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RESUMO – SAÚDE DA MULHER Atenção ao pré-natal de baixo risco É um conjunto de cuidados multiprofissionais destinados a proteger o binômio feto-mãe durante a gravidez. Morte materna: a morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gestação ou por medidas em relação a ela. Avaliação pré-concepcional Tem o objetivo de identificar os fatores de risco. Os aconselhamentos orientam os casais sobre como prevenir gestações indesejadas e alcançar a gravidez quando desejada. Promoção do bem-estar da mulher e do feto em potencial Adesão a hábitos saudáveis e educação alimentar Atividade física adequada e adaptação psicossocial Adequação de medicações (risco teratogênico) Identificação e prevenção de potenciais complicações obstétricas Aconselhamento genético Antecedentes familiares desfavoráveis > 35 anos Histórico obstétrico desfavorável História ginecológica Cirurgias prévias Hemorragias puerperais Complicação anestésica Hemotransfusão Conização História pessoal e condições psicossociais Violência doméstica: aumenta o risco de descolamento prematuro da placenta, fraturas fetais, roturas de órgãos internos e trabalho de parto prematuro Vida profissional Atividades profissionais que envolvem esforço físico, levantamento de peso, permanência em pé por longos períodos, operações de máquinas, exposição à radiação Vida conjugal Mulheres homossexuais ou sem companheiro Doenças clínicas preexistentes Doenças crônicas: programar a gravidez para um período de estabilidade clínica, após rigorosa avaliação clínico-laboratorial O ajuste precoce das medicações, a eficácia da terapia e rigoroso acompanhamento clínico são fundamentais Evitar abuso de substâncias Uso de práticas sexuais redutoras de risco Atender as necessidades familiares e sociais Etapas Anamnese Exame físico e ginecológico completos Oferecer sorologias ao casal Rastreamento de CA de colo uterino e de mama Anormalidade do ciclo menstrual Rastreamento e tratamento de leucorreias e ISTs HIV, VDRL, hepatite B, toxoplasmose, anti HCV e rubéola, hemograma, urina I, glicemia de jejum Checar cartão vacinal: DTPa, Influenza e Hepatite Orientações importantes Período fértil: alterações no corpo da mulher Registro em calendário da data da última menstruação (DUM) Administração preventiva de 5 mg/dia de ácido fólico VO de 60 a 90 dias antes da concepção Fidelidade/uso de preservativos Investigação de doenças crônicas Diabetes mellitus Controle glicêmico pré-gestacional Substituir hipoglicemiantes orais por insulina Informar a futura gestante sobre a importância do controle glicêmico nas 7ª e 8ª semanas de gestação Macrossomia, polidramnia, malformações, hipoglicemia neonatal, síndrome do desconforto respiratório Hipertensão Risco de parto prematuro Adequação de drogas, avaliação renal Epilepsia Maior risco: queda Abortamento espontâneo, morte perinatal, prematuridade, anomalias congênitas e anomalias no crescimento fetal, lábio leporino, fenda palatina Malformações: associadas ao uso de drogas anticonvulsivantes HIV Redução da carga viral Recuperação dos níveis de linfócitos TCD4 Uso de antirretrovirais na gestação Uso de AZT pelo bebê no pós-parto Via de parto Impedimento da amamentação Aborto x idade materna Riscos nos extremos de idade, principalmente > 40 anos Pré-Natal O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um RN saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. Objetivos do pré-natal para a mãe Identificar morbidades e promover seu tratamento Garantir o bom estado geral da gestante Diagnosticar precocemente a ocorrência de problemas específicos da gestação Orientar hábitos de vida condizentes à gestação Promover assistência psicológica e emocional Orientar sobre a gravidez, trabalho de parto e parto Orientar sobre aleitamento materno Objetivos do pré-natal para o feto A vigilância do crescimento e da vitalidade fetal Avaliar a maturidade fetal Prevenir malformações Prevenir abortamento, parto prematuro e óbito Prevenir infecções Diagnosticar incompatibilidade sanguínea Assistência pré-natal: objetivos básicos Orientar bons hábitos de saúde (higiene, alimentação) Oferecer apoio a