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FACULDADE UNINASSAU - MANAUS
CURSO DE PSICOLOGIA
Avaliação Final - Semestre 2018.2
FUNDAMENTOS DA FENOMENOLOGIA E EXISTENCIALISMO
TÓPICOS DE ESTUDO – AVALIAÇÃO FINAL
1) A fenomenologia de Edmund Husserl.
a) Husserl afirmava que o homem deveria abandonar as perguntas sobre o mundo em si
mesmo, porque ele não era acessível, devendo se preocupar com a representação do mundo
em sua mente, já que não havia dúvidas quanto à existência dessa representação, a qual
estava diretamente aberta à investigação humana.
b) O método fenomenológico baseia-se na observação e na descrição do fenômeno,
fundamentando-se na observação e na descrição daquilo que aparece à consciência na mente
humana. Constitui-se como uma investigação sistemática da consciência e de seus objetos, os quais
se definem precisamente na relação que mantêm com os estados mentais, não havendo distinção
possível entre aquilo que é percebido e a percepção humana. A experiência inclui, assim, não só a
percepção sensorial, mas todo objeto do pensamento.
c) O primeiro passo do método fenomenológico consiste em abster-se da atitude natural,
colocando o mundo entre parênteses (epoqué). Isso não significa negar sua existência, mas
metodicamente renunciar ao seu uso. Ao analisar, após essa redução fenomenológica, a cor-
rente de vivências puras que permanecem, constata que a consciência é consciência de algo.
Esse algo chama de fenômeno.
d) Husserl nega que as leis lógicas, sustentáculos da unidade de toda ciência, possam ser
fundamentadas na psicologia, ciência empírica. Com isso o psicologismo não consegue
resolver o problema fundamental da teoria do conhecimento, ou seja, o problema de como é
possível alcançar objetividade.
2) Instrumentos metodológicos da fenomenologia;
a) Ao falar sobre a fenomenologia, Husserl, seu fundador, descreve os instrumentos
metodológicos que contribuíram para o pensamento psicológico que são: a redução
fenomenológica e o princípio da intencionalidade.
i)A redução fenomenológica consiste em colocar entre parênteses a realidade tal como a
concebe o senso comum. Ela tem como objetivo chegar ao fenômeno.
ii) O princípio da intencionalidade diz que a consciência é sempre consciência de algo. O
objeto não é em si, mas, objeto para uma consciência. Há uma correlação entre objeto e
consciência.
b) Conceito de consciência;
i)	Husserl usou o termo fenomenologia, pela primeira vez, nas Investigações Lógicas
(1901), em lugar da expressão “Psicologia Descritiva”, que usara até então. A consciência
funda sentido como compreensão de algo que é (sentido do ser), através da
intencionalidade, ou seja, através de sua orientação intencional para encher o vazio. O
conceito de intencionalidade da consciência, por isso, é fundamental e constitutivo na
fenomenologia de Husserl. Nela constituem-se os cogitata do cogito, os “objetos” da
consciência. A intencionalidade constitui síntese ou unidade, uma constituição ativa e
passiva. Esse conceito de síntese distingue-se do tradicional, pois não se limita à síntese
no juízo.
Coordenação de Curso Prof. Estephânia Lima
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FACULDADE UNINASSAU - MANAUS
CURSO DE PSICOLOGIA
Avaliação Final - Semestre 2018.2
ii) A redução fenomenológica, conceito fundamental na fenomenologia de Husserl, tem o
sentido de tematizar a consciência pura. Começa com a colocação entre parênteses do
mundo. Prossegue na redução eidética, termo usado para o procedimento metódico que
leva à visão da essência. A meta da redução eidética é a compreensão do a priori como
eidos (essência). O pressuposto é que a já existente oposição entre sujeito e objeto é
superada para voltar-se à análise dos dados constituintes na consciência que é
“consciência de...”, pondo-se o mundo com seus objetos ao eu (consciência). A
consciência é intencionalidade significa: dirige-se para, visa alguma coisa. Toda
consciência é consciência de.
c) A visão de homem e sujeito;
i)	A análise de Husserl sobre a história da filosofia moderna realizada no volume A Crise das
ciências europeias e a fenomenologia transcendental (1935/2002) aponta a objetivação
do sujeito humano como raiz da crise que atinge a racionalidade ocidental. A
fenomenologia da existência surge da dialética entre o homem e o mundo, na interação
da existência com o mundo, tal como vivida na experiência da intencionalidade.
