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Roma 64, depois de Cristo.
O grande incêndio de Roma iniciou no centro comercial de Roma, no entorno do circo Mássimo, na noite do dia 18 de julho de 64, e, se alastrou pelas áreas mais povoadas da cidade. Apesar de ser um incêndio muito conhecido, mas ainda não completamente solucionado. Muitas hipóteses sobre como começou e por qual motivo. A ideia científica mais difundida e parcialmente aceita baseia-se no fato de que os moradores construíam suas habitações todas em madeira e usavam o fogo para poderem se aquecer e se alimentar, por algum descuido o fogo se alastrou e os ventos fortes ajudaram a espalhar o incêndio.
Circo Mássimo
Rapidamente o fogo tomou conta das ruelas, espalhando-se pelas construções romanas baseadas em madeira e que facilitavam o alastramento. Foram seis dias de incêndio para conseguir começar a controlar o fogo, contudo, foi necessário mais três dias para o rescaldo e extinção plena de todos os focos que reacendiam por conta da manutenção do calor e do vento. O prejuízo, obviamente, foi enorme. Nada menos que dois terços da cidade ficaram destruídos, o que inclui lugares importantíssimos para a civilização romana e para a história da humanidade como o Templo de Júpiter Stator e o Lar das Virgens Vestais.
Os Circos de Roma 
https://www.tudosobreroma.com/circo-maximo
Os circos romanos eram as instalações lúdicas mais importantes das cidades romanas, além dos teatros e anfiteatros. Eram recintos alongados onde acontecem jogos públicos, corridas de carros e diferentes espetáculos. Este local foi inicialmente utilizado para jogos e entretenimento pelos reis de Roma Etruscos.
O circo máximo de Roma (Circo Massimo), localizado entre as Colinas Aventina e Colina Palantina, era um recinto alongado com espaço para 300.000 (trezentos mil) espectadores. A pista de areia, com 600 (Seiscentos) metros de comprimento e 225 (duzentos e vinte e cinco) metros de largura, fazia do circo Massimo o maior de Roma, diante do circo Flamínio e do circo de Maxêncio.
Continuando as obras que deram expansão ao Circo Mássimo, o imperador Tito construiu um arco na extremidade. Já o imperador Domiciano ligou seu palácio ao Circo Mássimo para poder assistir aos espetáculos de sua própria varanda. Outro imperador, Trajano, acrescentou 5 (cinco) mil lugares ao Circo Mássimo e expandiu a zona imperial para que pudesse ter maior visibilidade. Por fim, o Circo Mássimo era capaz de acomodar 385 mil expectadores para seus espetáculos.
O Circo Mássimo sofreu com vários incêndios ao longo de sua história. O primeiro, no ano 30, fez grande estrago que foi restaurado por Cláudio As obras de revitalização foram acompanhadas pela construção de estruturas de mármore com aplicações de bronze dourado. Outro incêndio afetou o Circo Mássimo em 64, Nero foi o responsável pela reconstrução, desta vez, e ampliou a área dos expectadores. Domiciano foi outro que sofreu com incêndio e deixou a cargo de Trajano a responsabilidade do restauro. Posteriormente, mais duas restaurações ainda foram necessárias, uma com Constantino e outra com Constâncio II.
Atualmente, podem-se visitar as ruínas do Circo Mássimo, porém restam pequenas partes de sua estrutura. A grande área descampada utilizada para os jogos, tornaram-se espaços de lazer ao ar livre para os romanos.
Celebrações no Circo Mássimo
No circo Mássimo aconteciam diferentes competições, entre as quais se destacavam as corridas de carros, nas quais os participantes tentavam dar sete voltas ao circo. Os competidores, montados em pequenos carros puxados por cavalos, corriam não só por prestígio ou grandes prêmios, já que muitos deles eram escravos, lutando por sua liberdade.
Durante os jogos públicos também aconteciam exibições equestres, conhecidas como “Ludus Troianus”, uma simulação de batalhas feita por jovens aristocratas romanos, ou então as corridas a pé, que duravam várias horas. Todas as competições tinham como estímulo as importantes apostas feitas.
Atualmente, há apenas restos do que foi o circo Mássimo e de pode ver apenas a enorme esplanada que mantém a forma que o recinto teve em sua época, o que costuma provocar decepção nos turistas que o visitam, tentando encontrar ao menos ruínas do recinto.
Fonte: HTTPS://www.google.com.br/maps/@41.8857407,12. 4875839,17.48z 
 Circo Mássimo
Domus, Villa, Insulae: A vida cotidiana de uma cidade romana.
Numa cidade romana do império o modelo a ser seguido era a própria cidade de Roma, claro que Roma é um caso a parte, devido a sua escala e grandiosidade, ou seja, tudo superlativo é o coração-cidade do Império que serve referencia para tudo naquela época.
O urbanismo foi um traço marcante dos romanos, obvio que nenhuma cidade é igual à outra, nesse prisma apresentamos o que seria uma cidade romana ideal com os seus equipamentos básicos.
O desenho urbano de Roma obedecia a regras claras não somente para a implantação, mas também para o desenvolvimento dos serviços públicos e militares. Notoriamente marcado pelo paralelismo das ruas, com quadras perfeitamente adensadas que formavam pequenos módulos equidistantes, passando uma impressão retilínea para quem anda ao nível das ruas. Esse traçado “racional” quadriculado, geometricamente dividido, era o paradigma de construção das cidades romanas.
