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O Autismo e Suas Características

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1 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA: 
O AUTISMO E SUAS 
CARACTERÍSTICAS 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
 
 
2 
AUTISMO 
 
 
 
 
 
 
 
CONCEITO 
 
A palavra autismo se origina do grego "auto” que significa "próprio". A criança 
autista parece em si mesma, pouco reagindo ou respondendo ao mundo que a rodeia. 
O autismo significa que o mundo não faz sentido. O mundo não forma os padrões 
necessários de símbolos interligados que torna a vida compreendida para essas 
crianças . As experiências sensoriais chegam à sua mente a toda hora como uma 
língua estranha que ela nunca ouviu . 
 
 
 
 
 
 
3 
ETIOLOGIA 
 
A etiologia é desconhecida, mas 
acredita-se em alteração orgânica metabólica. 
 
INCIDÊNCIA 
 
De 10.000 crianças há de 4 à 5 casos 
com menos de 12 ou 15 anos. Com retardo mental severo, a taxa pode subir para 20 
casos em 10.000 crianças. E é 4 vezes mais comum em meninos do que em meninas; 
porém as meninas são mais seriamente acometidas. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 
Definição 
 
O autismo é uma síndrome de etiologia puramente orgânica, para qual existem, 
presentemente, três definições que podemos considerar como adequadas: 
 A da ASA - American Society for Autism ( Associação Americana de Autismo ) 
 
 
 
4 
 A da Organização Mundial de Saúde, contida na CIS-10 ( 10a . Classificação 
Internacional de Doenças ) de 19991; 
 A do DSM-IV - diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders ( Manual 
Diagnóstico e estatístico dos distúrbios Mentais ), da Associação Americana de 
Psiquiatria . 
 
A definição da ASA desenvolvida e aprovada em 1997, por uma equipe de 
profissionais conhecidos pela comunidade científica mundial, por seus trabalhos, 
estudos, pesquisas na área do autismo é resumidamente, a seguinte : 
1 - “O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de 
maneira grave por toda a vida. Acomete cerca de vinte entre cada dez mil nascidos e é 
quatro vezes mais comum entre meninos do que em meninas. Não se conseguiu até 
agora provar nenhuma causa psicológica, no meio ambiente destas crianças, que 
possa causar a doença”. 
 Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, são verificados pela 
anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o individuo. Incluem: 
 1o - Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e 
lingüísticas. 
 2o - Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são : 
visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo. 
 
 
 
5 
 3o - Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do 
pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de idéias. Uso 
de palavras sem associação com o significado. 
 4o - Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas. Respostas 
não apropriadas a adultos ou crianças. Uso inadequado de objeto e brinquedos. " 
 
2 - Segundo a CID-10,é 
classificado como F84-0, como 
"Um transtorno invasivo de 
desenvolvimento, definido pela 
presença de desenvolvimento 
anormal e/ou comprometimento 
que se manifesta antes da 
idade de 3 anos e pelo tipo 
característico de funcionamento anormal em todas as três áreas : de interação social, 
comunicação e comportamento restrito e receptivo. O transtorno ocorre três a quatro 
vezes mais freqüentemente em garotos do que em meninas. " 
 
3 - O DSM-IV apresenta o seguinte critério de diagnóstico : 
A. Se enquadrar em um total de seis (ou mais) dos seguintes itens : 
(1) Comprometimento qualitativo em interação social, com pelo menos duas 
das seguintes características: 
 
 
 
6 
a) Acentuado comprometimento no uso de múltiplos 
comportamentos não verbais que regulam a interação social, tais 
como contato olho a olho, expressões faciais, posturas corporais 
e gestos; 
b) Falha no desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas 
à idade; 
c) Ausência da busca espontânea em compartilhar de 
divertimentos, interesses e empreendimentos com outras 
pessoas 
 (2). Comprometimento qualitativo na comunicação, em pelo menos um dos 
seguintes itens: 
a) Atraso ou ausência total no desenvolvimento da fala (sem a 
tentativa de compensá-la por meio de comunicação por gestos 
ou mímicas); 
b) Acentuado comprometimento na habilidade de iniciar e manter 
uma conversação, naqueles que conseguem falar; 
c) Linguagem estereotipada, repetitiva ou idiossincrática; 
d) Ausência de capacidade, adequada à idade, de realizar jogos de 
faz-de-conta ou imitativos. 
 (3). Padrões de comportamento, interesse ou atividades repetitivas ou 
estereotipados, em pelo menos um dos seguintes aspectos : 
 
 
 
7 
a) Preocupação circunscrita a um ou mais padrões de interesse 
estereotipados e restritos, anormalmente, tanto em intensidade 
quanto no foco; 
b) Fixação aparentemente inflexível em rotinas ou rituais não 
funcionais; 
c) Movimentos repetitivos e estereotipados 
d) Preocupação persistente com partes de objetos. 
B. Atraso ou funcionamento anormal, antes dos três anos, em pelo menos uma das 
seguintes áreas: interação social, linguagem de comunicação social e jogos 
simbólicos ou imaginativos. 
C. O distúrbio não se enquadra na síndrome de Rett ou no Distúrbio Desintegrativo 
da Criança. 
O Autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios 
que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down e epilepsia. Os 
sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a 
idade. 
O Q.I de crianças autistas, em aproximadamente 
60% dos casos, mostram resultados abaixo dos 50,20% 
entre 50 e 70 e apenas 20% tem inteligência maior do 
que 70 pontos. 
O Portador de Autismo tem uma expectativa de vida 
normal. 
 
