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Ogros não vivem felizes para sempre

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240 Da màc clesnrtur:rria à famrlia afctrrosa: a:tdoÇào pcla lósica de,r. certo clisc,rsojru-ídico
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"N,ãe é .ma só? Reflexões em torno de alguns casos brasileiros,,.Psicologia LlSp, ZOOZ, v. 13, n. 2, pp. 49-6g.FoucAULT, Micher. fur.crofísica, rto jtorier. Ri. de 
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GOI,DENBERG, Mirian. ,,Novas famílias nas carnadas méclias
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ORI-ANDI, E,rri. An.áti.se d,o discu,rsct: prin,cípios e procecrimentos. 4 ed. campi-
nas (SP): ponres, 200?.
PINTO, M..1 . comltnicação e rii..çcursc.t; introrl,u.ção à análise rie d,iscu,rsos. sãoPaulo: Fjackcr Eclitores, 2002.
REIS, Érika Fisucireclo. o papet das mã.es Jre,ít: ao artu^s. sexual incestuoso(n-ronoorafia). LIERL 2002.
RoclrA-cou-rlN,,o, Maria Lúrcia. Tecen,dr.t ftor trás dos ftartos: a murherbra.si,ci,a nas rel.açõe.s familiares. Rio cle 
.|aneiro: Rocco, 19g4.SPITZ, Rene. o primeiro ,,tto de uida. sào pa,ro: Martins Fontes, 19g4.
urbanas".
/tlstiça do
Ogros não vivem felizes para serrrpre:
um d.ebate sobre relacionamentos idealizados
./osilain.e Gonçalaes dos Santos"
Letícia de Moraes."
T'haís Vrtrgas Menezes"""
O Prosrama de FormaÇão em Direitos da Infância e da.]u-
ventude 
- 
Pró-Adolescente tem caráter de extcnsão universitária e
está ünculaclo ao Instituto de Psicologia da Universidade do Estado
do Rio deJaneiro. Esse programa busca contribuir para a capacitação
profissional do corpo discente e transmitir à cornunidade externa
debates travaclos no âmbito acadêmico, objetivos üabilizados por
meio de três projetos: Bancacla de I'nfonnações, Pctlco Acadêmico e Etn
Cine.
A Bancada de I'nformctÇões oferece ao público um acervo de
liwos, prodrr.ções acadêmicas e clippings sobrc direito da criança e
do adolescente, direitos humanos, üolência, sexualidade, educaÇáo,
psicologia 
-jurídica, entre olrtros. O Palco AcarJêm.ico trabalha corn
peÇas teatrais, produzidas e encenadas pela equipe do projeto, üsan-
do prornover discussão sobre os temas propostos. O Em Cine, projeto
l']sicóloga c bolsista dc e xte nsão rlo Programa Pró-Adolesccnte, clc março dc
2005 a novcmbro cle 2006.
Psicóloga, cspecialista cnl Psicologia.furídica pela UER] e bolsista de exten-
são clo Programa Pró-Adolesccntc, de marÇo de 2005 a rnaio dc 2006.
Psicóloga, espccialista crn Psicologia-|urídica pela UERJ e bolsista de extcn-
são do Programa Pró-Adolescente, de fcvereiro de 2005 ajulho cle 2006.
242 C)gr ris na. r-i't,rI Íir)i:rr-., lrar a st mpr (.: llD ci<.b:trt.sobr<, rclarcierlii[cntos i<lealiza<]os
crincl..o 21rro crc'ro().3. rcaliza rlrn even.o rnensar Ílo qual se exiberrrrr fili,c scgrriclo clc crebate sob a coorclenação de .,r proÍissio,alIigado à remádca en.r Íbco. Esses eventos acontecem na ,ERJ e abar-can) qucstões associadas aos relacionamentos fam,iares.A p.rtir cle uma discussão sobre o firrne shrert 2 (AndrewAclamson e Ke'y Asbury, 2004) em Lrrn dos grupos cre estudo rea-tizactos no ,r.srama pró-Acloresce,te, J; ;;;i;;"-os bolsisras,Í'onr<rs convicracras a coorclenar uma exibição d,o Em cine. Dessern.do, dtlr:rt.'tc a ?1a edição cl, projeto, o refericio filme foi exibidoc o dc--b:rtc), pc)r .ós c.r-rcruzido, ieve como tcrna o.s reracionamentostr,,r()rosos idc:rriz:rcl.s. Na oc:rsião, esti'cranr presentes alunos declivcrsos crrrsos cla 
-ni'ersidacre c profissio.:ris cre árreas distintas.FIouv. s*rnclc participzrçã. do p.brico, qtre comp:rrt.ilr-rou opiniõesc expcriôrcias pessoais crrrrantc o crcbate. Decicriu-se, e.tão, regis-[rar- a discussão num arfigo, em f.r-rção cro i,tcresse rlemo,stradopelo pril-rlico accrc.l (lo tema cxplorado.A l-ristória que abordrrr"ro, chegc>, às telas no lllnte Shrek(Arclrelv 
'r\clamson e vickyJenson, 2oo1), colocanclo eln evidênciao trniverso dos contos cle facla a partir de rrm novo orhar. Tendocorrlo protauonista ô .ogror Shrek, a animação conduz aqtrestionamcnt()s a respeiro cros contos infantis, com destaque para
.,rn aspcct. pc-'culiar: :r desmistificzrção dos icleais de relacionamen_tos arnorosos e crr: bereza, arnplarncnte crifuncridos e varori zad,os naculttrra ociclental atual.
.Shrek foi um grande sucesso de crítica e bill-reteria, conquis_t;rndo priblico cre várias icracres. Isto-iá dcveria calrsar cst.ranhamento.Alr-ral' sc L,r ogro não é cl que se'costlrnra esper,r para mocinhocle trrn filme rorn^
. ;r o s:ro se Lr Íirr.re, T:,l;,ffi 
, 
"* 
jl: :: :i.:,::L :::::: :;:*:::s<:rallnentc ilPresentaclos pclgs l-reróis, Shrek é aclmiraclo. pensan_clo r-risso, J)arccrc-.os b:rsta'.e pcrtinente q,cstio,ar; quem seria
Na mirologi:r. diz-s<:
( ll rt c i r: l.oltéd i a o n- li n e ,:f ]l11 "].r"srro que h:rbi(:r florerstas isolaclas e lúgubreslli.k ilted,ia) 
.
Expressão que remete à fala inicial de Shrek na primeira animação-
Josilaine Gonçalves clos Santos, l,etÍcia de Moraes e Thaís Varga Menezes 243
esse anti-herói capaz de reunir tantas identificações?
Os filmes Shrek e Shrek 2 nos conüdarrl a pensar que estamos
acostumados a heróis que são urn exemplo de força, beleza, inte-
ligência, carâter, entre outras rrraravilhosas características. São per-
sonagens que dificilrnente cometem erros 
- 
exceto por uma boa
causa 
- 
e a maioria dos problemas que enfrentarn é ocasionada
pelo vilão, dono de características opostas às do protagonista'
Reflerindo a respeito dessas questões, estruturarnos este arti-
go da seguinte forma: inicialmente, apresentarnos um tlreve resu-
mo da história de Shrek (baseada nos filmes Sh.rek e Shrek 2) visan-
do situar o leitor; em seguida, propomos a discussão do tema a
partir de três eixos principais: a supervalorizaçã.o, na atualidade, da
aparência e da condição financeira; as rrrodificações ocorridas no
papel feminino nas últimas déc:rdas; e os modelos idealizados, nos
quais, muitas vezes, as relaçoes afirorosas encontram-se apoiadas.
ttEra
Shrek, protagonista do fiIme, üve nurn pântano isolado na
floresta; urrr pouco afastada de sua casa est.á a cidade de Duloc'
Desde o início da história, mostra-se o quanto é conflituosa a rela-
ção entre Shrek e os moradores dessa cidade. Por ser consideraclo
feio e replrgnante, Shrek é humilhado, discriminado e vítima de
grandes caçadas que sernpre fracassam, sirnplesmente pelo rnedo
que os aldeões têm dele.
Ao observarmos a postura de Shrek, entretanto, poderrros
constatar qr-re este não se esforça para estabelecer urna boa relação
com a üzinhança. Sofiendo com a atitude que dernonstram ern
relação à sua ap;rrência e ao scu comportamento, ele faz questão
de se manter clistante dessas Pessoas. E náo sornenteclelas, mas
também de outras, pois teme receber o mesrrro tratamento.
O primeiro personagem que entra na üda do ogro é urn
burro falante, quc está sempre clisposto a uma aproximação. Shrek
reluta em estabelecer vínculo com o Burro, até que este passa a ser
I
,r2
244 ()gr os tr:io vivc trr íi'lizcs para scrnpre; urn .lel)atc sobr'c lclacionamclt6s iclealizaclos
seu rinicrcl 2irnigo. O receio qlle o ogro tetn cle não ser aceito
provoca Lrrna deÍ-esa exacerbada, descrita pelo próprio shrek ao
C()Iltar ao arr-ligo quc "ogros São Corno cebolas,,, pois têm muitas
calnaclas, rnuitas cascas qlle servem cle proteção. Assim ele revela
clrre tambór, c sensível e precisa proteger seus sentimentos> por
rrrais quc pareÇa Lrnt monstro terrível ou urrta fortaleza.