 Modelo de urbanismo de uma cidade romana
Todas as ruas eram idênticas, exceto duas: a decumanus, que cortava a cidade de leste a oeste, em linha reta; e a cardo, que cortava a cidade de norte para sul; - No cruzamento dessas duas vias, situava-se o Fórum, o centro politico, econômico e administrativo da cidade. O coração de uma cidade romana; - As cidade romanas também eram dotadas de grandes espaços públicos como: o anfiteatro, o teatro, terma; - Nas regiões mais afastadas das ruas movimentadas, havia pequenos divertimentos noturnos como tavernas e prostíbulos; - Os tipos de habitações geralmente eram três: 
O domus, uma residência senhorial patrícia típica; A villae, uma propriedade rural ou que se localizava nas imediações de uma cidade; e a insulae, edifícios habitados pela maior parte da população da cidade.
Habitações romanas
Domus
O domus era a residência senhorial patrícia por excelência, era seu espaço íntimo e cotidiano. Era onde ele levava sua vida privada, e onde recebia seus convidados no espaço íntimo de sua casa. Como manda o protocolo, um domus deve ser exuberante, ostentador, digno daquele que o construiu, digno de sua origem patrícia. Quanto mais poderosa é a família, mais deslumbrante é o seu domus.
O domus era uma residência típica romana, porem, é importante lembrar que ele não era a habitação mais comum na maioria dos romanos. No auge do Império Romano, havia cerca de 1.800 (um mil e oitocentos) domus no território romano e mais de 46.000 (quarenta e seis mil) residências conhecidas como Insulae. Ou seja, apesar de ser uma residência típica dos romanos, apenas os romanos patrícios e ricos comerciantes poderiam ter uma assim.
O domus era dividido em várias partes, cada parte da residência tinha uma função específica. A fachada para a rua era a Oustium, onde a porta era chamada Fauces, acesso principal da residência, logo após a entrada vêm o Vestibulum e, que dava para a parte central da residência, um imenso pátio aberto chamado Atrium, neste espaço central da casa, havia um imenso teto retangular aberto, por onde se via o céu, no entanto, o telhado do atrium possui um ângulo especificamente projetado pra recolher a água das chuvas e envia-lo à um pequeno tanque bem no meio do atrium projetado para esta finalidade, que era chamado Impluvium. Esse captava a água das chuvas e os enviava diretamente para as cisternas, onde a água era armazenada. Logo depois do Atrium havia o Tablinum, o local onde o senhor da residência mantinha uma espécie de “escritório”. O Atrium fornece luz necessária para iluminar vários cômodos da casa. Num dos cantos do atrium estava o Lariarium, o lugar reservado ao culto doméstico. Enquanto que um corredorliga o atrium ao Peristylium, o segundo pátio da casa. Esta parte, que tem influência dos gregos, é cercada por colunas e é onde geralmente se encontra o jardim, um balneum ou um afresco (residências mais requintadas possuíam ate mesmo um teatro). Junto ao Peristylium estavam os Cubiculum, ou seja, os quartos de dormir. O Triclinum era a parte destinada as refeições do dia a dia, era também onde o anfitrião recebia os seus convidados para as refeições, recebendo este nome porque era uma parte da casa com três cantos, onde havia pelo menos duas poltronas para serem feitas as refeições, lembrando que os romanos faziam as refeições deitados. A Exadra era a aparte da casa onde o anfitrião fazia as suas festas e banquetes e bacanais, a saída de serviço encontrava-se numa das laterais da residência e era chamada de Posticulum, sendo utilizada por escravos e serviçais.
Planta de uma residência tipo domus
Desenho em corte de uma residência tipo domus
A Villae
A Villae era outro tipo de habitação romana que se encontrava numa província, basicamente há dois tipos de villae, a villae rusticae que era a residência rural, geralmente que seu dono estava envolvido em algum tipo de exploração agrícola. Algumas residências tipo domus tinham nas suas dependências uma parte chamada tabernae, local onde eles traziam os produtos produzidos pela villae rusticae e os vendiam em pequenos armazéns. 
Villae rusticae
A villae rusticae é igual à Domus, porém com espaço para a agricultura. Uma casa de campo, com complexos luxuosos para o proprietário e que se destinava à agropecuária de rendimento. Separadamente existiam complexos para os escravos, onde estes estavam sob vigilância de um uilicus (escravo de confiança), e se dedicavam aos trabalhos agrícolas. Erguia-se à volta de uma espaçosa cozinha. As divisões mais importantes desta habitação eram a culina (cozinha), os balnea (balneários), a apotheca (adega), os bubilia (estábulos de bois), os equilia (estábulos de cavalos), o galinarium (galinheiro) e os horrea (celeiros). O facto de um escravo ser deslocado da “Villa Urbana” para a “Villa Rústica” era considerado como um castigo.
Outro tipo de habitação rural era a villae suburbane, era uma residência construída nas imediações de uma cidade romana, destinada ao lazer e ao descanso, assim como a residência domus, era um tipo de habitação que não era para qualquer um, era preciso ter muitos recursos para dispor de uma dessas. As villae suburbane eram tão luxuosos quanto os domus urbanos, mas estavam situados em lugares mais reservados, era a “casa de campo” do abastardo patrício.
