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Curso de Economia Nusdeo resumo

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Curso de Economia
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Introdução ao Direito Econômico - Fabio Nusdeo 
Capítulo 1–O conceito de Economia e a Natureza do econômico
1)O conceito de Economia decorre de duas simples observações da vida cotidiana: por um lado, as necessidades humanas tendem a se multiplicar indefinidamente; por outro, os recursos para o seu atendimento são rigorosamente limitados e finitos
numa palavra: escassos.
2)Em função das duas realidades acima apontadas, estabelecem-se em qualquer sociedade relações tendentes a ordenar e a disciplinar o uso dos recursos escassos. E a Economia é a ciência social que estuda tais relações e a atividade social desenvolvida sob a sua égide, para a administração desses recursos escassos.
3)Bem econômico é aquele a um tempo útil e escasso. Bastará, aliás, dizerescasso porque somente aquilo que é útil pode ser escasso. A utilidade está pressuposta na escassez.
4)A recíproca não é verdadeira e, assim, existem uns poucos bens úteis e não escassos aos quais se dá o nome de bens livres.
5)O conceito de utilidade marginal
o acréscimo de utilidade trazido por uma unidade adicional de um bem
 é da maior importância para se chegar ao conceito de valor econômico, pois ele combina as noções de utilidade e escassez.
6)Os bens econômicos podem ser classificados segundo vários critérios em: bens materiais e serviços; de consumo e de produção; sucedâneos e complementares. Muito importante a distinção entre exclusivos e coletivos, os primeiros atendendo a necessidades individuais e os últimos as necessidade de um grupo mais ou menos extenso de pessoas.
7)Não existe fenômeno econômico não inserido em um nicho institucional.
Capítulo 2 - Valor, Moeda e Preço
1)Podem-se associar aos bens econômicos dois tipos de valor, o de uso e o de troca. Não se trata de categorias polares, classificatórias, mas de duas dimensões do fenômeno do valor que se sobrepõem. O valor de uso tem caráter individual familiar, o de troca decorre da divisão do trabalho, levando à reiteração das trocas, da qual surge um consenso social quanto a utilidade e grau de escassez do bem. O valor de uso pode ser visto como um pressuposto do valor de troca. O valor de troca é o valor econômico do bem.
2)A moeda é um instrumento de troca. Originariamente era uma mercadoria como outra qualquer, institucionalizando-se e padronizando-se gradativamente. Essa evolução tem levado a moeda, também, a uma crescente desmaterialização.
3)A moeda, além de ser um instrumento de troca, é também um padrão de valor,dando origem ao surgimento do preço que nada mais vem a ser do que o valor econômico expresso em unidades monetárias.
4)A moeda exerce ainda importante função de reserva de valor. O processo inflacionário representa exatamente uma disfunção da moeda neste particular.
5)Há uma distinção entre Economia e Finanças. Quando objeto de uma operação ou a natureza de uma situação disser respeito diretamente a questões monetárias, ou seja, de dinheiro, estar-se-á no campo das Finanças. Quando tal objeto ou natureza tiverem como escopo principal ou direto bens econômicos estar-se-á no campo da Economia. As Finanças são um aspecto ou parte da Economia.
6)Muito embora o valor econômico não se confunda com o valor no sentido ético-filosófico, os dois conceitos se tocam na medida que aquele, para se manifestar, exige uma série de pressupostos institucionais e estes implicam a opção entre diferentes valores de natureza ético-filosófica. Logo, os valores éticos, subjacentes às instituições, levam a um determinado tipo de valor econômico.
7)Uma outra forma de ver o valor do bem é a do valor do trabalho. Ela parte da ideia de que a natureza oferece todas as suas benesses ao homem de maneira gratuita, sendo unicamente o trabalho humano que as transforma em bens úteis. Assim, o valor de um bem seria dado pela quantidade de trabalho socialmente útil a ele incorporado.
8)As duas teorias do valor trazem diferentes ideologias sobre a natureza da economia e da sociedade. Elas dão origem a dois tipos inteiramente diversos de sistemas econômicos.
Capítulo 3–A economia como ciência social
 
 1)São três as formas básicas de conhecimento: o empírico, o científico e o filosófico.
2)Neste livro será focalizado, sobretudo o conhecimento científico, muito embora os outros dois possam ser bastante úteis; o primeiro por representar um passo inicial para a ciência; o segundo por ampliar-lhe o horizonte,colocando-o num contexto mais abrangente.
3)O conhecimento científico é aquele voltado ao estabelecimento de relações funcionais ou de causa e efeito entre os fenômenos observados.
4)A Economia insere-se no campo das ciências sociais, ou seja, estuda fenômenos que ocorrem em sociedade, focalizando as relações e as atividades decorrentes da escassez relativa dos bens.