Na ciclacle cle l)ul-oc, vive um lorde que deseja ard.entemente
tornar-se rei e, para tal, precisa casar_se com qualquer princesa. Ofilr,e nlostra, de form,a bastante irônica, a escolha feita por Lorde
Farquaacl entrc as princcsas qlre ainda estavam aguard.ando um
prír'rcipe c-?tp,.z de salvá-las. Em clima semelhante ao de programas
clc a,ditórit: que promovem encontros românticos entre desconhe-
ciclos, o L.rde descobre a princesa Fiona, trancada nurna torre
protesida por Lrnl clraqão, e decide q,e ela será sua princesa. No
elrtanlo, F:rrqr,raacl não tem coragem para enfrentar o dragão e
.cg.cia com shrek o resgatc de Fiona. o enredo assume, enlao,
conto eixo ccntral, urna sátira aos clássicos infantis.
Após o resgate, shrek, o Burro e a princesa Fiona retornamà ciclade dc Duloc par?r q,e ela se case com o Lorde Farquaad.
Dtrrirntc a üagem de volta, o Burro crescobre que a princesa sofre
cle um feitiço: d.rante o dia, apresenta forma humana, mas à noite
assllrnc a f'orrna de ogro. Para que o encanto seja quebrado e a
princcsa possa revelar sua real Í'orma, ela cleverá receber um beiiodc se. amor vcrdadeiro. shrek, no entanto, não sabe do feitiço e
sente-sc incapaz de conquistar arsuém tão diferente dere.
E também clurante o percurso de volta a Duloc q.e os pro-
targonistas se apaixonam. A princesa, então, desisLe da união com o[-.rclc Farquaad para se casar com o ogro. erranclo Íinalmente sebeijarn, pitra surpresa cle toclos (priblic. e person:rgens), Fiona
assurne a fcrrma de ogro.
o prirneiro longa-mctr:rgem termina cor. Lr.la s.til volta aos
cl:issicos fir'rzris de filmes, novelas e contos infantis, ou seja, com
toclos os clesentenclimentos resolüdos, sugerinclo que, apesar da
aparôncia, o casarl será "fêliz para scmpre". Entrctanto, no segundo
filrne terrr início a clcsconstrução clessa idéia. o filme slrek 2 foca-
.Josil;rinc ()otrça\'es dos Sarrtos' l'etícia de 
Mot aes c ThaísVirrgas Menezes 245
liza a vivência desse casamento' não rnais limitado 
aro casal' mas
repleto de novos elementos e personagens' aPret"rr*'-O^"^:1:t-
conflitos e difrculdades que o casal enfrenta para 
permanecer Jun-
to. Ao retornarem cla lua-de-mel para o Pântano' 
eles recebem a
notícia cle que c,t P;t' àe Fio'-"t desejam oferecer um bailc 
real' na
cidade de Tão Tão Dist.ante' para comemorar o 
casamento e conhe-
cer o marido da filha' osos, acredi-
De um lado, os pais de Fiona a aguardam ansl
tando que o feitiço tt qt"b'ou' De-outro' Shrek percebe 
que nao
será um .rt..,t'L'o'"tãã*'"' pois não está acosttlmado 
a ser aceito
socialmente. A decisáo de fazer a viagem já é c-omplicada e' daí 
por
diante, surgem os diversos conflitos l"li1(]lot'tdos à aceitaçáo 
social'
à decepçáo da famí1ia e aos questionamentos d'e 
Fiona e Shrek
quanto aos ideais construídos ao longo de suas üdas'
Nesse contexto' podemos pt"Ã"' que Shrek não veio ape-
nas quebrar o mit<> clà beleza; mais do que isso' veio 
trazer um
protagonis,, qtte: 
-tt- 
conflitos' dificuldades' rnedos e inseguranças'
fJm sujeito que está muito mais próxirno do ser humano 
do que
o Príncipe Encantado' Qüe' como o nome 
já d\z' é um encanto'
uma mágica, uma f"'t:lúa' impossível cle ser alcançada'
'oA felicidade está a urna lágrirna de distância"3
A viagern realizada pelos personagens Para chegar 
ao relno
de Táo Tão Distante e a ansiedadt deilo'-"trada 
pelo Burro dei-
xam claras a' aifilt'ldacles e a distância entre o 
mundo real - a vida
que Shrek levava no Pântano - e o rnundo idealizado' 
uma cidade
que guarda sEmelhanÇa com Hoilywood' a ciclade das 
estrelas'
Imagina-se qr-re no rnt"-"io ideal exista tudo o que 
se deseja e que'
aPenas dessa to"''o' seja possível ser completo' E 
isso não é apenas
uma expectativa Particular' mas algo estimulado 
socialmente' Este
é o lugar do "feliz Parzr semP"" ã' longe dessa realidade' 
o que
existe é urTra r''ida desinteressante'
@ac1rinI-r:r,PerSonagemclofi1rncS]lreh2,aodir'.ur1-
EJar sclrs scrnlÇos
246 ,gros não vivern fe lizes para sempre: 
.m clebate sob.r: re racionamentos icrearizados
Mais r_rma vez, o Burro retrati
ao enrr?rr na ciclade: ,,Daqui 
,., ,r:;::"JT:T:IrH?r:t::ffiiEssa sensação pod.: rrr ,.à-ianhacla pelos espectadores por meiod:r mrhsica que, el,, tom holl,aroodiano, quebra o quase s,êncio daviagcm.
A ciclade está em festa,.i,ntamente com o rei e a rainha, parareceber o novo casar' Quando shrek e Fiona crescem da carruagem,r-rir-rg,ém co,seg,e.disfarçar a surpresa e a decepção; 
.iustamente orei'o de Tão Tão Distante está ."..p.io.r.ndo ogros. E não é umpar qualrluer; trata-se da princesa do reino e de s.u novo marido,ftrt.r<>s reis. Toclavia,-'o mais desapontado é o pai de Fiona. Oencontro cro casar real com o casal de ogros 
-r..a, nurn diárogomuito bem engendrado, a angústia r.iücra por tod.os d.iante de umasituação inesperada para a q.i.t ,rao há script sociar preparado.
saber como arrminisrrar ranros .oror;t;tT rt"J Iil i[TI ;:::Suas Iágrirnas acionarn,, imecliatamente, a Fada Mad.rinha, que sur-ge cantanclo:
A sua lágrima caiu, por isso eu venho ajudar
o seu desejo alguém ouüu, princesa, pode confiarNão se preocupe, eu estou aqui para dar um jeito em tudo,Só com...
Um toque do meu condão
Nào há mais prcocupaçào
O seu pinripe logo 1tn j 5yyg.iy
Com mrtito 0ur0 a reltrzir
Vesticlo assim todo de cetim
Cristais reluzentes e jasmim
Não há mais por que se preocupar
A sr-ra mobília vai te ajudar
Você ua,i uer.,.
Su,a, e.çtrela. b,n,lhar!
.Josilailc Cktnçirh,r:s clos Silutos, l,ctícia clc N,Íoracs c ThaísVargas Mcnezcs 247
lrre.si.síútel,, Linda d,emais !
lIi.l, ltnnciPes corre.'nd,o atrás
Seu nome ntrncl vão esquecer
Pra tttn final feliz eles querern você
A car:nragem, que ernoçãol
E um cocheiro bonitão
Os clentes mais brancos irão surgir
A celulite vai sumir
E só pra você...
Tcm um bi.clton frizâ.
Pó-de-arroz e batolr-r
A aparência que dá o torn
Exercícios e jejum
Pra ettcontrar o melhor burrrbrlrn
Pra comcr" só bufÍêt
Príncipe amando dançar corrr você
Vão deitar ao luar
Mil canções r'ão cantar
Que salãol
{!ue mansãn!
Com. rlin,h,eiro d,e morttão!
Muitrt cor, mu,i,ttt, 
-flor
O .seu, ltrínciPe é um am,or!
(griÍ-os nossos)
Esse momento do filme Suscita urna questáo rnurto rnteressan-
te: a música entoada pcla Fada Madrinha, apesar de ser apresen-
tada corno urna sálira, abarca uma série de discursos atuais, presen-
tes na mídia, corn promessas urirabolantes estampadas em campa-
nhas publicitzirias de vários produtos e serviÇos do mundo real. As
opções são diversas e, seglrndo essas carnpanhas, ao adquirir deter-
minados produtos, será possível: "revelar a estrela que existe ern
você"; "transforrnar seu corpo numa obra de arte, deixando todos
248 ()g t os tl io vi'r: Il l íilizcs para scrnprc: rr r n clcba te soi» r' rr lacionar)rcn tos iclc.lizaclos
os iror,,clls ern êxtase"; "ser trma cliva"; e aincla ter ,.o luxo deÍra.rslornrar o tempo", porqlre, afinal de contas,,.você pocle ser oqrre qrriser".'1
Ern 2005, .ma renomada [rarca cre proclutos de bercza lan-
corr zlnr'rncios, en-r formaclc comercial, outcloors e peças impressas,
rrt.ilizanclo a'ralogias co.r vários personagens de contos de fada.
llr-na cias peÇas traÇava urn paralelo com a história cla Cinderela.