A Insulae
A Insulae romana propriamente dita é um edifício em pedra (muitas eram de madeira) e provavelmente tinham seis andares, dos quais apenas quatro, incluindo um mezanino, ainda existem: todos estão bem preservados, exceto o último, do qual restaram pouco mais do que fragmentos. Como era comum nestes tipos de edifícios comunais, o piso térreo abrigava algumas tabernas, pequenas salas de frente para um pátio e protegidas por um pórtico, utilizado provavelmente como lojas ou vendas.
Os pisos mais altos eram utilizados como residências e contavam com pisos de tábuas de madeiras e janelas retangulares com trancas de madeira. Algumas características destes aposentos, que se tornavam cada vez menores nos andares mais altos, provavelmente revelam o valor cobrado de cada um, com os andares mais baixos mais caros e os mais altos, mais baratos. Esta hipótese é reforçada pela dificuldade de se alcançar os andares mais altos, através de escadas, e o período constante de incêndios e desabamentos.
Insulae perto de Santa Maria in Aracoeli, no Monte Capitolio.
O Incêndio e a Controvérsia
As chamas arrasaram dois terços da cidade. A maioria dos historiadores acredita que o incêndio que destruiu Roma surgiu perto do Circo Mássimo, um hipódromo romano. Nas redondezas, havia um “camelódromo”: centenas de cubículos de madeira ocupados por astrólogos, prostitutas e cozinheiros, que usavam o fogo para cozinhar e iluminar o ambiente.
Na noite de 18 de julho do ano 64 depois de Cristo, o calor do verão em Roma era intenso, somado ao clima seco, a força dos ventos no sentido sudoeste e a natureza altamente inflamável dos edifícios da cidade criaram as condições ideais para o princípio de incêndio, onde as chamas tiveram a ambiência favorecida, atingindo lojas de materiais inflamáveis da área, permitindo um rápido alastramento do fogo que teria atiçado as chamas e feito com que o fogo se espalhasse com rapidez pela cidade, deixando pouco tempo para que as pessoas fugissem pelas ruelas estreitas e tortuosas.
A área mais povoada de Roma era ocupada por precários prédios de até cinco andares, feitos de madeira, tijolos e alvenaria. O fogo teria se disseminado primeiro por esses prédios e, em seguida, teria avançado para os setores mais ricos, destruindo as sólidas construções onde vivia a nobreza.
Horas depois do início do fogo, uma gigantesca nuvem de fumaça cobria toda a cidade. Pessoas que tiveram suas casas arrasadas e testemunharam a morte de parentes entraram em desespero: em vez de fugir, elas preferiram se suicidar, jogando-se às chamas.
Nas ruas, pessoas tentavam combater o incêndio jogando água com baldes. Algumas caíam mortas por asfixia ou morriam ao serem pisoteadas. Alguns relatos dizem que as tentativas de apagar o fogo foram impedidas por bandidos, interessados em saquear as casas abandonadas.
E Nero nessa história? - Nero encontrava-se em Anzio, retornando a Roma quando tomou conhecimento que a cidade ardia e que as chamas acabaram destruindo algumas de suas próprias moradias imperiais, outras versões, segundo boatos, o imperador romano teria subido ao teto de seu palácio e começado a tocar sua lira, enquanto apreciava os efeitos do fogo, outros relatos desmentem essa versão, argumentando que Nero chegou a participar de brigadas para conter o incêndio – e que as chamas destruíram até o seu palácio.
Para conter o incêndio, grandes áreas de Roma foram demolidas para eliminar do caminho do fogo tudo o que pudesse alimentá-lo. As áreas destacadas em vermelho e laranja foram gravemente afetadas pelo desastre. Apenas a região em verde escapou de sofrer danos.
De acordo com a tradição, Sérvio Túlio, o sexto rei de Roma, primeiro dividiu a cidade em quatro regiões (regiones em latim). Na reorganização que se seguiu ao colapso da República Romana, o primeiro imperador de Roma, Augusto, criou as tradicionais 14 regiões de Roma, um arranjo que permaneceu durante toda a era imperial, como atestado pelos Catálogos Regionais (Curiosum et Notitia Urbis Romae), do século IV, que numera e data cada uma delas. Todas exceto a Transtiberim (moderno Trastevere) ficavam na margem esquerda do Tibre. Eram elas:
I - Porta Capena – Porta Capena; II - Celimôncio – Caelimontium; III - Ísis e Serápis – Isis et Serapis; IV - Templo da Paz – Templum Pacis; V - Esquílias – Esquiliae; VI - Alta Semita – Alta Semita; VII - Via Lata – Via Lata;VIII - Fórum Romano – Forum Romanum; IX - Circo Flamínio – Circus Flaminius; X - Palatino – Palatium; XI - Circo Máximo – Circus Maximus; XI - Piscina Pública – Piscina Publica; XIII - Aventino – Aventinus e XIV - Transtiberim – Transtiberim.
O incêndio e o olhar politico
Hoje a Igreja Católica celebra a memória desses "Santos Protomártires" todos os anos no dia 30 de junho. E entre os mais ilustres estavam São Pedro que foi crucificado no Circo de Nero, atual Basílica de São Pedro, e São Paulo que foi decapitado junto à estrada de Roma para Óstia. [1:  Santos Protomártires da Igreja de Roma, 64-67, evangelizo.org]
Estudos indicam que o clima seco da época em que o incêndio aconteceu explicaria o rápido alastramento do fogo e as várias destruições causadas. Paralelamente, a crença de muitos cristãos em um evento catastrófico que anunciaria o fim dos tempos e o repúdio à veneração ao imperador teria alimentado tais acusações sem fundamento. Não por acaso, Nero estabeleceria a perseguição e a morte de umacentena de cristãos que o acusavam injustamente e também desafiavam sua autoridade.
