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PROCESSAMENTO DO TRIGO Professor: Marcos Roberto Moacir Ribeiro Pinto Componente Curricular: Tecnologia de Cereais, Raízes e Tubérculos Curso: Ciência e Tecnologia de Alimentos - Turma: CTA II Grupo: Anderson Caretta Vinco, Andressa Falqueto, Giovana Zanúncio Araujo e Joice Machado Romão - CTA II Venda Nova do Imigrante, 2018. Introdução ● O trigo é uma cultura largamente conhecida e pode ser utilizado para aplicação em sistemas de produção agrícola sustentáveis, bem como para plantio exclusivo. Introdução ● Relação qualidade da matéria-prima x qualidade do produto final; ● O grão do trigo origina farinha, farelo e gérmen, que por sua vez, são matérias-primas de outros produtos. Introdução ● Atualmente, o fast-food tem grande apelo para grande parte da população, por ser um estilo alimentar condizente ao estilo de vida; ● Substituição de alimentos base na dieta do brasileiro, como o feijão, a farinha de mandioca, o arroz e a farinha de milho. Introdução ● Nessa substituição, encontram-se produtos mais processados e menos nutritivos, dentre eles alimentos provindos do trigo; ● Aumento da obesidade e desnutrição. Morfologia e variedades ● O trigo (Triticum ssp) é uma gramínea; ● Segundo cereal mais produzido no mundo; ● Possui 30 variedades geneticamente modificadas, destacam-se: ○ Triticum aestivum; ○ Triticum durum e; ○ Triticum compactum. Morfologia e variedades ● O Aestivum vulgaris (trigo comum), é a espécie mais cultivada no mundo; ● A proporção de amido, minerais, vitaminas e proteínas varia conforme a variedade. Morfologia e variedades ● O compactum, é utilizado para a fabricação de biscoitos e bolos mais macios e menos crocantes, tem um teor de proteínas em cerca de 8%, produzindo menor teor de glúten; ● Já o durum é indicado para massas (macarrão), forma um glúten mais resistente,o grão duro não é cultivado no Brasil. Estrutura do grão de trigo ● Formato oval; ● Extremidades arredondadas, onde encontra-se o germe; ● e na outra, cabelos finos; ● Possui tamanhos e cor variáveis. Estrutura do grão de trigo - Pericarpo ● Consiste na parte externa (casca); ● Recobre toda semente; ● Formado por 6 camadas (epiderme, hipoderme, células finas, células intermediárias, células cruzadas e células tubulares); ● Representa 5% do peso do grão; ● Rico em pentosanas, celulose e cinzas. Estrutura do grão de trigo - Endosperma ● Corresponde a aproximadamente 82% do grão; ● É composto de amido; ● Mas a parte mais externa – subaleurona – contém mais proteína. Estrutura do grão de trigo - Germe ● Corresponde a 3% do peso do grão; ● É rico em proteína, lipídios, açúcares redutores e cinzas. Estrutura do grão de trigo - Semente ● Formada pelo endosperma e o germe, que são recobertos por 3 camadas: • Testa (pigmentos que dão cor ao grão); • Camada hialina; • Aleurona (7% do grão) - é rica em cinza (fósforo ,fitato), proteína, lipídios, vitaminas (niacina,tiamina,riboflavina) e enzimas. Colheita e pós-colheita ● O trigo atinge a maturação fisiológica com, aproximadamente, 30% de umidade; ● Ponto ideal de colheita: 14 a 18% de umidade Colheita https://www.youtube.com/watch?v=-jV7yruOJqI Colheita e pós-colheita ● Más práticas ou instalações inadequadas de armazenamento podem criar um clima propício para a proliferação de fungos e de pragas ocasionando perdas; ● Estas perdas podem ser mitigadas e/ou reduzidas recorrendo a práticas apropriadas de manuseamento pós-colheita. Colheita e pós-colheita ● Os grãos de trigo devem ser armazenados numa faixa de umidade entre 11 e 13%; ● Umidade alta: deterioração; ● Umidade baixa: grãos quebradiços. Colheita e pós-colheita - Secagem dos grãos ● Pode ser natural ou artificial; ● Devem ser evitadas fermentações durante o processo, assim como o excesso de