N:r f<rto cl. ..rincio, haüa urna bela modelo, vestida cle princesa,
cnvolta por r,ári:rs m;1os oferc--cenclo-lhe sapatinhos dc cristal e a
scetrintc Íi-irse: "Cl:rbriela'i'ia sonhar-rclo com o príncipe encartado.
Mzrs, cle--p.is clue pass()u zr Lrsar [...], foram os príncipes que percre-
t.tlnr o s()t-t<;".
Assir-n corncl os co,erciais, .ovclas e filmes tarnbém podem
cxercer inÍluência na constrl.rção rie identificações com rnodelos
rrridiáticos. Por vezcs, para o pÍrblico, os personaqens extrapolam a
tclir c .a história :r que pertencern, sendo confundidos com os artistas(lue ()s intt:rprct:lm. A cliferer-rÇa e1-rtr-e arrista e personagem nos parece
tão clara q,e não ir,aginarnos neilr cornpreendemos que alg-umas
pcsso:rs não cor-rsigerm fazer essa distinção. Contudo, não raro toma-
rnos conhecimento cle atorcs que üvem ülões sendo interpelados na
rua colrr rcclalnações do público por terem praticado rnaldad.es. Essa
falta cle clareza ralvez explique tambérn algtrrlas ilusões que se têm
sr>br-c cssas pessoas, tão í,ümas de se, púrblico pela proximidade
conr o pcrsonagerrl, lrrirs tão clistantes cla rezrlidacle daquele profissio-
nal, p<;is, de seu coticliano, pouco se sabe.
E,star s<:rnpre bonito, bem acompanhaclo de Lrnl par igual-
merlte atraente, ir a toclas as festas, ter dinheiro para comprar o
qtrc quiser, fazer üagens rnirabolantes, freqüenLar hotéis e restau-
rant.c-s requintaclos são algurrs dos itens que integram o sonho con-
ternporânco de príncipes c princesas rnostrados na míclia como
celcbriclarles. Diante do discurso transmiticlo pela míd.ia, podemos
pc-'ns?rr cm respost.as a sereÍn apresentadas cliante dessa exigência
As {rasers clcst:lcarlas são slogans cxtraídos cle anúrnci<>s de prodlrtos de beleza
c r()upas irrrblicaclos, no início clo século XXI, cm revistas de interesse geral.
-f osilaint: (11rrrçaivcs clos Santos. Letíci:r r:lc Moracs r:'I'haís Vareas l\{enczes
social. Ccrlamente hanerá qucrn não se sinta compelido a ceder ao
apelo desses cornerciais. Outros, em médio prazo, poderão desco-
brir que não são capazes de 
- 
ou não suportam 
- 
sustentar esses
modelos. Há ainda aqueles que irão buscar essa perfeição idealiza-
da, respor-rdendo de forma imediata aos apelos da mídia, colocan-
do*se na clesenfreada busca por atingir o padrão indicado. Nesse
carninho, novos produtos são divulgados corno mágicos e parecem
conduzir a esse padrão que muitos dese-jam alcançar.
A construção de Lrm corpo, que se t.orna um veículo capaz de
abrir portas como um cartão de úsitas, é mais um dos objetos de
consurno propaeados na atualidade. LLn exemplo disso é a prática
indiscriminada de dietas severas, plásticas, tratamentos corrr resulta-
dos duvidosos e uso de produtos para emagrecer, corn o intuito de
alcançar os paclrões de beleza estabelecidos. Nesse contexto, o
envelhecimento terrr sido percebido e recebido com ternor por Lrrrra
eeração que busca a peffeição estética e a e ternização da juventu-
de. Ser moderno significa ser jovem, belo, atualizado e capaz de se
desfazer do que é visto coÍr1o antigo ou fora de moda.
A cornpreensão que temos do tempo 
- 
ern que o hornem é
a constanLe e o tempo, a variável 
- 
nos faz pensar que ele passa e
nós perrlanecemos. FIá um receio de "acabar", orl ser descartado,
que parece se refletir na busca pelos produtos, técnicas e receitas
de rejuvenescimcnto e embelczamenLo. Homens e mulheres pare-
cem desejar parar o tempo, e os denominados milagres da ciência,
para quem tern acesso, vêm ocupar o lugar das fadas madrinhas.
Segundo Campos c Souza (2003), a mídia assume um papel
significativo na construção de valores culturais, pois está presente
na úda de muitas pessoas. A televisão, por exemplo, é urn veículo
de grande alcance. pois atinge Llrn público de todas as faixas
etárias, de diversas classes sociais e por um grande inter:valo de
tempo. De acordo corn essas autoras, "vale refletir sobre o papel
da mídia, especialmente o da publicidade, na construção de novos
padrõcs identitários para crianças. jovens e adultos a partir dos
signos de prestígio fornecidos pela cultura do consumo" (p. 14).
Além disso, Brito (2005) acrescenta que os meios de comunicação
25O ()gros Ilao livc'II Íelizes Para scnlprc: rrrn clcb:rle sobrc rclacionamcpt.rs idcitlir.lclos
"atingem a sr.rhietiviclacle cle 'consllrnidores cm potencial,, afetan-
do fbrmas clc virrer, de construir e cle se constituir nessa realiclacle
sócio-histórica" (p. 48).
A pers.n:rsern Facla Maclrinha nos remete diretamente à fan-
t:rsia q,e muitas vezes temos sobre uma solução rrrágica para os
problemas. Por vczes, slrrge a impressão cle que, se a ücla f'osse umÍilme, t,clo seria mais fácil, pois o "Ílnal feliz" estaria çrarantido.
A interligação ent.re beleza c finais felizes, veicul:lcra pcla
rníclia, tambd'm pode ser percetrida em algumas novelas exibiclas
reccntcrnente na televisão brasileira, corro ped,ro, o csca?noso,5 cho-
cola'te cont. ltitnlttta, e A .feia ntrti-s bela.i os protaconistas clesses enre-
clos são, freqirentcn)ente, riclicularizaclos por seus riv:ris deviclo à
sr-ra aparêr-rcia bastante caricatural. Apesar cle conquistarcrn seus
pllrcs, l)o clccorrcr tl:r l-ristória eles se transformam, revclanclcl não
a bclez;r interior, rnas a beleza escondicla por trás clc acessórios e
nraquiagens. Dificilmc'nte, protagonist;rs clas novclas que têm corloÍoco essa temática pcrm2lr-recetr-t conr a aparôncia bizarra até o fim
da trama. os :rutores abordarn a qlrestão do padrão social cle beleza
cotrlo se pretendessem desconstruir o binômio felicidacle-beleza,
mas, r'lo clcsenrolar cla obra, o galã parece ser prcmiado. Ao se
apaixonar por alg,ém com aparê'cia fbr. dos padrões, descobre
qlre, corn acessórios e vestuários da moda, ela se torna uma pessoa
cle aparência exuberante.
o rcsultado obtido nesse tipo cle proclução é a reafirmação
clos padrõcs cle beleza, visto que, ao firn da trama, a personagem
dita fcia sc encaixa nos moldes de exigência social para que, enrão,
os protasonistas sejam "felizes para sempre". Iseste scntido, o filme
sh,rek. sc clestaca da maioria das procluções, pois, 2rpeszlr cle o casal
vivenciar conflitos relacionzrdos à aparêncizr, aos hábitos c li condi-
ção social, no crlccrramento cla pelíc,la olrve-se a frase: "... c üve-
rarn feios para scmpre". os cor-rflitos, por(:rn, sc destacam durante
.|osilaine Gonçalves dos Santos, Le tícia de Moraes e Thaís Vargas Menezes 251
alguns momentos da história. Quando resgata Fiona, Shrek sente
vergonha de tirar o capacete, tentando impedir que a princesa veja
seu rosto. Já em Shrek 2, o ogro const.range-se ern dizer à família
da esposa que rnora nurrr pântano e tenta descrever sua casa de
rnaneira bem diferente da realidade.
Shrek percebe que, antes de conhecê-lo, Fiona sonhava casar-
se com um príncipe encantado. Por essa razão, conclui que Fiona
seria mais feliz se ele também fosse um príncipe. Assim, procura
a Fada Madrinha para resolver seus problernas e se submete aos
efeitos 
- 
clesconhecidos 
- 
de uma poção na busca dessa suposta
felicidade.
Nosso herói ingerc a poção para tornar-sc urr.ra "nova pes-
soa". Esse tipo de mudanÇa exige alguns sacrifícios: ele teria de
abrir mão das coisas que mais gostava de fazer para ficar de acordo
com o que era esperado. Esses sacrifícios explicam o slogan utili
zado pela fada ao afirmar qr-re, para alcançar esse tipo de felicida-
de, ao menos uma lágrirna deverá ser derramada. A poção gera
resultados surpreendentes, pois Shrek não se torna unl ogro mais
bonito, mas se transforma em olrtro tipo de ser, tlrn hurnano, nos
rnoldes dos que r.iüam em Tão Tão Distante. A rrrudança é tar,ta
que ele declara "aqui vai o novo elr". Seuamigo Burro tarnbém
experimenta o produto, tornando-se um belo cavalo branco, perfei-
to para acompanhar um príncipe. As diferenças são irtediatas, mu-
lheres caem aos pés de Shrek e a cidade Passa a admirá-lo.
