o pa~ri'io euro- peu.e a se tof11_~r. .. c.ri.s.Lão, abandonan~~-~u-~s crgnças, consiq_e_r~9a.~_atrasadas. -~A edi.1caç~~:l~)-~9j)~Q<:\ _portanto, s~- side~ apenas um simples veículo tr].D.S- missor de sahe.res e valoresl rnasf ta.rnbém um instrumento de crítica dessa herança. ~ - A_f:....duraçào deve ahrir espaço para qut sf'ja po~~Y.:~{-éÍ ·ieA~~ão crít~_c_;c\_9.~ cultu!ª·- · .. ~- .•... . ·-- ··-.- - 2. A reflexão pedagógica )" [Qualqu~~-~;;~id:d~~duc~~ que se ,queira mtenc1onal e eficaz tem claros os I , . . ~ ; pressupostos teoncos que onentam a a ao. 'ko tlabõrar leis, fún ar urna escola, pre- parar o planejamento escolar ou enfrentar dificuldades específicas em sala d<> aula, é preciso ter clareza a respeito da teoria que permeia as decisões. No emanto, é rnmum observarmos o ·'espontaneísmo", resultado da indevida dicotomia entre teoria e práti- ca, porque o professor não foi adequada- mente informado a respeito da Leoria ou porque não sabt> romo integrá-la à prútica eletiva. Vejamos alguns e~('mplos: u1r.a escola de ensino médio que ~r. a cda sen1.1.- na, dez aulas ele _guírnig_, uma de :1istória e: '--.. ~ - '~ ncal·.uma de.filosofül;uma sala de aula para crianças em que as carteiras estão Í'Lxad~s ha~o· um professor que prefere estimular no c. , . . 1 . pesquisas em grupo e outro que pnvi egia a expc,sição oral; algué_m q~te lamen~: .º . fat~ de não se ensinar mais laurn no colt::::,10 , un prof~ssor que exige leituras extr~cla~sc, um que faz chamada oral com fre_qu:nc1a e outrJ que dá pouca ênfase às avaliaçoes. Todos esses aspectos resultam de con- cepcões - tematizadas ou n~o - que c~lo- cam, primeir,amentc, as segumtc.>s questoes: Que tipo de pessoa se quer Co__~?-Para quj" sociedade? A partir da eluc1daçao da _ base antropológica, passamos para a sele- ção dos conteúdos a serem transmitidos: Q_c_ue easin~? Só então se colocam ques- tões metodológicas: Como ensinar? Pock- mo~ concluir que a escolha dos conteúdos e do método não é casual e - quer o professor sall:a, qu~1ão - depende de determinada c(;.lcepção de ser huma110 e de sociedade, c-onCTµÇão esta que não é neutra, por estar impregnada da visão política que a anima. Desse modo, os procedimentos específi- cos usados em sala de aula adquirem sen- tido a partir do esclarecimento dos pres- supostos antropológicos, epistemológicos e axi,)lógicos bem como da sua coerência (ou inoerência) com o método e o conteúdo esCJlhidos. :Jependendo das respostas dadas a essas questões teóricas, podemos compreender as diversas propostas pedagógicas e as conse- que.ncias delas para a práxis educativa, se- jam da escola tradicional, sejam da escola , rer.ovada, da tecnicista, da libertária, e as- sim por diante. Pedagogia: ciência da educação ..:J '(A° palavra pedãgo7; desig®Ya, na Qréç~ anjga, o escravo que conduzia a crianÇit à cséõfa (ver dropcs '2). Essa denqminaçào con- c~ta (pedagogo/pedagqgia) a~sumiu poste- ·-· - --·-- . ; Educação e pedagogia 33 • " • riormente COI\Ula.çç:>~~s abstrntas p;1r;1 indicar as teorias sobre a erlucaç:i'io. ~l<)~1go cio tempo o co :Kciro de pedago{!ia so[rru v:11iaçi)cs, do mrs- .._ nin modo q1w os p~incípios l' ris fins ela cduca- ça·::, nrm se:-mpre permar1<'í.