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Agentes Anti-Hipertensivos Bloqueadores dos Canais de Cálcio

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Aula 4 – Farmacoterapia I 
Profa. Camila S. Estancial Fernandes 
AGENTES ANTI-HIPERTENSIVOS 
 
BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO 
Canais de cálcio 
O íon cálcio (Ca++) é um importante mensageiro intracelular, sendo fundamental nos mecanismos de excitação 
e contração da musculatura lisa do miocárdio e dos vasos. Além disso, as correntes de cálcio são necessárias 
para o sistema de condução atrioventricular. 
As fontes de Ca++ para a contração das células musculares lisas vasculares podem ocorrer por dois 
mecanismos: 
(1) A liberação do Ca++ intracelular do retículo 
sarcoplasmático pode produzir aumento do Ca++ 
citoplasmático, isso decorre do aumento do IP3 (trifosfato 
de inositol) intracelular (já vimos como ocorre na aula 
passada – ativação dos receptores metabotrópicos do tipo 
Gq). 
 
(2) O íon cálcio também pode penetrar no citoplasma celular 
através de diferentes canais. No sistema cardiovascular o 
canal mais importante é o canal do tipo L. 
A contratilidade da musculatura lisa ocorre com o cálcio ativando a calmodulina (CaM). O complexo Ca++ - CaM 
ativa as pontes cruzadas de actina e miosina levando à contração muscular. 
 
São existentes os seguintes tipos de canais de cálcio: 
Tipo L  está presente nas células miocárdicas, tecido muscular liso e tecido nodal (tecido que regula o 
batimento cardíaco) 
Tipo T  está presente no tecido muscular liso e no tecido nodal 
Tipo N  presente nas estruturas nervosas 
Tipo P  presente nas fibras de purkinje 
 
O canal de cálcio do tipo L é formado por cinco subunidades: 
alfa 1 (é a principal  contém o sítio de ligação dos antagonistas); 
alfa 2; beta; gama; delta. 
 
Bloqueadores dos canais de cálcio 
Esses medicamentos foram introduzidos na terapêutica em meados da década de 1970. 
Os bloqueadores dos canais de cálcio atuam tanto sobre o músculo liso vascular (arteriolar) quanto sobre o 
miocárdio. 
São indicados para o tratamento de angina, arritmias cardíacas e da hipertensão arterial. 
Atuam sobre os canais de cálcio do tipo L na subunidade alfa 1 e inibem o aumento do cálcio intracelular. 
 
Aula 4 – Farmacoterapia I 
Profa. Camila S. Estancial Fernandes 
Esses medicamentos compreendem três classes quimicamente distintas: 
• Diidropiridinas (exemplos: nifedipina e anlodipina) 
• Fenilalquilaminas (exemplo: verapamil) 
• Benzotiazepinas (exemplo: diltiazem) 
Principais efeitos terapêuticos são sobre o músculo cardíaco e músculo liso: 
As diidropiridinas (nifedipina e anlopidina) exerce maior efeito no músculo liso vascular  efeito anti-
hipertensivo, pois causa vasodilatação, no entanto pode causar taquicardia reflexa  aumento do reflexo da 
atividade simpática. 
Verapamil afeta, principalmente, o coração  possui efeito antiarrítmico  diminui a frequência cardíaca 
O diltiazem é intermediário em suas ações. 
Diferenças entre as classes 
• Todas as três classes bloqueiam os canais de cálcio do tipo L na subunidade alfa 1, porém como descrito 
acima, cada uma delas exerce efeitos farmacológicos distintos. 
• As diferenças são, em parte, atribuíveis a diferentes sítios de ligação do fármaco no canal de Ca++ 
✓ A nifedipina liga-se ao sítio N da subunidade alfa 1 
✓ O diltiazem liga-se ao sítio D da subunidade alfa 1 
✓ O verapamil liga-se ao sítio V subunidade alfa 1 
Os sítios de ligação D e V sobrepõem-se, enquanto o sítio N encontra-se em uma região diferente do canal de 
cálcio tipo L. 
 
 
 
 
Efeitos das três classes diferentes de bloqueadores dos canais de cálcio 
Medicamentos Vasodilatação (artérias 
e arteríolas) 
Depressão da 
contratilidade cardíaca 
Depressão do sistema 
de condução (Nó SA e 
Nó AV) 
Nifedipina 5 1 1 
Diltiazem 3 2 4 
Verapamil 4 4 5 
0= ausência de efeito; 5= efeito significativo 
Farmacocinética 
Todas as três drogas são bem absorvidas após administração oral. 
A biodisponibilidade das formulações orais de nifedipina, diltiazem e verapamil é reduzida pelo seu 
metabolismo significativo de primeira passagem no intestino e no fígado. 
A nifedipina e o verapamil são excretados pelos rins, enquanto o diltiazem é excretado pelo fígado. 
A nifedipina oral apresenta rápido início de ação (menos de 20 min) e pode causar queda súbita e precipitada 
da pressão arterial, podendo ativar uma taquicardia reflexa severa. Além disso, em virtude da meia-vida curta 
da nifedipina oral (cerca de 4h) é necessário administrar esse medicamento mais frequentemente. 
 
 
Aula 4 – Farmacoterapia I 
Profa. Camila S. Estancial Fernandes 
Efeitos colaterais 
Os efeitos colaterais mais comuns observados na terapia crônica estão relacionados, em sua maior 
parte, a vasodilatação: cefaléias, tonteiras, rubor facial, hipotensão etc. Sabe-se que o verapamil, quando 
administrado em altas doses a pacientes idosos, provoca constipação. 
O verapamil deve ser evitado em pacientes com insuficiência cardíaca devido ao efeito inotrópico 
negativo. 
A nifedipina pode causar taquicardia reflexa, devido ao rebote simpático que pode agravar uma 
disfunção ventricular esquerda já existente. 
 
Tabela com as apresentações e faixas terapêuticas 
Fármaco 
 
Nome 
Comercial 
Apresentação Faixa terapêutica 
Nifedipino 
(existem 
genéricos) 
Adalat® Comprimidos: 10 mg 
 
Comprimidos 
liberação prolongada: 
10; 20; 30 e 60 mg 
VO: 30-180 mg/dia 
Anlodipino 
(existem 
genéricos) 
Pressat® 
Anlo® 
Comprimidos: 2,5; 5 e 
10 mg 
VO: 2,5-10 mg/dia 
Diltiazem 
(existem 
genéricos) 
Cardizem® 
Dilcor® 
Incoril® 
Comprimidos: 30 e 60 
mg 
 
Cápsulas liberação 
prolongada:90; 120; 
180; 240 e 300 mg 
 
VO: 120-480 mg/dia 
 
Verapamil 
(existem 
genéricos) 
Dilacoron® 
Vasoton® 
Cordilat® 
Comprimidos: 80 mg 
 
Comprimidos 
liberação prolongada: 
120 e 240 mg 
 
VO:120-480 mg/dia

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