Os historiadores modernos acreditam que o mais provável é que o fogo tenha nascido por um acidente – e não provocado por Nero. A única certeza é que houve realmente um incêndio arrasador, que iniciou dia 18 de julho do ano 64 depois de Cristo. e destruiu boa parte de Roma, causando grande quantidade de mortes, embora o número total não seja conhecido. Um dos motivos do mistério é que os registros sobre o incêndio foram escritos várias décadas depois – não há testemunhos deixados por pessoas que tenham presenciado o fato. 
Sobre esse incêndio o historiador Tácito escreveu em seus Anais:
Foi o fogo mais horroroso e mais devastador de todos quantos nos tempos passados se tinham visto em Roma. O incêndio começou na parte do 
Circo, que está contígua aos montes, Palatino e Célio; e dando nas lojas onde encontrou matérias de combustão apareceu logo com tal violência, ajudado pelo vento, que tomou todo o espaço do circo, em que os palácios não tinham pátios em roda, nem os templos muros alguns, e enfim nada havia que o pudesse retardar [...] Com efeito, das quatorze regiões (bairros) de Roma só quatro se conservaram inteiros; três ficaram completamente arrasados; e sete apenas mostravam alguns vestígios de edifícios abatidos, e meio devorados. (XV,38.40).
A teoria que põe a culpa em Nero parte da seguinte idéia: ele queria fazer uma grande reforma urbana na cidade, pondo bairros inteiros abaixo para erguer construções mais modernas. Aí, para apressar essa repaginação na metrópole, Nero teria mandado tascar fogo em tudo! A outra teoria – a do fogo acidental – é de que as chamas surgiram em algum dos cubículos de madeira do imenso “camelódromo” que ficava ao lado do Circo Mássimo. o maior dos hipódromos romanos. Acreditamos que Nero pode não ter feito essa loucura.
O incêndio de 64 teve proporções assombrosas e devastou a cidade de Roma e sua população. Quem conseguiu escapar do incêndio contemplou, com assombro, a cidade queimar durante seis dias. Esse incêndio apresenta também elementos políticos. De um lado alguns acusavam o imperador Nero de ser o mandante do incêndio e, de outro, a imputação do crime de incendiários recaía sobre os cristãos. 
A acusação contra Nero parece ter ganhado força, tanto que ele foi declarado inimigo público pelo Senado em 68 e isso depois de diversos conflitos entre o imperador e os senadores, especialmente porque após o grande incêndio Nero construiu uma nova Roma. Se antes a maioria dos prédios era de madeira em ruas estreitas e quarteirões longos, depois do incêndio Nero reconstruiu uma Roma de pedra e mármore, planejada e com ruas largas. Concedeu incentivo a quem reconstruísse rapidamente suas casas e vilas. Porém esse mesmo Nero construiu o seu palácio, a Domus Aurea, unindo os montes: Palatino e Esquilino. O vestíbulo era de tamanho suficiente para acomodar uma estátua de Nero, de 120 pés de altura. A entrada era uma colunata tripla que se estendia por uma milha. Havia aposentos de luxo com teto em marfim, jardins e banhos de água sulfurosa, entre outros confortos. Tudo isso expressava a megalomania de Nero que, somada ao seu comportamento que em muitos momentos chocou o patriciado, à morte de Otávia e ao assassinato de sua mãe, Agripina, granjeou-lhe o ódio do Senado. Após a morte de Nero o Senado providenciou o enterro de Agripina. Redescoberta no Renascimento, a Domus Aurea serviu de modelo para os artistas assombrados com a sua beleza.
Até 64 Nero foi um grande administrador e construtor, porém depois abandonou a justiça e conduziu o governo como uma grande pantomina. O poder senatorial foi substituído pelo poder dos libertos. A partir de então se reforçou o mito do Nero incendiário. Ele aparece na obra de Suetônio como aquele que contemplou o incêndio de Roma do alto da torre de Mecenas e cantou o incêndio de Tróia. Sabe-se através de Tácito (AnaisXV, 39) que Nero não estava em Roma no momento do incêndio e sim em Âncio, de onde partiu para Roma, chegando quando o fogo já consumia o edifício que ele mandara construir para unir o seu palácio aos jardins do palácio de Mecenas. Porém o mesmo Tácito (Anais XV, 44) nos informa que o boato infamatório de que Nero teria mandado incendiar Roma se espalhara de tal modo que nem os sacrifícios, as preces públicas e as todas as providências humanas foram suficientes para conter ou desvanecer a acusação. E assim, para desviar as suspeitas, Nero tratou de arranjar culpados e castigou com penas terríveis homens e mulheres odiados por seus crimes, a quem o vulgo chamava de cristãos (Tácito, Anais XV, 54).