<'ran1 < h nwsmos. l_!?e modo geral,(podcrnos clis1i11guir pcl<J m•~nos tr:ês tendências mais mMcantrs (e cada uma .delas, por s1.m vez. prr>rltlfiiu di- versas teorias ao longo do tnnpn): a) as pc- d2.gogias filosófic'l5, (ou essrncialist:1s). ba- sn.das nos mojelos ideais elo sn human<i "u1iversal"; b) as pedagogi<1s pusitivistas. que buscam garantir sua (~~:.!.'!l!LiLu1:19e: d~-' as prctagogias diaktic:as, qw· relktr.rn cic,~- tificamente sohn' a ccl11caci\o cnrno tam- -----------~->--hem propõrrn morlos ck urna al;}n t·n1an- ci.2atór,i;c1. Na uniclack IV , ·c1Tnws rnai :- deticiamcnte as diversas corrr1111:s que St' fundamentam nessas urirn1 ,1ç<-H'~ h,1sicas. Embora admitindo ,l rorxistt' ncia ain- d;1 h(~je dessas divrrsas tcnrk·11t' i.1s. ,·amos nsste capítulo analisar as características ela tncrira , qu<:' taml>é'.m <'· conhcc.irh como fJ1'- dc1gogia crillco ·m1a11n/)(l/(Íno , ct inH·ç,tndo com a:; perguntas ria pcrlagoga <· psicólng,1 da educação l\tlaria Amélia Sant.oro Franco: " :) __g ue pode e dn'C ser hoje iJ p<>dílgmti,1? A que necessidades soriai~a dr,·e respo!1- der? A que específico objetn _de,·<' focar sua a~o? De que lll('.'toclns ele invcstiga~Jto 1~rr- c~rá se utilizar, para tornar rntinentc sua ação, no sentido dr concretizar seu pap<j . J')"'' S,JCia. -. Nas respostas a essas q111·stc)1 ·s, ,1 au1or:1 r:ropôc uma concrpç,10 de p!"clil!':0)1·ia..1Ti11 - s 'rida na políLip , p;,rtincJ1, cl() prc-.,:,;11p12~0 r:c qul'....nenhuma pri--;is cd11c;i1i,·<1 ,~ 11c11tr;1. Por isso mesmo. diantr cL\-; dc~sigualdatl1 ·s r •'.TSC n t es 11,l l'Sl ru tu r;t c!~1 __ ~! !.~jI_c.~i.gpl1f so~>rctuclo IH> Brasil . prccis;1mos <ll ' lll1l ét ci<··11rié1 pcd1tt!'(1!.ric;\ cplC'. 1·111 s1 '1t C11.1T social. sc· ,1~·0111< 1 insl rnrn1 ·11tc > polít i1·1 > -rl1 · t·111 ,111rip<1c;'i() 1111111 ;111;1 . ~ -· -'---- - Para esclarecer o que significa rsse foco chl tr.oria, comecemos por i:'\eterminar a /náúca rdur.ativa como o objeto da pedago- gia. Trata-sr de um objeto de grandr com- plexirlade. sobretudo porque- educar é urna prátlr.a social intencionada, isto é , antecedida por um projeto teórico consciente que visa a mudanças de comportamentos, não só no educando, mas também no educador e na sociedade. Daí podermos considerar a cic~ncia nrc\acróITTca inserida em um proces- . I' ,--, /") :-;o histé)rico-social st~mpre renovado e- que nunca tcrirnna. O pedagogo. cientista gue é, investig_a- ~-ú de maneira metódica e rigorosa o modo pelo qual se instauram e se rocessam essas praticas <:'C ucat1vas e para tanto não recusa a Í)a1-ceria das ciências auxiliares da educa- l~fil>J l'vlas não só. O pedagogo também de- wril propor modos de transformação dessas pr;'i ticas. Ou seja, a ciência pedagógica não , isa apt'nas a pesquisar e conhecer a realidade <'cj_w:_at iva. ~as a agf]sobre ela, fecundan- clo-a , tr,tnslormando-a. .