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ANA KAROLINE ALVES AGRIPINO ANTONIO NATHAN LIMA FERNANDES FLORENTINO DA SILVA LAIS MARIA RAMALHO DE ALMEIDA MARIA TERESA CAVALCANTI NEIVA COÊLHO RAISSA VIRGINIA FERNANDES LAJES EM BALANÇO (MARQUISES) CLASSIFICAÇÃO, DIMENSIONAMENTO, COLAPSO, PATOLOGIAS E ESTUDOS DE CASO JOÃO PESSOA – PB 2019.1 ANA KAROLINE ALVES AGRIPINO HENRIQUE ANTONIO NATHAN LIMA FERNANDES FLORENTINO DA SILVA LAIS MARIA RAMALHO DE ALMEIDA MARIA TERESA CAVALCANTI NEIVA COÊLHO RAISSA VIRGINIA FERNANDES LAJES EM BALANÇO (MARQUISES) CLASSIFICAÇÃO, DIMENSIONAMENTO, COLAPSO, PATOLOGIAS E ESTUDOS DE CASO Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção da segunda nota da disciplina Estruturas de Concreto Armado II, ministrado pelo professor VALKISFRAN LIRA DE BRITO, do curso de Engenharia Civil P9-B JOÃO PESSOA – PB 2019.1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3 2 CLASSIFICAÇÃO DE MARQUISE .......................................................................... 3 2.1 MARQUISES COM LAJE SIMPLES EM BALANÇO ......................................... 3 2.2 MARQUISES FORMADAS POR LAJES E VIGAS ............................................ 5 3 DIMENSIONAMENTO ............................................................................................. 6 3.1 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ............................................................................... 6 3.2 LEVANTAMENTO DAS CARGAS ..................................................................... 7 3.3 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS ................................................................ 8 3.4 ARMADURAS E FLECHA ................................................................................. 8 3.5 MODELO ESTRUTURAL .................................................................................. 8 3.5.1 MODELO 1 ................................................................................................. 9 3.5.2 MODELO 2 ............................................................................................... 10 4 PRINCIPAIS CAUSAS DE COLAPSO .................................................................. 11 4.1 DEFICIÊNCIAS NO PROJETO ....................................................................... 12 4.2 FALHAS NA EXECUÇÃO ................................................................................ 12 4.3 MÁS CONDIÇÕES DE OPERAÇÕES E MANUTENÇÕES ............................. 13 5 PATOLOGIAS ........................................................................................................ 14 5.1 FISSURAÇÃO ................................................................................................. 14 5.2 CORROSÃO DAS ARMADURAS .................................................................... 15 6 SOLUÇÕES PARA CASOS DE COLAPSO EM LAJES EM BALANÇO .............. 16 7 CASO DE UMA MARQUISE LOCALIZADA NO MUNICIPIO DE JOÃO PESSOA – PB ............................................................................................................................. 19 8 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 21 3 1 INTRODUÇÃO Assim como em fundações, pilares e vigas, as lajes também apresentam fatores relacionados ao concreto, como por exemplo, o cobrimento, que para lajes em concreto armado o mínimo é de 20 mm, e para em concreto protendido é de 25 mm, cada cobrimento classe de agressividade apresentada. Podemos ver esses valores na Tabela 7.2 (Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal para c=10 mm) apresentada na NBR 6118/2014. Segundo o CEPD – Centro de Estudos e Pesquisa de Desastres (2008), marquises são elementos estruturais, que em sua maioria são construídas por meio do uso de concreto armado, caracterizadas por terem uma laje em balanço engastada no plano da fachada da edificação, com as funções de proteger pedestres que transitam nas calçadas, da chuva, do Sol e de possíveis objetos que possam cair, e ajudar no projeto de uma arquitetura harmônica. 