Por que Nero acusou os cristãos? A comunidade cristã existia em Roma desde aproximadamente o ano 50, porém era um pequeno grupo que se negava a prestar culto ao imperador, não oferecia orações pelo mesmo, tinha como seu Kyriós Jesus de Nazaré, um judeu crucificado. Esse grupo era tratado com grandes reservas pelos judeus. Para os romanos, o cristianismo era uma superstitio, ou seja, uma superstição. Suetônio refere-se aos cristãos como genus hominum superstitionis novae ac maleficae, ou seja, uma espécie de homens afeitos a uma superstição nova e maléfica.
Os cristãos eram uma superstição, uma associação ilegal, um corpo estranho inassimilável pelos romanos porque se negavam a praticar o culto cívico e também por não serem assimilados pelos seus pares, os judeus, embora menos violentos que estes últimos. Numericamente eram poucos e por isso dariam menos problemas para Nero. Mesmo assim, os requintes de crueldade e violência de Nero para punir os cristãos - chegou a transformar alguns em tochas humanas para iluminar os jantares nos seus jardins - chocaram os próprios romanos, a ponto de Tácito (XV, 44) tê-lo classificado com o termo absumerentur (destruidor, devorador, bárbaro).  
Assim se construiu a imagem do Nero incendiário e perseguidor dos cristãos, que adquiriu forma na obra História Eclesiástica, de Eusébio de Cesaréia, onde se lê (25, 1-3): “Quando Nero viu consolidado o seu poder, começou a empreender ações ímpias e muniu-se contra o culto do Deus do universo[...] Foi o primeiro dos imperadores a mostrar-se contra a piedade para com Deus.”  
Aos poucos os cristãos transformaram Nero em anticristo, como atesta a obra Cidade de Deus, de Santo Agostinho (Livro XX, 19). A idéia de considerar Nero o adversário do Cristo se perpetuou e na Idade Média muitos diziam que a nogueira que crescera no local onde as suas cinzas foram sepultadas era maldita e que os corvos na árvore eram demônios a seu serviço. Em 1099 o Papa Pascoal II mandou construir sobre o túmulo de Nero a Igreja Santa Maria Del Popolo, sepultando o anticristo. Com a transformação do cristianismo em religião oficial do Império, a história foi escrita sob a ótica cristã, ou seja, uma releitura da história de Roma e da religião cristã com diversas ressignificações de fatos e textos históricos.
Texto do livro “A águia e a cruz”       
Gilberto Aparecido Angelozzi é doutorando em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense. É graduado em História e Teologia pela PUC-SP. Dedica-se ao estudo da religião cristã e das suas manifestações na política e na cultura das sociedades da Antiguidade Clássica, da Idade Média e da América Latina na atualidade.
"O Incêndio de Roma", óleo sobre tela de Hubert Robert, século 18.
Nero, imperador romano entre 54 e 68 d.C. e responsável pela primeira perseguição contra os cristãos, foi acusado de ter provocado o famoso incêndio que destruiu dois terços da cidade de Roma em 18 de julho de 64 d.C.
Diz-se que ele desejava, com o incêndio, reconstruir a cidade. E a lenda é que Nero ficara tocando lira enquanto a cidade pegava fogo.
Em um dia como hoje, no ano de 64, teve início um grande incêndio de Roma, que destruiu boa parte da cidade. Apesar das histórias mais conhecidas sobre o episódio, não há nenhuma evidência de que o imperador romano Nero tenha iniciado oincêndio ou estivesse tocando violino enquanto ocorria a tragédia. Ainda assim, ele usou o desastre para seguir com seus planos políticos.
O fogo começou na favela de um distrito ao sul do lendário Monte Palatino. As casas da região queimaram rapidamente, e o fogo logo se espalhou para o norte, alimentado por ventos fortes. Durante o caos, houve relatos de grandes saques. O fogo só pode ser controlado após quase três dias. Três dos 14 distritos de Roma foram completamente destruídos; apenas quatro permaneceram ilesos após a tragédia. Centenas de pessoas morreram e milhares ficaram desabrigados.
Embora a lenda popular diga que o imperador Nero tocava violino enquanto a cidade ardia, essa história é cercada de contradições. Antes de tudo, o violino nem sequer existia na época. Além disso, Nero era conhecido por seu talento na lira; muitas vezes ele compôs a sua própria música. Mais importante ainda, Nero estava a 56 quilômetros de distância, em Antium, quando o fogo começou. Na verdade, ele deixou seu palácio ser usado como abrigo.
As lendas em torno da responsabilidade de Nero no incêndio podem ter surgido por várias razões. Primeiramente, ele não gostava da estética da cidade e usou a devastação causada pelo fogo como motivo para mudar a arquitetura e instituir novos códigos de construção em toda a cidade. Nero também usou episódio para reprimir a crescente influência dos cristãos em Roma. Ele prendeu, torturou e executou centenas deles sob o pretexto de que estariam envolvidos com as causas do incêndio.
 
Robert Hubert (1733-1808), O incêndio de Roma, Museu André Malraux, Le Havre, França
Com exceção de Tácito (Annales XV, 38), que, ao lado da versão do incêndio provocado dolosamente por Nero (dolo principis), reconhece também a versão daqueles que atribuíam ao acaso (forte) o próprio incêndio, todas as fontes antigas o atribuem com certeza a Nero, desde o contemporâneo Plínio, o Velho, que está provavelmente na base da tradição que se seguiu (Naturalis historia XVII, 1, 5), até Sêneca, autor de Octavia, Suetônio (Nero, 38) e Dion (LXII, 16, 18). Desencadeado em 19 de julho de 64, o incêndio durou, segundo Suetônio, seis dias e sete noites, mas recomeçou logo - partindo das propriedades de Tigelino e alimentando, assim, as suspeitas contra o imperador - e continuou por mais três dias, como se vê por uma inscrição (CILVI, 1, 829, que informa a duração de nove dias).
