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BAHIA 100 anos de cinerma 45 anos de cinema BA H IAanos de cinema BA H IA Um dia na rampa Vadiação Bahia de Todos os Santos A morte das velas do recôncavo Pátio Barravento Catálogo de meninas Boi Aruá Sob o ditame de Rude Almajesto (sinais de chuva) Diamante bruto Eu me lembro 10 centavos A grande feira Anil O mágico e o delegado Gato / Capoeira Meteorango Kid - herói intergaláctico O capeta Carybé Samba Riachão Na Bahia ninguém fica em pé Caveira my friend Brabeza Memória de Deus e do Diabo em Monte Santo e Cocorobó O Guarani Redenção Adeus Rodelas Comunidade do Maciel – há uma gota de sangue em cada poema Bahia Mr. Abrakadabra! Superoutro BAHIA 100 anos de cinerma2 anos de cinema BA H IA 12 DVDs • 30 filmes BAHIA 100 anos de cinerma4 Bahia: 100 anos de Cinema, em uma Caixa Juca Ferreira Ministro da Cultura Tornar obras raras, e distantes do mercado, acessíveis ao grande público, é um tipo de ação que assegura a preservação da memória do cinema brasileiro e, com isso, contribui para a formação artística e cultural de todos os brasileiros. É algo verdadeiramente digno de elogios. Elogios especialmente destinados àqueles que, de um modo ou de outro, vêm dando um tanto de si para a realização de sonhos como este, que aos poucos se tornam realidade. Nesta coletânea de filmes importantes ausências serão notadas, certamente. Toda seleção, aliás, sempre corre esse risco. Mas é inegável a representatividade do que aqui se reuniu. O que se disponibiliza, através destes 12 DVDs, é um material que traça largo e rico panorama da cinematografia baiana, revelada em 30 obras, entre curtas, médias e longas-metragens de temáticas bem variadas, que registram e constroem a identidade da Bahia. Este conjunto de filmes, digitalizados, ajuda a suprir uma grande lacuna, permitindo que nos aproximemos de produções pouco conhecidas e comemoremos os 100 anos da atividade cinematográfica na Bahia com maior conhecimento dessa história. O que se sabe pela obra de pesquisadores como Maria do Socorro Carvalho é que são de 1909 os primeiros filmes baianos, feitos por Diomedes Gramacho e José Dias da Costa. Esses filmes, lamentavelmente, se perderam no tempo. Hoje, o que temos daquela produção baiana das primeiras décadas do século 20, em condições de restauro, são os filmes de Alexandre Robatto Filho, autor do curta-metragem BAHIA 100 anos de cinerma 5 mais antigo desta coletânea: Vadiação, de 1954. Robatto realizou suas primeiras filmagens nos anos 1930. Foi um pioneiro. De 1952 a 1953 filmou e editou Entre o mar e o tendal, obra que teve influência sobre filmes como Barravento, de Glauber Rocha, por exemplo. No ano passado, a Bahia celebrou o centenário de Robatto, mas sua obra – assim como a de muitos de seus contemporâneos – ainda carece de atenção e cuidado maior. A recuperação da memória e da produção cinematográfica baiana, mesmo que parcial ou incompleta, é uma ação cultural de grande relevância por muitos motivos. Possui importância mais do que meramente local. Conforme se sabe, no ambiente cinematográfico soteropolitano dos anos 1950, circulou e gestou-se não apenas o baiano Glauber Rocha, uma das mais importantes personalidades do cinema mundial da segunda metade do século 20, mas toda uma geração de cineastas como Luiz Paulino dos Santos, Trigueirinho Neto e Roberto Pires, entre outros. Ali plasmou-se uma significativa vertente do Cinema Novo brasileiro. O ambiente cinematográfico de Salvador, àquela altura, era marcado por uma efervescente atividade de cineclubes, pelo Clube de Cinema, dominado pela figura lendária do crítico Walter da Silveira. Foi notável a fertilidade daqueles anos. Uma fertilidade que se faz sentir nesta coletânea. É igualmente interessante acompanhar, através dessas obras, a renovação da “novíssima onda”, nas criações de Edgard Navarro, Jorge Alfredo e Póla Ribeiro, por exemplo. E raridades do cinema “udigrudi” baiano, pérolas da cinematografia brasileira, como Meteorango Kid, de André Luiz de Oliveira e Caveira my friend, de Álvaro Guimarães. Com muitas das obras aqui recolhidas, a Bahia industrializada e fortemente urbanizada invade o nosso horizonte, trazendo alegria e preocupação, no olhar de renovadas gerações. Nestes filmes, salta aos olhos também uma Bahia literalmente teimosa, que insiste em fazer cinema de qualidade. Os muitos méritos desta caixa aumentam mais ainda com a certeza de que um número significativo destes filmes tiveram público restrito, jamais foram vistos fora de um certo perímetro local ou jamais foram revistos por aqueles que de fato puderam apreciá-los, na época em que foram produzidos. Estão de parabéns a Bahia, o cinema brasileiro e todos os que se empenharam em mais este projeto de resgate da nossa memória audiovisual. BAHIA 100 anos de cinerma6 100 % Bahia 100% Brasil Cinemateca Brasileira O ciclo cinematográfico baiano, de apogeu tardio em relação a seus congêneres regionais, foi sem dúvida o que mais fecundou a cultura brasileira. Apesar das tentativas iniciais nas décadas de 1910 e 1920, foi na década de 1950 que o cinema baiano revelou toda sua multiplicidade. A cultura baiana, que desde a transferência da capital do País para o Rio de Janeiro ficou circunscrita às fronteiras locais, na década de 1950 explodiu com a modernização do ciclo desenvolvimentista, tendo o cinema como divulgador de uma civilização iorubá, jeje, lusa e ameríndia. Marcado pelo debate cultural em torno da Universidade Federal da Bahia, o cinema realizado na década de 1950 promoveu um salto qualitativo em toda a cultura, passando aceleradamente do naturalismo mais cru ao realismo, para em seguida se tornar vanguarda e se expor na alegoria de Glauber Rocha. Dos diversos filmes documentais de Alexandre Robatto Filho, filmes sobre fatos históricos e culturais, passando pelo emblemático A grande feira, de Roberto Pires, pelo vanguardista Pátio até culminar em Barravento, espécie de síntese estética, com a fusão de naturalismo, realismo e alegoria, o filme baiano e a cultura cinematográfica que lhe segue inauguraram novas formas de visibilidade da cultura nacional, destacando suas riquezas e contradições. Esse cinema fez do atraso uma mola propulsora para o acúmulo e a superação de formas, o que resultou na produção artística cinematográfica de peso, tornando-se referência de experimentação, coragem e inconformismo. BAHIA 