Encaixar-se nos padrões estéticos (re)produzidos pela mídia
tern causado desconforto a muitas pessoas, qlre se vêem escravas de
modelos distantes de sua realidade. Na perspectiva do "vale tudo
para ficar mais bonito", o rnercado cle estética tem-se desenvolvido
nos últimos anos nào apenas com produtos destinados a seres
humanos, na medicla errl que já se oferecem linhas de beleza com-
pletas, roupas, esmaltes, perfumes, xarrtpus. corretivos para os olhos,
reflexos e luzes para pêlos de anirnais de estimação. Esse é rrrais um
exemplo do lugar que a beleza ocupa na sociedade contemporânea.
Ao problernatizar possíveis influências da mídia e do consu-
rno na vicla das pessoas, é importante ressalLar qlle, apesar de as
! Proclução cxibida pcl:r Rccle -l-Vl, cnr 2003. No ano sesuinte, css:r nlesma
. 
crnissora rc1>risou outra telenovela nos mesmos rnoklcs, Beth., cr,.fàia.{' Pr<rclrrção rla Rcde Globo de Telcüsão, exibicl:r cn 200?t/2004.i 'l'erlcnovcl:r vciculada pelo Sisterna Brasileiro clc Televisão (sI]T), cn-r 2006.
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252 ()grosnâor.irt-rníilizt:sp:lras{:llrpre:Lrrnílebaícs(!t)rírrelarci()niirDantosi.irializados
Íantasias e ideaiizações estarem presentes em toclos os rneios decornunicação, elas são aprese1rruào, de ma.eira cliferenciada. En-qllanto os enredos das novelas e dos firmes geraknente são üstoscomo .bra de Íicção, as irusões arimentacra.'p.," frolicidade de-rnollstram associação rnais direta corn a rearidade. propagandas eanrincios de produtos fornecem orientaÇões nos carnpos afetivo,sexual e estét.ico, assegurancl<> os resultados prometidos.
"Isso está errado. Você não dever.
Maxin.riria,o e pinh.i.. (20;l ;;:*;il:"] 
.,_^ série declesaÍlos que a rn,lher rnoderna encontra, apontando ser coÍn.rm orelato das q*e se vêem di'icliclas entre a czrrrcira e a materniaade,com diÍlcr_rldades para conciliar os clois afazeres.Compreenclcr urn pouco as mudzrnças obserwaclas no com_portamento f'cminino ,as úrtim:rs décacras pocle ser mais simpresp.r mcio cla cotnpltt'açào ctrtre três ue.ações cle rnulheres, trabalhoefetrracl. por coutinho (Igg'). segundo a autora, na conÍiguraçãofamiliar q,e predominou aré as p".iro.i.., clécadas clo sécuro XX,as r,ulheres dedicavarh a üda aos maricros, aos filhos e ao lar eest.avam vortadas ao âmbito privado, enquanto o homem atuavaprioritarizrmente no espaÇo púbtico, no qual buscava o sustento d.afamília' A partir cra décacla de 1960, com o movimenro fêminista,s,rsiu uma geraÇão que lutou pera igualdacle entre os sexos, ques-tio'ando ?1 post,ra assumida pà. ,r., precursoras. Notou a pesqui-sadora qrre a m,rher do te.."i.o milênio apresenta uma mescra decomportamentos que ainda incluem ideais característicos das gera-Çõcs antcriores. como também veicrrlado r-ra rnídia: ,,Mais arrcrjada,cssa nova geração de mulheres corteja os homens, recrama de suaperfornrancc' rnas aincra espera o príncipe encantaclcl ,, (rstoE, agos-to de 2OO4).
A dcnorninacla .,nova rnulher,,
r.i cla p úrb I i ca, c on q u is ra n do i,. a. p 
",-,a 
!: I:?]':ttr::Hil.r.§;t"j ;i
Llma carreira profissional, resultado das lutas pela igualdade de
direitos. Todaüa, "parece que elas náo queri"t t"'] abrir mão do
poder que sempre exerceram no espaço privado do lar" (Coutinho'
1998, p. 92), ficando sobrecarregadas na adrninistração de todos os
papéis aclquiridos.
Na histór ia em debate, a personagem Fiona também oscila
entleComportamentosCaracteríSticosdediferentesgeraçõesdemulhe-
res. Ela PeÍ'lrnaneceu durante anos numa tolre' como uma mulher
frágil e indefesa, à espera de um príncipe que üesse salvá-la' Shrek foi
recebiclo com uma iinguagem poética e exigiu-se dele urn comporta-
mento cortês, corrlo o esperado de trm nobre cavalheiro'
No clecorrcr da história' porém' revelam*se características
bastante inusitadas cla princesa' Sr-ra delicadeza' fragilidade e ro-
rnantismo coçvivem com hábitos estranhos à nobreza' como o de
saborear rz1Los no espeto' Ném disso' ela demonstra coragem e
força ao ltrt.ar com vários homens e sabe lidar mtlito lrem com as
aclversiclacles cla Íloresla, conseguindo comicla e lcnha sem grandes
esforços.Fion:réquerntomaasdecisõesdocasaleShrek'apesar
de esbravej.., t..É'n acatando as ordens da princesa' Também no
f,rlme Pc.t,ra sempre Ci,nclerela (Andy Tennant, 199s), que pretende ser
LlmanovaversãodahistóriadaGataBorralheira,aprotagonista
preselva vários aspectos da clássica Cinclerela' mas é uma mulher
decidida e fbrte, 'qt're auxilia o príncipe em várias circunstâncias'
Na visão de Figueira (tg8O)' a sociedade vem tentando se
adaptaràsinúmerasmudançasqueacontecernnaatualidade'oque
não é urrr processo simples, üsto que muitas rnodiÍicações podem
nã<'rocorrerdemaneiraautomática.Ernalg.trmasesferas,elaspodem
se clirr com facilidacle, mas em outras podem gerar angústia e
ambigiridade. Dessa forma, mesrrlo nltma sociedade ern que tudo
," ,oir-r. obsoleto rapi<lamente' antigos icleais' que' por vezes' pare-
cem ter siclo abanclonados' conüvem com os novos' Figueira afirma:
ic,rl.rrrc Cloricalrtrs clos S:rutos' I-e tícia de Moraes e ThaísVargas 
Mertezcs 253
Os jomais, :r televisão e as conversas clo cotidiano estão
cheios de situaçocs que mostram bem as difrculdades' o
mal-estar e mesmo a profunda angústia que podem resultar
cla üda nlrma socieclacle na qual não apenas os objetos' mas
ILc:rç:ã..c Fio,a ao tescobrir- quc esperotr cr.rante ir,os porum prÍncipe,n-ras foi s:rlva por Llm oÍ{ro.
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ill251 ogros não ri're, Írrizt-i para sempfe : rrm crebate sobre rcracio,amentos icleariza<i<>s
também a família e a subjetiüdade, parecem estar constan-
temcnte ern transformaçào (p. 12).
Durante nossas pcsquisas em jornais, revistas, músicas e fil-
mes, encontramos vários exemplos dessa coexistência de modelos
e icleais, corno a música "Barbie girl" (2005), cantada por KellyKev, amplamente cliv,lgada em rádios e programas da teleüsãobr;rsileira. Nessa canção, configuracla na forma de um diárogo
entrc os Íamosos bonecos Barbie e Ken, fica em evidência a
alt.:rr-rância entre ccrta fragiliclacle e dependência f-cminina e ca-
racteríst.ic:ls com() determinação e domínio, freqüentemente atri-
brríclas :is mulheres modernas:
Sou a ba,rbic gzrl
Se você quiser ser lr-telr narnorado
Fica ligado, presra atenção
Na minha condição
É dif..er-rte, sou muito exigenre[ .]
Sou assim uma flor delicacla dcmais
NÍinha cor preferida é o rosa
LIma loura legal e que sabe o que qlrer
Decidida, f:rtal, rnas dengosa
Você pode me ganhar
É só fazer o que eu mandar...
t.. l
Se eu peclir uma estrcla
Você vai buscar,
O meu jeito é assim
Não rcclarla.