\lgu&m poderia se perguntar se, nes- se caso, a· pedagogia seria propriamente uma ciência aplicada - em que a pesquisa vis:l desde o primeiro momento à aplicação prática - --- e- não uma ciência básica, na qual o cientista amplia pela teoria o conhecimento cicntínco em determinada área. Por exem- plo. rnquanto na biologia (ciência básica) s,10 1·eitas pesquisas sobre determinado ví- rus. na l',lrrnacologia (ciência aplicada) bus- (· ;1 r-sc-ia l'nrnntrar ou sintrt.izar uma droga pM;t tr ;i tM prssoas acometidas por aqueles ,·írus. Nc·stc último cas(). o objctjvo das pes- quisas snia pragm:lticn, por estas estarem \'C>ltaclas p ,lra o cirsr1wokirncnto dr uma t "rnologi;1. No 1·nt;rn10. ;111eorada c-m ampla hihlin- \.!;ra!i,l. ;1 prnl'rssora \laria Amélia Santom 1:ri111nl -.,1· rrrusa a rrstn11g1r a peclag1>gÍ;1 ---- - ---·-··---·------- F ilosof io do educoçào :o J :1- 1- 1a la ;a o e a ) ao campo das ciências aplicadas. Di~n_te da especificidade do pensar-agir pedagog,c~, ~ ciência pedagógica seria como uma praxis pedag4gica. E completa: "A pedago~a não poderá ser ciência se não se orga111zar em corno da reflexão engajada [grifo meu] , de,·en- do se constituir como ciência crítica e re - flexiva, mergulhada no universo da prática educativa, engajada nos anseios do coletivo, sabendo, por princípio, que não basta a ela ser uma ciência da crítica sobre a prática. Isto é pouco e não é um caminho fecunda- d d . - ,,-i or e novas pcrccpçoes ·. Por isso pode.mos falar em práxis educativa e práxis pedagógj,ca como dois polos insepará- veiJ, sempre em intercomunicação: a peda- gogia, ao mesmo tempo que é a teoria da práxis, deve estar voltada para a práxis. 3. Ciências auxiliares da pedagogia@ (Ç) século XVII \destacou-se pela busca do rigor metodológico, seja na fi!9sofia, seja na ciência. São conhecidos os eslorços em- preendidos nesse sentido por René Descar- tes, Francis Bacon e Galileu Galilei , entre muitos outros. Também na Redagogia sur- giu nesse m~smo período o interesse pela metodologia e pelo ri_gor da teoria quando relacionada com a Rrática. O educador morávio Amós Comênio foi um precursor nesse assunto, propondo métodos de ensino mais elaborados que pudessem supera/ o espontaneísmo em educaçfu:). · .., O interesse pelos métodos reflete-se no aperfeiçoamento das ciências da natureza nascentes, também voltadas para a busca de rigor na investigação de seu objeto de rsrudo. Como veremos, no qur di1. respeito ús ciências humanas, seu dcsem·olvime111.o ocorreu mais tardiamente, no final do sécu- lo XIX e começo do XX. A psicol~gia _5 No século XVIII, fean-Jacgues Rousse- au ckstacoti --a impo11ância de se conhecer bem aquele que se quer educar. Nesta linha,seguiram Johann Pestalaz7,i e Friedrich Froebel, convencidos de que a educação seria 1l}_aÍs eficaz, com maiores chances de formar um adulto feli~ se o desenvolvimen- to do p~guismo infanúl ocorresse de modo harmonioso e sem coações. Como naguele período a psicologia se encontrava em estado incipiente como ciência, esses esforços não passavam de tentativas bem-intencionadas, sem muito rigor na sua fundamentação . Somente no final do século XIX as ciências humanas (psicologia~ soçiolagja, ec.2!!..Q!llia etc.) ~ meçaram a se separar da filosofia , delimi- tando objeto e método próprios. Tornou-se, en.t.