temperatura; ● Deve ser feita até a obtenção de um grau de umidade conveniente e de um produto uniforme. Colheita e pós-colheita - Armazenamento ● Os grãos na maioria das vezes são armazenados em silos; ● Unidades caracterizadas por compartimentos estanques e herméticos, ou ainda semi-herméticos; ● podem ser de concreto, metálicos, de alvenaria armada, de argamassa armada, de madeira e de fibra de vidro ● Quanto à dimensão: elevados, quando a altura faz-se maior que o diâmetro, ou horizontais Colheita e pós-colheita - Silos Armazenamento e secagem https://www.youtube.com/watch?v=SPmzajBjBJ8 Assistir até o tempo de 09:30 Beneficiamento ● O beneficiamento é um conjunto de etapas a serem seguidas para obtenção de sementes de alta qualidade. ● Este conjunto de processos consiste em todas as operações a que a semente é submetida Beneficiamento Etapas de beneficiamento, ilustrando os processos desde a chegada da matéria prima até o repouso para distribuição. Beneficiamento Recepção é o processo de caracterização e identificação dos lotes de sementes que são recebidos na UBS (unidade de beneficiamento de sementes) Beneficiamento A Amostragem é realizada com o intuito de obter uma classificação capaz de representar o lote em sua totalidade, capaz de abranger grande parte das características (pureza e umidade) a fim de avaliar a qualidade do produto. Beneficiamento De acordo com De Art. 6º da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 38, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2010, a classificação do trigo pode ser feita em Grupos, Classes e Tipos. ● Grupo I: trigo destinado diretamente à alimentação humana; ● Grupo II: trigo destinado à moagem e a outras finalidades. Beneficiamento Classificação Beneficiamento O trigo do Grupo I que apresentar mais de 5% (cinco por cento) do total dos defeitos danificados pelo calor, mofados e ardidos, não poderá ser comercializado como se apresenta nem rebeneficiado para enquadramento em Tipo. Beneficiamento O trigo do Grupo II que apresentar mais de 10% do total dos defeitos danificados pelo calor, mofados e ardidos, não poderá ser comercializado como se apresenta nem rebeneficiado para enquadramento em Tipo, sendo considerado como Desclassificado. Constatada a presença de insetos vivos será considerado como Fora de Tipo, devendo ser submetido a tratamento adequado e nova classificação. Beneficiamento A pré-limpeza consiste na remoção do material grosseiro no lote do grão. Utiliza-se máquina de ar e peneiras com alta produção. Nessa etapa é mais importante o rendimento do que a qualidade, considerando-se a necessidade de passar na pré-limpeza toda a semente recebida no dia . Beneficiamento A limpeza do trigo é dividida em duas etapas, chamada de primeira e segunda limpeza. Beneficiamento Primeira limpeza: Os grãos recebem um polimento inicial e também são separadas algumas sujidades menores. Segunda limpeza: O trigo é transportado para uma polidora semelhante a da primeira limpeza e é submetido à última etapa de aspiração. Beneficiamento Assistir: ● 00:00 à 03:52 (recebimento na UBS) ● 07:47 à 12:15 (etapas do beneficiamento) ● 14:18 à 17:50 (Resumo, esquema geral) Obtenção da farinha de trigo Teste do trigo Na chegada ao laboratório, ocorre a homogeneização da amostra de trigo, para que os resultados obtidos sejam representativos de toda o carregamento. Testes devem ser efetuados antes do descarregamento a fim de assegurar a garantia de qualidade do trigo. Obtenção da farinha de trigo Assistir: ● 00:00 até 04:11Obtenção da farinha de trigo O condicionamento à moagem divide-se em duas etapas: a limpeza, onde são retiradas desde sujidades leves como pó e palha, até grandes corpos estranhos; E a umidificação que confere ao trigo a umidade adequada para melhor extração de farinha. Obtenção da