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Proteção de sobrecorrente de Barramentos Felipe A. Cribari Henrique M. Callegari Rubem M. D. Neto Sumário ● Introdução ● Tipos de Barramentos ● Características ● Falhas e Defeitos ● Proteções ● Operações Introdução Equipamentos de manobras de uma subestação: ● Equipamentos usados para controlarem o fluxo de energia, bem como para isolarem os transformadores, geradores ou linhas; ● Podem ser disjuntores, seccionadores, conexões, respectivos isoladores de suporte e barras. Introdução ● Para se isolar defeitos em uma barra, devem ser abertos todos disjuntores que alimentam os circuitos que chegam a esta barra; ○ Necessário que a proteção de barras funcione corretamente, ou seja, atue apenas para defeitos na barra, sendo insensível a defeitos externos. ● Defeitos em barra não são, em geral, de natureza transitória, ou seja, os danos causados são permanentes; ● Assim, não é recomendável a possibilidade de reaplicação imediata de tensão, após a atuação da proteção. ● Falhas nos barramentos são pouco frequentes, não passando de 10% das faltas num sistema de potência; Introdução Subestações: ● Possuem barramentos nos quais são conectados tanto os circuitos alimentadores como os circuitos de distribuição; ● Para o circuito, uma barra de um sistema elétrico representa um nó elétrico. ● Pode ser constituída de diversas barras, possibilitando manobras para a continuidade de serviços, em decorrência de inspeção ou manutenção. Falhas e Defeitos Considerando somente falhas nos barramentos, a maior participação ocorre nos fenômenos de flashover, seguido de falha nos disjuntores e falhas na isolação dos switchgear. Os defeitos nos barramentos normalmente têm a seguinte origem: 1. Rompimento da isolação devido a danos de natureza elétrica ou mecânica. 2. Objetos estranhos, muitas vezes caídos sobre a subestação. 3. Esquecimento da retirada dos cabos de aterramento após os serviços de manutenção. 4. Esquecimento de ferramentas de trabalho sobre as barras. 5. Falhas nos dispositivos de bloqueio das chaves de aterramento utilizadas nos serviços de manutenção. 6. Falhas ou inexistência de um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas – SPDA. 7. Presença de répteis sobre os barramentos, tais como calangos, cobras e similares. 8. Contaminação de poluentes ambientais, tais como maresia, poeira de resíduos industriais etc. O rompimento da isolação tem como origem o envelhecimento natural do dielétrico ou mais comumente, as sobretensões prolongadas ou as sobretensões de origem atmosférica. Tipos de Barramentos Historicamente, ou para atender as exigências atuais da legislação e objetivando a continuidade do serviço, surgiram algumas configurações de barras. ● Barramento Simples; ● Barramento Simples Seccionado; ● Barramento Duplo; ● Barramento Principal e de Transferência ; ● Barramento Duplo – disjuntor único com barra de transferência; ● Barramento Duplo – disjuntor duplo; ● Barramento em Anel; Barramento Simples ● Distribuição e transmissão com níveis de tensão inferiores; ● Sem flexibilidade operacional; ● Falha na barra, todos os disjuntores abrirão. Barramento Simples Seccionado ● Distribuição e transmissão com níveis de tensão inferiores; ● Continuidade aumentada; ● Flexibilidade operacional limitada. Barramento Duplo ● Distribuição e transmissão; ● Continuidade e confiabilidade elevada; ● Manutenção do disjuntor sem remoção do circuito; ● Falha em uma barra não afeta os circuitos a ela conectados; ● Elevada complexidade e investimento Barramento Principal e de Transferência ● Aumenta flexibilidade operacional; ● Defeito no barramento principal obriga desligamento da SE; ● Transferência de barra para manutenção do disjuntor. Barramento Duplo – disjuntor único com barra de transferência ● Elevada flexibilidade operacional; ● Transferência de barra para manutenção do disjuntor. Barramento Duplo – disjuntor duplo ● Elevada flexibilidade operacional; ● Protecção da linha cobre seção de barra entre dois TCs; ● Falha em uma barra não atrapalha fornecimento Barramento em Anel ● Níveis de tensão mais elevados; ● Alta flexibilidade operacional com mínimo de disjuntores. Proteções Independentemente do nível de tensão, as proteções mais utilizadas em barramentos são: ● Função 46: proteção de fase aberta (desbalanceamento de corrente). ● Função 50: proteção instantânea de fase. ● Função 50N: proteção instantânea de neutro. ● Função 50BF: proteção contra falha de disjuntor. ● Função 51: proteção temporizada de fase. ● Função 51N: proteção temporizada de neutro. ● Função 50Q: sobrecorrente instantânea de sequência negativa. ● Função 51Q: sobrecorrente temporizada de sequência negativa. ● Função 64: proteção de terra. ● Função 67G: proteção direcional de terra. ● Função 86: bloqueio de segurança. ● Função 87B: proteção diferencial de barramento. Proteção de sobrecorrente de barras