100 anos de cinerma 7 E para que esse sopro continue seu curso de transformação, a Cinemateca Brasileira em parceria com a Secretaria de Cultura da Bahia, devolve as imagens e os sons desse centenário que tanto contribuiu para a compreensão da cultura brasileira. São trinta títulos da filmografia baiana que compõem um conjunto de DVDs, cuja preparação envolveu as mais diversas operações técnicas, como a telecinagem de longas e curtas metragens, a recuperação de materiais em vídeo e a reprodução de fotogramas de vários títulos, para confecção de material de divulgação. São ações que possibilitam que as novas gerações renovem suas referências e reconheçam essa história que, assim, continuará a pulsar. BAHIA 100 anos de cinerma8 Bahia: um século de cinema! Marcio Meirelles Secretário de Cultura da Bahia Mais do que uma coleção especial que celebra o primeiro século do cinema baiano, Bahia, 100 anos de cinema é resultado de um trabalho conjunto da Cinemateca Brasileira e da Secretaria de Cultura, através da Diretoria de Audiovisual (Dimas) da Fundação Cultural do Estado da Bahia. O projeto nasceu de uma demanda da sociedade; é fruto de um desejo expresso pelos cineclubes, estudantes, cinéfilos, pesquisadores em conhecer os filmes feitos na Bahia, muitos dos quais, até então, inacessíveis ao público. Essa coleção especial reúne 30 filmes em 12 programas, que totalizam mais de 20 horas de sons e imagens em movimento. Aqui vemos Salvador, a cores e em preto e branco. Vemos o recôncavo baiano, o sertão e o mar.Vemos a força das águas da Chapada Diamantina, no coração da Bahia. Aqui nos vemos como somos: multifacetados, negros, miscigenados, ricos, miseráveis, tristes e alegres, pessimistas, niilistas, santos e guerreiros, crentes, de fé inabalável. E assim nos apresentamos ao mundo, na visão de cineastas de distintos perfis e gerações. BAHIA 100 anos de cinerma 9 Bahia, 100 anos de cinema nos revela que temos uma cinematografia pujante, diversa, viva, mas muito pouco conhecida. Boa parte das obras integrantes dessa coleção permanece, de certa forma, inédita. Agora poderão sair do anonimato e circular pelo país. Sem a Cinemateca Brasileira não conseguiríamos realizar este projeto. Não somente pelos recursos financeiros investidos, mas, sobretudo, pela efetiva adesão à proposta e pelo zelo e competência com a qual a instituição conduziu o processo. Bahia, 100 anos de cinema vem também selar uma parceria que o Estado da Bahia vem mantendo desde 2007 com a Cinemateca, que a cada ano se revela estratégica para o fortalecimento e desenvolvimento do campo da preservação audiovisual no país. Por isso, vimos nos empenhando para ter a Cinemateca Brasileira cada vez mais próxima, cada vez mais presente em nosso estado e na nossa região. Com o lançamento de Bahia, 100 anos de cinema estamos promovendo e difundindo o audiovisual brasileiro feito na Bahia e contribuindo para a salvaguarda deste patrimônio, fundamental para a compreensão do nosso tempo e para a (re) construção de nossa identidade. BAHIA 100 anos de cinerma10 documentários, por exemplo Carlos Alberto Mattos Dadas as limitações técnicas, jurídicas, de preservação e de prazo que se impuseram à composição desse recorte dos 100 anos do cinema baiano, os filmes aqui reunidos cobrem um período (1954 a 2008) na verdade pouco maior que 50 anos. Trata-se de uma fase que corresponde à modernização e afirmação de identidade do cinema brasileiro. Nesse processo, o documentário teve papel importante também na Bahia – o que se reflete na presença significativa de 12 filmes com características documentais evidentes entre os 30 títulos incorporados. Com sua exposição frontal (e teatral) da capoeira dos Mestres Waldemar e Bimba, Vadiação representa o documentário tradicional, de feições didáticas, mas inspiradoras para quem viria depois. Barravento, aliás, foi um dos vários filmes que beberiam nas águas dos documentários sobre pesca realizados pelo mesmo Alexandre Robatto Filho, tido como o primeiro grande cineasta local. O berço baiano do Cinema Novo foi construído também pela visão fluente e poética que Luiz Paulino dos Santos nos deu do ancoradouro do Mercado Modelo em fins dos anos 1950. Um dia na rampa, sonorizado por Glauber Rocha, cria uma coreografia conjugando o trabalho dos homens e o movimento dos barcos num cenário extremamente sugestivo. É um desses filmes que estão a um passo de exalar o cheiro forte de Salvador e ajudaram a criar uma certa imagem da cidade. BAHIA 100 anos de cinerma 11 Tomem-se o curta O capeta Carybé, de Agnaldo “Siri” Azevedo, e o longa Samba Riachão, de Jorge Alfredo, para melhor entender essa formulação da Bahia através do cinema. Os perfis desses dois artistas carregam, cada um a sua maneira, as cores, as sinestesias todas e uma maneira de estar no mundo que, sem medo dos estereótipos, fixou-se como uma ideia de baianidade. Não mais a Bahia coletiva da capoeira e dos portuários, mas a do indivíduo peculiar que – mesmo vindo de fora, como o argentino Carybé – acaba personificando traços da terra. O mito do baiano bem sucedido que retorna à terrinha, cristalizado na Tieta de Jorge Amado, foi revisitado por Orlando Senna no seu Diamante bruto, história da volta de um ator famoso a Lençóis. Esse filme foi um dos marcos da miscigenação entre documentário e ficção que germinou no cinema brasileiro dos anos 1970, no rastro de Iracema, uma transa amazônica, que Senna codirigiu com Jorge Bodanzky em 1974. Numa vertente mais etnográfica, estimulada pela Caravana Farkas, situam-se os filmes de Guido Araújo (A morte das velas do recôncavo), Olney São Paulo (Sob o ditame de Rude Almajesto: sinais de chuva) e mesmo o “Siri” de Adeus, Rodelas. Perda e permanência jogam dialeticamente nesses filmes, que tratam das vicissitudes do clima e do progresso quando afetam a paisagem do sertão e do litoral baianos. Por fim, dois documentários dessa coletânea assumem caráter de reflexividade, tematizando o próprio cinema da Bahia. O Guarani faz um inventário da cinefilia e do pensamento cinematográfico em torno da mítica sala da Praça Castro Alves. Na Bahia ninguém fica em pé, integrante do movimento superoitista, flagra uma discussão antológica, porque bem-humorada, sobre a vida nada fácil dos cineastas baianos na virada dos anos 1980. Outros tantos documentários mereceriam lugar nesse conjunto de filmes, fossem eles de produção local, como