 
 
8 
Formas mais grave podem apresentar comportamento destrutivo, autoagressão e 
comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças. 
O Autismo jamais ocorre por bloqueios ou razões emocionais, como insistiam os 
psicanalistas. As causas são múltiplas. Algumas já têm sido relacionadas, como: 
fenilcetonúria não tratada, viroses durante a gestação, principalmente durante os três 
primeiros meses (inclusive citomegalovirus), toxoplasmose, rubéola, anoxia e 
traumatismos no parto, patrimônio genético, etc. Ultimamente, pesquisas mostram 
evidências de aparecimento do autismo após aplicações da vacina tríplice. 
 
FISIOTERAPIA 
 A atuação fisioterápica só é dada as crianças autistas com atraso motor, onde 
são trabalhadas todas as fazes motoras até a marcha livre, estimulando as etapas do 
desenvolvimento normal, prevenindo deformidades e dando orientação familiar. Caso 
contrário existe algumas terapias na qual a criança deve se identificar. 
 
TERAPIAS 
 
MÉTODO DE DOMAN 
A forma de trabalhar uma criança pode seguir muitos métodos distintos. O método 
adequado depende muito do terapeuta e também das condições e capacitações da 
criança. 
 
 
 
9 
Uma observação inicial que pode ser feita é que assim como a flor nasce, o peixe 
nada e os pássaros cantam, a criança deve engatinhar andar e falar, nesta seqüência. 
São seus impulsos naturais. Quando ela falha no seu desenvolvimento esta também 
deve ser a seqüência a ser seguida no seu trabalho terapêutico, segundo apreciação 
do Dr. Doman, notável especialista americano, que depois de trabalhar, durante anos, 
com crianças deficientes, segundo os métodos então tradicionais, chegou a umaconclusão absolutamente espantosa: "As crianças que tinham permanecido sem 
tratamento estavam incomparavelmente melhores do que as tratadas por nós". 
Buscando razões deste fracasso, através da observação, que as mães que não lhe 
deram ensejo de imobilizar os filhos pelo tratamento, levaram-nos para casa, puseram-
nos no chão e permitira que eles fizessem o que lhes aprouvesse. Estas crianças, por 
instinto, passaram a rastejar, engatinhar, obtendo melhoras consideráveis. 
O seu método nasceu daí e visa estimular a evolução natural da criança. Este 
método tem muito seguidores no Brasil, prevê um programa de exercícios que chega a 
ser extenuante, mas que tem se revelado eficaz. 
 
HOLDING TERAPY 
A terapia do abraço vem sendo empregada e defendida com crescente 
entusiasmo por um grupo bastante numeroso. A revista Communication da National 
Autistic Society de junho de 89 apresentou um artigo de Michele Zappella (Psiquiatra) e 
John Richer (Pediatra) que resumimos a seguir. 
O holding é uma forma de intervenção intrusiva cujo objetivo é reduzir o 
isolamento social, aumentar a comunicabilidade e desenvolver laços de união. O 
 
 
 
10 
holding deve ser sempre parte de um pacote maior de terapias, mas parece ser uma 
eficiente terapia para desenvolver as condições da maioria das crianças autistas e de 
remover comportamentos indesejáveis. Welch desenvolveu esta forma de terapia como 
parte de uma ampla abordagem. 
Ainda não está claro como o Holding atua, porque a eficácia depende de quem a 
aplica e qual a inter-relação com as demais terapias aplicadas simultaneamente. O fato 
é que se obtêm resultados, independente de gravidade do autismo. Vamos dar um 
exemplo: 
"Uma criança com 1 ano e meio foi diagnosticada como autista e colocado em um 
programa de um hospital escola, onde ficava a maior parte do dia com outras crianças 
autistas. Depois de dois anos ela se apresentava seriamente retardada e com 
comportamento fortemente autístico, com péssimo prognóstico. Foi submetida então a 
tratamento envolvendo interações físicas acentuadas, com Michele Zappella. Depois de 
6 meses o comportamento social da criança estava dentro da faixa normal da idade. 
Este exemplo é uma ilustração e não pode, evidentemente, ser apresentado como 
evidência." 
Deve ser lembrado. Inicialmente, que existem muitas variações de terapia do 
abraço. De um modo geral, porém são elementos comuns: 
 O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha e lute 
para se livrar, até que ela se acalme e relaxe. 
 O adulto deve manter o controle da criança 
 
 
 
 
 
11 
Uma seção atípica apresenta os seguintes passos: 
 Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas a seguir começa a se 
debater. Os pais continuam a abraçá-la. 
 A criança se debate mais e mais e ocasionalmente começa a gritar. Os 
pais mantém o abraço. 
 Os ciclos de luta, gritos e aquietamentos podem de estender até por mais 
de uma hora. 
Durante, em especial, as seções iniciais, a criança se enraivece mais, então 
soluça, depois relaxa e se amolda ao corpo dos pais. A partir de então a criança se 
torna mais comunicativa, aconchegante e aberta. 
A insistência em confrontar a criança é uma importante característica do 
HOLDING. A intervenção é realizada mantendo a criança em contato estreito, fixando-
lhe o olhar, beijando-a e falando com ela (Alguns usam um fundo musical). 
Zappella aplicou a terapia a 50 crianças autistas, com idade de 3 a 15 anos, 
envolvendo a família e tendo como base a terapia do abraço. Ela registra que 12% se 
normalizaram após dois anos, 18% perderam o comportamento autístico e 44% 
apresentaram progressos moderados e 26% não demonstraram resultados. J. Prekop, 
na Alemanha reportou resultados similares. Ela também comparou o desenvolvimento 
destas crianças com outras que não tinham sido submetidas ao HOLDING, concluindo 
que, relativamente, fizeram maior progresso. 
 