2 CLASSIFICAÇÃO DE MARQUISE Rocha (1987) classifica as marquises conforme a existência e posição das vigas, podendo ser marquise com laje simples em balanço ou marquises formadas por lajes e vigas. 2.1 MARQUISES COM LAJE SIMPLES EM BALANÇO Indicadas para pequenos balanços, até 1,8 metros. Apresentam como problema principal verificar a flecha na extremidade do balanço, sendo o seu dimensionamento simples. Na Figura 1 é mostrada uma laje em balanço engastada em uma extremidade e livre na outra, sendo assim, sua armadura principal é negativa e transversal, podendo dispensar a colocação de uma armadura positiva. 4 FIGURA 1 - Laje em balanço com espessura constante engastada na laje interna FONTE - Dissertação de Mestrado – Estudo da Deterioração de Marquises de Concreto Armado nas Cidades de Uberlândia e Bambuí (CARMO, 2009) Quando a laje interna é armada em duas direções, a laje da marquise é calculada como uma viga em balanço e assim dimensionada. A laje interna em cruz é calculada para uma carga uniformemente distribuída combinada com um momento fletor, solicitando a laje da marquise, aplicado de uma forma uniforme ao longo da borda de ligação com a laje da marquise. (ROCHA, 1987) Para balanços maiores, a fim de diminuir o peso próprio, pode-se variar a espessura da laje em direção à extremidade do balanço, nesse caso, para efeito do cálculo do peso próprio, pode-se adotar uma espessura média. (ROCHA, 1987) Ainda de acordo com Rocha (1987), as lajes em balanço podem não ser contínuas com as lajes internas, ou caso essas não existam, há a necessidade de engastar a laje na viga, como demonstrado na figura a seguir. 5 FIGURA 2 - Laje em balanço sem continuidade com outra laje FONTE - Dissertação de Mestrado – Estudo da Deterioração de Marquises de Concreto Armado nas Cidades de Uberlândia e Bambuí (CARMO, 2009) Para os casos de laje em balanço engastada na viga, o momento fletor que solicita a laje em balanço é o de torção para a viga, e deve ser considerado no cálculo da armadura da viga. 2.2 MARQUISES FORMADAS POR LAJES E VIGAS Há muitas possibilidades de projeto quando a estrutura das marquises é composta por lajes e vigas. Para balanços muito grandes, acima de 1,8 metros, é recomendado que as marquises sejam apoiadas em vigas, evitando-se assim, lajes de grande espessura. Normalmente a laje, para este caso, é armada em uma direção e apoiada em vigas laterais e vigas de borda, como na Figura 3. Em muitos casos, a viga de borda pode ser suprimida, tornando a laje de borda livre. Caso as vigas laterais não sejam contínuas, estas devem estar engastadas nos pilares, sendo necessário considerar o momento fletor proveniente. 6 FIGURA 3 - Marquises sustentadas por vigas FONTE - Dissertação de Mestrado – Estudo da Deterioração de Marquises de Concreto Armado nas Cidades de Uberlândia e Bambuí (CARMO, 2009) Em marquises com lajes apoiadas em vigas engastadas em pilares, o momento fletor que solicita a viga, também solicita o pilar. Pilares de um lance com a base engastada têm um momento fletor constante ao longo da sua altura e igual ao momento negativo da viga. 3 DIMENSIONAMENTO Esse dimensionamento é baseado nas notas de aula do Prof. Dr. Paulo Sérgio (2006), como também nas do Prof. Msc. Vitor Alves (2018), o livro de Chust e Figueiredo (2014) e tabelas de Pinheiro(2007). Este trabalho não visa fazer o dimensionamento das vigas de sustentação da marquise e dos pilares nelas engastados; como também não será dimensionado os pilares que recebem estas cargas das vigas da marquise. 3.1 PRÉ-DIMENSIONAMENTO Este segundo Chust e Figueiredo (2014) é feito através da seguinte expressão: ݀ = ݈௫ ߰ଶ ∗ ߰ଷ 7 Onde: ݈௫: É o menor vão da laje em balanço; ߰ଶ ݁ ߰ଷ: São coeficientes descritos nas tabelas 2.1c e 2.1ª respectivamente de Pinheiro (2007). Este valor encontrado corresponde a altura útil, sendo a distância da fibra mais comprida até o centro da armadura. Com esse valor encontra-se a espessura da laje, descrita abaixo. ℎ = ݀ + ܿ + ∅ + ∅/2 Onde: ݀: É a altura útil; ܿ: É o cobrimento; ∅: São os diâmetros das armaduras longitudinais nas duas direções. 