ào, possível à psicologia a superação do conhecin:iento superficial e, segundo Cla- parede, "passar das opiniões às certezas". A psiculogia aplicada à educação...i por exem- plo, contribui para avaliar questões como controle e distúrbio de aprendizagem, ní- /: veis de dificuldade do educando, ritmo de (,,, aquisição de conhecimentos te. ----.J.~ íNo século Xlx/ foram i~1portantes os trabalhos dejohann F Herbart , e no início do sécul~ XX Alfred Binet estabeleceu uma escala r11étrica da inteligência que se tornou famosa. Pesquisas foram d~senvolvidas e ' inúmeros psicólogos das mais variadas ten- dências metodológicas contribuíram para 0 aperrciçoamento da pedagogia. Havia c>s que privilegiavam experiências no campo do e~ como, por exemplo,John B. \~, Burrhus F. Skin- ner e Edward L. Thorndike. A psicanálise de Sigmund Freud, a psicologia genética de Jean Piag_rt r. a análise histórica e cultura\ '. Prdn._1!.t!r.:ln _r1111111 rú;11(ir1 rio rr/11m1ri11 . p. <10. :\ 1,anir cl ,1 1, . gq - · .1 . . s.t" ctlau,>s os sq~uintl'S ;1utorc,: \\ '. Flitt1l't·, \\'. ' Schm1l'cl-h.011;i rzik . Throdor Li11 l' outrm. Educação e pedagogia 35 • - - - - levada a efeito por Lev S.... Vy~rots~ deram destaque às relações interpessoais. Alguns partiram da filosofia fenomenológica, como os gestaltistas Kurt Kollka e Wolf- gang Kõhler> ou ainda do pragmatismo, como \,Villiamjarnes ejohn Dewev. rava a pcdag::,gia uma "teoria prática' da educação que> ao f1..1Acar S"as princi)ilis noç_§es na sociologia e na psicologia, se to1- na capaz de guiar e esclarecer a práti ca . A sociologia O desenvolvimento da sociologia am- pliou a compreensão da escola como grupo social complexo e da educação como pro- cesso. de perpetuação e desenvolvimento da sociedade. Nç1._passagem do século XIX para o XX, É111ile Durkheim analisou pela prirneira vez o caráter social da educação, realizando uma abordagem cientifica çen- trada no fato çooccera da edncação e não mais no se11 conceito metafísico . Como sociólogo, Durkheim aplicou sua ~~ia no estudo dos farns da educação, com ênfase na sua o,rigem- swi3;I. Tornou- -se clássica sua de6oição : "A eduçac;ão é c:i aç~s> exercida pelas gnaçcws adullas sobre as~rações que não se encontram ainda p_reparadas para a vida social ; tern por ob- jeto suscitar e desenvolver> na criança, cer- to número de estados füicos , intelectuais e morais> reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a çriança, particularmente, se destine" '' . Os limites ela abordagem durkheimia1n. estão em ser ela também parcial, :.a me- dida em que> ao enfatizar o proces3o e:>i.- tcrno > se descuida do processo interno ela educação. A.ém disso, absolutiza o poder c\a sociedade sobre o indivíduo , re:irando dele todo o poder de contestação. \'lesmo considerand-:::i os diversos segmentos q .11.:- compõem a sociedade> não analisa e.•~ -:·cn- Hitos que determinam o caráter ideclógicc da educação. Trata-se de uma : or.cepçãc de certa forma conservadora, pois ·.1ê a educação como forma de manuten•;à::> dzc estrutura social. A novidade da aplicação da socio·.ogi.d. na educação privilegia a atitude des~ritiv .1. e volta-se par2.. o exarne dos demênt•:)S reé\:&, tais como a análise da inserção da •~Kola_ _ em determi:1ado campo da realidad~, :1:; itisLrumento::; utilizado::. , o caráter éa~ ir s- tituições esc:,lares, a herança social ~tracú- çôes, ideias, técnicas etc.), a interaçà.c :: nu·,, quem receb e e quen, transmite a edc.cac;.