 
 
 
 
12 
HIPOTERAPIA 
Essa atividade ajuda a fornecer balanço e força e requer o uso de suas mãos, 
portanto minimiza os movimentos estereotipados das mãos e aumenta o uso das 
mesmas. 
O autista ganha controle, trazendo confiança e satisfação. 
 
MUSICOTERAPIA 
A musicoterapia é um método muito eficaz. A música promove o relacionamento 
entre o paciente e o terapeuta, que aproveita, na terapia tudo que possa provocar 
algum ruído, som, ou mesmo movimento. 
A musicoterapia também utiliza o próprio corpo do paciente. No início, o 
terapeuta espera que o autista se expresse de algum modo , um piscar de olhos, um 
som, um gesto qualquer. O terapeuta, então, repete o gesto ou emite o mesmo som, 
tentando estabelecer uma comunicação com o paciente. Ao mesmo tempo, procura 
mostrar ao autista que ele será aceito, não importa a maneira como aja. 
Se o autista retribui a mensagem,a primeira comunicação está feita. Ele começa 
a se comunicar com os outros. Ele, agora, vê o mundo e o compreende. 
 Crescimento da independência escolhendo músicas e atividades 
 Comunicação (atividades musicais através de símbolos). 
 Desenvolvimento da autoimagem e da autoestima. 
 Estimulação pelo contato expressivo dos olhos. 
 
 
 
13 
 Desenvolvimento da vocalização através da música. 
 Aumento do uso proposital das mãos enquanto toca os instrumentos 
 Aumento da socialização através da participação 
A musicalidade induz ao relaxamento que facilita na liberdade de movimentos e 
expressão. 
Nem todo autista tem um atraso motor, mas o que tiver deve-se trabalha esse 
atraso ate a marcha livre. 
 
AUTISMO – VISÃO DA PSIQUIATRIA 
 
TRANSTRONOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO 
 
Os transtornos globais do desenvolvimento incluem um grupo de condições nas 
quais há atraso ou desvio no desenvolvimento de habilidades sociais, linguagem, 
comunicação e repertório comportamental. 
Crianças afetadas exibem interesse intenso idiossincrático em uma estreita gama 
de atividades, resistem à mudança e não respondem de maneira adequada ao ambiente 
social. Esses fatores se manifestam cedo na vida e causam disfunção pertinente. 
 
 
 
 
 
14 
TRANSTORNO AUTISTA 
 
O transtorno Autista (historicamente chamado de autismo infantil precoce/ autismo 
da infância ou autismo de Kanner) é caracterizado por interação social recíproca anormal, 
habilidades de comunicação atrasadas e disfuncionais e um repertório limitado de 
atividades e interesses. 
 
PREVALÊNCIA 
 
A taxa é de cinco casos por 10 mil crianças. O inicio do transtorno ocorre antes dos 
3 anos de idade, ainda que possa não ser reconhecido até a criança ser muito mais velha. 
 
DISTRIBUIÇÃO POR SEXO 
 
É 4 a 5 vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Meninas com 
transtorno autista têm maior probabilidade de apresentar um retardo mental grave. 
 
 
 
 
 
 
 
15 
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE 
 
Segundo Kanner poderia ser consequência de mães muito “geladeiras”, porém não 
há validade de tal hipótese. 
 
FATORES PSICOSSOCIAIS E FAMILIARES 
 
Essas crianças podem responder com sintomas exacerbados a estressores 
psicossociais, incluindo discórdia familiar, nascimento de um novo irmão ou mudança 
familiar. 
 
FATORES BIOLÓGICOS 
 
Cerca de 75% das crianças afetadas apresentam um retardo mental. Um terço tem 
retardo mental leve a moderado e perto da metade tem retardo mental grave ou profundo 
(essas crianças apresentam déficits mais importantes no raciocínio abstrato no 
entendimento social e em tarefas verbais do que em tarefas de desempenho). 
Podem apresentar também: 
 Convulsões; 
 Aumento ventricular; 
 
 
 
16 Anormalidades eletroencefalográficas. 
 
FATORES GENÉTICOS 
 
Entre 2 e 4% dos irmãos de crianças autistas também tinham transtorno autista, 
uma taxa 50 vezes maior do que na população geral. 
 
FATORES IMUNOLÓGICOS 
 
Incompatibilidades imunológicas (anticorpos maternos transferidos ao feto) podem 
contribuir para o transtorno autista. Os linfócitos de algumas crianças autistas reagem 
com anticorpos maternos, o que levanta a possibilidade de que tecidos neurais 
embrionários ou extraembrionários possam ser danificados durante a gestação. 
 
FATORES PERINATAIS 
 
Uma incidência de complicações perinatais mais alta que o esperado parece 
ocorrer em bebês mais tarde diagnosticados como autistas. Sangramento materno após o 
primeiro trimestre. No período neonatal, estas têm uma alta incidência de síndrome de 
sofrimento respiratório e anemia neonatal. 
 