3.2 LEVANTAMENTO DAS CARGAS Estas cargas podem variar de acordo com o tipo da marquise e seu uso, podendo em geral sofrer cargas de impermeabilização, peso próprio, revestimentos, regularizações e devido a instalação do guarda-corpo. Sendo para a maioria dos casos, calculas multiplicando a espessura da camada pelo peso unitário (encontrado na NBR 6120:1980). Para o cálculo do guarda-corpo ocorre algumas mudanças, pois ele em geral está pontualmente localizado nas bordas e com uma certa altura, gerando uma flexão na laje. As cargas acrescidas para esse caso estão descritas na Figura 1, de acordo com as notas de aula do Prof. Msc. Vitor Alves (2018). 8 FIGURA 4 – Detalhe das cargas do Guarda-Corpo FONTE – Acervo Pessoal 3.3 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS Em geral, as marquises quando calculadas são consideradas unidirecionais, por ter um vão bem menor do que o outro e em alguns casos possuírem somente o engastamento com uma viga. Sendo assim o cálculo é feito na direção do menor vão (ou na direção do engaste), considerando uma viga engastada e em balanço. No outro sentido adota-se uma armadura mínima, pois por norma é necessário constar na laje. As lajes em balanço, por sua própria definição, não deveriam possuir armaduras positivas, no entanto, como há uma preocupação dos projetistas em relação a sua execução, se considera também uma malha de aço positiva mínima. 3.4 ARMADURAS E FLECHA Esse cálculo da armadura não será demonstrado, pois a partir desta etapa o processo de cálculo é o mesmo para os outros tipos de laje. Onde existem diversas tabelas, formulários e ábacos para esse cálculo. Valendo a mesma consideração para a verificação da flecha, pois também se assemelha aos outros casos, calculando-se a flecha gerada pela marquise e comparando com a ABNT NBR 6118:2014. 3.5 MODELO ESTRUTURAL Para exemplificação das lajes em balanço (marquises), foram feitos dois modelos no software TQS, onde para ambos foram atribuídos os seguintes critérios: 9 Fck = 25 MPa para todos os elementos Cobrimento = 3 cm Classe de agressividade = 2 Carga de vento = Nenhuma 3.5.1 MODELO 1 Neste modelo foi admitida uma laje totalmente em balanço sem vigas de bordo, com 3,4 m de comprimento por 1,5 m de largura, como mostra a figura abaixo: FIGURA 5 – Planta de forma do modelo 1 FONTE – Acervo Pessoal Onde esse modelo o maior diâmetro do aço foi de 16 mm na armadura negativa horizontal. 10 FIGURA 6 – Armadura negativa horizontal do modelo 1 FONTE – Acervo Pessoal 3.5.2 MODELO 2 Neste modelo foi admitida uma laje com vigas em suas outras extremidades, com 3,4 m de comprimento por 1,5 m de largura, como mostra a figura abaixo: FIGURA 7 – Planta de forma do modelo 2 FONTE – Acervo Pessoal 11 Onde esse modelo o maior diâmetro do aço foi de 6,3 mm em todas as armaduras. Para exemplificar e comparar, abaixo segue a armadura negativa horizontal. FIGURA 8 – Armadura negativa horizontal do modelo 2 FONTE – Acervo Pessoal 4 PRINCIPAIS CAUSAS DE COLAPSO Normalmente, elementos estruturais de concreto armado são caracterizados por apresentar evidências antes de entrar em colapso, contudo, as marquises são estruturas que não avisam, ou seja, tendem a sofrer por ruptura brusca ou frágil. Este comportamento se dá devido a sua configuração estrutural, tendo em vista que estas estruturas são isostáticas e com um único vínculo. Por dispor destas particularidades estruturais e ser uma peça bastante usual nos projetos, essas lajes em balanço são um dos principais problemas de acidentes nas construções existentes. Com isso observou-se que as causas vão desde o projeto e execução até a operação e manutenção. Incorporado as causas citadas acima, há uma diversidade de circunstâncias que dão origem ao colapso, selecionamos as mais frequentes para uma análise mais aprofundada. 