Par;r l).wling (1986), é conro se a "nova mulher" vivesse
nulna garfgorra cnLre dois con-iuntos de valores, o velh, e o novo.
cont.udo, poder,os observar qlre essa rnistura de papéis e de ideais
Josil:rine Goncalvr:s rjos Santos' Letícia de Moraes e Thaís Vargas 
Menezes 255
náo ocorre aPenas corr.r o sexo feminino' Olhando para a família
conLemporânea ocidental, percebemos as dificulclades atuais em
saber de que maneira atuar, bem como entender qual é o papel
de cacla membro cia família'
Dias (2000) constatou em sua pesquisa que os homens' atual-
mente,tarnbémsepreocuPameil].resolverconflitosconjugais,mas
costllrnam ,.r: ..,..,égias distint'as das mulheres e por isso criticam
propostas femininas para "discutir a relação"' Já Giddens (1993)
obserwa, numa perspectiva sócio-histórica' que' às mulheres' vem
senclo atribuícl:r , ..rpor-r..bilidade pela manutenÇào e pela quali-
clade da relação con-jugzrl' Talvez isso explique o esforÇo constante
que muitas clespendeln eln rePensar a identidade conjugal' buscan-
do maneiras cle renovar a conquista de seu par. Essa preocupaçãopocleserobservadaernrevistasqlreoferecemconselhosàsleitoras
para que náo percam o parceiro, por vezes sugerindo verdadeiras
receitas mágicas.
Diarrtedeimportantestransformaçóessociaisocorridasapartir
da luta femir-rina pela igr-raldade, algumas mulheres corneÇaram a
acurnularatribtriÇõesdefinidasantCriormentecomomasculinas.Esse
processo, além de provocar uma sobrecarga nas mulheres' pode
contribuir, corrro ,r,.gl"t'rr alguns autores' para uma desvaloriza-
çáo da figura rnasculina'
Brito (2005) clest.aca que esse aspecto pode se tornar Ínais
visível no coratexto da separaçào conjugal quando envolve a guar-
da cle fill-ros. FIá uma suposição social de que apenas as rnulheres
são capazes clc cuidar bern das crianÇas' Por mais que' na atua-
lidade, os pais sejarri incentivados a participar do cuidado dos
filhos,elesaindasãovistosCorTloarrxiliaresdasesposas'cnão
corrro Pessoas c()m autonomia para fazer isso sozinhas' No entanto'
a autora afirma que
a luta travzrd:r pelo Íêminismo, de acordo com as que lide-
ram na atualidade, náo aponta para uma troca de lugares e'
sim, para a não-discriminaçáo, fato que conduz à interpreta-
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256 C)gros ruio vivcrn lclizcs para sernprc: rrm dcbate sobre rel:tcionarncntos idellizarlos
ção de quc redimensionar o papel, ou desmislificar as dif'e-
renÇas até então sustentaclas, não significa assul'I]ir o lugar do
olrtro, tenclo, para isso, que o desclualificar (2005, p. 52).
Nesse contexto, também podemos destacar a personagem Fada
Madrinl'ra, ernpresária de sucesso, dona da "maior fábrica de po-
ç:i>es de todo o reino" e mãe do Príncipe Encant.ado. Em moúlento
alsum clo longa faz--se menÇão à exist.ência do pai clo príncipe. Em
contrapartida, a "strperrnãe" Facla Madrinha está sempre presente,
<lispor-rdo-se 21 resolver todo e quirlqucr problema qlre o filho possa
vir a tcr. A rel:rÇão cntre mãe c filho se dá de tal forma que
Encar-rtaclo tornou-se Lrm adulto irnaturo, dependentc c incapaz de
solucionar seus conflitos. "fodas as vezes que elc tenta se posicionar
()Lr resolvcr zrlgo, é surpreendido por frases como: "Marnãe cuida
clisso". Os cuidados da mãe envolvem desde o penteado do filho até
zr escolha da esposa.
Pcnsando, então, nas mudanÇas Presenciaclas nas organiz-a-
ções familizrres, ó preciso colrsiderar alguns pontos. Se o que haúa
até o início do século XX era uma visão mais homogênea sobre a
farníli:r, con"r papéis beur deÍrnidos, esta foi senclo desfeita ao longo
clo século. "No context.o contemporâneo, zrs relações são pluralistas,
a diversiclacle e a flexibilidade tornaram-se valores importantes na
const.rução das famílias e clos casais" (Dias,2000, p. 11), corn maior
liberdircle para o desempenho de papéis.
. 
Poclernc)s compreencler que muitos foram os ganhos obtidos
por meio cla arlpla possibiliclade de qltestionar e modificar estrr-
tur:rs t: vzrlrlres sociais rígçidos. Porérn, colrlo otlset-r''am Rcrger e
Luckmanrt (2004), r-rz.-rtt sc pclclc clcixar clc noLar qtre csse processo
tencle a trazer't-rlr.r peso enorl-rle, por nos cncontrarmos imersos no
n()vo c no clcsconheciclo. Diante das ir-rúmeras opções quc nos são
of'crccidas, as transformaÇõcs parecem deixar cle ser uma possibi-
lictacle para ser rrrna obrigação. Hoje, é constante a renovação das
reÍêrências, trrclo fica trltrapassado com muita rapidez, trazendo
Lrma sclrsação de clesorier-rtaÇão e insegurança para algnns.
l<>si)rriuc GonÇalvcs dos Sarltos, Lctícia de Moracs e Thaís Vargm Menezes 257
'oEu qttero o que toda princesa qlrer, ser feliz pra sernpre""'e
Acompanhando alguns programas de televisáo ou revistas de
grande circulação que têúr por objetivo relatar a üda das denomi-
nadas celebridzrd.r, é po,'ível obsewar a importância dada' pela
mídia, aos namoros e casamentos cle nossos ídolos. A freqüência de
divórciosearapidezComquesedissolvernosrelacionamentos
surpreenderrl os leitores. Esse tipo de união-relâmpago entre os
famosos costuma ganhar destaque'
Encontramos assim, com cerL? freqüência' casamentos espeta-
culares, corn l.estas maravilhosas, clentro do sonho alimentado pelos
espccLadores, colocando essas estrelas no lugar desejado pelas pesso-
asComlrns,qtrerecebemaClassificaçãode..mortais,'emalgunspro-
gramas cle teleüsão. Uma nornenclat,rrra interessante, porque defini-
áo, po. analogia, as celebridades como imortais' ou seja' deuses'
seres especiaiç ou 
- Por que não? - encantados' Todavia' tarnbém é
muito comuÍn que alguns desses casamentos tragam um lado da
história Pouco (re)conirecido por nós: depois do sim' eles não forarn
felizes para semPre. Ccrtos rompimentos conjugais de famosos são
er-rcarados com incompreerlsão, pois o que conhecemos são as fan-
tasias que construímos a resPeito cleles e que podem estar encaixadas
enlnoSSaSiclealizações.Aquelaatrizlinda,bem-sucedidaeSempre
,,simpaticíssirla" encontra um empresário "superdivertido", sernpre
p..r".ra.nasfestasrlaaltasociedade'querespeitaotrabalhodela'
alérncleterLrmexcelentepatrimônio'Casam.seenemsemPrecon.
seguern strstentar a relaçáo por muito tempo' E os tais "mortais" se
perglrntam: o (lLrc pode haver de errado nesse casamento? Essa
pergunta curios:l talvez Possa ter resposta quando se perceber que
esse relacionamcnto não é diferente clos outros'
SeráqrreelesnãoSlrPortararrrasclif.erenÇasexistentes?Será
qlrc 21 atriz é Lão bonita quando acorcla cle manhã? E o empresário
é tão divertido quando chesa cansado de um dia de trabalho?
Clomo pocle um iasal tão "perfeito" se desfazer? E o medo tzlvez
e Fala da personagem Fiona'
258 ()gros não livcrr fclizr:s para scmprc: um cicbatc sobrc rclacionarnentos idealizaclos
scia o scÍfuintc): sc esse casamento icleal r-rão foi bem-sucedido, como
scrá o merr? São'esses morrlentos que transforrrram príncipes e
pri ncesas etrl ogros, em pessoas co[ilrns, nos tais "rnortais" aos
quais os programas se referem. AÍinal, o que garante a rnanutenÇão
cle urn relacionamento?
At.ualrnente, devido ao ritmo acelerado ern qr-re se üve, não
sc podr' perrler tenlpo com irrvestimentos que nio gerem resultados
satisfatórios imcdiatos., Tudo cleve ser funcional. A procura por um
parcciro é pessozrl, de rnoclo que o reton-ro esperado também é, e
cleve atenclcr às demandas indir.iduais dc prazer e satisfação.
Diers (2000) propõe que a construção da rclzrção clo casal
contcürporâneo seja vista a partir cle três etapas, sendo a primcira
cle enarnoramernto (amor-paixão) e a seguncla de constmção da
iclcntid;rclc conjugal, momento enl qr-re é possível delinearr rotinas,
papóis c regras. Tr:it?l-se, port?rnto, clc rrm procrcsso que possibilitzt
o apzrrc:cinrcnto ci:rs diÍ-crcnÇas c exigc zrcornodações para que se
chcgr.re à estzrbilidade, consolidacla na terceira fase, qlrando o
arnor se baseia mais no companheirismo (amor-cornpanheiro) do
que na paixão inicial.
A primeira etapa é o início do relacionamento, quando
duas pessoas estão se conhecendo e se apaixonam. Ttrdo é mais
intenso, principahnente a sensação de estar vivendo urna felicida-
clc que semprc foi buscada. O parceiro aincla é pouco conhecido,
I'acilitar-rclo que idealizações e fantasias sejam deposit:rdas sobre
cle. O princípio da relação assemelha-se aos padrões do chamado
"arnor rornântico , que, segundo Giddens (1993), "apóia-se no
otrtro e idealiza o orttro, c projeta urn curso do clesenvolvirnento
firtrrro" (p. 56).