 
 
17 
FATORES NEUROANATÔMICOS 
 
Estudos de RM comparando indivíduos autistas e controles normais demonstraram 
que o volume cerebral total era maior entre os primeiros, embora crianças com um retardo 
mental grave em geral tenham cabeças menores. O volume pode sugerir: neurogenese 
aumentada, morte neuronal diminuída e produção aumentada de tecido cerebral não 
neuronal, como células gliais ou vasos sanguíneos. Acredita se que o lobo temporal seja 
uma área crítica de anormalidade cerebral no transtorno autista. 
 
FATORES BIOQUÍMICOS 
 
Em algumas crianças autistas, altas concentrações de ácido homovanílico 
(principal metabólito da dopamina) no liquido cerebrospinal (LCS) estão associados a 
aumento do retraimento e estereotipias. 
 
CARACTERISTICAS FISICAS 
 
Crianças com transtorno autista costumam ser descritas como atraente e a primeira 
vista, não apresentam nenhum sinal indicando o problema. Podem apresentar 
malformações das orelhas, uma vez que a formação das orelhas se dá quase ao mesmo 
tempo em que a formação de porções do cérebro. Também apresentam uma incidência 
mais alta de demartoglifia anormal (impressões digitais) do que a população em geral. 
 
 
 
18 
CARACTERISTICAS COMPORTAMENTAIS 
 Apresentam prejuízos qualitativos na interação social: não 
apresentam sinais sutis com os pais e outras pessoas. 
 Não apresentam contato visual ou o mesmo é muito pobre. 
 Não reconhecem ou não diferenciam as pessoas mais importantes em 
sua vida. 
 Podem apresentar ansiedade extrema quando ocorre alguma 
mudança em sua rotina. 
 Há um déficit notável no brincar, seu comportamento social pode ser 
desajeitado ou inadequado. 
 Incapazes de interpretar a intenção do outro (não desenvolvem a 
empatia). 
 
TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO E NA LINGUAGEM 
Os autistas têm dificuldade marcante em formar frases significativas mesmo 
quando dispõem de vocabulários amplos. 
 
COMPORTAMENTOS ESTERIOTIPADO 
 Em seus primeiros anos de vida não explora o ambiente (ou pouco). 
 
 
 
19 
 Os brinquedos são manuseados de formas ritualísticas, com poucos 
aspectos simbólicos. 
 Suas atividades tendem a ser rígidas, repetitivas e monótonas, muitas 
com retardo mental grave, exibem anormalidades no movimento. 
 Costumam ser resistentes a transição e mudança. 
 
SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS 
 Hipercinesia é um problema de comportamento comum entre crianças 
autistas. 
 Agressão e acessos de raiva são observados, em geral induzidos por 
mudanças e exigências. 
 Comportamento automutilador (inclui bater a cabeça, morder, 
arranhar e puxar o cabelo). 
 Período de atenção curto. 
 Baixa capacidade de focalizar-se em uma tarefa. 
 Insônia. 
 Enurese. 
 Problemas de alimentação. 
 
 
 
 
 
20 
DOENÇA FISICA ASSOCIADA 
 Tem uma incidência mais alta do que o esperado de infecções do 
trato respiratório superior e de outras infecções menores. 
 Constipação e aumento do transito intestinal. 
 Convulsões febris. 
 
FUNCIONAMENTO INTELECTUAL 
Capacidades cognitivas ou Visio motoras incomuns ou precoces ocorrem em 
algumas crianças autistas. São chamadas de funções fragmentadas ou ilhas de 
precocidade. 
Memórias de hábitos ou capacidades de cálculos muitas vezes superiores aos seus 
pares normais. 
Hiperlexia e boa leitura (embora não possam entender o que leem. Memorização e 
recitação, bem como capacidades musicais (cantar ou tocar melodias e reconhecer notas 
musicais)). 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Os principais diagnósticos diferenciais são esquizofrenia com inicio na infância, 
retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto de linguagem receptivo-
expressiva, surdez congênita ou transtorno auditivo grave, privação psicossocial e psicose 
desintegrativa (regressivas). 
 
 
 
21 
 
RETARDO MENTAL COM SINTOMAS COMPORTAMENTAIS 
Crianças com retardo mental tendem a relacionar-se com adultos e outras crianças 
de acordo com sua idade mental, usam a linguagem que tem para comunicar se e exibem 
um perfil de prejuízos relativamente uniforme, sem funções fragmentadas. 
 
AFASIA ADQUIRIDA COM CONVULSÃO 
Afasia adquirida com convulsão é uma condição rara, às vezes difícil de diferenciar 
de um transtorno autista e transtorno desintegrativo na infância. 
 
SURDEZ CONGÊNITA OU PREJUIZO AUDITIVO GRAVE 
Visto que crianças autistas com frequência são mudas ou apresentam um 
desinteresse seletivo na linguagem falada, costumam ser julgada surda. 
Os fatores de diferenciação incluem o seguinte: bebês autistas podem balbuciar 
com pouca frequência, enquanto bebês surdos têm historia de balbucio relativamente 
normal, que vai diminuindo e pode parar entre 6 meses e 1 ano de idade. Crianças surdas 
respondem a apenas sons altos, enquanto autistas podem ignorar sons altos ou normais 
e responder a sons suaves ou baixos. 
As crianças mesmo surdas gostam de se relacionar com seus pais, buscam sua 
afeição e gostam de ser seguradas enquanto bebês, diferentemente do autista. 
 