\c) e assim por ,:iiante . Portanto> para .JJprkheirn> "a ~ducaç_àu_ satisfaz, antes de tudo, a necessidades ~ - cLai~,, e "salta aos olhos que toda educação c~te n~1m esforco contínuo para impor à criança maneiras de ver, de sentir e ele , l'vluitos s:xiólogos :êm tra?_ido crnitri - buições vali:.:.isas para ::i. pedagogia. ~ - as ref~exões de Marx) chegando no s)cub ~com o impacto das análises feita::; pc_.!_!.,L duplas francesas Bourdirp / Passnon e B::,L.- delot/ Establet , que denunciaram a !,_Ln•;ào reprodutor;:: da escola na sociedade ú (_l~s- ses. Na umc.ade IV voltaremos a eks. agir às quais a criança não teria esi;>onta- nearnente chegado" Essa nova abordagem d.eu destaque ao caráter social dos fins da educação e insti- tuiu a pedagogia como disciplina autôno- ma, desligada da filosofia, ela moral e ela teologia. Além disso, Durkheirn çonside- i 1 Outras ciências i 1.;. economi~butra ciência auxiliar da p.e- cl,~ogia: (ú1rtindo da análise dos n:od,:\o..~ c;:onômicos, compre<:'ndemos as rc,hcôrs entre a cconornia e- os fluxos de ck:~ ~.ir.da 1 l:.ci1101ç<i1J e .,,\dulo.i:i11 . l>. ccl . S ;'t<l l\1ulu. \ ll'lh11ra11l\'lll1>s. 1 ~H ;;). "' 36 Fibsofio do e,j,, •co:;ão de ela (\e re r_i_ d a ) , escolariza_ç_ão. Nesse sentido, são le~u•~~ de·---' ' J' .. feitas a propósito dos n1vc1s das as ana ises . . , . , . de desenvolvimento econômico cios p,ust.s~ ---- '---- ' ------- . 1 d desenvolvimento fisiológico; da--.......__, cstU( o ., 0 , d· enética. inleraçào curpo-mcnte , a g 4. A especificidade da pedagogia . · 1 · J)ara melhot q ue tem servido, me us1ve, . 0 • - d ·· 11 nas · 1,·1osofia d . a· L·ontrad1çoes que per ui ª1 · .. . . ' t lo anterior que a · enten e1 • s \'inws 110 cap1 u . . 1 ·d d gog1a rnas regiões subdesenvo v1 as. ,. : é muito importante para a pe a . , . 'reco- No Brasil, por exemplo, o mnç~elo .ig~a- Il'.-to S('. confunde com ela. Ago_ra ,_ º .. - las · · · d · 11 '!íO l)eno- b o e i~io de economia , _upico o _pru : X\ÍI nl1ecirnento da relevante contn u1c,.~1 do de nossa históna (que vai cio seculo . . . . . da educação igualmente naQ nos 1. 1 B a·il em uenc:1as · - ·, até a vinda da famí ia rea para o r, s, ' [, "1 a colocá-las no lugar da pecYcrgog1a. 1808), caracterizou-se pela pouca exigê,n- ( '~ · - 5 d·t pe-A.s tenclêr~cias conternpor~1'.ea.: . ' . ... eia no campo educacional. Nu enta11Lo, u .: . .. , a dr•scartar analises pai Cl8;1S · . ( · t r u 1a ! '- · • Cl ,,s,c2-1~1,~'o:!.!.l~v1!.!.·n!l1~eu.n.1,..1tcJ...) ~cu.k,_, .._c...,n.,.n...,.J<'...:.,r~c1u e, pusienur- 1 rle "';;. .... individualista ou socia , na ;>usca \l mente, no séo,lo XX, o início da industria- L.::....!.~!.:..:~:..::.:;.:...:...;._~;-;--:--- _ -....:.:..::..-----:-, Ltma abordagem dialética da educaçao que lização recrudesceram o interesse pela ec u- '~~-~.!.,;;::..:..::;~~----- l - - f)ussa equacionar devidamente ~s l?º_ os cação e a necessidade ele sua expansao. . _ _ Outra ciência de especial importànc1a oposto0ndivíduo-sociedade, reflexao-açao , para a reíl~xão sobre a pedagogia é a lzi..st.