gestante Preparar a mulher para a maternidade: instruí-la sobre o parto, dando-lhe noções de puericultura Promover o relacionamento pessoal e a autoestima Evitar o uso de medicação e de medidas que se tornem prejudiciais para o concepto Tratar pequenos distúrbios habituais da gravidez Fazer profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças próprias da gestação ou nela intercorrentes Requisitos básicos de um pré-natal eficiente Impacto sobre a mortalidade materna e perinatal Número de gestantes na área Mínimo de 6 consultas Ampla cobertura Grupo de gestantes Visitas domiciliares: gestantes não inscritas ou faltosas, em repouso ou observação, abordagem da família Rede Cegonha Tem como objetivos: Novo modelo de atenção ao parto, nascimento e à saúde da criança Rede de atenção que garanta acesso, acolhimento e resolutividade Redução da mortalidade materna e neonatal Princípios e iniciativas Qualificação técnica das equipes de atenção primária e nas maternidades Ampliação de serviços e profissionais para estimular o parto fisiológico Humanização do parto e nascimento Organização dos serviços de saúde: sistema ágil de referência hospitalar Acolhimento da gestante e do bebê, com classificação de risco em todos os pontos de atenção Vinculação da gestante à maternidade Gestante não peregrina: “vaga sempre para gestantes e bebês” Realização de exames de rotina com resultados em tempo oportuno Consulta de Enfermagem Tem como objetivo propiciar condições para a promoção da saúde da gestante e a melhoria na sua qualidade de vida, mediante uma abordagem contextualizada e participativa Além da competência técnica, o enfermeiro deve demonstrar interesse pela gestante e pelo seu modo de vida, ouvindo suas queixas e considerando suas preocupações e angústias O enfermeiro deve fazer uso de uma escuta qualificada, a fim de proporcionar a criação de vínculo Papel da Enfermagem Realizar consulta pré-natal de risco habitual Solicita exames de rotina e orienta tratamento conforme protocolo do serviço Registra seu atendimento no prontuário e no cartão da gestante a cada consulta Encaminha gestantes classificadas como de risco para a consulta com o médico Promove atividades educativas na unidade para as mulheres e seus familiares, reuniões de grupos de sala de espera, etc. Realiza coleta de exame colpocitológico Realiza visita domiciliar de acordo com a rotina da unidade História obstétrica Gesta (G) = Nº de gestações atuais Nuligesta: nunca gestou Primigesta: primeira gestação – G I Secundigesta: segunda gestação – G II Multigesta: já gestou várias vezes Para (P) = número de gestações que culminaram em partos normais Nulípara: nunca pariu Primípara: pariu uma vez Multípara: pariu várias vezes Cesa (C) = número de gestações que culminaram em parto cesárea Aborto (A) = número de gestações que culminaram em abortamento Ectópica (E) = número de gestações que culminaram em gravidez ectópica Cálculo da Idade Gestacional Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida e certa, soma-se o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o total por sete (resultado em semanas). Usar a data em que a USG foi feita como se fosse a data da DUM e no final somar a idade gestacional do USG. Sempre utilizar primeira USG (erro menor). Data provável do parto (DPP) Primigesta Somar 10 dias à data Subtrair 3 aos meses, exceto nos 3 primeiros meses do ano, aí acrescenta-se 9 Multigesta Somar 7 dias à data Subtrair3 aos meses, exceto nos 3 primeiros meses do ano, aí acrescenta-se 9 Divisão da gestação 1º trimestre: até 13s e 6d 2º trimestre: de 14s a 27s e 6d 3º trimestre: após 28s Intervalo de consultas Até 33 semanas: mensal De 34 a 38 semanas: quinzenal De 39 a 40 semanas: de 3 em 3 dias Semanas gestacionais Trimestre Nº de consultas ↓ 13 semanas 1º 1 14 a 27 semanas 2º 2 ↑ 28 semanas 3º 3 Procedimentos burocráticos Cadastro no SisPreNatal Abertura da ficha de pré-natal Abertura do cartão da gestante e orientações sobre seu uso Solicitação de exames laboratoriais e USG Verificar a situação vacinal e orientação sobre a sua atualização Realizar avaliação do risco gestacional Anamnese Nome, idade, cor, naturalidade, endereço