 
 
 
22 
CURSO E PROGNÓSTICO 
O transtorno autista costuma se uma condição para toda a vida com um 
prognóstico cauteloso. Crianças autistas com um QI acima de 70 e aquelas que usam 
linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 anos tendem a ter melhores prognósticos. 
As áreas de sintoma que não parecem melhorar com o tempo foram àquelas 
relacionadas a comportamentos ritualísticos e repetitivos. 
Em geral, estudos do resultado em adultos indicam que cerca de dois trecos dos 
adultos permanecem gravemente incapacitados e vivem em dependência completa ou 
semidependência com seus parentes ou em instituições de longo prazo. 
O prognóstico melhora quando o ambiente ou lar é sustentador e capaz de 
satisfazer as necessidades extensivas dessas crianças. Embora os sintomas diminuam 
em muitos casos, automutilação grave ou agressividade e regressão podem desenvolver 
em outros. 
 
TRATAMENTO 
Os objetivos do tratamento de criança com transtorno autista são aumentar o 
comportamento socialmente aceitável e pró-social, diminuir sintomas comportamentais 
bizarros e melhorar a comunicação verbal e não verbal. 
Além disso, os pais muitas vezes confusos necessitam de apoio e aconselhamento. 
No momento intervenções educacionais e comportamentais são mais indicadas. 
Treinamento em sala de aula estruturada em combinação com métodos comportamentais 
é o mais efetivo para muitas crianças autistas. 
 
 
 
23 
Não há medicamentos específicos para tratar os sintomas centrais do autista, 
entretanto, a psicofarmacoterapia é um tratamento adjunto valioso para melhorar 
sintomas comportamentais associados. 
Foi relatado que ela atenua sintomas como agressividade, acessode raiva grave, 
comportamentos automutiladores, hiperatividade, comportamento obsessivo compulsivo e 
esteriotipias. A administração de medicamentos antipsicoticos pode reduzir o 
comportamento agressivo e automutilador. 
 
HISTÓRICO DA EXCLUSÃO 
 
Nos anos 60 e 70, a marginalidade era vista como pobreza, uma consequência das 
migrações internas que esvaziavam o campo da região nordeste, do norte e “incharam” as 
cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Entendia-se na época, que os problemas 
urbanos de moradia (favelas), mendicância, delinquência etc., poderiam ter suas raízes 
nesses processos migratórios. 
Inicia-se aí a exclusão, onde competidores teriam a mesma chance na luta pelo 
espaço, sendo que os mais aptos ganhariam melhores posições nesse ambiente 
construído e disso resultariam zonas segregadas, onde os mais pobres excluíam-se dos 
anéis urbanos e imediatamente passariam para o próximo e gradativamente, os melhores 
lugares estariam ocupados pelos “vencedores”. 
Nos anos 70, existia o dualismo: atrasado x moderno, não integrado x integrado, 
rural x urbanos e os estudiosos passaram a ver as relações econômicas e sociológicas 
 
 
 
24 
inerentes ao capitalismo como constitutivas do sistema produtivo. As populações 
marginais aparecem, nesse contexto, como consequência da acumulação capitalista, um 
exercício industrial de reserva singular. 
Nos anos 80, na chamada “década perdida”, ao contrário dos anos 60 e 70, quando 
se chamava a atenção para os favelados e para a migração como figura emblemática dos 
excluídos na cidade, pelo aumento da pobreza e da recessão econômica, ao mesmo 
tempo em que se vivia a chamada “transição democrática”, chama-se a atenção para a 
questão da democracia, da segregação urbana (efeitos perversos da legislação 
urbanística), a importância do território para a cidadania, a falência das ditas políticas 
sociais, os movimentos sociais, as lutas sociais. 
O componente territorial implica não só que seus habitantes devem ter acesso aos 
bens e serviços indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, assegurando 
indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles, assegurando tais benefícios à 
coletividade. Aponta que o terceiro mundo tem “não cidadãos” (contraste entre massa de 
pobres e a concentração de riqueza), porque se funda na sociedade do consumo, da 
mercantilização e na monetarização. Em lugar do cidadão, surge o consumidor 
insatisfeito, em alienação, em cidadania mutilada. 
A cidadania é também o direito de permanecer no lugar, no seu território, o direito a 
espaço de memória. O capitalismo predatório e as políticas urbanas que privilegiam 
interesses privados e o sistema de circulação acabaram por descaracterizar bairros, 
expulsar moradores como favelados (remoção por obra publica, reintegração de posse), 
encortiçados (despejos, remoção, demolições), moradores de loteamento irregulares, sem 
teto, num nomadismo sem direito às raízes. 
 
 
 
25 
Pedro Jacobi desenvolve seus trabalhos sobre a questão dos movimentos sociais 
urbanos e as carências de habitação, equipamentos de saúde, escolas, lazer, enfim, dos 
serviços urbanos. Assim a exclusão aparece como não acesso aos benefícios da 
urbanização. 
Nos anos 90 reeditam o conceito de exclusão como não cidadania, principalmente 
a ideia de processo abrangente dinâmico e multidimensional. 
O rótulo que parece empurrar as pessoas, os pobres, os fracos, para fora da 
sociedade, para fora de suas melhores e mais justas corretas relações sociais, privando-
os dos direitos que dão sentido a essas relações. Quando, de fato, esse movimento as 
está empurrando para dentro, para condição subalterna de reprodutores mecânicos do 
sistema econômico, reprodutores que não reivindicam nem protestam em face das 
privações, injustiças e carências. 
Neste caso o termo exclusão é concebido como expressão das contradições do 
sistema capitalista e não como estado de fatalidade. Através do consumismo dirigido, 
gera-se uma sociedade dupla, de duas partes que se excluem reciprocamente, mas 
parecidas por conterem as mesmas mercadorias e as mesmas ideias individualistas e 
competitivas, só que as oportunidades não são iguais, o valor dos bens é diferente, a 
ascensão social é bloqueada. Apesar disso, um bloco de ideias falso, enganador e 
mercantilizado acena para o homem “moderno colonizado”, que passa a imitar, mimetizar 
os ricos e a pensar que nisso reside à igualdade. 
 