os de Rex Schindler, por exemplo, ou frutos do interesse de documentaristas vindos de fora. Desde que a Bahia faz cinema, é num balanço fértil entre realidade e imaginação que vem temperando a sua imagem. Carlos Alberto Mattos é crítico e pesquisador de cinema, autor de livros sobre os cineastas Walter Lima Jr., Eduardo Coutinho, Carla Camurati, Jorge Bodanzky, Maurice Capovilla e Vladimir Carvalho. BAHIA 100 anos de cinerma12 100 anos de cinema na Bahia – a retomada Joel de Almeida Nos anos de 1980, fazer cinema era atividade de burguês! Essa afirmação era corriqueira nas calorosas discussões após as sessões dos filmes no Cineclube da Residência Universitária da UFBA. Soava mal e era um choque naquela juventude que sonhava com sua primeira experiência em Super 8. Mesmo assim, liam Christian Metz, Walter da Silveira, Paulo Emílio Sales Gomes Jean-Claude Bernardet. Esperavam ansiosos por setembro, e com ele a Jornada de Cinema da Bahia. Viajavam nos estranhos mas contagiantes filmes do Instituto Goethe, e, mais, se jogavam com ou sem função nos esporádicos sets de filmagens de amigos ex-superoitistas que ingressavam agora como profissionais na bitola 16 ou 35 mm. Eram projetos de curtas, vencedores dos editais da antiga Embrafilme. Havia apenas um longa em produção, Boi Aruá, filme de animação de Chico Liberato que foi lançado em 1983. O próximo, só em 2001,Três Histórias da Bahia, edital do Governo do Estado e administrado pela Truq Produtora de Cinema TV e Vídeo. Mas o ambiente cinematográfico na passagem do século XX viveu uma verdadeira revolução. E essas mudanças foram estabelecidas pelas novas tecnologias, a Cultura Digital, deflagrando cada vez mais a produção e a difusão de filmes e vídeos. O novo BAHIA 100 anos de cinerma 13 tempo de cinema fixa o status de democratização do uso e da expressão através da linguagem audiovisual. Políticas públicas de fomento à cadeia produtiva, há muito desejadas pela classe cinematográfica, projetam o já conhecido Cinema da Retomada ou A Nova Onda como foi batizado aqui na Boa Terra. Cineastas tarimbados, jovens estudantes, revelam suas experiências e levam às telas uma imagem plural e comprometida com as principais causas sociais da atualidade. Uma gama de curtas e longas de ficção e documentários, e filmes de animação representam dignamente a expressão audiovisual da boa terra onde quer que sejam exibidos. Nomeamos alguns deles, que, imaginamos, podem representar a atmosfera cinematográfica da chamada Retomada: já em 1996, Mr. Abrakadabra, faz uma homenagem ao centenário do cinema, como se estivesse inaugurando uma nova era; os documentários O capeta Carybé, experimenta uma narrativa que põe fim aos limites entre o artista plástico, seu cotidiano e sua obra, enquanto o longa Samba Riachão, que também homenageia outro grande artista, desta vez da música, de maneira livre, narra a carreira do sambista Riachão, trajetória essa que se confunde com a própria história do samba no século XX; Catálogo de meninas, trabalho de animação e 10 centavos,ambos são dedicados à oportuna discussão dos problemas da infância e adolescência no país; o longa Eu me lembro, filme poético, que mostra os desafios de uma geração que viveu num Brasil entre a modernização e a repressão da Ditadura Militar de 1964; Cães, expõe o coronelismo dos primórdios da República, com uma estética moderna; por fim, O Guarani, documentário de curta-metragem que resgata de maneira realista e nostálgica, a memória da mais antiga e tradicional sala de cinema de Salvador. O movimento audiovisual na Bahia parece mesmo ter se solidificado, e essa conquista é um forte motivo para comemoração. Joel de Almeida é professor de História, pesquisador, cineasta, realizador dos filmes: Penitência, Preto no branco, A resistência do sonho, Calumbis, pífanos e zabumbas, Penitentes do São Francisco e Hansen Bahia. BAHIA 100 anos de cinerma14 2x50 anos de cinema na Bahia Maria do Socorro Carvalho 100 anos de cinema na Bahia. Ou, à maneira de Godard, 2 x 50 anos de cinema na Bahia. Os primeiros cinquenta anos dos pioneiros – com Diomedes Gramacho e José Dias da Costa inaugurando a tomada de pequenas fitas, em 1910, e culminando com os filmes de Alexandre Robatto Filho, entre 1930 e 1960. Os cinquenta anos seguintes, que ainda são nossos contemporâneos, têm início com o Ciclo do Cinema Baiano (1959–1964), para logo testemunharem o experimentalismo dos anos 1970 e certo vazio da época posterior até a retomada da produção em meados da década de 1990, batizada “a novíssima onda baiana”. Se os registros centenários estão perdidos para sempre no fundo da baía de To- dos os Santos, onde foram jogados como prevenção contra os temidos incêndios do celuloide, parte da obra pioneira de Alexandre Robatto Filho, aquele que primeiro filmou de maneira sistemática na Bahia, encontra-se em processo de restauração na Cinemateca Brasileira. Seus documentários curtos constroem um rico panorama de aspectos diversos da cultura baiana, como se pode ver em Vadiação, um olhar sobre a capoeira em 1954, portanto o filme mais antigo desta coletânea. Essa produção documental será referência para os jovens cineastas ao iniciarem a realização de filmes, sobretudo de ficção, no fim da década de 1950. É desse mo- mento o primeiro longa-metragem baiano, filmado entre 1957 e 1958, Redenção, de BAHIA 100 anos de cinerma 15 Roberto Pires – um semipolicial melodramático, segundo o crítico Glauber Rocha. E os curtas-metragens Um dia na rampa, documentário de Luís Paulino dos Santos sobre um dia de trabalho na então famosa rampa do Mercado Modelo, e o filme- poema Pátio, o ensaio cinematográfico que marca a estréia de Glauber Rocha na direção. Todos três exibidos pela primeira vez, em Salvador, em março de 1959. Além dos filmes fundadores, esse importante surto apresenta-se aqui com sua “trilogia da fome”: Bahia de Todos os Santos (Trigueirinho Neto, 1960), Barravento (Glauber Rocha, 1960-62) e A grande feira (Roberto Pires, 1961). Embora com con- cepções distintas, eles se ligam pela discussão em torno da fome e suas formas de representação, revelando preocupações comuns dos realizadores e indicando pro- postas estéticas que anteciparão o cinema da fome e da violência que explodirá com o Cinema Novo ao longo dos anos 1960. Frutos do “desenvolvimentismo” local, os filmes tratam da fome em meio ao mundo do abastecimento – o transporte, a