O proccsso dcscrito por Dias demanda Lempo. Não se trata
de tun tetr.rpo cronolírgico, dc clelimitar a duração que ulna rclação
deve te r, rnas cle se considerar a necessiclade de uma convivência
prrlixirna para a consimção cle qualquer relação que chcgr-re a atin-
qir a esfcra íntima. O períoclo cle cada uma das etapas é relativo,
mas o irr-rportante é perceber que essa primeira fase é a mais
prtiximzr cle nossas idealizações.
.Josil:rinc Gonça'h'es clos Sant-os, I-etícia de Morlr:sc Thaís Vargro Menezes
Giclclens (1993) expõe que é no amor românLico que surgem
as fÍrntasias cle "amor à primeira üsta", com o conhecimento intui-
tivo do outro por ulrla simples t'roca de olhares' A fantasia e o
desejo de úver uma história de amor, de viver "felíz para sempre"'
como aprendernos nos contos d'e fada, PareceÍn se concretizar' Se
pensarmos nas histórias rornanceadas a que assistimos' esse mo-
mento é üsto como a rePreser-rtação fiel da relação cornpleta'
o,.amoràprimeiraüsta,,ébastanterctratâdoerrrfilrnese
novelas, nos quais apenas um encontro do casal é sllficiente Para que
se apaixone e se mantenha uniclo até o fim da trama' Certarnente'
eSSeencor-ItropodesertnarcadoPorumdesentendimentoouocor.
rer enqr.ranto os personagens ainda têm outros parceiros - e o ro-
mance entre os Protagonistas só clesponta' na trarna' rnais tarde'
Além do encanto clos primeirr:s olhares' tarnbém podemos nos
leu-rbrar clc alguns olrtros mitos que envolvem o primeiro beljo do
casal. A protagonista de O ct'iítrio clcr' princesa (Garry Marshall' 2001)
aguarcla o rrlenino "certo", cujo beljo faria leütar seu pé' Jâ o casal
de E.scn,to .n($ estrela^t (Peter chelson, 2001) tem sell beijo agraciado
CoI]losomdesinos.Es[essãoalgunsdossinaisqueosContosdefada
propõcm para que o casal tenha cett-eza de que deve ficarjunto' de
que "foram feitos um para o outro"'
Podemos constatar que os primeiros morrlentos rlo encontro
do casal, ret-ratados em filmes e novelas, são os mais interessantes,
carregadosdefantasias.O"feltzparasempre"'trazidopeloencer-
ramentodahistória,buscaexatamenteaeternizaçãodessemomen.
to em que os comPonentes do casal üvern um relacionamento
ideal. O dese-jo de que o romance possa permanecer mágico' sem
qualquer dificuldacle, é o qr-re entendemos como a exPectativa do
"felizes para semPre".
Cabe, no enLanto, ressaltar que' conforme já exposto' esse
"para scmpre", ou a "eterr.lizaçáo", náo guarda relaçáo corn o terrr-
pocronológico;trata-Sedeumamedidadaintensidadedorelacio-
namento ou da feliciclade úvida' Tivemos acesso' por exemplo' à
ma[éria de uma revista feminina que apresentava histórias de algu-
mas rrrulheres qLre haüam conseguido ser "felizes para sempre"'
,
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;
i
I
1tr
260 oqros I:io vivsu Ít:lizes para serrprc: rrm cle b;rrc sobrc r olat ionamell6s icicalizaclos
E,ntretanto, o que rnais chamou atenÇão foi perceber que as tais
mulheres eram.iove,s, co,. menos cle 3o anos, e qlre o relaciona-
merrto mzris longo haüa duraclo uÍn ano.
Essas expect.ativas também podern ser observaclas em algumas
rnúrsicas, corno a q.-re canta vanessa Da Matta (2005), que descreve
.rma ücla ptrradisíaca, 
.em que tuclo é perfeito, rnas ainda assim
passageiro:
Se você quiser, eu vou te dar um amor
f)csses cle cinema
Não vai te faltzrr carir-rho,
Plano ou assul-rto ao iongo do clia
Se você quiser, eu lzrrgo tudo
E vc.ru pro munclo com você, meu bcm
Nessa nossa estrada
Só terá belas praias e cachoeiras
Oncleoverltoébrisa
Onde não haja qlrem possa
Clom a nossa felicidade
Vamos brindar a üda, meu bem
Ondeoventoébrisa
F, o céu claro de estrelâs
O que a gente precisa
É tomar um banho de chuva,
um banho cle chuva.
O amor de cinerna, citado na mírsica, é unr ronrarrce capaz
cle cornportar toclas a.s icle:rlizações. Se na vicla real todos os clias
trazcil-r noviclades e cl,esafios, principalmente na rnanutcnção da
vicla a clois, o cinema estabelece um limite, porque tem um fim. Até
dctermin:rclo ponto da trama, muitas clificr-rldades apzrrecem, .'as
c:xiste urn momento ern que tudo é resolüclo e, a partir clesse
desfecho, as estraclas sempre serão bera.s, como vimos na música.
Josil;rine Cloncalv<:s clos Santos, Letícia de Moracs e 'I'haís Vargm Nlenczcs 261
Dias (2000) consiclera que, numa relação, existem o "eu", o
"ele(a)" e o "nós" e que, no início do relacionamento conjugal, o
riltirno tem todos os priülégios. Em nome da eternização da felici-
dade do "nós", busca-se afastar qualquer problema, sendo cornum
que as partes cedarn excessivarnente Para eütar o conflito. A idéia,
tão exaltada, de que o casal é formado Por pessoas que se comple-
tarn e que, para tanto, devem ser iguais ainda predomina. Pensar
na igualdade dessa forma traz conseqüências, o casal procura ter as
mesmas idéias, gostar dos mesrnos programas e, errr certa medida,
as pessoas acabam se anulando em nome da relação.
Shrek e Fiona vivern a primeira fase do relacionamento'
como muitos casais, numa espécie de cúpula qr.re os afasta de todo
o resto do mundo; tudo corre como a Princesa Fiona planeja:
cslar carsada com seu verdacleiro amor. Nessa parte da história, há
clestaque para as semelhanças entre ambos, quando compartilham
as brincadeiras, o cardápio e a intimidade com a floresta, e po-
dem se sentir "urn só".
Conviver e diüdir muitos momentos é o que nos apresenta
de fato ao olrtro. No cotidiano, conhecerrros os hábitos, os verda-
deiros gostos do cornpanheiro, passando a descobrir coisas no outro
que náo nos agradam: o príncipe encantado vai se transforrnando
em sapo. A fase pode terminar coÍn o amadurecimento do casal,
que passa à segunda eLapa. Contudo, é nesse momento que muitos
romances chegam ao fim, porque o outro deixa de ser o "par
perÍêito". A descoberta dos "defeitos" do companheiro traz um
questionamento sobre os sentimentos ern relação a ele e sobre a
própria escolha de estar junto. O que o fez estar com aquela pes-
soa? Foi corn ela que você iniciou sua relação? Como será urn
casamento feliz para sempre sem esse par perfeito?
O casal cle ogros apresenta, de forma acentuada, esse conflito
de cada personagem a partir das mudanÇas que aconteceram er"rr
sua úda. É confuso para Fiona ser Llm ogro. Afinal, ela foi educada,
antcs cle rudo, para ser princesa. Além disso, estava à espera de um
príncipe encantado, montado num belo cavalo, e acabou sendo
salva por unl ogro acompanhado de um burro! Todas essas mudan-
262 C)gros n:'io viverrr fclizcs par':t sclnprc: rrrÍ] clebate s()bre rclacionamentos iclt:ilizaclos
Ças são conflitlr()sas e, coluo se nio fosserrt suficientes, Fiotra se
apaixon:l por Sl-Irek.
Sl-rrek não se scntc cz.p^z de firzer sua amada feliz. Ele se dá
conta clisso quando percebe ers diferenÇas existentes entre eles. Na
tentativa de resolver o problema, bltsca a ajuda da Fada Madrinha,
zrtraído por su'.r propagallcla, que promete um final feliz para a
histórizr. Em contos infant.is, a fada madrinha ocupzr o lugar de
clctentora de toclas as resPostas e estratéeias para a mallLrtenção e
o auxílio de finais felizes. É ela que forncce a proteção contra
intcrferências vistas corrro prejudiciais.
O clesejo cle que s<:u casarner-rto não acabe impulsiona Shrek
a procurar qualquer solução, mesmo quc seja a mudança comple-
t.a, pois ele entende qlre, ao se tornar um belo homem, tem de
abandonar seus adorados hábitos de ogro. Essa tentativ:r cle ser o
qlrc o outro clescja, cor1lo ürnos, é uma :rtitlrde bastante cornum
cntre Os casais na primeira fase clo rclacionamento.