12 Todavia, sabe-se que apesar de ter um agente causador principal, não anula a possibilidade de o colapso ter sido em decorrência da união de vários fatores, normalmente, não é, necessariamente, um fator isolado que causa o colapso e sim essa combinação de agentes causadores, seguindo o raciocínio de Medeiros e Grochoski (2008). 4.1 DEFICIÊNCIAS NO PROJETO A partir de estudos observou-se que a grande maioria dos problemas patológicos nas construções são provenientes da etapa de projeto. E um dos agravantes é que, erros na concepção e dimensionamento do projeto é um dos preocupantes e onerosos a serem corrigidos se comparados a outras etapas. Tais patologias oriundas dessa fase são mais propensas a aparecerem logo no início vida úteis desta. Dentre os diversos fatores inclusos nas deficiências do projeto temos as falhas no dimensionamento, no detalhamento da armação, na especificação dos materiais a serem utilizados, nos detalhes construtivos e negligência na classificação do ambiente para escolha do cobrimento da armadura segundo a classe de agressividade do concreto. 4.2 FALHAS NA EXECUÇÃO Os principais riscos desta etapa que ocasionam problemas a estabilidade da marquise, são relacionados ao posicionamento das armaduras negativas e o posicionamento das escoras, devido a esses fatores, durante o processo de execução é indispensável uma fiscalização criteriosa. Por se tratar de uma laje em balanço o momento predominante é o negativo, consequentemente, a armação que prevalece é a armação negativa, contudo, em lajes o posicionamento do aço deve ter um cuidado maior por receber o trânsito de pessoas e equipamentos em cima da sua malha de aço. Outro fator que exerce grande influência no mau posicionamento das armaduras é na etapa de adensamento do concreto ao utilizar os vibradores. A alteração na distribuição da armação para cima estará infringindo o cobrimento mínimo da armadura, e para baixo diminuirá a altura útil reduzindo a capacidade de resistir aos esforços para qual a barra foi dimensionada. 13 Já no processo de escoramento da peça, deve-se atentar para o posicionamento e distribuição das escoras, analisando sempre os esforços atuantes na marquise. O correto uso das escoras nessa peça é seguindo o diagrama de momento, ou seja, evitando mudanças drásticas no comportamento da peça no diagrama de momento fletor. Diante disso, a distribuição mais adequada é inserindo as escoras ao longo da estrutura desde o engaste até as extremidades. A desforma deve seguir o mesmo critério, estas deveram ser retiradas da parte de fora para a parte de dentro, ou seja, da extremidade para o engaste. FIGURA 9 – Exemplo de escoramento adequado FONTE - Marquises: Por que algumas caem? (Medeiros e Grochoski – 2008) 4.3 MÁS CONDIÇÕES DE OPERAÇÕES E MANUTENÇÕES A durabilidade da estrutura está diretamente relacionada a manutenção e a adequada condição de uso da peça.Em contrapartida, precisamos salientar que na maioria dos casos o proprietário não nutre essa cultura manutenção, consciência esta que deve ser mudada, considerando os altos índices de acidente que acontecem e que poderiam ter sidos evitados se levado em consideração esse cuidado. Nesta parte do processo da construção o proprietário ou usuário é o agente causador principal, o uso errôneo da laje em balanço e a falta de manutenção na estrutura a levam a ruína. Um dos amplos motivos do colapso é a sobrecarga na estrutura. Estas podem ser dimensionadas para receber cargas de pessoas, de estruturas comerciais, equipamentos, impermeabilização e outros. No entanto, é comum a estrutura não ser 14 dimensionada para tais carregamentos, e no período de utilização o usuário fazer o uso incorreto, ameaçando assim a estabilidade da mesma. Estas quando utilizadas para estruturas comerciais, segundo