atual, escolaridade, ocupação, situação conjugal, número de pessoas na mesma casa, condições de moradia e saneamento Antecedentes familiares: HAS, DM, doenças congênitas, câncer Antecedentes pessoais: HAS, DM, cardiopatia, doenças renais/ITU repetição, doenças psiquiátricas, anemia, cirurgias, alergias, vícios, medicações contínuas Antecedentes ginecológicos: uso de método contraceptivo, ISTs, última coleta de CO, número de parceiros Antecedentes obstétricos: número de gestações, número/tipo de partos, número de abortos, número de filhos vivos, número complicações nas gestações anteriores, intervalos entre gestações, natimorto, parto prematuro Exame físico geral Peso, estatura, verificação dos SSVV Inspeção da pele e das mucosas Palpação da tireóide e de todo o pescoço (pesquisa de nódulos e outras anormalidades) Exame da cavidade oral Exame do abdômen e de membros inferiores Pesquisa de edema (face, tronco, membros) Exame das mamas e genitália O exame físico da primeira consulta servirá de parâmetro para comparação com os achados durante todo o atendimento pré-natal. Avaliação nutricional Avaliar e acompanhar o estado nutricional da gestante e o ganho de peso durante a gestação, para detecção de risco gestacional. Ganho de peso (em kg) recomendado na gestação segundo o estado nutricional inicial Estado nutricional inicial (IMC) Recomendação de ganho de peso (kg) semanal médio no 2º e 3º trimestres Recomendação de ganho de peso (kg) total na gestação Baixo peso (< 18,5) 0,5 (0,44 – 0,48) 12,5 – 18,0 Adequado (18,5 – 24,9) 0,4 (0,35 – 0,50) 11,5 – 16,0 Sobrepeso (25,0 – 29,9) 0,3 (0,23 – 0,33) 7,0 – 11,5 Obesidade (≥ 30) 0,2 (0,17 – 0,27) 5,0 – 9,0 Exame físico específico (gineco-obstétrico) Exame do abdômen Forma Linha nigra AU e circunferência abdominal Palpação uterina Ausculta BCF Palpação obstétrica: Manobras de Leopold – identificar a situação e a apresentação fetal Avaliar o crescimento fetal Diagnosticar os desvios de normalidade a partir da relação entre a AU e a IG Identificar a situação e a apresentação fetal 1º tempo: delimite o fundo do útero com a borda cubital de ambas as mãos e reconheça a parte fetal que o ocupa 2º tempo: deslize as mãos do fundo uterino até o polo inferior do útero, procurando sentir o dorso e as pequenas partes do feto 3º tempo: explore a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito superior pélvico 4º tempo: determine a situação fetal, colocando as mãos sobre as fossas ilíacas, deslizand0-as em direção à escava pélvica e abarcando o polo fetal, que se apresenta Tipos de apresentação: cefálica ou pélvica Tipos de situação: transversal, longitudinal ou oblíqua Medida da altura uterina (AU) Estimar o crescimento fetal, correlacionando-se a medida da AU com o número de semanas da gestação Fixar a extremidade inicial da fita métrica na borda superior da sínfise púbica, passando-a entre os dedos indicador e médio até atingir o fundo uterino Ausculta dos batimentos cadiofetais (BCF) Constatar a cada consulta a presença, o ritmo e a frequência dos BCF Audível na região do dorso fetal Frequência de 120 a 160 bpm Gestante em decúbito dorsal com abdômen descoberto Identificar o dorso fetal pela palpação Quando utilizar o sonar doppler com gel condutor Procurar o ponto de melhor ausculta no dorso fetal Auscultar por 1 minuto, avaliando o ritmo e contando a frequência Taquicardia: afastar hipótese de febre materna e uso de medicamentos pela mãe Bradicardia: comparar a frequência fetal com o pulso da mãe para descartar a hipótese de ausculta de vasos abdominais maternos Ausência de BCF: questionar a mãe quanto a presença de movimentos fetais e encaminhar a gestante para USG Registro de movimentos fetais A presença de movimentos fetais ativos e frequentes é tranquilizadora quanto ao prognóstico fetal Acelerações de FC fetal após movimentação é chamada de aceleração transitória e significa bem-estar fetal Os fetos devem apresentar movimento ativos várias vezes ao dia, mesmo próximo do termo, principalmente após ingesta alimentar materna Verificar a presença de edema Detectar precocemente a ocorrência de edema patológico Nos MMII: gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias; pressionar