farinha de trigo A umidificação tem por objetivo dosar a água necessária e misturar a água com o cereal de modo homogêneo, a fim de alcançar a distribuição uniforme sobre toda a superfície do grão, geralmente nos moinhos utiliza-se água clorada. Obtenção da farinha de trigo O teor de cinzas, que correspondem diretamente a quantidade de fibra, diminuem com o aumento do teor de umidade, isto se explica devido ao fato da umidificação do trigo facilitar a separação entre o pericarpo e o endosperma, tornando o farelo (fibra) mais elástico reduzindo a fragmentação na moagem Moagem ● Trituração do grão com o objetivo de obter um tamanho de partícula mais apto para distintas funções e aplicações, tanto industriais quanto culinárias; ● O processo inclui três etapas: trituração, redução e maturação. Moagem ● As primeiras técnicas de moagem data os anos 8000 a.C.; ● Trituração dos grãos em algo similar a um almofariz. Moagem ● Em seguida, começou-se a triturar os grãos com pedras cilíndricas que se moviam contra outra pedra plana; ● Anos depois, peneiras começam a ser utilizadas para separar as frações mais grosseiras da farinha. Moagem ● O diagrama de moagem é determinado por aspectos desejados nos produtos finais, como composição, cor, cinzas e granulometria; ● Resulta em três produtos: gérmen, farelo e farinha. Moagem ● Procedimentos da moagem: condicionamento à moagem e moagem propriamente dita, respectivamente; ● Condicionamento à moagem: dividida em limpeza e umidificação dos grãos; ● Moagem: trituração, redução e compressão. Moagem ● O processo ocorre de dentro para fora, a partir da quebra do grão que, com a sua porção interna exposta, tem o endosperma raspado; ● Em seguida, os grãos são quebrados e sucede-se à pulverização do endosperma amiláceo através de moinhos de rolos lisos ou raiados. Moagem ● Os produtos obtidos em cada fase são separados por peneiração através do plansifter; ● Ao longo da moagem de trigo, várias farinhas são obtidas; ● As farinhas extraídas em cada seção são denominadas de “farinhas de passagem”, separadas no decorrer do processo em função da etapa em que foram obtidas. Trituração ● Primeira fase do processo de moagem; ● Realiza a raspagem do trigo através de sua passagem por rolos de cilindro raiados, que giram em sentidos opostos separando o farelo do endosperma. Trituração ● Os produtos obtidos são a mistura de partículas de endosperma com farelo e partículas de farelo com diferentes tamanhos, que são enviados ao plansifter para separação, onde é realizada a etapa de peneiração da farinha Tipo 1. Trituração ● Desta separação, obtém-se: ● Farinha acabada; ● Partículas de endosperma com farelo; ● Partículas de sêmola grossa e; ● Partículas de sêmola fina. Redução ● Tem por objetivo purificar e minimizar as partículas; ● São utilizados moinhos de rolos lisos; ● Seleciona-se a farinha obtida na terceira redução, por representar fielmente a qualidade do processo e das farinhas obtidas. Compressão ● Nesta etapa, também são utilizados rolos lisos; ● A semolina é convertida à farinha, concluindo o processo de moagem; ● As primeiras farinhas obtidas nas três fases são chamadas de farinhas de cabeça, enquanto as últimas são denominadas farinhas de calda. Compressão ● Cada trigo possui rendimento de extração de farinha próprio, e a otimização deste valor depende do processo empregado e dos equipamentos utilizados. Compressão ● Na trituração, por exemplo, todas as passagens podem ser aproveitadas na constituição de farinhas. Já na redução, as farinhas de caldas são separadas e destinadas à indústria de cola ou agregadas ao farelo do trigo. https://www.youtube.com/watch?v=962spWnar5g Tipos de farinhas de trigo ● A farinha é o principal produto resultante do beneficiamento do trigo; ● É largamente utilizada na indústria