Medeiros e Grochoski (2008) o esforço do vento sobre estes letreiros é transmitido à marquise que pode ter sua estabilidade ameaçada, podendo vir a ruir. Portanto, não se trata simplesmente de suporte ao peso da estrutura do painel. Outra frequente sobrecarga é o acúmulo de água quando o sistema de impermeabilização já não dá vencimento, a instalação de ar-condicionado, a instalação de um novo sistema de impermeabilização sobre o antigo e, na época de carnaval a utilização da estrutura para camarotes, haja vista que a estrutura não é projetada para absorver tais impactos e cargas. Outros transtornos relacionados a essa etapa é a manutenção incorreta ou a falta desta, contudo, sabe-se que isso é relativo ao cuidado do usuário. Tais aspectos comuns são as infiltrações, o sistema de impermeabilização inconsequente, além de outros citados acima, relacionados a sobrecarga. 5 PATOLOGIAS Dentre tantas patologias encontradas no concreto armado, em especial, nas lajes em balanço, as que mais se destacam são as fissurações e as corrosões de armaduras, pois são responsáveis pela deterioração e, por muitas vezes, também pela ruína da estrutura. Segundo Dorigo (1996 apud Carmo, 2009, p. 6), poluição do ar, agressividades do ambiente, materiais orgânicos, entre outros agentes, atravessam pelas fissuras e ocasionam a despassivação da armadura. 5.1 FISSURAÇÃO A Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) 6118:2014 estabelece valores admissíveis de 0,2 a 0,4mm quanto à abertura de fissuras, que está diretamente relacionada a parâmetros como durabilidade e segurança da estrutura. Porém, neste mesmo contexto a NBR faz a seguinte observação “[...] não se deve esperar que as aberturas de fissuras reais correspondam estritamente aos valores estimados, isto é, fissuras reais podem eventualmente ultrapassar esses limites.” O que implicitamente 15 considera alguns erros de execução e/ou de projeto. Porém, alguns autores apontam que marquises são estruturas especiais, e por sua vez, merecem maior cuidado, limitando a abertura de fissura para 0,05 mm. Para Medeiros e Grochoski (2008), os cálculos para estas estruturas deveriam estar no estádio I, onde, garantiria sua durabilidade, bem como, evitaria a ruptura brusca, já que dariam alguma evidência de que a armadura apresenta corrosão generalizada, uma vez que, destacaria o seu cobrimento, evidencia algumas manchas, e também, aparecimento de algumas fissuras, antes da ruína da estrutura. Segundo Nakaguma (2006, apud Carmo, 2009, p. 61), devem ser consideradas cargas verticais, oriundas dos mais diversos tipos de elementos, seja estrutural ou não. Desta forma minimizaria as fissuras no local do seu engaste ou apoio, desta forma, também diminui a corrosão das armaduras. FIGURA 10 – Ilustração dos esforços atuantes em uma estrutura em balanço FONTE - Estudo da deterioração de marquises de concreto armado nas cidades de Uberlândia e Bambuí (CARMO, 2009) 5.2 CORROSÃO DAS ARMADURAS A despassivação da armadura ocorre devido à falta de manutenção do sistema de impermeabilização, este sistema por muitas vezes é a responsável pela prorrogação desta patologia tão presente nas estruturas, uma vez que, protege contra as fissuras. Também, é relevante saber, que em alguns casos, a classe de agressividade é negligenciada, deixando a armadura muitas vezes evidente ao decorrer da vida útil da estrutura. 