5)A rigor é muito tênue a separação entre as várias ciências sociais. Esta tem muito mais cunho didático, pois fatos políticos ou sociológicos têm influência sobre a Economia e vice-versa.
6)Dada a ampla gama de variáveis que caracterizam a vida econômica, a Economia, como outras ciências sociais, utiliza-se para seus raciocínios da técnica dos modelos. O modelo vem a ser uma simplificação drástica da realidade, da qual se retiram apenas algumas poucas variáveis, tidas como relevantes para a explicação de um dado fenômeno, com o fito de estabelecer entre elas relações funcionais.
7)Num modelo, as variáveis por ele explicitamente contempladas são tidas como constantes, exógenas. O critério dessa separação reside no escopo e no prazo da análise. A curto prazo, poucas variáveis tende a ter um papel mais relevante.
8)A análise ou teoria econômica é, no fundo, um conjunto de modelos, e ela pode, pois, ser vista como uma espécie de caixa de ferramentas. A caixa constitui o arcabouço teórico e as ferramentas, o conjunto de modelos, aplicáveis conforme as necessidades.
9)Uma deficiente explicação da realidade decorre, muitas vezes, da utilização de um modelo inadequado, qual ferramenta que não devesse ser utilizada em uma dada tarefa. Outras vezes, trata-se de não ter sido desenvolvido ainda o modelo apto a lidar com aquela situação. A sua aplicabilidade depende também dos seus pressupostos institucionais.
 10)O modelo pode ser visto como a formalização de uma teoria e a sua crítica não pode se basear no dilema falso-verdadeiro, mas na consideração do seu escopo de aplicação e das suas limitações para além desse escopo.
Capítulo 4 –As grandes divisões da ciência econômica
1)A Economia ou Ciência Econômica pode ser dividida em duas grandes partes.Economia positiva em sentido estrito e Economia normativa. Não se trata de matérias de conteúdo diferente em casa uma dessas partes, mas de enfoques diversos da mesma matéria.
2)A Economia positiva destina-se a explicar e, dentro de certos limites, prever a evolução futura de um dado fenômeno. A Economia normativa prescreve ou indica determinadas medidas para que certos objetivos sejam alcançados.
3)Os objetivos são fixados em nível político e não técnico e a Economia os torna também como dados da realidade, sem se imiscuir na sua formulação. Por isso a ciência é sempre positiva, ainda quando, admitindo dado objetivo,recomende uma medida para obtê-lo.
4)A Economia positiva divide-se em Análise Econômica e Economia Aplicada. A Economia normativa em Doutrina e Política Econômica.
5)Sob um enfoque diferente a Economia pode ser dividida em microeconomia e macroeconomia.
6)A microeconomia tem como base de seu raciocínio o comportamento das unidades econômicas, tais como empresas ou consumidores e a análise dos mercados onde elas operam, mercados esses de produtos específicos, tais como o mercado do café ou do algodão.
Capítulo 5 –Os sistemas econômicos: três modelos básicos
 –um enfoque analítico
1)À situação vivida por toda e qualquer sociedade de limitação de recursos para o atendimento de necessidades sem limite previsível de crescimento dá-se o nome de problema econômico.
2)O problema econômico pode ser sintetizado portrês questões básicas: O que, Como e Para quem produzir.
3)Para enfrentar o seu problema econômico, as sociedades organizam-se institucionalmente, ou seja, estabelecem um conjunto orgânico de instituições,por meio das quais ocorrerá um processo coerente e concatenado de decisões sobre a utilização dos seus recursos escassos e, ademais, se realizará o controle daquelas decisões. A tal conjunto de instituições dá-se o nome de sistema econômico.
4)Para que haja a pretendida Consistência no processo decisório, alguns critérios fundamentais devem ser adotados como princípios informadores, próprios a cada sistema econômico.
5)Três são os critérios básicos de organização econômica: a tradição, a autoridade e a autonomia. Podem-se imaginar, portanto, três modelos básicos para os sistemas econômicos, cada um deles atuando em função exclusiva de um daqueles três critérios.
6)Tem-se assim o modelo da tradição, o modelo da autoridade e o modelo da autonomia, cada um deles baseado em diferentes pressupostos psicológico-comportamentais, os quais dão origem também a diferentes mecanismos de funcionamento pelos quais operam.
7)O pressuposto psicológico-comportamental do Sistema de Tradição é a adesão a um conjunto bastante amplo de valores de índole mágico-religiosa.
8)O pressuposto do sistema de autoridade é a crença na capacidade de previsão e de execução dos órgãos centrais de direção da economia e, negativamente, a descrença nas virtudes do sistema alternativo, de autonomia.
9)O sistema de autonomia tem como pressuposto a crença na capacidade coordenadora do mercado e o princípio hedonista.