Os modernos já tendem a negar a responsabilidade direta de Nero no incêndio. Todas as fontes, porém, concordam em dizer que foram vistas pessoas que atiçavam o fogo depois que o incêndio havia começado. Para os culpabilistas, essas pessoas agiam iussu principis, “por ordem do imperador”; para os inocentistas, segundo os quais o incêndio foi desencadeado por negligência, por autocombustão, pelo calor do verão ou pelo vento, essas pessoas agiam “para poder fazer seus saques mais livremente”. Para Suetônio e para Dion, porém, essas pessoas eram cubicularii(criados) do imperador ou até soldados, e sua presença podia autorizar as piores suspeitas. Do confronto entre Tácito e Suetônio, por outro lado, vê-se que medidas de precaução e intervenções de socorro foram interpretadas como provas da culpa de Nero: em particular, a derrubada de edifícios pelos soldados, por meio do fogo, na região próxima do que seria depois a Domus aurea, e a proibição aos legítimos proprietários de se aproximarem de suas casas para salvar o que fosse possível e recuperar os mortos. Tudo isso alimentou muitas suspeitas, para o que contribuiu também a atribuição de um motivo preciso ao imperador: não tanto aquele que é aceito como seguro por Suetônio e por Dion, mas não por Tácito, de desejar ver Roma perecer sob seu reino, como Príamo vira perecer Tróia (desejo coroado pelo famoso canto), mas também e sobretudo o desprezo pela velha Roma, com suas ruas estreitas e seus velhos edifícios, e a vontade de aventurar-se numa grande empreitada urbanística, tornando-se o novo fundador de Roma.
Tácito é o único, entre nossas fontes, que diz que Nero, para calar aqueles que o acusavam do incêndio, inventou a falsa acusação contra os cristãos (Annales XV, 44): a notícia chegou até ele, certamente, da fonte culpabilista (para a fonte inocentista, não havia culpados pelo incêndio, que rompera por acaso), portanto, muito provavelmente, de Plínio. Para Plínio, como para Tácito, os cristãos eram inocentes do incêndio de Roma, e o suplício infligido a eles despertava pena, ainda que os cristãos, inocentes do incêndio, certamente fossem culpados, para a nossa fonte, de uma exitiabilis superstitio (culto funesto). O testemunho de Tácito, claramente hostil aos cristãos por sua superstitio, mas convicto de sua inocência no incêndio, mostra como é infundada a hipótese daqueles que, entre os modernos, acusaram os cristãos de terem incendiado Roma por sua fé na iminente parusia (retorno de Cristo à terra).
A distinção entre a falsa acusação de incendiários, que atingiu somente os cristãos de Roma, segundo Tácito, e a de superstitio illicita (culto ilícito), a única conhecida de Suetônio (Nero, 16, 2), que atingiu os cristãos de todo o Império, não é, como muitas vezes se crê, o resultado de duas versões do mesmo fato contado por fontes diversas, mas o efeito de duas decisões diferentes, das quais a segunda é certamente anterior à primeira. A Primeira Carta de Pedro (4,15), que, a meu ver, pode ser datada entre 62 e 64, prevê a possibilidade de que os cristãos possam ser incriminados pelo fato de serem cristãos não apenas em Roma, mas em todo o Império, e pressupõe uma hostilidade largamente difundida (cf. 1Pd 4,12), que se adapta bem às acusações de flagitia (crimes infamantes), que, segundo Tácito, tornavam os cristãos malvistos ao vulgus (as pessoas comuns). Mas, se a atmosfera da Primeira Carta de Pedro é a pressuposta por Tácito, a incriminação por cristianismo é certamente aquela que Suetônio conhece, e não pode se referir a um edito imperial (como a incriminação pelo incêndio de Roma), mas somente a uma consulta ao senado, ao qual cabia, na era júlio-claudiana, decidir sobre as questões religiosas. O institutum(instituição) de que fala Suetônio, o institutum Neronianum de que fala Tertuliano (Ad nationes I, 7, 14) não é um edito nem uma consulta ao senado, mas um precedente de fato: é a aplicação que Nero, primeiro entre os imperadores, dedicator damnationis nostrae (autor da nossa condenação; Tertuliano, Apologeticum V, 3), deu, logo depois de 62, à consulta ao senado com a qual fora refutada em 35 a proposta de Tibério de reconhecer a legalidade do culto de Cristo e que havia feito do cristianismo uma superstitio illicita em todo o Império. O veto de Tibério havia detido sua aplicação, e a situação permaneceu igual até 62, quando o assassinato de Tiago Menor, na Judéia, decidido pelo sumo-sacerdote Anã, foi tornado possível apenas pela momentânea ausência do governador romano. Mas, em 62, verificou-se uma reviravolta decisiva, não apenas nas relações entre o Império e os cristãos, mas em toda a política de Nero: esse é o momento da retirada de Sêneca da vida política, da morte de Burro, substituído na Prefeitura do pretório por Tigelino, do repúdio de Otávia e das núpcias com a judaizante Popéia, da ruptura com os estóicos da classe dirigente e do abandono definitivo da linha júlio-claudiana do principado para uma dominação de tipo horizontalizante e teocrático. Cristãos e estóicos foram atingidos nos mesmos anos e juntos criminalizados diante da opinião pública: aerumnosi Solones (atormentados de Sólon) eram, segundo Pérsio (Satirae III, 79), os estóicos na opinião das pessoas ignorantes; saevi Solones(impiedosos de Sólon) eram definidos os cristãos numa inscrição de Pompéia: segundo a Primeira Carta de Pedro (4,4), eles são caluniados “porque não se entregam à mesma torrente de perdição”. O clima no qual essas acusações foram formuladas é o mesmo: contra os estóicos da classe dirigente, foi usada a arma política da lex maiestatis (lei para a defesa do Estado); contraos cristãos, bastou exumar a velha consulta ao senado de 35.