ó- Leoria-prácica, particular-geral. 1ia da educação . O interesse pelo passado não Prec'ende-se superar, com isso , ª concep- resulta de simples preocupação erudita ou ção da pedagogia como "filha" da filosofia mera curiosidade, mas ,~abiliza pr0jetos de e ~ambém o ~co do psicologismo~ do so- l ~ mudança que não sejam visionários e ingê- ci_ologism_Q ou de qua quer outro WSffiO;\ nuos, ou que , ao contrário, não estejam con- Isso não significa desprezar o importante Larninaclos pelo pessimismogerado por crises papel desempenhado pela filosofia , que repetidas . No entanto, apenas no século XIX acompanha reflexivamente os problemas os historiadores começaram a se interessar td ucacionais, e a contribuição dada pelas por urna história sistemática e exclusiva da ciências em geral para a maior objetividade educação, antes apenas um "apêndice" da na análise dos fatos educacionais. história geral. No Brasil essa preocupação Ao pedagogo cabe equilibrar as diversas é muito mais recente e tornon-se mais co~ibuições teóric~s que enriquecem sua in!ensa a partir da década de 192<1 -- , em- teoria e lhe dão rigor e objetividade, desde bora muitos campos ainda exij am premente que evite o que o professor Luiz B. Lace,,rçl.a investigação para que se desenhe urn per!1I Q.rlaD.Qi denominou "flutuações da con¾ mais nítido da educação brasileira . Só assim ciê12._cia pedagógica" ·'. O risco dos \'.;ismos"-./ será bem fundamcnLacla uma anilist crítict só será evitado se a educação for o ponto que proporcione mudanças el<..'tivas. de partida e de chegada dessas análises. Ex- Sem pretender citar todas as _ciências plicando: ó ponto de partida da pedagogiâ! auxiliares da pedagogia, podemos ainda é se_mpre um pr~blema apresentado pelei I destacar a antrvpoLogia, a .í'/!};:gra/ia lumian,a e realidade educacional. Busca-se, em segui~ a hngzd.sLiE..a , além da cibernética, que rcvolu- ela, a contribuição das ciências auxiliar~.d-4 cionou os métodos pedagógicos. ?vkrecc educa :ão ara só então atin · r o P \ / d:s_t~que '.·s1:ecial a biOÜ(~ia, :1u,· manti-tll chegad_;,, que_<:, de novo, a realidade edticat r !\ CStluta !tg.içao com a eclucaçao, clt-\'ICIO ao cionR'l. Assim, não se deve perder de vist<f , i ' · · pn ,hle, na da J'NJ ""ª < ·m ed '" a ç:," , · ., 1 ~"' 11. , , rlt- """ i 111 pi Ílót\i«·s", i ll ii,h,wç,;,, f/ "I', n' 2. ma rçn ele 1 %9 .\ , .-,,,,.,..;.,.,,. 1 Educação e pedogog o 37 • - I' • • - • = !~ t~ j1 ~ 1\ '\ ( j! ,t b ' .. r.: \M ' ·! a ,~speci[icidadc ela peclagogi1 , 01110 lroria distinta daq11clas cic-.ncias, 11;'ü, njeitando. ao mesmo tempo: sua co11Lrilrni,Jw. Desse rnoclo, a 12tdagogia dl'limila o pn·1- prio campo e estabclecr srn cam i 11 ho, poclrn- do então srr comprccndich roI11u lc1J1111 gemi dQ educação., capaz de tr~nsforn1iJ r ;1 ed ucacà~, cm uma atividade intencional t· dicaz. ..., A partir da consciência cios problemas ccluçacianai~ de seu t.~)o, n pcdíJp;o1,~Q estabelece objetivos rcaliz;1,·<'i-,, IH1sca os n-:ttios para atingi-los, ver~ su,1 ef1d- cia, r~\'(; os processos 'utilizados.