alimentícia na fabricação de bolos, biscoitos, pães, massas, entre outros. Farinha de trigo Tipo 1 ● Produzida a partir da moagem do miolo do grão com um mínimo de farelo da casca; ● Contém principalmente carboidratos (amido) e proteínas (glúten); ● É indicada para a preparação de pães, bolos, macarrão, pastel e pizza. Farinha de trigo Tipo 2 ● Extraída da parte mais externa do grão do trigo, próxima da casca; ● Apresenta coloração mais escura e amarelada, com grãos mais grossos e que absorvem menor quantidade de água; ● É utilizada para a confecção de biscoitos com ou sem recheio e cookies. ● Estes dois tipos de farinhas são indicados para serem consumidos no dia a dia, pois possuem diversos benefícios, como: ● Contribuem para a digestão; ● São fontes de carboidratos; ● Ajudam a espantar a insônia e a ansiedade; ● Aumentam a capacidade de concentração e a disposição física, entre outros. Farinha de trigo Integral ● Segundo a Legislação Brasileira, é um produto elaborado com grãos de trigo Triticum aestivum L. ou outras espécies de trigo do gênero Triticum, ou combinações por meio de trituração ou moagem e outras tecnologias ou processos a partir do processamento completo do grão limpo, contendo ou não o gérmen. Farinha de trigo Integral ● Pelo fato de a moagem ser do grão completo, a farinha possui alta quantidade de fibras, promovendo maior absorção de água, com necessidade de aumentar cerca de 30% a quantidade de água nas receitas à base de farinha integral. Farinha de trigo Integral ● Este tipo de farinha é indicado para massas mais consistentes, como pão integral e de centeio, bolos de frutas e cereais. Farinha de trigo Integral ● Além de ser fonte de fibras, possui altos teores de vitaminas, sais minerais e proteínas, que ajudam a reduzir o estoque de gordura no abdômen e diminuir os riscos de doenças cardíacas. Enriquecimento da farinha de trigo ● Para a substituição de alguns nutrientes perdidos na moagem, a farinha é muitas vezes enriquecida pela adição de tiamina, riboflavina, niacina, ferro e ácido fólico; ● Esta é uma estratégia de saúde pública recomendada pela OMS para reduzir deficiências nutricionais por micronutrientes. Enriquecimento da farinha de trigo ● No Brasil, o enriquecimento obrigatório da farinha de trigo com ferro e ácido fólico foi implementado em 2002; ● Não é obrigatório para farinhas usadas como ingredientes em produtos alimentícios onde o ferro e/ou ácido fólico causarem interferências indesejáveis nas características sensoriais. Enriquecimento da farinha de trigo ● Enriquecimento com ácido fólico: a farinha deve conter no mínimo 140 microgramas e no máximo de 220 microgramas de ácido fólico em 100 gramas, até o vencimento do prazo de validade; ● Enriquecimento com ferro: a mesma deve conter no mínimo 4 miligramas e no máximo 9 miligramas em 100 gramas. Farelo de trigo ● Corresponde a cerca de 12-15% do grão de trigo; ● É um subproduto da moagem do grão de trigo comumente utilizado como ingrediente nas fábricas de rações para animais, como complemento vitamínico e fornecedor de fibras em alimentos dietéticos e em cereais matinais. Farelo de trigo ● Por conter cerca de 45% de fibra alimentar, é benéficopara a saúde intestinal, além de auxiliar na redução do risco de obesidade e favorecer o controle do índice glicêmico; ● Também possui importância na redução do risco de certos tipos de câncer e de doenças crônicas e/ou degenerativas. Farelo de trigo ● É formado por três subprodutos do beneficiamento do trigo nas indústrias: a farinhenta, o farelo fino e o farelo grosso, que apresentam composição e granulometrias diferenciadas. Farelo de trigo ● O processamento de 1 tonelada do grão de trigo resulta em 230 kg de farelo; ● Composto pelo pericarpo, a testa, e as camadas hialina e a aleurona, que são partes