16 É comum também, nas marquises, encontrarmos águas empoçadas, como também, animais, deixando a estrutura ainda mais vulnerável a agentes agressivos, no caso, biológicos. Estes elementos quando trabalham em conjunto com os agentes químicos encontrados na atmosfera, agridem ainda mais as armaduras expostas devido a abertura de fissuras. Tendo em vista os grandes males causados a estrutura, devido sua fragilidade, no que diz respeito a projeto e métodos de execução, é de fundamental importância tratar estruturas, como as marquises, de modo diferenciado, no qual tais considerações aqui abordadas sejam atendidas. De acordo com Medeiros e Grochoski (2008, p 5.) Nos primeiros anos de utilização da obra, o sistema de impermeabilização impede o acesso de umidade e de agentes agressivos nas fissuras existentes de forma mais ou menos eficiente reduzindo o risco de corrosão do aço na região do engaste da marquise. Geralmente o problema ocorre pela falta de manutenção deste sistema de impermeabilização, o que permite o acesso de agentes agressivos como íons cloretos e poluentes atmosféricos típicos como o gás carbônico (CO2), monóxido de carbono (CO), e outros gases ácidos tipo SO2, que juntos com água de chuva formam a chamada chuva ácida de alto poder de deterioração sobre estruturas de concreto. Soma-se a esta agressividade a presença de fuligem ácida decorrente da queima de combustíveis e a presença de fungos típicos de ambientes úmidos e quentes. 6 SOLUÇÕES PARA CASOS DE COLAPSO EM LAJES EM BALANÇO Tendo em vista os inúmeros casos de colapso existentes nas lajes em balanço, surge-se a necessidade de tomar medidas que possam solucionar e até mesmo prevenir os efeitos que podem ser causados pela ruptura da mesma. Para prevenção de tais efeitos, deve-se ter bastante cautela desde a fase inicial de projeto, levando em consideração os parâmetros mínimos de cobrimento, classes de agressividade, além de levar em consideração as aberturas de fissuras. Segundo Medeiros e Grochoski (2008), as fissuras devem ser evitadas e limitadas a um valor inferior a 0,05mm. Na fase de execução se faz necessário ter bastante cautela quanto ao posicionamento das armaduras e aos seus detalhes construtivos, além da sua verificação antes da concretagem. 17 Quando já foi verificada a presença de patologias na estrutura, é necessário realizar uma análise detalhada da mesma, de forma que seja feito levantamento de dados, inspeção, análise e diagnóstico. De acordo com Oliveira (2013), no levantamento de dados devem conter todas as informações que mostrem os sintomas, as características externas além da natureza do problema. De posse do levantamento de dados, realiza-se a inspeção. Nessa etapa deve verificar se a estrutura possui fissuras e caso possua deve-se analisar sua localização além do tamanho de sua abertura, o estado de deformação, os pontos de corrosão e os pontos que possuem perda de seção, além de verificar as condições de impermeabilização e drenagem. A localização da fissura deve ser definida, pois, é por meio delas que se pode chegar a uma conclusão precisa do que está causando o problema, como afirma Oliveira (2013). Já a verificação da impermeabilização deve ser feita, pois a mesma tem a função de proteger o cobrimento e a armadura do concreto contra a umidade, logo, quando a mesma está deteriorada acaba facilitando a formação de fissuras e corrosão do aço. O processo de inspeção deve ser realizado na parte superior e inferiorda marquise, principalmente na parte superior, pois nela está localizada toda armadura de tração local esse que possui na maioria das vezes, o maior número de patologias. Depois do processo de inspeção, realiza-se a análise para que assim possa-se chegar num diagnostico preciso. A depender do diagnóstico a estrutura poderá ser recuperada, reforçada ou até mesmo demolida para a construção de uma nova. Geralmente, a recuperação é indicada quando ocorreu a perda de desempenho da parte do aço ou do concreto, onde essa perda de desempenho acabou diminuindo as seções dos mesmos. O reforço, por sua vez, é indicado quando uma sobrecarga acabou causando uma deformação. Como meio de recuperação da estrutura existe o uso do método de injeção de resinas e grautes para a intervenção e recuperação das fissuras do concreto. Para a determinação do tipo de material que será injetado, deve-se ter certeza do motivo que ocasionou o aparecimento da determinada fissura. Caso a mesma seja uma fissura ativa, ou seja, fissura causada pela variação de temperatura, deve-se fazer uso de resinas acrílicas ou poliuretânicas. No entanto, se a fissura for passiva, deve-se utilizar epóxi ou graute. 