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O GOVERNO DE JÂNIO QUADROS E DE JANGO

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O GOVERNO DE JÂNIO QUADROS E DE
JANGO
 
O GOVERNO DE JÂNIO QUADROS (1961)
Em seu discurso de posse, a 31 de janeiro de 1961, Jânio Quadros enfatizava seu principal inimigo: a 
crise financeira. Seu governo lançou prontamente um programa de combate à inflação: reformou o 
sistema cambial, reduziu os subsídios para importações e investiu no setor exportador, a fim de 
superar as deficiências nessa área e desenvolveu drástica restrição financeira, através da limitação 
de créditos, congelamento de salários e corte dos subsídios à importação, visando o saneamento 
econômico. Essas medidas entusiasmaram os credores estrangeiros. Foi anunciada a concessão de 
novo empréstimo, de mais de 2 milhões de dólares. Além disso, Jânio contava com a simpatia do 
governo dos Estados Unidos, sob a presidência de John Kennedy, que parecia inaugurar uma nova 
política americana para a América Latina. No entanto, o entusiasmo externo não era acompanhado 
pelo interno. O rigoroso programa anti-inflacionário encarecera a gasolina, o pão e os transportes e 
provocara a desaprovação geral de trabalhadores, consumidores e empresários. Após seis meses de 
administração, Quadros, convencido do desgaste político provocado pelo severo programa de 
estabilização, resolveu abandonar sua política de austeridade e tornou-se receptivo às teses 
desenvolvimentistas. Jânio pretendeu combater a insuficiência e corrupção da administração pública 
de maneira totalmente inadequada: enviava “bilhetinhos” a todas as repartições, querendo controlar o 
aparelho administrador através da imposição de sua personalidade aos negócios públicos.
Ainda no plano interno, Quadros, que sempre procurara se colocar acima do partidos, sofreu 
desgaste. Suas campanhas moralistas afetavam não só o pessoal administrativo, mas também os 
antigos detentores do poder. Imediatamente após assumir o governo, deu início a uma série de 
investigações sobre os escândalos financeiros das gestões anteriores. Em maio de 1961, veio a 
público um relatório sobre eventuais irregularidades no trato dos fundos da Previdência Social. Na 
“tramoia”, estariam envolvidos, além do vice-presidente João Goulart, elementos da antiga aliança 
governista PSD-PTB. “Quadros poderia a curto prazo pensar em obter prestígio entre a classe média, 
com sua cruzada de honestidade e eficiência burguesa. Mas, a longo prazo, teria de lutar com o 
Congresso.” (Thomas Skidmore), cuja maioria era composta por elementos do PSD e do PRB. Além 
disso, suas atitudes desenvolvimentistas preocupavam a UDN. As bases políticas de Jânio, no 
entanto, foram definitivamente minadas pela orientação imposta às questões relativas aos negócios 
exteriores. Com o apoio de Afonso Arinos de Melo Franco, ministro das Relações Exteriores, 
procurou levar o Brasil a uma “política externa independente”. Atitudes como a defesa da não 
intervenção americana em Cuba, apoio à participação da China Comunista na ONU e, 
principalmente, a condecoração de Ernesto Ché Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul irritaram 
os conservadores e as Forças Armadas. Na noite de 24 de agosto de 1961, Lacerda, “o mais 
descontraído porta-voz da UDN”, acusou o ministro da Justiça, Oscar Pedroso d´Horta, de preparar 
um golpe, no sentido de serem ampliados os poderes do Presidente da República. “O significado 
mais amplo do desafio de Lacerda a Quadros está na maneira pela qual os problemas da política 
externa tinham invadido a política interna. Através de sua política externa independente, Quadros 
começara a identificar-se com a posição nacionalista.” (Thomas Skidmore). Essa era vista, pela 
classe média e pelos militares anticomunistas, como antiamericano e populismo de esquerda. A 25 
de agosto, Jânio submeteu sua renúncia ao Congresso e as Forças Armadas apoiaram a continuação 
de seu governo. O Congresso, contrariando suas expectativas, prontamente aceitou a renúncia.
A CRISE DA RENÚNCIA E O PARLAMENTARISMO
O vice-presidente João Goulart encontrava-se em viagem pela China comunista quando da renúncia 
do presidente Quadros. A Constituição de 1946 o apontava, pelo artigo 79, como sucessor legal do 
Presidente. Na ausência de Goulart, de acordo com o preceito constitucional, assumiu a chefia do 
governo o deputado Pascoal Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara. A 28 de agosto, o Presidente 
interino remeteu ao Congresso uma mensagem dos ministros militares - general Odílio Denys 
(Guerra), brigadeiro Moss (Aeronáutica) e almirante Sílvio Heck (Marinha) - informando que o retorno 
de João Goulart ao país seria “inconveniente à segurança nacional”. O Congresso, entretanto, negou-
se a vetar a posse de Jango. Os ministros militares esperavam impedir Goulart de assumir a 
presidência e realizar novas eleições no prazo de sessenta dias.
A crise tornou-se pública quando o general Machado Lopes, comandante do III Exército, sediado no 
Rio Grande do Sul, exigiu a posse do sucessor legal; o país estava à beira da guerra civil.
“O Rio Grande do Sul estava pronto para a luta. Além disso, o comandante do III Exército tinha o 
apoio de Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul e cunhado de João Goulart. Brizola 
também organizou rapidamente demonstrações populares em Porto Alegre, em apoio ao seu 
conterrâneo. Uma cadeia de estações de rádio pró-Jango, intitulada Voz da Legalidade, foi 
imediatamente mobilizada a fim de galvanizar a opinião do resto do Brasil.” (Thomas Skidmore).
As dissidências na área militar e o surgimento, na opinião pública, de uma corrente “legalista”, que 
defendia o direito constitucional de Jango de assumir a Presidência, levaram o Congresso a uma 
solução de improviso para contornar a crise. A 02 de setembro de 1961, foi votado um Ato Adicional à 
Constituição de 1946: foi instaurado o sistema parlamentarista de governo no Brasil, com poderes 
limitados, Goulart tomou posse da Presidência da República a 07 de setembro de 1961.
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