externas do endosperma. Farelo de trigo ● O pericarpo é rico em pentosanas, celulose e cinzas; ● A testa em lignina e pigmentos; ● A aleurona em fósforo e fitato, proteínas, lipídeos, vitaminas (niacina, tiamina, riboflavina, piridoxina e ácido pantotênico) além de tocoferol, e enzimas e; ● A subaleurona principalmente em proteínas. Gérmen de trigo ● Componente do grão de trigo de mais alto valor nutricional; ● Representa cerca de 2,5 a 3,5% do grão, e é constituído por três partes principais: embrião, escutelo, e o epiplasto. Gérmen de trigo ● Em sua composição estão a maioria dos lipídeos (cerca de 48%), e diversos nutrientes, incluindo proteína (24 a 36%), açúcar (18%), cinza (5%), além de elevada concentração de vitaminas do complexo B, vitamina E e enzimas. Gérmen de trigo ● Porém, sua composição química depende de sua pureza, que por sua vez depende do processo de moagem do grão de trigo. Gérmen de trigo ● Deste modo, é desejável a separação do gérmen inteiro por dois motivos: ● Evitar a incorporação do gérmen à farinha e; ● Manter suas estruturas celulares íntegras, evitando deterioração precoce. Gérmen de trigo ● É importante ressaltar que o gérmen apresenta algumas restrições para a alimentação humana, pois além de outros fatores, desenvolve rancidez em pouco tempo devido à natureza de sua gordura, e pela presença de lipases e lipoxidases. Entretanto, alguns métodos podem solucionar estes problemas, como por exemplo a aplicação de calor. Gérmen de trigo ● Assim, o processo de extrusão termoplástica é o mais indicado para o preparo do gérmen destinado à alimentação humana, pois contribui para o cozimento de proteínas vegetais praticamente sem causar alteração em sua qualidade nutricional. ● Conceito de matéria-prima de qualidade: valor nutricional, ausência de contaminações microbiológicas, características sensoriais, estado de conservação, uniformidade do produto, etc. ● Matéria-prima impacta diretamente no produto final. Controle de qualidade ● As legislações referentes ao trigo e sua farinha são, respectivamente: INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 38, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2010 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 8, DE 2 DE JUNHO DE 2005 Controle de qualidade Termos importantes para o uso do trigo e seus derivados: ● Ingrediente; ● Coadjuvante de Tecnologia; ● Aditivo Alimentar. Controle de qualidade Qualidade da farinha de trigo: ● Teor de cinzas; ● Granulometria; ● Acidez graxa; ● Teor de proteína; ● Umidade; ● Etc. Controle de qualidade Controle de qualidade Controle de qualidade ● A qualidade do trigo diz respeito à ideia de qualidade, que pode ser vista em diferentes perspectivas pelo agricultor, indústria, panificador e consumidor. As proteínas do trigo e sua qualidade: ● A matéria-prima deve ter alto teor proteico; ● Envolve fatores genéticos e de cultivo; ● Pode apresentar de 7 a 17% de proteínas; ● Comumente determinada pelo método de Kjedahl. Controle de qualidade ● Algumas proteínas principais: ❖ proteínas solúveis em água albuminas (6 a 10%) e globulinas (6 a 10%); ❖ proteínas insolúveis em água gliadinas (em torno de 35%) e gluteninas (em torno de 35%); ❖ além do resíduo proteico (por volta de 10%). Controle de qualidade ● A maior importância das proteínas é o fato de que o conjunto destas forma o glúten; ● A gliadina confere a extensibilidade característica e a glutenina e o resíduo proteico concedem elasticidade; ● Albuminas e globulinas não tem implicação na formação estrutural dos produtos panificados. Controle de qualidade ● As proteínas formadoras e não formadoras de glúten representam, respectivamente, 75-80% e 20-25% do conteúdo total do trigo (LEÓN, 2007); ● Teor de açúcares da farinha representam de 2 a 3%; ● As gorduras estão