ii) O	reconhecimento	da	complexidade	própria	do	ser	humano	–	entendida
fenomenologicamente como realidade mista que exige diversas modalidades de
abordagem – permite a superação dos reducionismos tão frequentes na psicologia
contemporânea.
iii) Por um lado, pode-se superar a redução naturalista que toma em consideração somente
processos mecânicos – neurofisiológicos, comportamentais ou psicológicos – abolindo o
sujeito da experiência. Por outro lado, temos condições de criticar a redução da
experiência a puro processo simbólico concebido desvinculado de um sujeito pessoal.
Encobrindo a ação do eu , tal postura cultural impossibilita reconhecer o fundamento do
sistema simbólico no mundo-da-vida, a relação do mundo com a pessoa e a percepção
do próprio eu por parte dos sujeitos humanos concretos. Chega-se assim a negar a
possibilidade mesma do conhecimento de si e do mundo. Paradoxalmente, o sujeito
humano figurado como fonte última e abstrata do significado e do ser é
contemporaneamente afirmado como incapaz de apreender a si mesmo e ao mundo
como existente além de si mesmo. Esvaziado de sua essência, o sujeito mergulha no
niilismo e no ceticismo. É por este motivo que a experiência mesma passa a ser
abandonada e substituída por fragmentos de reações mecânicas ou por meras
representações simbólicas.
a) Posicionamento de Husserl e sua fenomenologia frente à ciência;
i)A fenomenologia pertenceu a uma corrente conhecida como filosofia da consciência ou
filosofia da subjetividade, sendo que sua preocupação não era fundamentar o
conhecimento científico, mas, sim, pensar a consciência reflexiva do homem sobre o
mundo. Logo, de acordo com essa corrente filosófica, não haveria mais problemas para
escolher entre o realismo (o ser tem uma realidade em si que deve ser apreendida pelo
homem para o conhecimento do mundo) e o idealismo (o homem é quem determina a
ideia do ser), uma vez que o conhecimento consistia em nada mais do que uma
representação do mundo na mente do homem, ou seja, toda consciência é entendida
como consciência de alguma coisa, a qual o homem traz à mente de acordo com sua
intenção dirigida a um determinado objeto do mundo.
b) Heidegger e o conceito de verdade;
Coordenação de Curso Prof. Estephânia Lima
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i)
FACULDADE UNINASSAU - MANAUS
CURSO DE PSICOLOGIA
Avaliação Final - Semestre 2018.2
Heidegger diferencia o ser dos entes (do latim ens, significa ser) para diferenciar o
homem dos demais entes, já que o homem é o único que se coloca a pergunta sobre o
sentido do ser. Colocar-se a perguntar sobre esse sentido é um modo de ser do homem,
uma conduta que o diferencia dos demais entes. “O perguntar mesmo tem, enquanto
conduta de um ente, daquele que pergunta, um peculiar caráter de ser”.
ii) Segundo Heidegger, o homem, enquanto ser-aí, estando no mundo, não é um objeto e, sim,
possibilidade, encontrando-se, dessa forma, diante da necessidade de alcançar o que o
filósofo chama de transcendência existencial: não basta existir, é necessário transcender a
existência, ultrapassá-la, projetando-se e indo além do que está posto para se construir
enquanto ser.
iii) Para Heidegger, o ser-aí possui duas condições: ele é e ele tem de ser. Isso significa que, ao
mesmo tempo que está inserido no mundo, o homem precisa se transcender, devendo sair
da condição de objeto e encontrar um sentido para a sua existência, projetando-se ao
futuro com fins a um objetivo.
iv) A vida autêntica é, para Heidegger, o viver-para-a- morte, o modo de vida consciente
de que tudo terá um fim, antecipando aideia da morte e impedindo o homem de estar
simplesmente preso aos fatos e às circunstâncias. Tal antecipação da morte leva o
homem ao sentimento de angústia, que o coloca diante do nada, da ausência de sentido da
existência e dos projetos humanos.