 
 
 
 
26 
“É a sociedade da imitação, da reprodutividade e da 
vulgarização, no lugar da criação e do sonho”. SAWAIA (2009) 
 
 
Atribui-se a René Lenoir, em 1974, a concepção da exclusão como um fenômeno 
de ordem individual, mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios mesmos 
do funcionamento das sociedades modernas. Dentre suas caudas destacava o rápido e 
desordenado processo de urbanização, a inadaptação e uniformização do sistema 
escolar, o desenraizamento causado pela mobilidade profissional, as desigualdades de 
renda e de acesso aos serviços. Não se trata apenas de um fenômeno marginal, mas de 
um processo em curso que atinge cada vez mais todas as camadas sociais. 
 
“E os pobres passam a desconfiar de si próprios, numa 
culpabilidade popular: caminhando sobre o chão pavimentado 
pelo preconceito dos pobres contra os pobres, as classes 
dominantes no Brasil começam a extravasar uma subjetividade 
antipública que segrega, elabora pela comunicação imediática 
uma ideologiantiestatal, fundada no grande desenvolvimento 
capitalista, na desindustrialização, na terceirização superior, da 
dilapidação financeira do estado e da imagem de um Estado 
devedor”. SAWAIA (2009) 
 
 
 
 
 
27 
CONCEITO DE EXCLUSÃO 
 
O tema exclusão está presente na mídia, no discurso político e nos planos e 
programas governamentais, a noção de exclusão social tornou-se familiar no cotidiano 
das mais diferentes sociedades. Não é apenas um fenômeno que atinge os países 
pobres. 
A concepção de exclusão continua ainda fluida como categoria analítica, difusa, 
apesar dos estudos existentes, e provocadora de intensos debates. Muitas situações são 
descritas como exclusão, que representam as mais variadas formas e sentidos advindos 
da relação inclusão/ exclusão. Sob esse rótulo estão contidos inúmeros processos e 
categorias, uma série de manifestações que aparecem como fraturas e rupturas do 
vinculo social (pessoas idosas, deficientes, desadaptados sociais, minorias étnicas ou de 
cor, desempregados de longa duração, jovens impossibilitados de aceder ao mercado de 
trabalho, etc.). Assim os estudiosos da questão concluem que do ponto de vista 
epistemológico, o fenômeno da exclusão é tão vasto que é quase impossível delimitá-lo. 
 
... “Excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos 
mercados materiais ou simbólicos, de nossos valores” SAWAIA 
(2009). 
 
A ruptura de carência, de precariedade, pode-se afirmar que toda situação de 
pobreza leva a formas de ruptura do vinculo social e representa, na maioria das vezes, 
 
 
 
28 
um acúmulo de déficit e precariedade. A pobreza não significa necessariamente exclusão, 
ainda que possa ela conduzir. 
A pobreza e a exclusão no Brasil são faces de uma mesma moeda. As altas taxas 
de concentração de renda e desigualdade persistentes em nosso país convivem como os 
efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural. Se, de um lado cresce cada 
vez mais a distancia entre os excluídos e os incluídos, de outro, essa distancia nunca foi 
tão pequena, uma vez que os incluídos estão ameaçados de perder direitos adquiridos. 
A consolidação do processo de democratização, em nossopaís, terá que passar 
necessariamente pela desnaturalização das formas com que são encaradas as práticas 
discriminatórias, portanto, geradoras de processo de exclusão. 
De acordo com SAWAIA (2009), no livro as Artimanhas da Exclusão, a inclusão é 
contraditória, onde a qualidade de conter em si a sua negação e não existir sem ela, isto 
é, ser idêntico à inclusão (inserção social perversa). A sociedade exclui para incluir e esta 
transmutação é condição da ordem social desigual, o que implica o caráter ilusório da 
inclusão. Todos estamos inseridos de algum modo, nem sempre decente e digno, no 
circuito reprodutivo das atividades econômicas, sendo a grande maioria da humanidade 
inserida através da insuficiência e das privações, que se desdobram para fora do 
econômico. Portanto, em lugar da exclusão, o que se tem é a “dialética exclusão/ 
inclusão”. 
A dialética inclusão/exclusão gesta subjetividade especificas que vão desde o 
sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado. Essas subjetividades não 
podem ser explicadas unicamente pela discriminação econômica, elas determinam e são 
determinadas por formas diferenciadas de legitimação social e individual, e manifestam-se 
no cotidiano como identidade, sociabilidade, afetividade, consciência e inconsciência. 
 