Pcrcorrer essas etapas no relacionamenlo conjugal e deparar-
sc corn :rs diferenças existentes entre os rnembros do casal podem
rcpresentar Lrm processo doloroso. Talvez possamos nomear esse
n)ornento como urna crise, na qlral uma das questões que podem
surgir refêre-se à dÍrvicla sobre a escolha do parceiro. Além disso,
(icsentenclimentos e brigas mtritzrs vczes são üstos colno sinal de que
algo saiu errado. Se o prazer está cedendo espaço para aborrecirnen-
tos, interpreta-se que a relaÇão pode estar perdendo sua função.
Os conflitos podem ser entendidos pelo casal como defla-
graclores do esgotamento da relaÇão, de que nada rrrais pode ser
aproveitaclo e de que é hora de fazer uma nova tentaLiva, corn olrtro
parceiro. Não é raro encontrar hornens ol-l mulheres que recasam
algurnas v()zcs crn busca daquele (ou daquela) que será cap:rz dc lhe
trazer a felicidacle duracloura.Sem dúvicla, a Lroca de parceiro pos-
sibilita reüver os mágicos prirneiros rrtomentos de paixno.
A vizrgern cle Fiona e Shrek a Tão Tão Distante poderia ser
cntcnclicla corno o encont.ro do casal, após urr-r pcríoclo de isola-
rnento, corn o grltpo ao qual pertence. Ent.retanto, o aparecimento
clas cliferer-Icas entre ambos não acontece apcnas em função do
Josilaine (lorrçalvcs clos Santos' Lctícia dc Moraes e 
Thaís Vargas Meneze s 263
conr,ír'io sociall a crenÇa cle que os Parceiros podem viver apenas
um para o outro não se sustenta por mlrito tempo' em decorrência
de inúmeras demandas'
Como se abordou, há um apelo social pela independência de
cada um, pela busca cle satisfaçáo e pela manutenÇão de uma feli-
cidade constante. São princípios que vão de encontro à possibilida-
de de conflitos . qttt: dificultarn que se abra mão de parte cla
individualiclade em nome do casal'
Fiona e Shrek lutam para estabelecer os espaços indiüduais
e são inúmeras as negociações por que Passam' Os -heróis da ani-
mação deixam isso clãro quando encontram dificuldade para che-
gar a um acordo sobre a üagem para Táo Tão Distante e a postura
[.r. d.".rl ter cliante da família de Fiona'
Toclavia, a clecisáo mais irrrportante clo casal se clá ao final do
segundo longa, quanclo Shrek t Éiot't' ainda sob o efeito da poção'
podem escolher entre tornarem-se belos seres humanos oll assurni-
rernslrasÍormasdeogros.Elesdecidemjuntos,entáo,permanecer
corrro oEfros, respeitando urn ao outro e a si fiIesfiros da rnaneira
quc sáo. 'A busca por uma relação sólida é uma escolha pelo
enfrentamento clas àificuldades e situações coticlianas de uma 
üda
compartilhada.AlsurrssacrifíciossáonecessáriosParaquesenego-
ciem outros girnhos'
A chegada à terceira fase do relacionamento' denominada
por Dias (2000) conlo a do "amor-companheiro"' só é possível
quando não sc tem uma relação idealizada' não se cobrando 
do
p....i.o a perfeição' É saudável que o casal se relacione com
diversaspessoasafimdesuprirasnecessidadesqueextrapolamo
corltexto conjugal, não havàndo' assim' sobrecarga de satisfaÇões
clirecionadas ao Parceiro' o que acaba por sufocar o relacionamen-
to.Dessamaneirar,aConstrrrÇãododeserrlroclarelaçãopodedeixar
espaÇo para que as indiüdualidades conüvam com a coniugalidade'
Conciliarosinteressesdocasaleosqrresereferemacada
ir-rc1ivíd.o, além de gnl aParente paradoxo' é' segunrlo Dias 
(2000)'
um desa{io à rnanutençáo de uma relação sórida. Entretanto, é na
administração da atuação dessas forças qLre surge o companhei-
2S4 ()gros tt ào vir,cu Íi:l izes para scrnpr c: rrm cl ebatc sobrc r clacionamcn tos iclcalizados
risnro, ern que ambos têrn espaço para si, rnas são capazes de
compartilhar a vida. Valc ressaltar, porérrr, qlre a chegada a um
cstrlsio mais maduro não significa que a relação estará livre da
cxperiência de conflitos. A rnudança trazida pela maLuridade tal-
vcz se deva à diferença qLranto à valorização dos pontos divergen-
tes e à srra aclministração.
"Ela deveria ter escolhido o príncipe que escolherrlos para ela',10
Outro aspecto abordado no filme Shrek 2 são as expectativas
clos pais em relação às escolhas a,-rorosas clos filhos. A cliscussão
desse ponto revcla a interf'erência que pode haver, da família, na
construÇão de relacionamcrrtos amorosos ou na busca de parcei-
rris ide:ris.
Rcpcnsando as funções sociais do ca.samento, podemos obser-
var que, outrora, quando os casamentos respondiarrr às demandas
familiares, esses eram arranjos nos quais os noivos pouco pocliam
interferir, principaln)ente as rnulheres. Ern alguns casos, os envol-
viclos nclrl se conheciam, dc modo que fazia parte da cducação
feminina buscar estratégias para conquistar o rnzrrido após consu-
macla a relaÇão. O homen-r cra tido como a parte fort.e do casal,
não podenclo ser romântico e tendo colno ocupaçào as fünções de
proveclor e chefe da farnília.
Era esse contexto que autorizava os pais a escolherem os
parceiros mais adequados para os filhos, por meio dos casamentos
arranjados. Na história de Fiona e Shrek, fica claro o desejo que
o Rei Harolcl e a Fada Madrinha têm cle que seus filhos, Fiona e
Encantaclo, se casem. Descle a inÍância, arnbos foram pr-eparados
para isso. No entanto, Fiona faz nma escoll-r:r em desacordo cont os
objetivos traçados por selrs pais e pela Fada Madrinha. Ela se czrsa
con.r outr() que não o st:lr prorrreticlo e su;r escolha se torna air-rcla
rn:lis srave, para o pai, quanclo este descobre que a filha se casou
com uI]rI ogro.
r0 Fal;r rio Rci I{arolcl, pai de Fion:r
pcla filha.
Josilaine Clonçalves clos Santos, Letícia de Moraes e Thaís 
Vargm Menezes 265
O rorr-ranc e traz para Fiona a úvência de uma relação praze-
rosa. Ela está casada com o parceiro que escolheu' Por quem está
apaixonad a e é correspondida' A princesa abre mão de todas as
,r., .*p..tativas referentes à chegada de um príncipe e vai morar
no Pântano coln o marido. Contudo, enfrentar a reprovação da
famíIia foi difícil para Fiona, que não imaginava a má recepçáo que
teria no reino. O espanto de seus pais decepcionolr Fiona' que
esperava Lrúr amor livre cle tantas exigências. Ela acreditava que os
p.i. fi...ir.m satisfeitos ao vêla feliz com sell eleito'
Fiona acreditava que seus pais a haviam trancarlo na torre
porque, indiscr-rtivelmenLe, isso era o rnelhor para ela' do mesmo
modo qlre, com freqüência, ouvimos: "Os pais sempre qlrerem o
bem dos filhos" - e, se os filhos estão felizes' os pais tambérn
ficam, automaticamente. No entanto, o fato de pais e mães dese-
.jarem que selrs filhos sejam felizes não descarta a possibilidade de
conflitos e cquívocos quan'to ao que possa ser considerado felici-
dacle por c:rcla um.
A rdinha, mãe de Fiona, mostra-se mais tolerante à nova
realidadel assim, é possível Perceber que algumas crenÇas relaci-
onaclas à figura maLerna foram mantidas no filme' A Rainha Lílian
sempre tenta contornar a situação e parece' de fato' estar rnlrito
tranqüila e respeitosa diante da escolha da princesa' Já o pai' de
modo geral entendido corno a figura de autoridade' não esconde
seu desapontamento, declarando que "ela deveria ter escolhido o
príncipe que escolhemos Para ela"'
Atualrnente, como sabemos' os casamentos não são mais
trataclospelospais.Dessemodo,suainterferêncianavidaamoro-
sa dos f,rlhos pode ser marc"lcla por uma participaçáo ativa no
cclti<lianodoromanceol-rPelatransmissãodevaloresepeloin-
centivo à busca de um par perfeito' Neste segundo caso' também
pode haver a influência de alguns sonhos não alcançados pelos
pais, que agora apzlrecem renovados na exPectativa de que os
filhos possam realizá-los'cluanclo clcsaprova a csr:olh:r amorosa fcitzr
266 C)gros tlão r-ivcm Íelizes para sernpre: unr dcbate s()l)rc re l.rci()namenr()s idealizados
"Para sua informacão, há mais do que se imagina nos ogros',rl
Fadas maclrinhas, beijos que quebrzrm feiriços, poÇões mágr-
cas e irnrxas rnás são algumas expressões rnuito freqrientes em
histórias inf:rntis. Por'isso, algumas vezcs, acred.itamos que os con-
tos cle facla fazem parte apenas do universo de crianças e não
percebemos que úvemos nurn munclo perrneado pela busca do
"íelizes para sempre" e cle "príncipes e princesas encantad.os,'.