10)A vivência concreta dos vários povos mostra que historicamente têm havido combinações em proporções diversas desses três modelos, originando-se famílias de sistemas, conforme a predominância de cada um daqueles modelos no conjunto institucional de casa pais em épocas determinadas.
Capítulo 6 - A implantação do sistema de autonomia
1)A confluência de várias correntes de pensamento que se desenvolveram desde fins do século XVII na Europa ocidental levou, a partir do último quarto do século seguinte, à instauração do chamado liberalismo, assentado nos princípios do iluminismo e do utilitarismo.
 2)O liberalismo contestava o Estado autoritário e absolutista no campo político,propondo um modelo de Estado cujos poderes seriam limitados e controlados pelos cidadãos.
3)O modelo de mercado desenvolvido teoricamente a partir da obra de Adam Smith, publicada em 1776, prestou-se a estabelecer no campo da economia um sistema compatível com os postulados do liberalismo político e, assim, à medida que este se implantava, também aquele foi se impondo. Em 1776também ocorreu a independência americana e o esvaziamento das corporações de ofício na França.
4)A reorganização dos sistemas econômicos no Ocidente deu-se ao longo de duas linhas principais: o constitucionalismo e o movimento codificados do Direito privado.
5)O constitucionalismo firmou-se a partir da Declaração de Direitos e das primeiras constituições dos Estados Unidos e da França, que passaram a incorporar aquelas Declarações. Foram chamadas de Constituições clássicas, constituições liberais ou constituições garantia porque se destinavam fundamentalmente a garantir as liberdades e prerrogativas individuais frente ao Estado.
6)Apenas aparentemente as constituições clássicas eram omissas em matéria econômica, pois, ao garantirem a propriedade privada, a liberdade de exercício de profissões e a livre contratação, estavam deitando as bases de um sistema de mercado.
7)Este completou-se ou se detalhou com a codificação do Direito Privado,iniciada na França napoleônica com os Códigos Civil (1804) e Comercial (1807),com os quais criou-se uma intrincada malha legal, consistente e lógica,destinada a assegurar a certeza, a segurança e a liberdade nos negócios entre particulares, sem porém cogitar dos resultados a que eles poderiam levar. A lei passou a apresentar umaracionalidade formal . (Max Weber)
8)O Direito público teve uma evolução menos acentuada, ficando numa espécie de segundo plano, dado o destaque conferido às relações de índole privatística e o menos papel do Estado na vida cotidiana. Desenvolveu-se, contudo, o conceito de poder de polícia como forma incipiente de impor restrições acertas iniciativas dos particulares tidas como ofensivas à ordem, à segurança e à incolumidade dos cidadãos.
 
Capítulo 7 –As falhas do mercado
1)A vivência prática do sistema de cunho liberal durante cerca de 150 anos trouxe, a par de um grande desenvolvimento em termos de disponibilidade crescente de bens e serviços, uma série de consequências negativas, cuja explicação demandou em refinamento na própria análise e no estudo das instituições econômicas.
2)Em parte pressionada pelas manifestações da sociedade, quês diretamente,quer pelos seus órgãos de representação política e em parte pelos próprios progressos da ciência em si, a Economia foi incorporando aos seus modelos a identificação e a explicação das chamadas falhas de mercado.
3)AS falhas de mercado correspondem a situações nas quais os seus pressupostos de funcionamento não fazem presentes, tornando o inoperando.
4)O mercado apresenta cinco falhas principais:
4.1) quanto à mobilidade de fatores -é uma falha de origem física ou cultural;
4.2) quanto ao acesso à informação -é uma falha de origem legal;(TRANSPARÊNCIA)
4.3) quanto à concentração econômica–é uma falha de estrutura;(ANALITICA)
4.4) quanto aos efeitos externos ou externalidades–é uma falha de sinal;(SINALIZAÇÃO)
4.5) quanto ao suprimento de bens coletivos–é também uma falha de sinal,decorrente de uma falta de incentivo.
5)A constatação das falhas de mercado levou a uma reintrodução do Estado no sistema econômico, mediante a edição de diversas normas de caráter legal e regularmente destinadas a, por diversas formas, eliminá-las ou atenuá-las.
6)A pura racionalidade formal da lei, na visão do sistema liberal, passa a se tornar insuficiente para a condução harmoniosa do sistema econômico.
7)A ação do Estado nessa condição de mero controlador das inoperacionalidades do mercado recebeu o nome de capitalismo regulamentar, neoliberalismo e outros, mas não se esgotou apenas nessa função.
8)Objetivos de caratês político são também colocados para o desempenho do sistema como um todo, levando o Estado a dela participar, com vista a direcioná-lo.
 
- Mobilidade: mercado não consegue atender todo mundo;- Analítica: custos das trocas;- Transparência: informação;- Incentivos: exagerar na produção coletiva;- Sinalização: externalidade;- Estrutura: monopólio, oligopólio, nem todos os produtos tem igualdade