v) Segundo Heidegger, existir de forma autêntica só é possível àquele que tem a coragem
de encarar a possibilidade da morte e sentir a angústia do ser-para-a-morte, aceitando a
própria finitude e não se iludindo ao pensar que a vida presa às coisas e aos fatos traria
sentido para a existência humana.
vi) O homem da vida inautêntica, por sua vez, teme a angústia, desviando o pensamento
da finitude e se iludindo com as coisas do mundo, acreditando que elas podem trazer
sentido à sua existência, inebriando-se com o agora.
vii) Para Heidegger, a angústia é aquilo que [...] abre, de maneira originária e direta, o
mundo como mundo. Não é primeiro a reflexão que abstrai do ente intramundano
para então só pensar o mundo e, em conseqüência, surgir a angústia nesse confronto. Ao
contrário, enquanto modo de disposição, é a angústia que pela primeira vez abre o mundo
como mundo. Isso, porém não significa que, na angústia se conceba a mundanidade do
mundo. A angústia não é somente angústia com... mas é também angustiar-se por [...]
o por que a angústia se angustia não é um modo determinado de ser e uma
possibilidade da pré-sença. A própria ameaça é indeterminada [...] A angústia se angustia
pelo próprio ser-no-mundo.
viii) Para Heidegger, o medo é diferente da angústia. Na vida inautêntica, tem-se o medo
diante da morte, atitude esta que nega o fim, iludindo-se cegamente com os fatos. Já a
angústia é uma atitude da vida autêntica, que assume a morte como possibilidade,
aceitando-a como o fim inevitável, mas nem por isso prendendo-se às coisas e aos fatos
do mundo como se pudessem trazer sentido à vida.
c) Sartre e sua filosofia existencialista
Coordenação de Curso Prof. Estephânia Lima
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i)
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CURSO DE PSICOLOGIA
Avaliação Final - Semestre 2018.2
O pensamento de Sartre ultrapassou os limites da França e se espalhou pelo mundo nas
décadas de 1940 e 1950, influenciando consideravelmente a política, os movimentos
sociais, as mentes dos intelectuais e a arte. Sartre viajou por todo o mundo, tendo sido
recebido por políticos e ativistas famosos, como Che Guevara, em Cuba, e Khrushchev,
na Rússia.
ii) Sartre defende que a consciência humana é sempre consciência de alguma coisa que
está inserida no mundo e que, diferentemente dos homens, nenhum objeto tem a
consciência em si mesmo. Para se referir a esses objetos, Sartre usa o termo “em-si”,
que representa o mundo das coisas materiais e dos seres que não passam daquilo que eles
aparentam ser, idênticos a si mesmos, esgotando-se naquilo que são, sem que possam ser
nada além disso. Trata-se do simples ser-no-mundo, desprovido por completo de
atividade reflexiva, sendo esta exclusividade do ser humano, capaz de ter consciência das
coisas e de si mesmo. Dessa forma, a negação e a afirmação não se apresentam para o
“em-si”, já que ambas são frutos da consciência e têm como pressuposto a presença do
pensamento.
iii) O “para-si”, dessa forma, é a consciência do homem, a qual, por sua vez, está no mundo
e no “ser-em-si”. Essa consciência, no entanto, é radicalmente diferente do mundo, não
sendo dependente dele. A consciência, que consiste na própria existência do homem, é
absolutamente livre e, sendo pura liberdade, o homem ou a consciência, entendidos como
uma mesma coisa, ao contrário do “ser-em-si”, que está pronto e completo, é incompleta,
podendo se constituir naquilo que quiser. Para Sartre, a “liberdade não é um ser, ela é o
ser do homem, isto é, o seu nada de ser.”
d) “a existência precede a essência”;
i)	“O homem nada mais é do que aquilo que ele faz a si mesmo: é esse o primeiro princípio
do existencialismo.”
ii) Essa frase de Sartre resume o princípio fundador do existencialismo. Segundo o filósofo,
se a existência precede a essência, primeiro o homem existe e só depois ele define o que
será, determinando, na mais absoluta liberdade,	a sua essência. Dentre todos os seres,
somente o homem é livre, sendo os outros predeterminados pela natureza. Nessa ideia,
encontra-se o sentido particular do conceito de existência proposto por Sartre, que
afirma que somente o homem existe, enquanto as outras coisas simplesmente são. O
filósofo propôs, assim, uma nova forma de ver o mundo, na qual existe a valorização do
indivíduo que constrói a si mesmo.