Essa proteção de barra se fundamenta na 1ª lei de Kirchhoff, a qual estabelece que a soma algébrica das correntes que convergem a uma barra é nula. A corrente diferencial deve passar no relé de sobrecorrente, o qual providenciará a abertura do disjuntor. Na operação normal, tem-se que ∑ina barra = 0 Para defeito na barra, tem-se que ∑ina barra ≠ 0 Proteção de barra com relé de sobrecorrente Proteção de barra com relé de sobrecorrente Defeito na barra Para um defeito na barra, todas as correntes fluem para o curto-circuito. Assim Portanto, a corrente de curto-circuito na barra, vista pelo relé de sobrecorrente, será O relé de sobrecorrente atua! Defeito externo à barra As correntes que chegam na barra, pelas linhas, são as mesmas do curto-circuito na própria barra. Teoricamente, para um defeito externo à barra, como em k, a proteção diferencial, feita pelo relé de sobrecorrente, não atua. Defeito externo à barra Na prática, verifica-se que para um curto-circuito externo à barra, por exemplo, em k, cada TC estará sujeito a corrente normal de curto-circuito, com exceção do TCk, que através do qual fluirá a soma de todas as outras correntes. Portanto, o TC que está próximo do curto-circuito ficará submetido às contribuições de corrente de todas as conexões à barra. Isso pode acarretar a sua saturação e provocar a atuação indevida do relé de sobrecorrente. Se os TCs foram bem dimensionados, não haverá problema de saturação, porque essas correntes de curto-circuito atendem o critério de sobrecorrente de 20Inominal, o qual manterá sua classe de exatidão. Mas, na realidade, devido a grande quantidade de TCs empregado na proteção de barra, o critério de 20Inominal não é atendido, assim, deve-se prever o maior nível de saturação dos TCs, para compensar no ajuste do relé de sobrecorrente. Circuito equivalente simplificado do TC Aplicando-se a 1ª Lei de Kirchhoff no nó Onde IE → representa o erro do TC Operação normal Na operação normal, isto é, dentro da sua precisão, pode-se considerar IE = 0. Assim: Operação no joelho da saturação Nesta operação a corrente IE aumenta consideravelmente. Como na proteção a prioridade é a rapidez, costuma-se utilizar os TCs com classe de exatidão de até 10%. Esse é o conteúdo aceitável, mas a partir daí as distorções são mais acentuadas, provocando graves desvios no desempenho dos equipamentos que compõem a proteção, comprometendo a qualidade desta. Operação dentro da saturação do TC Quanto mais se avança no joelho da curva de magnetização do TC, menoscorrente será enviada aos relés e mais corrente será exigida para a magnetização do núcleo do TC. Portanto, operando dentro da saturação do TC, parte da corrente será enviada para a magnetização (excitação) do núcleo. Assim, com o aumento do nível de saturação do núcleo do TC, tem-se que Operação dentro da saturação do TC Considerando-se o TC operando completamente saturado, o seu circuito equivalente é Portanto, verifica-se, um curto-circuito na sua bobina de excitação, de modo que não haverá nenhuma (ou pouca) corrente na saída do secundário do TC, de modo que os relés não serão sensibilizados pela corrente do defeito, ou seja, a proteção não atua. Proteção diferencial de barras com relé de sobrecorrente direcional A proteção de barra por comparação direcional é feita utilizando-se apenas relés direcionais de sobrecorrente. No sistema em anel, quando ocorre um defeito (curto-circuito) na barra todas as Correntes convergem para a barra, e, portanto, pode-se utilizar proteções direcionais voltadas (dirigidos) à barra. A figura a seguir mostra a utilização de proteções de sobrecorrente direcionais aplicada a uma barra de um sistema elétrico em anel. Proteção diferencial de barras com relé de sobrecorrente direcional Esse esquema de proteção de barra, com proteções de sobrecorrente direcionais pode ser utilizado, principalmente em subestações com poucas conexões na barra, por exemplo, até 5. O ajuste das proteções de sobrecorrentes direcionais deve ser superiores às correntes nominais das linhas correspondentes. A saturação do TC não é um problema para esse tipo de proteção. Exercício Determinar o ajuste do relé de sobrecorrente diferencial de barra a ser utilizado na proteção do barramento da SE Massapê, 230-69 kV referente ao arranjo mostrado na Figura. A corrente de curto circuito monopolar no barramento vale 8.600 A, enquanto a corrente de curto-circuito trifásica vale 12.500 A. O condutor que interliga os transformadores de corrente ao relé é de 10 mm2. O TC é constituído de uma bobina com 400 espiras, com uma resistência de 0,0012 W/espira. A relação dos transformadores de corrente utilizados na proteção diferencial vale 1.600-5-5 A. O relé é dotado de uma resistência igual a 1.500 W. A corrente que circula na resistência do relé é de 0,07 A. O TC mais distante da Casa dos Relés onde fica instalado o Quadro de Proteção de Barra é de 50 m.