18 Segundo Sburdelini, Neto e Cisotto (2008), no método de injeção deve-se ter cautela em relação ao tamanho e limpeza das aberturas. Oliveira (2013), afirma que em áreas de compressão, o método tem como objetivo dar continuidade ao concreto para que assim ocorra melhor distribuição dos esforços internos, já, para as áreas de tração o método da injeção tem como objetivo selar a fissura para que não ocorra a corrosão do aço e do concreto. Como forma de recuperar a estrutura deteriorada por meio da corrosão, faz-se uso da aplicação de argamassas. Esse método deve ser utilizado quando ainda não ocorreu o comprometimento das barras de aço e do concreto. Quando os métodos de recuperação não são capazes de solucionar a deterioração da estrutura e quando já ocorreu a perda de seção original, indica-se o uso do método do reforço estrutural. Esse reforço, de acordo com Sburdelini, Neto e Cisotto (2008), é feito de forma que ocorra o aumento e ampliação da capacidade da peça, ou seja, é feito de forma em que ocorra aumento da armadura e da seção de concreto da peça danificada. O reforço estrutural é dividido em: reforço das armaduras negativas e reforço das armaduras positivas. Para o reforço das armaduras negativas, deve ser realizada a fenda da laje, limpeza da área e colocação nas novas armaduras, aplicação de resina epóxi e recobrimento das barras. Para o reforço das armaduras positivas, deve- se retirar o revestimento, colocar as novas armaduras fazendo uso de telas soldadas, grampos e arames, aplicação de epóxi e seu recobrimento. Outra forma de executar o reforço estrutural é por meio do uso de chapas metálicas com concreto e resina epóxi. Esse método é executado de forma que exista a colagem das chapas metálicas na superfície do concreto, aumentando a resistência a momentos fletores e cortantes. Durante a execução dessa recuperação, é necessário que o concreto possua rugosidade para que assim ocorra uma aderência perfeita. A colagem das chapas deve ser feita por meio do uso de resinas com alta capacidade de aderência e alta resistência mecânica. Geralmente, esse método é realizado em casos onde não se podem ter muitas alterações geométricas e precisam de execução mais rápida. 19 7 CASO DE UMA MARQUISE LOCALIZADA NO MUNICIPIO DE JOÃO PESSOA – PB Em 2015, um estudante da Universidade Federal da Paraíba utilizou uma marquise que estava prestes a entrar em colapso no Centro de João Pessoa. A mesma pertence a uma edificação muito antiga, e estava bastante deteriorada, apresentando um grande risco para a segurança dos pedestres que transitavam sob ela. Segundo Andrade (2015), era possível identificar na marquise, apenas com inspeções visuais o destacamento do concreto, armaduras positivas expostas, sinais de corrosão, eflorescências e bolor. FIGURA 11 – Marquise no Centro de João Pessoa FONTE - Monografia – Manifestações Patológicas nas Marquises de Concreto Armado no Centro de João Pessoa (ANDRADE, 2015) O autor, Andrade (2015) observou que, para que a marquise da Figura 4 não se aproxime do colapso e tenha a sua vida útil prolongada, seria necessário fazer a recuperação estrutural da mesma. Para esta recuperação, foi preciso primeiro executar o escoramento da marquise, não deixando com grande espaçamento entre as escoras, para que não haja inversão dos momentos fletores, o espaçamento ideal é de 50 centímetros. Como segundo passo foi determinada a dureza superficial do concreto, e depois identificado a posição, quantidade, diâmetro e cobrimento das armaduras da marquise. Depois foi delimitada a região da marquise que possuía armaduras corroídas. Foi verificada a profundidade de carbonatação no concreto através de aspersão de fenolftaleína, e removido todo o concreto contaminado. Foi 20 feita também uma limpeza rigorosa