 
 
29 
 
 
“Em síntese, a exclusão é processo e multifacetado, uma 
configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e 
subjetivas. É processo sutil e dialético, pois só existe em relação à 
inclusão como parte constitutiva dela. Não é uma coisa ou um 
estado, é processo que envolve o homem por inteiro e suas 
relações com os outros. Não tem uma única forma e não é uma 
falha do sistema, devendo ser combatida como algo que perturba 
a ordem social, ao contrário, ele é produto do funcionamento do 
sistema” (SAWAIA, 2009) 
 
SAWAIA (2009) aponta vários estudos acerca da exclusão e todos eles reforçam a 
tese de que o excluído não está à margem da sociedade, mas repõe e sustenta a ordem 
social, sofrendo muito neste processo de inclusão social, pois a sociedade opera sobre o 
homem (social e o psicológico), de forma que o papel de excluído engole o homem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muito se tem falado sobre o processo de inclusão, e quase sempre com a 
conotação de que inclusão e integração escolar seriam sinônimas. Na verdade, a 
integração insere o sujeito na escola esperando uma adaptação deste ao ambiente 
escolar já estruturado, enquanto que a inclusão escolar implica em redimensionamento de 
estruturas físicas da escola, de atitudes e percepções dos educadores, adaptações 
curriculares, dentre outros. A inclusão num sentido mais amplo significa o direito ao 
exercício da cidadania, sendo a inclusão escolar apenas uma pequena parcela do 
processo que precisamos percorrer. 
Um processo de inclusão escolar consciente e responsável não acontece somente 
no âmbito escolar e deve seguir alguns critérios. A família do indivíduo portador de 
autismo possui um papel decisivo no sucesso da inclusão. Sabemos que se trata de 
famílias que experimentam dores psíquicas em diversas fases da vida, desde o momento 
 
 
 
31 
da notícia da deficiência e durante as fases do desenvolvimento, quando a comparação 
com demais crianças é frequente. 
O ambiente para o desenvolvimento da criança, tanto "normal" quanto "deficiente", 
no que tange à organização de suas atividades de vida diária e ao processo de 
estimulação, torna-se fundamental compreender como o ambiente influencia o 
desenvolvimento das crianças, principalmente daquelas que apresentam algum tipo de 
deficiência. Vygotsky (1994) afirma “que a influência do ambiente sobre o 
desenvolvimento infantil, ao lado de outros tipos de influências, também deve ser avaliada 
levando em consideração o grau de entendimento, a consciência e o insight do que está 
acontecendo no ambiente em questão”. 
 O microsistema da família não é o único que precisa ser estudado. Há também o 
ambiente da escola, que constitui mais um espaço de socialização para a criança com 
autismo. Em relação a isso, muito se tem discutido a respeito da inclusão da criança 
autista em ambiente coletivo, mostrando a sua importância e necessidade. 
 É importante ressaltar a 
necessidade de mais orientação para as 
famílias de crianças autistas, as quais 
devem ser mais bem informadas sobre 
este tipo transtorno e suas consequências 
para o desenvolvimento da criança, bem 
como dos recursos necessários para favorecê-lo. Nesse contexto, as políticas públicas 
têm um papel muito importante, especialmente para as famílias de baixa renda, uma vez 
que o gasto com profissionais e com atendimento especializado torna-se necessário. 
 
 
 
32 
O nascimento de um filho com algum tipo de deficiência ou doença, ou o 
aparecimento de alguma condição excepcional, significa uma destruição de todos os 
sonhos e expectativas que haviam sido gerados em função dele. Durante a gravidez, e 
mesmo antes, os pais sonham com aquele “filho ideal” que será bonito, saudável, 
inteligente, forte e superará todos os limites; aquele filho que realizará tudo que eles não 
conseguiram alcançar em suas próprias vidas. Além da decepção, o nascimento de um 
filho portador de deficiência implica em reajustamento de expectativas, planos para o 
futuro e a vivência de situações críticas e sentimentos difíceis de enfrentar. 
Passado o período de luto simbólico, a forma como a família se posiciona frente à 
deficiência pode ser determinante para o desenvolvimento do filho. Muitos pais, porque 
não acreditam que seus filhos possuam potencialidades, deixam de ensinar coisas 
elementares para o autocuidado e para o desenvolvimento da independência. Alguns 
optam pelo isolamento e outros por infantilizarem seus filhos por toda a vida, esquecendo 
que eles não são eternos e que o portador de necessidades especiais deve se tornar o 
mais autônomo possível. 
Quando se propõe a inclusão de crianças autistas devem-se respeitar as 
características de sua natureza, visando à aquisição de comportamentos sociais 
aceitáveis, porém, respeitando as necessidades especiais de cada educando, e, 
sobretudo, trazendo os pais para um comportamento mais realístico possível, evitando a 
fantasia da cura, tão presente em pais de crianças especiais 
A escola também pode colaborar dando sugestões aos familiares de como estes 
podem agir em casa, de maneira que se tornem coautores do processo de inclusão de 
seus filhos. Sendo assim, quando uma criança portadora de autismo é incluída na escola 
regular, sua família também o é. Com efeito, é provável que antes da inclusão escolar a 
 
 
 