(' assim pnr dia1Úc. Só cl~a forma a ed11r.z1.c;'to S(' torn ;1- rá mstrurnento real de translórmaçào. • 38 Dropes 1 - Empreendo, pois, o dC'i.xar-nw kvar pela força de toda vicL, , i, .1 : 1.1 ,·,< 1ucc:i- mento. Há uma id,sde ,· :.: , ,· 11sina o que se sabe; m as '- ,. , ••. la ou- tra. , cm que se ens11 :.1 ,: ,· s;tl w: isso se chama pesquis;i1 . Vem talvez agora ;1 id ,1(k dr uma outra experiência, a de c!t-s:1 prcndn, ele deixar trabalhar o rcm a1wja1nrnlo im- previsível que o l"SCJ UCc i111"1llo impôe à sedimentação dos sabnc~. cLts rnlltlras, das crenças que atra\'l's<1n 1ns. Essa ex- periência tem1 creio rn , uni 11nrnc ilustre e fo ra de moda, que 011s;11Ti tornar aqui sem com~lcxo, ~a pról;"'.:.:_~~i-·'.1zilhada de sua etimologia '-· ... , ... _ . .l!enhum p~r, um pou~ .. :_.. ., 1iouco ele sabfillllia, e o máxi111, > t11 , ,il 1or possí- vel. (Roland Barthes) 2 · Pequeno vocabulúin c1irnológico: ~ -- · do latim fUL@J!J.ll._al11mni: criança nu1rida 110 pc1lu. f.h í, pupi lo, discípulo. • A )rcndc.11 --- do la1in1 11/>/m~lt(')/r/1'}!_: a.~arrar, apanhar, segurar, apoderar-se :\ g-uisa de conclusão, convém lcmbrM '· ,1 i111por1ánria da formação do educador, rara qur a superação das conlracliçõcs seja possÍn"l com maior grau de inten- cionalidade e compreensão dos fins da cclucaçào. :\os tempos que \'ivemos hoje, algumas larclas urgentes se impõem. A princi,g_al delas t' que tenhamos força suficiente P.ªra q11e a sociedade seja mais justa e menos sr~a, dando condições para a ed~c~ çào ,·crdackiramente universal, formam·a, que· socializr a cultura herdada, ao mes- 1110 H~mpo que possibilite a autono!Jlia que permita a crítica dessa mesma cultura .. )(:· de. Daí, tornar conhecimento de, pren- der na memória. 1:_J:_d~ do latim educare: ci_iar, amamentar; e educere: levar para fo ra: fazer sair, tirar de; dar à luz, produzir. Daí , conduzir de um estado a outro, n1odificar. [: Ensinar~ do latim)nszgniz;e; assi- nalar, distinguir, colocar um~ sinal, mos- trar, indicar. Daí, indicar o caminho para aprender. \: Infância J- do latim iJifa.o-s, infantis: que não fala, incapaz de falar. t.To;~truç@- do latim instructw.. in- lmrtionú: construção, edificação. ~ do latim _magister, magistJi: o que comanda, dirige, conduz. Daí, mestre. !::_~~d~~ -- do grego p,údocogó.s. (jJaA_ pa~ = cri~nça e agggós = guia, - condutor): escravo que acompanhava as crianças à escola; depois1 mestre, preccplür. ~ -- do larir~_sapere: ter sabor, agradar ao paladar: saber, conhecer, aprender. ~ --· do lati~1 textum1 texti: te~ci- clu, pano; obra formada por várias par- tes reunidas. Fi losofia do ~ducaçõo • Leitura complementar [As ações educativas e a ciência pedagógica] Pode-se hoje observar um grande distan- ciamento entre a esfera das ações educativas e a esfera do exercício pedagógico. A educa- ção tem-se organizado na sociedade de modo distante das ações pedagógica,;. E ternos hoje uma sociedade muito complexa, com forte potencial educacional. Será preciso e neccs- sá1io que ações científica,; e pedagógicas pos- sam produzir transformações desse potencial em possibilidades educativas, reintegrando novamente o educativo ao pedagógico. A crescente dissociação entre a atividade educativa e o