na região das armaduras corroídas e depois acrescentadas novas armaduras para recompor a seção transversal que foi perdida. As armaduras foram tratadas com produtos anticorrosivos. Assim, executou-se a concretagem da laje, e após 28 dias, foi realizada a impermeabilização na parte superior da marquise. Retirou-se todo o escoramento depois de 28 dias da concretagem, no sentido da extremidade do balanço para o interior da estrutura da marquise. Por fim foi feito um novo revestimento na parte inferior da marquise, além de ter sido feita a aplicação de massa acrílica após a cura do reboco. Depois foi feito o lixamento da massa e a pintura da mesma com tinta acrílica. Além dos procedimentos de recuperação que foram citados no parágrafo anterior, é necessário manter uma manutenção preventiva periódica, para evitar a volta das manifestações patológicas apresentadas na marquise, prolongando sua vida útil. Andrade (2015) citou quatro ações preventivas que podem ser executadas pelo proprietário, como a limpeza da parte superior da marquise a cada seis meses; verificação regular das condições de impermeabilização da marquise; inspeções periódicas que verifiquem se na parte inferior da marquise há destacamento do revestimento, manchas de umidade, existências de fissuras e, principalmente, armaduras expostas; e contratação de um profissional habilitado para realizar vistorias técnicas na estrutura da marquise a cada três anos, pois a estrutura é antiga com histórico de problemas patológicos, precisando de um acompanhamento técnico. 21 8 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6118/2014: Projeto de Estruturas de Concreto. Rio de Janeiro, 2014. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6120/1980: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 2014. ANDRADE, L. M. Manifestações Patológicas nas Marquises de Concreto Armado no Centro de João Pessoa – PB. Monografia (Graduação em Engenharia Civil), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Paraíba, 2015. BURDELINI, Andre Sburdelini; NETO, Arthur Pereira; CISOTTO, Danilo. INSPEÇÃO, MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO DE MARQUISES E SACADAS. 2008. Trabalho de conclusão de curso (Pós-Graduação em Patologia nas Obras Civis) - Universidade de Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2008. CARVALHO, Roberto; FILHO, Jasson. Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado: segundo a NBR 6118:2014. 4. ed. São Carlos: EdUFSCar, 2015. 415 p. v. 1. CEPD – Centro de Estudos e Pesquisa de Desastres. Inspeção em marquises de prédios residenciais e comerciais. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www0.rio.rj.gov.br/defesacivil/PDF/marquise_o_que_fazer.pdf> Acesso em: 25 abr. 2019. DO CARMO,M. A. Estudo da Deterioração de Marquises de Concreto Armado nas Cidades de Uberlândia e Bambuí. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Minas Gerais, 2009. HELENE, Paulo R.L. Controle de qualidade na indústria da construção civil. IPT - Tecnologia de edificações. São Paulo, PINI, 1988. Acesso em: 28 de abr. 2019. MEDEIROS, Marcelo H. F; GROCHOSKI, Maurício. Marquises: Por que algumas caem?, São Paulo, 2008. HPC INTERNATIONAL ACI/CANMET CONFERENC, 2008, Manaus. OLIVEIRA, Bruno Eidi. MARQUISES DE CONCRETO ARMADO: IDENTIFICAÇÃO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA ESTRUTURA E PROPOSTA DE SOLUÇÕES. 2013. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. PIMENTA DA CUNHA, Albino Joaquim; ARAÚJO LIMA, Nelson; MOREIRA DE SOUZA, Vicente Custódio. ACIDENTES ESTRUTURAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL. São Paulo: PINI, 1998. 268 p. v. 2. PINHEIRO, Libânio M.; MUZARDO, Cassiane D., SANTOS, Sandro P. LAJES MACIÇAS. 2007. ROCHA, A. M. Concreto Armado, vol. 3, Editora Nobel, São Paulo, 1987. 22 SANTOS BASTOS, P. S. Notas de aula, Estruturas de Concreto IV – MAQUISES. Universidade Estadual Paulista, UNESP – Bauru/SP. São Paulo. 2016.