iii) Uma das ideias mais interessantes do existencialismo sartreano é a de que o próprio
homem é quem decide o seu caminho, podendo optar por ser herói ou covarde, sendo,
assim, o único responsável por suas decisões, sejam elas boas ou más, dignas ou
indignas.
iv) A corrente existencialista foi amplamente acusada de pessimista, devido à sua
suposta visão decadente e precária acerca da existência humana. Porém, indo contra
essa visão, Sartre defendia o existencialismo como a mais otimista das visões sobre o
homem, já que era a única que lhe possibilitava fazer de sua vida o que quisesse, sem
que houvesse desculpas ou predeterminações que pudessem impedir a sua realização.
Coordenação de Curso Prof. Estephânia Lima
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FACULDADE UNINASSAU - MANAUS
CURSO DE PSICOLOGIA
Avaliação Final - Semestre 2018.2
Segundo a corrente existencialista, como não existe nada de antemão realizado no
homem, ele é o único responsável por sua felicidade ou infelicidade, construindo sua
essência durante a sua existência.
v) Neste sentido, Sartre afirmava que o existencialismo era um humanismo, “humanismo,
porque recordamos ao homem que não existe outro legislador a não ser ele próprio.”
vi) Em um primeiro momento, o homem simplesmente existe e, só depois de sua existência, ele
se descobre, aparecendo no mundo e definindo-se segundo sua liberdade para escolher.
e) A liberdade;
i)	Para Sartre, uma vez que a existência é anterior à essência, o homem deve então se
construir de forma livre de toda e qualquer determinação. Apesar da aparente
contradição, Sartre afirmava que a única determinação do homem é ser livre, ou seja, a
sua única determinação é não ter determinação, sendo a liberdade o seu fundamento.
ii) O homem, usando sua liberdade, escolhe o que projeta ser. Seus valores são aqueles que
ele mesmo cria por livre escolha, sendo que a única coisa que o homem não pode
escolher é deixar de ser livre, pois, ainda que ele decida abandonar a sua liberdade, para
escolher isso, ele precisa ser livre. Nesse sentido, Sartre afirma que “a escolha é possível,
em certo sentido, porém o que não é possível é não escolher.”
iii) Para o existencialismo, o homem é totalmente livre para escolher ser o que quiser, ou seja, o
homem é o que ele faz de si mesmo. Porém, todas as consequências de suas escolhas são
de sua inteira responsabilidade. A possibilidade do fracasso é inevitável quando se tem
plena responsabilidade sobre a própria vida.
iv) Para o filósofo, não há meio termo para se pensar a liberdade: ou ela é absoluta ou ela
não existe, sendo o seu fundamento o nada, o indeterminismo absoluto do homem e
daquilo que ele fará de si mesmo.
v) A liberdade, no existencialismo sartreano, é diferente da ideia de liberdade entendida
como simples livre- arbítrio ou como a capacidade de escolher coisas de forma
descompromissada. Para Sartre, o conceito de liberdade traz consigo a responsabilidade
incondicional pela própria vida e pelos erros e insucessos que possam ser decorrentes das
escolhas feitas pelo homem. Nesse sentido, no existencialismo de Sartre, o conceito
de liberdade refere-se a uma liberdade responsável, que não pode ser confundida com
simples libertinagem, uma vez que a liberdade humana está situada na realidade e, por
isso, é condicionada ao contexto histórico e limitada pelas regras da sociedade às quaistodos devem se submeter. Por essa razão, a liberdade humana não é infinita. Sartre, em
sua obra O ser e o nada, afirmou que “[...] eu sou responsável por tudo, salvo por minha
própria responsabilidade, porque eu não sou o fundamento de meu ser”.
vi) A submissão do homem à comunidade faz com que seus interesses muitas vezes entrem
em conflito com os interesses da sociedade. No entanto, o homem, ao compreender que
é totalmente livre, deve compreender que todos os outros homens também o são,
sendo assim, ao desejar a sua liberdade, o homem se compromete também com a
liberdade dos outros homens, e, assim, ser livre assume um caráter universal.
f)	A angústia;
Coordenação de Curso Prof. Estephânia Lima
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