33 
convivência com os pais de outras crianças, o planejamento de visitas de coleguinhas na 
casa da criança e a frequência a festinhas de aniversário dos colegas de sala eram 
possibilidades muito distantes para essas famílias. O objetivo da educação especial é o 
de reduzir os obstáculos que impedem o indivíduo de desempenhar completas atividades 
e participação plena na sociedade. 
Promover a inclusão significa, sobretudo, uma mudança de postura e de olhar a 
cerca do transtorno. Implica em quebra de paradigmas, em reformulação do nosso 
sistema de ensino para a conquista de uma educação de qualidade, na qual, o acesso, o 
atendimento adequado e a permanência sejam garantidos a todos os alunos, 
independentemente de suas diferenças e necessidades. A concepção da Educação 
Especial como serviço segrega e cria dois sistemas separados de educação: o regular e o 
especial, eliminando todas as vantagens que a convivência com a diversidadepode nos 
oferecer. 
É preciso ter claro que para a conquista do processo de inclusão de qualidade, 
algumas reformulações no sistema educacional se fazem necessário. Seriam elas: 
adaptações curriculares, metodológicas e dos recursos tecnológicos, a racionalização da 
terminalidade do ensino para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a 
conclusão do Ensino Fundamental, em virtude das necessidades especiais, a 
especialização dos professores e a preparação para o trabalho, visando à efetivação da 
cidadania do portador de necessidades especiais. 
A escola, por sua vez, para promover a inclusão deve eliminar barreiras que vão 
além das arquitetônicas, mas principalmente as atitudinais. São necessárias algumas 
adaptações de grandes e pequenos portes, tais como a adaptação curricular, a adaptação 
do sistema de avaliação da aprendizagem, de materiais e equipamentos, a preparação 
 
 
 
34 
dos recursos humanos e a preparação dos alunos e pais de alunos que receberão o 
portador de necessidades especiais. Sem as devidas adaptações, um processo de 
inclusão pode ser mais segregador que a exclusão declarada, pois entendemos que a 
inclusão não pode se restringir à convivência social, mas deve zelar pela aprendizagem 
da criança com necessidades especiais. O atendimento educacional a crianças e jovens 
portadoras de autismo tem sido realizado, em nosso país, em escolas especiais ou ainda 
em clínicas-escolas, provavelmente porque educar uma criança autista ainda se constitui 
em um grande desafio em função das características desta população. Uma desordem 
aguda do desenvolvimento requer tratamento especializado para o autista por toda a sua 
vida. 
É fato que a inclusão deve ser avaliada em seu custo-benefício para o aluno em 
questão. Não podemos perder de vista que “a inclusão é um processo permanente e 
contínuo, pois a inclusão sempre deve visar a aprendizagem dos alunos com 
necessidades especiais e não simplesmente o convívio social, habilidade que a criança 
pode adquirir em muitos espaços e não necessariamente na escola. 
O desenvolvimento fantástico das novas tecnologias, a maneira de se produzir as 
coisas e a maneira de se executar os serviços sofreram uma transformação profunda. 
Surge o fenômeno da automação, isto é, as novas tecnologias criam instrumentos que 
substituem a mão-de-obra humana. Com isso multidões de pessoas foram dispensadas 
de seus empregos, e as novas gerações nem chegam a conseguir um local de trabalho. 
As relações centrais que definem nossa sociedade não são mais apenas a dominação e a 
exploração, como no modo de produção capitalista, pois são bem menos agora os que 
podem ser dominados ou explorados. 
 
 
 
35 
A consequência do capitalismo é a competitividade, a qual exige a exclusão. É o 
confronto, o choque entre interesses diferentes ou contrários, que vai fazer com que as 
pessoas lutem, trabalhem, se esforcem para conseguir melhorar seu bem-estar, sua 
qualidade de vida, sua ascensão. Podemos tomar como exemplo o filme exibido em sala 
de aula - “Como as estrelas na terra, toda criança é especial”, onde Ishaan era rotulado 
de burro, preguiçoso e desinteressado, pois não conseguia acompanhar as exigências do 
pai, que era muito rígido. Ishaan não conseguia acompanhar os demais porque era 
disléxico e por isso era excluído pela sociedade e pela própria família. Assim também 
acontece com a criança autista. 
Mas essa competitividade vai além da disputa de mercado, trata-se de uma 
competitividade que se estabelece entre os seres humanos. O ser humano, como ser 
isolado e egoísta, tem de competir para sobreviver, de um lado e de outro lado, para 
trazer progresso. 
 
“Mas essa competitividade entre os desiguais acaba por excluir os 
mais fracos e manter a dominação dos mais fortes” (SAWAIA, 
2009). 
 
A educação de uma criança portadora de autismo representa, sem dúvida, um 
desafio para todos os profissionais da Educação. A singularidade e a insuficiência de 
conhecimento sobre a síndrome nos fazem percorrer caminhos ainda desconhecidos e 
incertos sobre a melhor forma de ajudar essas crianças e sobre o que podemos esperar 
de nossas intervenções. É necessário ter humildade e cautela diante do tema, pois para 
 
 
 
36 
compreender o autismo, é preciso uma constante aprendizagem, uma contínua revisão 
sobre nossas crenças, valores e conhecimento sobre o mundo, e, sobretudo, sobre nós 
mesmos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
JERUSALINSKY, A. Psicose e autismo na infância: Uma questão de linguagem. 
Psicose, 4 (9). Boletim da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, RS, 1993. 
KUPFER, M. C. M. Notas sobre o Diagnóstico Diferencial da Psicose e do Autismo 
na Infância. Instituto de Psicologia da USP, Psicol. SP, vol.11, n.1, São Paulo, 2000. 
Visualizado em 17/10/2010 no Site: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
65642000000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt 
SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da 
desigualdade social. Petrópolis, Vozes, 2009. 
TAFURI, Maria Izabel. A análise com crianças autistas: uma inovação do método 
psicanalítico clássico. 2005. Visualizado em 02/11/2010 no Site: 
http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=103