produção e a distribuição de alimentos – a partir de personagens famintos que de- vem matar a fome da cidade. A “nova onda baiana”, na qual se destaca o cineasta Glauber Rocha, constituiu-se um marco dessa cinematografia hoje centenária. É notável que em um lugar sem história de produção fílmica surja um movimento não apenas realizador de filmes, mas antes de crítica, com formação de técnicos, produtores, atores e diretores, que permanecerá como referência ou inspiração para a multiplicidade de temas, abor- dagens e formatos da produção que se seguiu. Assim, da experiência “marginal” de Meteorango Kid – Herói intergaláctico (André Luiz Oliveira, 1969) ao balanço gera- cional de Eu me lembro (Edgard Navarro, 2005); ou do sertão de Sob o ditame de Rude Almajesto: sinais de chuva (Olney São Paulo, 1976) à crônica da cidade de 10 centavos (César Fernando Oliveira, 2008), esboça-se um complexo (embora necessariamente parcial) painel da memória audiovisual baiana para celebrar o primeiro século do cinema na Bahia. Maria do Socorro Carvalho é professora e pesquisadora do cinema brasileiro, autora de livros sobre a história do cinema na Bahia – A Nova Onda Baiana (Edufba, 2003) e Imagens de um Tempo em Movimento (Edufba, 1999). BAHIA 100 anos de cinerma16 a experimentação Baiana Rubens Machado Jr. Forasteiros, podemos ter às vezes a impressão de que o cinema baiano traz sem- pre um caráter inventivo ao longo de sua história. Algo como uma inquietação própria, não só a de vanguarda, ou experimental. Se não nos enganamos, ainda quando não se pretende uma criação original, restaria disseminada pelos filmes al- guma sugestão remota de jogo, em ponta de ironia, ou qualquer resíduo inquieto de expressão que não quer calar por sobre as convenções pesadas que se fizeram impor. Ilusão de ótica? Viagem metafísica? Contágio de uma decantada verve discursiva que distingue o emblemático falar baiano? Imposição urbana da antiga capital do país, velhas persuasões da sua arquitetura barroca balizando exigências do nosso olhar? Mesmo os habitantes mais fugazes da cidade de Salvador parecem captar esse complexo feitiço. Como talvez o que veio se fixar no magnetizante Aqueles que... (1981) de Miguel Rio Branco, nessa exata condição de morador pouco demo- rado. Nele, o bairro do Maciel nos fala de um país protelado e fascinante, violento e generoso. Uma Baixa do Sapateiro medonha e bela que tantos filmes de antes e de depois adotaram como uma coordenada inspiradora, matriz visual com uma densa experiência de tradição, base documentária de pulsações decisivas da sociedade – registros de Vito Diniz, Tuna Espinheira e tantos outros; ficções incontáveis do Pelourinho, epicentro de dores e risos, vibrações cinematográficas baianas. Reflete- se este cataclismo nas lonjuras do sertão, do litoral baiano? – ou ao contrário, esse BAHIA 100 anos de cinerma 17 tremor seria deles um consequente reflexo tectônico? Em todo caso, domar con- vulsões, ou sublimá-las apenas, é algo que também acontece, basta ver a serenidade do centro histórico em Gato/Capoeira (1979), de Mario Cravo Neto; a busca plácida de harmonias na Arembepe de José Agrippino de Paula, em Céu sobre água (1978). O certo é que o convívio de tanta diferença vai desafiar uma visão conjunta, um esforço de totalizar que ganhou no cinema pelo menos dois precoces filmes de reflexão sobre o próprio cinema baiano, o coletivo superoitista Na Bahia ninguém fica em pé (1980), de Araripe Jr., Pola Ribeiro e Edgard Navarro e, desse último, Talento demais (1994), um cineasta cuja percepção das diferenças produzira o “cult” Superoutro (1989). Este viés do diferente, aliás, já teria estruturado o magnífico surto de experimentalismo superoitista nos anos 1970, precedido de pouco pelas experiências de André Luiz Oliveira, Álvaro Guimarães e José Umberto. Mas a sensibilidade das diferenças nos levaria mais longe, às origens da modernidade e do cinema experimental na vanguardista década de 1950 baiana. Já anunciam muito do que se verá mais tarde os filmes Um dia na rampa (1955- 1960), de Luiz Paulino, e Pátio (1957-1959), de Glauber, como bem intuiu na época o atento crítico paraibano Wills Leal, com mínima inclinação para o primeiro. O con- traponto dos dois estreantes já nos traz uma configuração lapidar de Povo e Elite, fundamento básico da imagem movente baiana. No primeiro filme, um novo escan- dir rítmico de imagens populares do trabalho diário em montagem singular no seu humor e riqueza de associações. No segundo, mudam atores e coreografia no construir abstrato de uma tensamelancolia de mirantes tropicais privilegiados. Como numa esplanada de fortificações, podemos ali esquadrinhar o horizonte oceânico da boca da Baía de Todos os Santos, por onde uma elite vislumbraria vínculos seguros com outros portos, do país e d’além-mar. Já no filme de Paulino, como num contracampo voltado para a terra do Recôncavo encontraremos a vibração do centro popular, mer- cados de sobrevivência e de vitalidade baiana. Rubens Machado Jr. é pesquisador, curador e professor titular de Teoria e História do Cinema da ECA-USP. É vice-presidente do Conselho de Orientação Artística do MIS-SP e integra a editoria das revistas Cine- Olho, Infos Brésil, Praga, Sinopse e Significação. BAHIA 100 anos de cinerma18 Bahia de Todos os Santos Um dia na rampa Vadiação1 Um dia na rampa 1960, documentário, 16mm, 10 min. [Sinopse] Um dia na rampa do Mercado Modelo de Salvador, onde chegavam os saveiros voltando do Recôncavo trazendo produtos para comercializar na capital. Tradição da capoeira, do candomblé e outros costumes são apresentados no decorrer do filme rodado em 1955. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Luiz Paulino dos Santos Produção: E. R. Fonseca e Primo Carbonari Direção de produção: Marinaldo Nunes Diretor de fotografia: Waldemar Lima, Marinaldo da Costa Nunes e David da Costa Nunes Montagem: Luiz Paulino dos Santos Música original: Berimbau e Bugalho Vadiação 1954, documentário, 16mm, 8 min. [Sinopse] A capoeira na Bahia, ao som de berimbaus, evolui de luta de guerra para forma popular de dança. Com os mestres Bimba e Valdemar. [Ficha Técnica] Direção: Alexandre Robatto Filho Com a colaboração de Carybé, Paulo Jatobá, Manoel Ribeiro e Silvio Robatto. Berimbau e cantores do Mestre Bimba e jogadores do Mestre Valdemar. Duração aproximada 120 min. BAHIA 100 anos de cinerma 19 Bahia de Todos os Santos 1960, ficção, 35mm, 102 min. [Sinopse] A trama gira em torno de um grupo de amigos inconformados com o marasmo e a vida monótona da capital baiana, na época da ditadura de Getúlio Vargas. Tonho, um mulato rejeitado pelos pais que vive de pequenos furtos no porto de Salvador, vive conflitos sociais, políticos e religiosos. Sua amante inglesa quer afastá-lo dos companheiros, mas ele se envolve num atrito entre grevistas e a polícia, terminando por roubar a amante para ajudar os perseguidos. Insatisfeita, ela o denuncia, comprometendo-o politicamente. Ele é preso e, quando volta para a família, seu drama permanece. [Ficha Técnica] Direção, roteiro e produção: Trigueirinho Neto Empresa produtora: Ubayara Filmes Produção executiva: Lorenzo Serrano Diretor de fotografia: Guglielmo Lombardi Montagem: Maria Guadalupe Direção de arte: José Pedreiras Figurino: Maria Augusta Teixeira Técnico de som direto: Ernst Hack Efeitos especiais de som: Paolo Giolli, Thomaz Farkas e Vinício Callia Trilha musical: Antonio Bento da Cunha Fotografia de cena: Bruno Furrer Elenco: Jurandir Pimentel, Lola Brah, Arassary de Oliveira, Geraldo d’el Rey, Eduardo Waddington, Antonio Victor, Sadi Cabral, Milton Gaúcho e Clube Barão do Barão do Desterro Apresentando: Antonio Luís Sampaio (Pitanga), Ana Maria Fraga, Francisco Contreiras, Waldemar Gomes, Mãi Masú, Nelson Lana, Flaviana Silva, Neusa Barreto, Antonio Carlos dos Santos, Jota Luna, Manoel Assunção, José de Almeida, Manoel José dos Reis, Plinio de Souza, Aroldo Lázaro e José Fonseca Filho BAHIA 100 anos de cinerma20 2 A morte das velas do recôncavo 1976, documentário, 16mm, 23 min. [Sinopse] O filme documenta o desaparecimento do saveiro, a mais típica embarcação à vela da Bahia de Todos os Santos. Esta desempenhava uma importante função econômica além de estética na cidade. Este documentário aborda problemas sócio-econômicos com o propósito de tentar preservar esta memória. Pátio 1956, ficção, 16mm, 13 min. [Sinopse] Duas figuras humanas jogadas sobre um pátio em preto e branco, compondo um jogo de metamorfoses, símbolos e monta- gens dialéticas. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Glauber Rocha Produção: Luiz Paulino dos Santos e Glauber Rocha Diretor de fotografia: José Ribamar de Almeida e Luiz Paulino dos Santos Montagem: Souza Junior Elenco: Sólon Barreto e Helena Ignez [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Guido Araújo Empresa produtora: Embrafilme S.A. Produção executiva: Gloria Varela, Eduardo Tadeu Diretor de fotografia: Thomaz Farkas Montagem: Peter Pryzgodda Direção de arte: Chico Liberato Técnico de som direto: Timo Andrade Canção: Calabar, o Elogio da Traição, de Chico Buarque e Ruy Guerra Narração: Chico Drumond Barravento A morte das velas do recôncavo Pátio Duração aproximada 117 min. BAHIA 100 anos de cinerma 21 Barravento 1961, ficção, 35mm, 81 min. [Sinopse] Numa aldeia de pescadores de xaréu, cujos antepassados vieram da África como escravos, permanecem antigos cultos místicos ligados ao candomblé. A chegada de Firmino, antigo morador que se mudou para Salvador fugindo da pobreza, altera o panorama pacato do local, polarizando tensões. [Ficha Técnica] Direção, roteiro e produção: Trigueirinho Neto Direção: Glauber Rocha Roteiro: Glauber Rocha e José Telles de Magalhães Empresa produtora: Iglu Filmes Produção: Rex Schindler e Braga Neto Produção executiva: Roberto Pires Direção de produção: José Telles de Magalhães Diretor de fotografia: Tony Rabatoni Montagem: Nelson Pereira dos Santos Direção de arte: Calazans Neto Edição de som e mixagem: Hélio Barrozo Netto Fotografia de cena: Élio Moreno Lima Elenco: Antonio Pitanga, Aldo Teixeira, Luiza Maranhão, Lucy Carvalho, Lídio Silva, Alair iguori, João Gama, Flora Vasconcelos, Jota Luna, Élio Moreno Lima, Francisco dos Santos Brito, Antonio Carlos dos Santos, Rosalvo Plínio e Zezé BAHIA 100 anos de cinerma22 3 Catálogo de meninas 2002, animação, 35mm, 13 min. [Sinopse] Dalvinha é uma menina de 14 anos que mora com a mãe e o padrasto. Durante o dia, dentro de casa, ela é tratada como uma empregada doméstica até que conhece o Cabaré Tropical e muda o rumo de sua vida. [Ficha Técnica] Direção, roteiro, storyboard e animação: Caó Cruz Alves Empresa produtora: Studio Caó Esboços animados: Adriano Luís, Patrícia Braga e Caó Cruz Alves Montagem: Nivaldo Costa Direção de arte: Adriano Luís, Patrícia Braga e Caó Cruz Alves Técnico de som: Júlio Cézar Edição de som e mixagem: Miriam Biderman Trilha musical: Alan Verhine, Adelmo Oliveira, Augusto Vasconcelos, Alex Mercês Alves e Caó Cruz Alves Dublagem: Nilda Spencer, Gideon Rosa, Waldemar Nobre, Jorge Washington, Paloma Carvalho e Galvão Bueno Técnica: Animação 2D e 3D Boi Aruá Catálogo de meninas Duração aproximada 72 min. BAHIA 100 anos de cinerma 23 Boi Aruá 1984, ficção, 35mm, 59 min. [Sinopse] História de um fazendeiro cujo poder é desafiado pela fantástica aparição do Boi Aruá, até o derradeiro confronto, quando se despoja das máscaras e celebra a vitória sobre si mesmo. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Francisco Liberato Empresas produtoras: Seriarte Planejamento Visual e Programa de Educação Básica SEC/MEC Empresa co-produtora: Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A. Produção executiva: Regina Machado e Maria Augusta São Paulo Diretor de fotografia: Celso Campinho e Francisco Liberato Montagem: Tuna Espinheira Animadores: Chico Liberato, Antonio José Cassiano e Paulo Ricardo Xavier Cenografia: Edy Guimarães, Ana Silvia Liberato, Núbia Espinheira, Paulo Carvalho, Cezar Nunes, Tereza Perez, Robério e Rita Andrade Edição de som e mixagem: Timo de Andrade Trilha musical: Ernst Widmer, Elomar Figueira e Carlos Pita BAHIA 100 anos de cinerma24 4 Sob o ditame de Rude Almajesto (sinais de chuva) 1976, documentário, 16mm, 13 min. [Sinopse] As diversas experiências do homem do campo na maneira de pressagiar a chuva na região nordestina. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Olney São Paulo Inspirada em crônica de Eurico Alves Boaventura Empresa produtora: Pilar Filmes Ltda. Produção: Maria Augusta; Regina Machado, Hermínio Lemos eValdener São Paulo Diretor de fotografia: Edgar Moura Montagem: João Ramiro Mello Direção de arte: Edgar Moura Técnico de som direto: Lael Rodrigues Elenco: Valdener São Paulo, Roque e Edgard Tolete Diamante bruto Sob o ditame de Rude Almajesto (sinais de chuva) Duração aproximada 114 min. BAHIA 100 anos de cinerma 25 Diamante bruto 1977, ficção, 35mm, 101 min. [Sinopse] Após 20 anos de ausência, o astro de TV José de Castro retorna à sua terra natal, Lençóis, e reencontra Bugrinha, seu amor de infância. Ela se recusa a firmar um compromisso e José reage a esta atitude mantendo encontro secretos com Rita, casada com Tibúrcio, um ex-matador profissional. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Orlando Senna Empresas produtoras: Pilar Filmes e Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A. Produção: Ignácio Gerber, Orlando Senna, Olney São Paulo e Maria Augusta São Paulo Produção executiva: Maria Augusta São Paulo Direção de produção: João Neiva Diretor de fotografia: João Carlos Horta Montagem: Roberto Pires Técnico de som direto: Esmeraldo Alves Edição de som e mixagem: Carlos Della Riva, Antonio Cesar Trilha musical: Regional da Chapada Diamantina Elenco: José Wilker, Gilda Ferreira, Conceição Senna, Wilson Melo, Ademário Rufino, Flora, Gilma Natália, Grimaldo Veiga, Iraildes Martins, Oscar Semieixo, Pocino, Raimundo Nonato, Salvador do Remanso e Povo de Lençóis BAHIA 100 anos de cinerma26 5 Eu me lembro 2005, ficção, 35mm, 111 min. [Sinopse] Uma investida poética de inspiração autobiográfica em que o realizador mistura realidade e ficção para traçar um painel de memória coletiva e, na tentativa de compreender a gênese de seus próprios conflitos, termina fornecendo pistas sobre algumas das buscas essenciais de sua geração. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Edgard Navarro Empresa produtora: Truque Produtora de Cinema Produção: Sylvia Abreu e Moisés Augusto Produção executiva: Moisés Augusto, Diana Gurgel e Tenille Bezerra Direção de produção: Taissa Grisi e Macarra Viana Diretor de fotografia: Hamilton Oliveira Montagem: Jerfferson Cysneiros Direção de arte: Moacyr Gramacho e Shell Jr. Figurino: Moacyr Gramacho Técnico de som direto: Nicodeme de Renesse Edição de som e mixagem: Beto Ferraz, José Luis Sasso e Pedro Sérgio Trilha musical: Tuzé de Abreu A voz de Caetano Veloso na música Eu me lembro foi gentilmente cedida pela Universal Music. Fotografia de cena: Henrique Andrade Elenco: Lucas Valadares, Arly Arnaud, Fernando Neves e Valderez Freitas Teixeira Eu me lembro Duração aproximada 111 min. BAHIA 100 anos de cinerma 27 BAHIA 100 anos de cinerma28 6 10 centavos 2007, ficção, 35mm, 19 min. [Sinopse] Um dia na vida de um garoto que mora no subúrbio ferroviário de Salvador e trabalha como guardador de carros no centro histórico. [Ficha Técnica] Direção e produção: Cesar Fernando de Oliveira Roteiro: Reinofy Duarte Empresa produtora: Santo Forte Imagem e Conteúdo Produção executiva: Amadeu Alban Direção de produção: Maria Cristina Diretor de fotografia: Matheus Rocha Montagem: Cesar Fernando de Oliveira e Amadeu Alban Direção de arte: Miniusina de Criação Técnico de som direto: Richard Meyer Edição de som e mixagem: Richard Meyer e Tchairousky Trilha musical: Richard Meyer Elenco: Jorge Júnior, Fernando Fulco, Narcival Rubens, Paulo Prazeres e Frank Magalhães A grande feira 10 centavos Duração aproximada 111 min. BAHIA 100 anos de cinerma 29 A grande feira 1961, ficção, 35mm, 92 min. [Sinopse] Uma empresa imobiliária ameaça de despejo os feirantes de Água de Meninos, em Salvador, que se organizam para resistir. Um marinheiro se vê envolvido nessa luta e se divide entre o amor de Maria da Feira, irmã de um bandido, e de Ely, moça da alta sociedade. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Roberto Pires Empresa produtora: Iglu Filmes Produção: Rex Schindler e Braga Neto Produção executiva: Glauber Rocha Direção de produção: Braga Neto Diretor de fotografia: Hélio Silva Montagem: Roberto Pires e Glauber Rocha Direção de arte: José Teixeira de Araújo Trilha musical: Remo Usai Fotografia de cena: Élio Moreno Lima Elenco: Geraldo D’El Rey, Helena Ignez, Luiza Maranhão, Antonio Luis Sampaio (Pitanga), Milton Gaúcho, Roberto Ferreira, David Singer e Sante Scaldaferri Participação especial: Roberto Pires, Rennot, José Cavalcante, Orlando Senna, Glauber Rocha, Riachão e Walter Webb BAHIA 100 anos de cinerma30 7 Anil 1990, experimental,16mm, 8 min. [Sinopse] Durante uma semana, regidos pelos signos negros da cultura baiana, os varais contam histórias de exploração. O trabalho da mulher, cânticos e cores se reúnem delicadamente para denunciar. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Fernando Bélens Empresa produtora: Lumbra Cinematográfica Produção executiva: Fafá Pimentel e Laura Bezerra Direção de produção: Luciano Floquet Diretor de fotografia: Vito Diniz Montagem: Edgard Navarro Direção de arte: José Araripe Jr. Trilha musical: Walter Smetak Música original: Bira Reis e Ilú-Batá Banda O mágico e o delegado Anil Duração aproximada 111 min. BAHIA 100 anos de cinerma 31 O mágico e o delegado 1983, drama, 35mm, 103 min. [Sinopse] Um mágico e sua partner chegam a uma pequena cidade do interior da Bahia para apresen- tar um espetáculo de variedades. Comovida pela pobreza local, Paloma sugere ao mágico um grande truque que traga a fartura onde existe a miséria. No entanto, a mágica dura pouco. [Ficha Técnica] Direção: Fernando Coni Campos Roteiro: Fernando Coni Campos e Mário Carneiro Com a colaboração de Fred Souza Castro e José Roberto Noronha Empresa produtora: Sani Filmes Ltda. Produção e produção executiva: Oscar Santana Direção musical e músicas compostas: Nelson Jacobina Arranjos e Regência: Zezinho Moura Execução: Banda Palmares Direção de produção: Maria Augusta São Paulo Diretor de fotografia: Mário Carneiro Montagem: Roberto Pires e Eunice Gutman Figurino: Lúcia Cunha Edição de som e mixagem: Roberto Leite Fotografia de cena: Paulo Souza Elenco: Nelson Xavier, Mario Gadelha, Tânia Alves, Cacilda Alves, Luthero Luis, Fredy Ribeiro, Maria Silvia, Jurema Pena, Adilson Costa, Carlos Sampaio, Helber Rangel, André Toretta, Lia Mara, Walter Webb, Vera Setta, Arthur Dantas, Sônia Dias, José Magalhães, Marília Araújo, César Pires, Lena Gomes, Marcus Vinícius, Ivan Setta, Wilson Grey e Nonato Freire Dublagem: Tabula Abramo BAHIA 100 anos de cinerma32 8 Meteorango Kid - herói intergalácticoGato / Capoeira Duração aproximada 97 min. Gato / Capoeira 1979 , documentário, S8, 13 min. [Sinopse] Cenas do capoeirista-bailarino pelas ruas de Salvador. O protagonista passa por diversas situações que envolvem o mundo popular da cidade e as tradições afro-brasileiras, com um fenomenal cuidado plástico aliando a coreografia e o realismo das relações corpo-espaço. [Ficha Técnica] Direção: Mario Cravo Neto BAHIA 100 anos de cinerma 33 Meteorango Kid - herói intergaláctico 1969, ficção, 35mm, 84 min. [Sinopse] O filme narra, de maneira anárquica e irreverente as aventuras de Lula, um estudante universitário, no dia do seu aniversário. De forma absolutamente despojada mostra, sem rodeios, o perfil de um jovem desesperado, representante de uma geração oprimida pela ditadura militar e pela moral retrógrada de uma sociedade passiva e hipócrita. O anti-herói intergaláctico atravessa este labirinto cotidiano através das suas fantasias e delírios libertários, deixando atrás de si um rastro de inconformismo e um convite à rebelião em todos os níveis. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: André Luiz Oliveira Empresa produtora: A.L.O. Produções Cinematográficas Produção executiva: Milton Oliveira Direção de produção: Márcio Cury Diretor de fotografia: Vito Diniz Montagem: Márcio Cury Direção de arte: Mário Cravo Neto e José Wagner Figurino: José Wagner Música: Moraes Moreira e Galvão Intérpretes/músicos: Moraes Moreira e Paulinho Boca de Cantor Elenco: Antônio Luis Martins, Milton Gaúcho, Nilda Spenser, Manuel Costa Jr. Caveirinha,José Vieira, Carlos Bastos, Ana Lúcia Oliveira e Adelina Marta BAHIA 100 anos de cinerma34 9 O capeta Carybé 1996, documentário, 35mm, 22 min. [Sinopse] O filme revela a enorme integração da vida e da obra de Carybé com a cidade de Salvador e o que a Bahia tem em sua essência, bem registrada em seus quadros e murais. A trajetória e a vida do artista plástico desde que se fixou na capital baiana em 1938, a partir do texto homônimo de Jorge Amado. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Agnaldo Siri Azevedo Empresa produtoras: R.R. Filme e Vídeo Produção executiva: Roman Stulbach Direção de produção: Chico Drummond Direção de fotografia: Vito Diniz Direção de arte: Ronald Palatnik Montagem, edição de som e mixagem: Roman Stulbach e Severino Dadá Técnico de som direto: Rômulo Drummond Trilha musical: Walter Queiroz Narração: Harildo Deda e Nelson Dantas Samba Riachão O capeta Carybé Duração aproximada 106 min. BAHIA 100 anos de cinerma 35 Samba Riachão 2001, documentário, 35mm, 84 min. [Sinopse] Aos 80 anos de idade, Riachão é o cronista musical da cidade de Salvador, tendo vivenciado todas as transformações pelas quais passou a música popular brasileira e os meios de comunicação no decorrer do século 20. É por meio das histórias deste personagem, um dos mais populares compositores baianos, que o filme apresenta um relato histórico da MPB. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Jorge Alfredo Empresa Co-produtora: Truque Cine TV e Vídeo e Braskem Produção executiva: Moisés Augusto Diretor de fotografia: Pedro Semanovschi Montagem: Tina Saphira Direção de arte: José Araripe Jr. Trilha musical: Jorge Alfredo Depoimentos: Dorival Caymmi, Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Armandinho, Carlinhos Brown, Bule Bule, Daniela Mercury, Tuzé de Abreu, Dona Edith do Prato, Chula de São Brás, Gerônimo, Clarindo Silva, Cid Teixeira e Antonio Risério BAHIA 100 anos de cinerma36 10Caveira my friendNa Bahia ninguém fica em pé Duração aproximada 107 min. Na Bahia ninguém fica em pé 1980, documentário, S8, 22 min. [Sinopse] Reflexão desenvolvida coletivamente em reportagem-ensaio bem-humorada sobre as agruras do cinema baiano na virada da década. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Edgard Navarro, José Araripe Jr. e Pola Ribeiro Produção: C.I.S da F.C.E.B Diretor de fotografia: Edgard Navarro e Pola Ribeiro Entrevistas: Edgard Navarro, José Araripe Jr. e Pola Ribeiro BAHIA 100 anos de cinerma 37 Caveira my friend 1970, experimental, 35mm, 85 min. [Sinopse] Uma proposta radical de rompimento com os postulados do Cinema Novo, num filme de estrutura narrativa bastante livre. A partir da ação de um grupo de assaltantes, o diretor costura cenas que propõem a iconoclastia e o desbunde como formas de contestação à opressão da ditadura militar. [Ficha Técnica] Direção: Alvaro Guimarães Roteiro: Alvaro Guimarães, Ivan Leão e Léo Amorim Empresa produtora: R.P.I. e Lauper Filmes Produção: Joaquim Guimarães Produção executiva: Orlando Senna Direção de produção: Zé Américo Diretor de fotografia: Sérgio Maciel Montagem: Luiz Martins e Jovita Pereira Dias Técnico de som direto: Júlio Perez Calabar e Orlando Macedo Trilha musical: Galvão Moraes Elenco: Manoel da Costa, Maria da Conceição Senna, Gó Muniz, Sônia Dias, Paula Martins, Orlando Senna, Ivan Reis, Nilda Spencer, Luiz Antônio Cunha, Ricardo Petraglia, Roberto Duarte e outros Apresentando: Nonato Freire BAHIA 100 anos de cinerma38 Brabeza Memória de Deus e do Diabo em Monte Santo e Cocorobó O Guarani Redenção11 Brabeza 1978, ficção, S8, 22 min. [Sinopse] Ecos cinemanovistas estilizados em ex- perimentos compositivos fotográficos e de montagem, no encontro de uma retirante com um homem que carrega um fuzil nas ruas da cidade grande. [Ficha Técnica] Direção e produção: José Umberto Dias e Robinson Roberto Sales Barreto Roteiro: José Umberto Dias Diretor de fotografia: Robinson Roberto Sales Barreto Montagem: José Umberto Dias Figurino: Rosa Elenco: Márcia Cristina, José Umberto Dias, Marcos Sergipe e Svetlana Memória de Deus e do Diabo em Monte Santo e Cocorobó 1984, documentário, 35mm, 11 min. [Sinopse] Evocação dos caminhos percorridos por Glauber Rocha em Monte Santo e Cocorobó, Serra de Canudos, Bahia, quando filmava Deus e o Diabo na Terra do Sol. Paralelismo entre vigor e o rigor místico dos propósitos de Antônio Conselheiro e do cineasta, dirigidos pela ânsia de despertar a consciência dos homens e promover a liberdade. [Ficha Técnica] Direção: Agnaldo Siri Azevedo Roteiro: Agnaldo Siri Azevedo e Timo Andrade Empresas produtoras: Siri Produções e RA Arte e Comunicação Direção de produção: Chico Drummond Diretor de fotografia: Nonato Estrela Técnico de som direto: Timo Andrade Edição de som e Mixagem: Roman Stulbach Duração aproximada 114 min. BAHIA 100 anos de cinerma 39 O Guarani 2008, documentário, 35mm, 20 min. [Sinopse] Espaço de encontro e formação para cinéfilos e cineastas de diversas gerações, o Cine Guarani foi um dos mais importantes endereços de Salvador durante mais de setenta anos. O Guarani é um filme de memórias e celebração. [Ficha Técnica] Direção: Cláudio Marques e Marília Hughes Roteiro: Cláudio Marques Empresa produtora: Coisa de Cinema Produção executiva e direção de produção: Cláudio Marques Diretor de fotografia: Nicolas Hallet Montagem: Marília Hughes e Cláudio Marques Técnico de som direto: Simone Dourado Edição de som e mixagem: Cláudio Marques e Damião Lopes Redenção 1958, ficção, 16mm, 61 min. [Sinopse] Um psicopata estuprador é contido por dois jovens fazendeiros, um dos quais está envolvido com a polícia e que, ao proteger uma jovem ameaçada, encontra a ‘redenção’. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Roberto Pires Empresa produtora: Iglu Filmes Produção: Elio Moreno de Lima Diretor de fotografia: Hélio Silva Montagem: Mario Del Rio Trilha musical: Alexandre Gnatalli Elenco: Geraldo H. D’el Rey, Braga Neto, Maria Caldas, Fred Jr., Milton Gaúcho, Alberto Barreto, Normand F.Moura, Jackson O.Lemos, Raimundo Andrade, José de Matos, Costa Jr., Rodi Luchesi, Jorge Cravo, Orlando Rego, Oscar Santana, Leonor de Barros, Elio Moreno Lima, Waldemar Brito, Roberto Pires, Kuiaus – Kuiaus e Jorge Ernesto BAHIA 100 anos de cinerma40 Adeus Rodelas 1990, documentário, 16mm, 20 min. [Sinopse] Filmado antes da cheia do Lago de Itaparica, aborda o reassentamento da população agrícola, o choque e as saudades antecipadas dos moradores. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: Agnaldo Siri Azevedo Empresa produtora: Siri Produções Cinematográficas Fotografia: Vito Diniz Montagem: Roman Stulbach Edição de som e Mixagem: Rômulo Drummond Trilha musical: Pajé Armando Gomes Comunidade do Maciel – há uma gota de sangue em cada poema 1973, documentário, 16mm, 20 min. [Sinopse] Uma comunidade formada por prostitutas, homossexuais, ladrões, traficantes e grupos de famílias em pleno centro da cidade de Salvador. O baixo meretrício situado na área do Pelourinho ocupava uma arquitetura outrora pertencente à elite. [Ficha Técnica] Direção, roteiro, produção e montagem: Tuna Espinheira Empresa produtora: Pilar Filmes Diretor de fotografia: Roberto Gaguinho Técnico de som direto: Pedro Juraci de Almeida Edição de som e mixagem: Jorge Rueda Narração: Jorge Dias Adeus Rodelas Comunidade do Maciel – há uma gota de sangue em cada poema Bahia Mr. Abrakadabra! Superoutro 12 Duração aproximada 125 min. BAHIA 100 anos de cinerma 41 Mr. Abrakadabra! 1997, ficção, 35mm, 14 min. [Sinopse] Um mágico em fim de carreira encontra dificuldades em fazer funcionar seus truques e resolve por fim à vida. [Ficha Técnica] Direção e roteiro: José Araripe Jr. Empresa produtora: Truq Cine Tv e Vídeo Produção: Marcelo Costa Produção executiva: Pola Ribeiro Direção de produção: Moisés Augusto Diretor de fotografia: Rene Persin Montagem: H.D. Junior e Jorge Alfredo Direção de arte: Ewald Hacler Figurino: Márcio Meirelles e Ligia Aguiar Edição de som e Mixagem: LaércioFélix e Pedro Nóbile Trilha musical: Luisinho Assis Fotografia de cena: Valéria Simões Elenco: Jofre Soares, Babá, Mr. Yesus Moreira, Caco Monteiro, Fernando Marinho e Hebe Alves Bahia 1999, documentário, vídeo, 25 min. [Sinopse] Um documentário sobre a cidade de Salvador abordando alguns temas que estão presentes no nosso cotidiano: gente, arquitetura, comida, meios de transporte, luz, cor e ícones; com uma trilha sonora recheada de sons e ritmos locais e músicas de compositores baianos contemporâneos do erudito ao experimental. [Ficha Técnica] Direção e produção musical: Mônica Simões Roteiro: Anderson Rosemberg, André Ratto, Carolina Strach, Léo Meirelles, Lobo Jr. , Maoma Faria, Marcelo Portugal, Mônica Simões, Renato Café, Ricardo Linhares, Valnice Paiva Produção: Diretoria de Imagem e Som da Fundação Cultural do Estado da Bahia e X-Filmes Diretor de fotografia: Maoma Faria Montagem: Marcelo Rodrigues BAHIA 100 anos de cinerma42 Superoutro 1989, ficção, 35mm, 46 min. [Sinopse] Um louco na rua tenta libertar-se da miséria que o assedia e acaba por subverter a própria lei da gravidade. [Ficha Técnica] Direção, roteiro e produção: Edgar Navarro Empresa Co-produtora: Lumbra Cinematográfica Diretor de fotografia: Lázaro Faria Direção de arte: José Araripe Jr. Trilha musical: Celso Aguiar Elenco: Bertrand Duarte, Inaldo Santana, Fernando Fulco, Kal Santos, Wilson Mello, Frieda Gutman, Ives Framand, Edneas Santos, Fafá Pimentel, Jorge Reis, Iracema Santos e Edísio Patriota Participação Especial: Nilda Spencer e Deolindo Checucci Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva Presidente Ministério da Cultura Juca Ferreira Ministro Alfredo Manevy Secretário Executivo Governo do Estado da Bahia Jaques Wagner Governador Secretaria de Cultura do Estado da Bahia Marcio Meirelles Secretário Fundação Cultural do Estado da Bahia Gisele Nussbaumer Diretora Diretoria de Audiovisual - DIMAS Sofia Federico Diretora Assessoria Técnica: Daniel Carneiro Gerência de Planejamento e Produção: Tatiana Carvalho Coordenação do Núcleo de Memória: Simone da Invenção Assistente de Produção: Armando Lídio Cinemateca Brasileira Carlos Magalhães Olga Futemma Patricia de Filippi Diretores Curadoria convidada Carlos Alberto Mattos Joel de Almeida Maria do Socorro Carvalho Rubens Machado Jr. Coordenação de produção: Moema Müller Equipe de produção: Camila Fink, Elton Campos, Marina Kagan Laboratório de Imagem e Som Coordenação: Patricia de Filippi Processos Digitais: Adriana Cardoso, Francine Tomo, Frederico Arelaro, Rodrigo Mercês, Thiago Dell´ Orti Produção: Arthur Sens Telecine: Flavia Barretti Análise técnica das matrizes: Andréa Senna, Danilo Tamashiro, Thiago Jodas Revisão de matrizes: Cinara Dias, Pamella Cabral, Priscila Cavichioli Central Técnica: Elisa Ximenes Estagiários: Adriano Campos, Caio Figueira Equipe de Fotografia: Fernando Fortes, Karina Seino, Sylvia Carolina Cruxen Administração: Dimas Kubo, Débora Ferreira, Bruno Feitosa dos Santos, Valquíria Carmo Cestrem Designer gráfico: Arthur Fajardo Assistente de Arte: Ana Piscirillo e Bruno Castro Rodrigues Autoração dos DVDs: Teleimage Gráfica: Stilgraf Prensagem dos DVDs: Sony DADC Brasil Sociedade Amigos da Cinemateca Maria Dora Genis Mourão Presidente Leopold Nosek Vice-Presidente da Diretoria Executiva Andréa K. Lopes Coordenadora administrativa Secretaria do Audiovisual Ministério da Cultura