na região do tornozelo e na perna, no terço médio Região sacral: gestante em DL ou sentada; pressionar a pele por alguns segundos na região sacra com o dedo polegar. O edema fica evidenciado mediante presença de pressão duradoura no loca pressionado Face: observar edema de pálpebras e lábios principalmente A presença de edema ocorre em 80% das gestantes Gestante com edema importante deve ser avaliada quanto a volume de diurese e níveis pressóricos Edema unilateral de MMII, com dor e/ou sinais flogísticos, suspeitar de tromboflebite ou trombose venosa profunda Exame ginecológico e coleta de CO Inspeção e palpação dos genitais externos: avalie a vulva, o períneo, o introito vaginal, a região anal Exame especular: analise a mucosa e o conteúdo vaginal, o colo uterino e o aspecto do muco cervical. Pesquise a presença de lesões, sinais de infecção. Avalie a necessidade de coletar material para bacterioscopia Coleta de CO: deve ser realizada a partir de uma amostra da parte externa, a ectocérvice. A coleta da parte interna, a endocérvice, não deve ser realizada em gestantes. Solicitação de exames 1º trimestre Hemograma, tipagem sanguínea e fator Rh, coombs indireto (se Rh -), glicemia em jejum, teste rápido para sífilis e HIV, VDRL, anti-HIV, toxoplasmose IgM e IgG, sorologia para hepatite B, urocultura + urina I, USG, citopatológico de colo de útero (SN), exame de secreção vaginal (SN), parasitológico de fezes (SN) 2º trimestre Teste de tolerância para glicose com 75g, se a glicemia estiver acima de 85mg/dl ou se houver fator de risco (entre 24ª e 28ª semanas), coombs indireto (se Rh-) 3º trimestre Hemograma, glicemia em jejum, coombs indireto (se Rh-), VDRL, anti-HIV, sorologia para hepatite B, repetir toxoplasmose se IgG não for reagente, urocultura, urina I, bacterioscopia de secreção vaginal (a partir de 37 semanas) Tipagem sanguínea e fator Rh: gestante Rh-, solicitar o coombs indireto, se negativo, repeti-lo mensalmente após 24 semanas. Quando o coombs indireto for positivo, referenciar gestante ao pré-natal de alto risco. Sorologia para sífilis (VDRL) Negativo: repetir exame por volta da 30ª semana, no parto e em caso de abortamento Positivo: solicitar teste treponêmico Negativo: descartar sífilis e considerar reação cruzada pela gravidez ou outras doenças, como lúpus Positivo: sífilis confirmada, tratar gestante e parceiro Urina I e Urocultura Normal: repetir por volta da 30ª semana de gestação Valorizar seguintes componentes: Proteínas: traço sem sinais de pré-eclâmpsia, repetir em 15d; traços com hipertensão leve, solicitar repouso, mobilograma, orientação sinais de iminência, solicitar proteinúria 24h e retorno em 7d; maciça, referenciar imediatamente ao pré-natal de alto risco Bactérias: tratar gestante empiricamente até resultado do antibiograma. Exame de controle após tratamento. ITU de repetição: referenciar para alto risco Hemoglobina> 11 mg/dl: ausência de anemia Suplementação de ferro a partir da 20ª semana (1 drágea de sulfato ferroso/dia) Hb entre 11 mg/dl e 8 mg/dl: anemia leve e moderada Solicitar parasitológico de fezes Tratar anemia com 120 a 240mg de ferro elementar ao dia Repetir exame 3 entre 30 e 60 dias Hb < 8 mg/dl: anemia grave Encaminhar para alto risco Repetir por volta da 30ª semana Glicemia de jejum 85 a 110 mg/dl: realizar TTG de 24 a 28 semanas de gestação > 110 mg/dl: repita o exame de glicemia de jejum. O diagnóstico é de DM gestacional Sorologia para HIV Negativo: realizar o aconselhamento pós-teste e repetir o exame por volta da 30ª semana Positivo: realizar aconselhamento pós-teste e encaminhar a gestante para alto risco e serviço de referência em IST/Aids Sorologia para hepatite B Negativo: realizar o aconselhamento pós-teste e repetir o exame por volta da 30ª semana Positivo: realizar aconselhamento pós-teste e encaminhas para alto risco Sorologia para toxoplasmose IgG e IgM negativo: gestante susceptível para toxoplasmose, realizar orientações e repetir por volta da 30ª semana IgG positivo e IgM negativo: gestante imune, não é necessário repetir o exame na gestação IgM positivo: significa doença ativa. Gestante deve ser encaminhada para o alto risco