Tentos facilidade em acrcclitar qlre no rnundo adulto e ma-
cluro r-rão há espaço para essas fantasias. Entr-etanto, basta um olhar
mais atento e direcionado para observar que esses ideais, hoje,
zrlém c1e comporem programas infànto-juvcnis, podem ser encon-
tra"clos em alguns filmes, novelas, reportagens, comerciais e músicas
voltados ao público adulto. o mais surpreendente é notar o quanto
csses pc'rsonagens e histórias podem estar impregnaclos em nossos
discursos c comport:l"mentos, principalmcnte qr-ranclo sc trata de
nossas expectativas sobre o olrtro e sobre nós mesmos.
Nesre scr-rtido, nossa proposta, neste trabalho, foi problema-
tizaralgumas idealizações frcqüentcmente observadas nos relacio-
nzrrnentos anlorosos contemporâneos, descortinando alguns rnitos e
colaborarrdo con'r a crítica e a reflexão entre os leitores. Entretanto,
é irnportante dcstacar qlre nào tivernos corrro objetivo desvalorizar
fantasias, sonhos, idcais e contos de facla. Rcconhccemos a impor-
t,ância d«rs contos no deser-rvolvirnento infantil, para que as crianças
co1.l-Iprecr-rclam o fr.rncionzrmento clo mundo quc as cerca, uma vez
qr-re ainda não têm urn raciocínio abstrato czrpaz cle acompanhar a
explanação realista do adr.rlto. Clonro expressa Bettelheim (1g80),
"uma criança confia no ql-re o conto cle fada diz porquc a visão cle
munclo aí apresentada está cle acordo com a sua" (p.5g):
Os contos cle fada tambérn dcixarn claro que as histórias se
passarn crn reinos distant.es, eüclcncianclo que não se trata da rea-
liclade, rrr:rs de lusar e tempo distintos. A estrutura dos contos se
coloca scmpre de forma a aprcsentar os conflitos dos lrersonagens
Ir l-rase clc Shrek ao Brrrro, reclantancio clo prc'iulgamento que
zem dc:le.
Josilai nc Gonçalves dos Silrrtos, Lctícia dc Moraes e 
Thaís Vargm Menczcs 267
para depois of'erecer soluções adequadas' auxiliando' assim' a cri-
anÇa na construção de recursos inLernos para lidar com os rledos'
ansicdades e angristias:
[...] através deles pode-se aprender mais sobre os proble-
rnas interiorcs clos seres humanos ["'] esta é exatamente a
mensagem que os contos de fada transrnitem à criança de
formamúltipla:queumalutacontraclificuldadesgravesna
vida é ineütável, é parte intrínseca da existência humana
(Bettelheim, 1980, PP' 13 e 14)'
Todaúa, nosso questionamento se refere à perpetuaçáo de
todaessafantasiaaindanaüdaadulta'Aimaginaçãoeacriação
sáo fatores que dão plasticidade ao sujeito' possibilitando estraté-
gçias para a resoluÇão de problemas e a saída de conflitos' Contudo'
é irnportante que se reflita sobre os lugares que alguns ideais têm
ocupaclo em nossa vicla e as conseqüências que isso pode nos tra-
zer.Ailusãodepodervivernrrmmundodefaz-cle-conta,Composto
por fanlasias e idealizações, pode gerar expec[a[ivas ern relaÇão a
nós mesrrros que não teremos condições de atingir' acarretando
sofrirnentcj. Diante disso, cabe ,ma pergunta: será quç estarnos
preparaclos para quebrar o rlito clo "felizes para sempre"?
É fa.ii .r-tr..,d.t que os filmes Shrek e Shrek 2 tratam dos
padrõcsdebelezaeclasdificuldadescleaceitaçáosocialdosque
nãoestãoinsericlosnopaclrãodorninante.Nahistória,ficaeviclente
queogrosnzroat'enclemaosmolclesestabelecidos.Noentanto,a
i"...peao dc que os ogros rePresentam' na verdacle' pessoas 
co-
muns que úvem no mundo real pode não'ser tão clara' O fato de
Sl-rrek estar Personificado nLrm monstro' um ogro' garante algum
distanciarnento, imporLant.e para pessoas qlre preferern manter-sc
aÍastadas cre uma rearidade com a qual náo podem ou não estão
clispostas a lidar. Identificar-se com Shrek é ter' em certa medida'
permissão para ser diferente, ter medos e cometer enganos sem
p.r.l., de üsta a possibilidade de ser feliz'
$
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as pessoas fa-
i
268 ogt.s tl:io vi'eIn felizcs para sernpr(: r,n crcbatc s()br c r eracior:trrenros icrearizacros
Problen'r:rs, confritos e insar.isfações constituem a ücra coddia-na e' certame.Í.e, nos afetarão ern muitos momentos. sem dúvida,é irnportante quc se-iarn buscacros reracionamentos de qualidadecom pais' firrros e parceiros, mas, ao press.rpor q.-re tais relaciona-mentos serão perfeitos, talvez não haja toie.ârrcia e maturidadepara gerenciar as adversid.ades qrle certamente surgirão.A felicidacle não está sendo clita corno lmpossrrrel, mas deve_se repensar esse icrear, suas impricaÇões e po.srúiridacres. A eternafelicidade, divulsacla pela míclia, se-ia po. p.og.amas ou pelo ofe-recimer-rto de procrutos e seniços, nos' ,ru, u,."."rr" de fracassopor não estarmos sempre felizes ou de que nosso reracionamentocstá erraclo_
Entre as músicas que utirizzirlros para estrutlrrar a crisc,ssãona :rpresentação do firrne e e -cerrar o clebate, escolherr-ros .,o quecrr Lambóm ,ão cntenclo,,, cantac.la pel. b:rncla-l,rto e.r".t (2003):
Am:lr não é ter que ter sempre certez:r
E ecr'rltar que ningrrém é perfeito pra ninguémÉ pocler ser você rrlesmo e não precisar fingir.É t.r-rto. esqlrecer c não conseguir fueir, fugir)ã pcnsci (.m t(. Iargar
.fá olhei tantas vezes pro lado
Mas qu:rndo penso em alquém é por você que Íêcho osolhos
Sei que nunca fui perfeito, nlirs com você eu posso serAté eu rnesmo que você vai entcncler.
. Percebernos que a letra cla rnúsica aporrta para Lrnt espaCo decliiilog. sobre as crificurdades r.,ir.iclas numa relação amoros. a partirda confiança e, principarmente, cla possibilidacle cro err.ro, da aceitacão
cla imperfeição e clc ser genuín. sc,- cstan- s,bmetido a Lrma cobrançadeserÍiezrcla' sem rer cre oc,par o rugar de príncipe o, princesa. osfilnres ,Shrek e Shrek 2 rrazem, sobrcnrão, 
.rrr_ra fo.te crítica a toda essailtrs:1o, por rneio cre brincacreiras e sáürzr-s com contos cre Íâda, progra:
Josii;rine Cionçah,es clos Sautos, Lctícia de Moraes e ThaísVargas Menezes 269
mas e filmes que produzem e reproduzem ideais inatingíveis. A histó
ria do protagonista diferencia-se, essencialmente, de outras histórias,
porque o casal e a família descobrem que é possível ser feliz e encon-
trar maneiras de se divertir a seu próprio modo, mesmo üvenciando
conflitos, dir,'ergências e fi-ustrações, ou ainda estando fora dos padrões
sociais de beleza e felicidade.
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Farnílias e separa.Çáo conjugal:
da academia ao Palco
Christine Vieàra Pereird'
-/essé Guimarãe.s dct Sil'ud-
.fu,liane l)ominoni Gomes **.
Como aponL'r Nogreira (2003, p. 9), foi no início do século
XX quc surgirafiI as prilneiras cxPeriências de extensão universitária
no Brasil, inexistindo até os anos 1970 o que se poderia denominar
corno uma política de extensão para o.ârnbito universitário. Nesse
contexto, segundo Castro (2002, P:7), na Universidade do Estado do
Rio cle Janeiro (UERJ), logo após a slla fundação, na década de
1950, já se observavam breves iniciativas de trabalhos extensionistas
voltadts especialmente à prestaçáo de serviços à cornunidade. Em
1981, em sintonia com as discussões da época sobre a irnportância de
serem organizadas ações de caráter extensionista, foi criada na UE\|
a sub-Reitoria para Assuntos comunitários, a qual, a partir de 1995,
recebeu o norne r1e Sut>Reitoria de Extensão e Cultura'
Psicóloga, especialista em Psicologia Jurídica pela UE\j e coordenadora
execuri;a .lo Prosrama Pró-Adolescente, de abril de 2005 a mârÇo de 2006'
Psicólogo, mestre em Psicolosia Clínica pela PUC-Rio e coordenador execu-
tivo do Ét,rg..*. Pró-Adolescente desde abril de 2006'
Psicóloga, especialista em Psicologia.Jurídica pela UE\j, mestranda do Pro-
gralna ãe pós-Gra.luação em Psicologia Social da UE\], bolsista Capes e
coordenadora executiva do Programa Pró-Adolescente, de abril de 2003 a
marco de 2005.

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