A primeira vítima da decisão de Nero de incriminar os cristãos com base na velha consulta ao senado foi, a meu ver, Paulo, que era bem conhecido nos ambientes da corte: essa incriminação é testemunhada pela Segunda Carta a Timóteo, escrita no outono de um ano que poderia ser 63 (cf. 2Tm 4,21). Paulo está de novo na prisão, em Roma, mas desta vez espera por uma condenação, embora não certamente pelo incêndio (por se tratar de um cárcere “civil”, Paulo pode pedir livros e um manto). A prisão e a condenação de Pedro viriam a acontecer, por sua vez, junto à dos outros cristãos de Roma, depois do incêndio de 64: seu martírio, ocorrido por crucificação nos horti neroniani (os jardins de Nero), não pode ser separado, como revela o confronto entre a descrição de Clemente Romano (1Cor 5) e a de Tácito (Annales XV, 44), do da multitudo ingens (enorme multidão) - poly plethos que Nero ofereceu como espetáculo, junto a um circense ludicrum(espetáculo circense), ao povo de Roma, pondo à disposição hortos suos (seus jardins): a historiadora Guarducci pensou nas festas de 13 de outubro de 64, alguns meses depois do incêndio, quando com a persistência das suspeitas contra o imperador pôde aconselhar a este último que buscasse bodes expiatórios.
Fontes:
SUETÔNIO, Gaio. A vida dos doze césares. São Paulo. Ediouro, 1966
http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2011/06/1-os-bastidores-do-grande-incendio-de.html
Tácito, Cornélio. Anais (Tradução de Leopoldo Pereira). São Paulo: Ediouro, 1967.
19 de Julho de 64 dC: “O grande incêndio de Roma” Em pleno centro de Roma, junto ao Circo Mássimo deflagrou um foco de incêndio que consumiu parte da cidade durante seis dias e vitimou milhares de pessoas. A partir deste acontecimento, e já naquela época, foram impostos materiais de construção tais como pedra e tijolo, defenderam-se distâncias mínimas entre ruas para facilitar o combate e evitar o alastramento e garantiu-se que a água chegava a todos os pontos da cidade [3].
 
 Nero
O que mais marcou a história de Nero foi o caso do incêndio que destruiu parte da cidade de Roma, no ano de 64. Porém, de acordo com alguns historiadores, não é certa a responsabilidade de Nero pelo incidente. O imperador estava em Anzio no momento do incidente e retornou à Roma ao saber do incêndio. Os que apontam Nero como culpado baseiam-se nos relatos de Tácito. Este afirma que havia rumores de que Nero ficou cantando e tocando lira enquanto a cidade queimava.
 
O fato é que Nero culpou e ordenou perseguição aos cristãos, acusados por ele de serem os responsáveis pelo incêndio. Muitos foram capturados e jogados no Coliseu para serem devorados pelas feras. 
 
Além deste episódio, outros colaboraram para a fama de imperador violento e desequilibrado. No ano de 55, Nero matou o filho do ex-imperador Cláudio. Em 59, ordenou o assassinato de sua mãe Agripina.
 
Nero se suicidou em Roma, no dia 6 de junho de 68, colocando fim a dinastia Julio-Claudiana.
 
Marina Ranieri Panetta conta-se entre as vozes enérgicas que têm defendido uma reavaliação de Nero. Mas tem encontrado muitos opositores.
 
“Esta reabilitação, este processo lançado por um pequeno grupo de historiadores, tentando transformar aristocratas em cavalheiros, parece--me bastante estúpida”, afirma o famoso arqueólogo romano Andrea Carandini. “Agora há, por exemplo, historiadores sérios que afirmam que a culpa do incêndio não foi de Nero. Mas como teria ele conseguido construir a Domus Aurea sem o fogo? Fosse ou não fosse ele a atear o incêndio, de certeza que lucrou com ele.”