exercício pedagógico foi pro- duzindo a não valorização cienLífica da pe- dagogia, que, abdicando de ser a ciência da educação, foi-se contentando em ser apenas um instrumento de organização da instru- ção educativa. Outras ciê-ncias. distantes da ótica do pedagógico, foram assumindo opa- pel que lhe deveria se'r destinado, qual se:ja o de mediadora interpretativa da práxis. Decorre então que as teorias educacio- nais, que antes foram teorias sociológicas, psicológicas, antropológicas, não deram conta de serem instrumenws fomentado - res de práticas educativas. I nevitavelm~n- te a não fecundação mútua de teorias educacionais e práticas pedagógicas foi re- dundando na instrumentação acrítica das práticas, produzindo caminhos lin_carcs e paralelos entre os dois polos ele ac;ao cd~1- cativa e, dessa forma. o fosso rntrc a Lrnna e a prática pedagógica foi íic,rnclo c:ac~a ,·e1. . . ·L1l)dirnensio11ando-sc a , ahdadc m;uo1, s trórica e prática da pedagogia. . ·\ .. · 1 -10 se 111-etcndn reco11clu1.1r a , SSll1 . < l)rda<rog·ia como cic··11cia da práLira cdu- .-, . 1 1 cati,·a. em consn11;111cia com as e r111a11c as l' as po+ibiliclacks cio C<Jllt('X(CJ histc'irirn cn11te111ridr;°u1<·0 e co11so;111tc ,\ su ,t 111atrtz Educação e pedagogia epistemológica, será preciso considerar que ela deve ter necessariamente um papel político, uma vez que estará sempre refle- tindo, avaliando, propondo à discussão os fins e os valores da educação, num deter- minado tempo e espaço históricos. Numa sociedade de classes, nem sempre tão democrática como se pretende um ideal humanista, há que se perguntar: a serviço de que interesses está a pedagogia - da manutenção dessa mesma sociedade ou da transformação dela? Se estiver a serviço da transformação, em que direção caminham tais transformações? Se estiver a serviçoda manutenção, quais os interesses que estão sendo contemplados nessa relação? ( .. . ) Devemos ainda refletir sobre qual deve ser o objetivo neural da ação pedagógi,ca, seu ir- redutível epistemológi.co. Se considerarmos que sua ação deve estar diretamente vinculada à hL;;11anização da sociedade, ela será sempre vm instrumento político, portanto é funda- _,,, 1 r . -111cntal que e a ,unc1onc como uma açao social inclusiva e participativa, e que fique clara sua posição a favor da humanização, da equalizaçào de oportunidades, da cons- trução da justiça e da paz entre os homens. Ela precisa ser explícita e democrática. E mais, estando a pedagogia a serviço da humanização do homem, isso signinca estar ao lado de sua emancipação, de sua liberta- çào. Há que se lembrar que a emancipação se fará ei11 csLreitas, contínuas, dialéticas re- 1:rçô-cs do homem mm a cultura, do ser n>m o significa.cio. Não haveria nccessidacl(' de pedagogia se não fosse crucial ao homem, para se fazer homem, ser conduzido ú cul- Lura e, 11es:-e processo, apreender, interpre- tar. rrÍ;ir significados para que. amalgama- do mm ns significaclos da rnltura. l'azn-se lirn1H'111 e construtor da cultur,1. \L1ri;1 .-\111i'·li;1 S;111111n, l-'r;111r11 . /h/a_~11g1n ,,1111 11 i'l1 '11· ,-111 t/11 1•1!11111(li11 . ( :, 1111pi11 ;1~. P,1pirn,. 'l(lll'.). p. ill- i 1. 39 r