 
Vale a pena reflectir com demora sobre a lógica de Andrea Carandini, uma vez que o incêndio horrendo que danificou ou destruiu dez dos 14 bairros de Roma é fundamental para a mitologia neroniana. “O próprio Tácito, o grande acusador de Nero, escreve que ninguém sabe se Roma ardeu por fogo posto ou por casualidade”, contrapõe Ranieri Panetta. “No tempo de Nero, Roma tinha ruas muito estreitas” e existiam muitos edifícios altos com andares superiores de madeira. “O fogo era essencial para alumiar, cozinhar e aquecer. Por consequência, quase todos os imperadores tiveram grandes incêndios nos seus reinados.” Acontece também que Nero não se encontrava em Roma quando o Grande Incêndio começou, mas na sua cidade natal de Antium, a Anzio da actualidade. Num determinado momento da deflagração, ele apressou-se de volta a Roma e, embora pareça ser verdade que Nero gostava efectivamente de tocar um instrumento de cordas denominado kithara, o primeiro relato onde se afirma tê-lo feito enquanto olhava as chamas a devorarem a cidade foi escrito por Cassius Dio, século e meio depois da catástrofe. Segundo Tácito, que viveu no tempo de Nero, o imperador ordenou que os desalojados fossem acolhidos, ofereceu incentivos aos romanos capazes de reconstruir a cidade de forma expedita e criou e pôs em prática códigos de segurança contra incêndios.
 
Ao mesmo tempo, reuniu, condenou e crucificou os odiados cristãos. E confiscou os restos carbonizados da Cidade Eterna, escolhendo-os como local para a futura construção da sua Casa Dourada. “Ele prestou-se a ficar com o rótulo de monstro”, reconhece Marina Ranieri Panetta. “Era um alvo fácil.”
 
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 “HAVERÁ PIOR DO QUE NERO?”, escreveu o poeta Marcial, contemporâneo do imperador. Mas depois, na linha seguinte, acrescenta. “Haverá melhor do que as termas de Nero?”
 
Em 2007, ao realizar o estudo de impacte ambiental para uma nova linha de metropolitano que rasgaria o coração da cidade, a arqueóloga romana Fedora Filippi escavou directamente sob a movimentada avenida Corso Vittorio Emanuele II e encontrou a base de uma coluna. Levando por diante as escavações, debaixo de um edifício da época de Mussolini, ao longo da Piazza Navona, Fedora encontrou um pórtico – e, nas imediações, o rebordo de uma piscina. Foi preciso mais de um ano de análise estratigráfica e de consulta dos textos históricos para concluir que havia descoberto o enorme ginásio público erigido por Nero alguns anos antes do grande incêndio do ano 64. Os planos de construção de uma estação de metro no local foram de imediato abandonados, tal como as escavações. Fora do meio universitário, o importante achado de Fedora mereceu pouca atenção.
 
“O ginásio fazia parte de uma mudança introduzida por Nero em Roma”, diz ela. “O imperador apresentou o conceito de cultura grega e, com ele, a ideia da educação física e intelectual dos jovens, que em breve se propagaria pelo império. Antes disso, estas termas existiam apenas para a aristocracia. O ginásio alterou as relações sociais.”
Os primeiros dias de sofrimento foram esporádicos e localizados, mas, depois do incêndio de Roma no ano 64 d.C., o imperador Nero fez dos cristãos o bode expiatório para a tragédia, e a opressão se espalhou. Aqueles que professavam o cristianismo eram torturados e queimados. Era o começo da perseguição por todo o Império, que acabou por alcançar a igreja em todos os cantos. Como consequência, grande parte do Novo Testamento foi escrito na prisão.
Na noite de 18 de Julho do ano 64 dc, Roma é flagelada por um incêndio de enormes proporções, que destruiria dois terços da cidade. A calamidade se estendeu por 6 dias seguidos e, quando parecia debelada, surgiam novos focos. No total, o incêndio durou cerca de 9 dias. Nero, o imperador na ocasião, estava fora da cidade e retornou rapidamente ao ser avisado. Mas nem isso impediu que ele se tornasse o principal suspeito pela tragédia, devido ao fato de ele próprio comprar a preço vil diversas áreas onde antes haviam residências para construir novos palácios e outras obras. O fogo também destruiu o templo de Júpiter e o lar das sacerdotisas Vestais, locais pagãos para os judeus e cristãos. É possível que alguns cristãos mais fundamentalistas tivessem ido às ruas imbuídos de conceitos apocalípticos e com acusações de que a calamidade seria um castigo pelos pecadosdaquela urbe. Se ocorreu ou não, o fato é que Nero se valeu da suposta intolerância dos cristãos para realizar uma manobra política.
Para desviar as acusações de sobre si, Nero imputou os cristãos como responsáveis pelo incêndio e jurou perseguir e matar a todos eles. Muitos foram mortos nas arenas, vítimas dos leões e de cães. Outros tantos Nero mandou crucificar e queimar, iluminando as estradas romanas. Em meio a esse ambiente hostil, Pedro foi capturado e martirizado, sendo crucificado de cabeça para baixo por volta de 13 de Outubro daquele mesmo ano. Paulo também foi capturado e preso, mas sua condição de cidadão romano certamente o livrou de ser julgado e penalizado como um preso comum. Em II Tm 4:17 Paulo diz que foi livrado “da boca do leão”. Embora alguns pensem se tratar de uma figura de linguagem, é possível que fosse literal, já que um cidadão romano não poderia ser submetido a esse tipo de pena.
A maior dor de Paulo, contudo, é ter sido abandonado por seus pares (1:15-18). É bom lembrar que nessa situação, ser associado ao preso de qualquer forma poderia tornar a pessoa cúmplice de seus crimes. É nesse contexto que encontramos Paulo em II Timóteo: Preso, abandonado pelos seus companheiros e no corredor da morte. Timóteo estava pastoreando a igreja de Éfeso. E mesmo nessa situação tão hostil, Paulo não deixa de saudar e orientar seu filho espiritual na direção da igreja e na vida prática.

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