presentes de 2% a 8%. Controle de qualidade Qualidade fermentativa da farinha ● Os grânulos de amido (principais componentes do endosperma) definem a qualidade de fermentação do produto; ● A presença de α-amilase é altamente necessária para processos fermentativos. Controle de qualidade ● A obtenção do grão em seu estágio correto é essencial, visando uma atividade satisfatória, mas não elevada, da α-amilase; ● Atividade de proteases pode interferir na atividade do glúten. Controle de qualidade ● No rompimento dos grânulos de amido é ideal que seja por volta de 4%; ● Isso devido à liberação de enzimas amilolíticas que atacam o amido e produzem CO2. Controle de qualidade Aspectos nutricionais ● O trigo produzido e comercializado em território nacional é adicionado de ferro e ácido fólico; ● Ação tomada pelo Departamento de Atenção Básica (Ministério da Saúde), ligado à Prevenção e Controle de Agravos Nacionais; ● RDC nº 344, de 13 de dezembro de 2002. Controle de qualidade ● Estabeleceu a adição obrigatória de 4,2 mg de ferro e de 150 µg de ácido fólico nas farinhas; ● Objetivou reduzir e prevenir a anemia e os defeitos do tubo neural; ● “Comissão Interinstitucional para Implementação, Acompanhamento e Monitoramento das Ações de Fortificação de Farinhas de Trigo, de Milho e de seus Subprodutos”. Controle de qualidade Análises de determinação de qualidade ● A qualidade relaciona-se à particularidades desse alimento; ● Pode estar ligada à condições ambientais (solo, práticas culturais, clima e outras) como, também, ao genótipo; ● Testes físico-químicos, reológicos e até microbiológicos. Controle de qualidade Controle de qualidade Análises físico-químicas Análises físico-químicas ● Dureza: relaciona-se à textura do endosperma do trigo e à dificuldade de desintegração do grão quando exposto a força mecânica; ● O teste é realizado em moinho calibrado para medir o tempo em que o mesmo leva para moer um volume padrão de trigo. Controle de qualidade Análises físico-químicas ● Umidade: utiliza-se equipamentos de base tecnológica espectroscópica e gravimétrica com fonte de calor infravermelha; ● Geralmente, é um dos primeiros testes realizados, pois é necessário para a realização de outras análises físico-químicas (MANDARINO, 1993). Controle de qualidade Análises físico-químicas ● Conteúdo de glúten: analisa-se a qualidade da secagem da farinha (indicada pelo teor de glúten), através da formação de uma massa e posterior amassamento; ● Averigua-se a vitalidade e força da teia de glúten, podendo utilizar um equipamento chamado “glutomatic”. Controle de qualidade Equipamento “glutomatic” Análises físico-químicas ● Densidade: Relaciona-se ao peso do hectolitro ou peso por bushel, e é realizado sob procedimento padrão, onde despeja-se certa quantidade de grãos em um cilindro de volume conhecido, com objetivo de descoberta do peso do hectolitro de tais grãos. Controle de qualidade Análises físico-químicas ● Falling number: visa determinar a atividade da enzimaalfa-amilase (método viscosimétrico), além de propriedades do amido da farinha, durante o processo de aquecimento; ● A farinha é submetida à zona crítica de temperatura para a enzima (55-80°C) durante 30 segundos, para observação do comportamento da mesma. Controle de qualidade Análises físico-químicas ● Falling number: quanto menor o valor do “Falling Number”, maior será atividade diastásica ou o teor de amido danificado na amostra; ● É um índice da conversão deste em açúcares diretamente fermentescíveis. Controle de qualidade Principais contaminantes ● Fatores de maior risco à farinha de trigo: ➔ umidade e temperatura - favorecem a proliferação de pragas e fungos toxigênicos (produção de micotoxinas); ➔ resíduos de agroquímicos. Controle de qualidade ● Perdas qualitativas e quantitativas decorrem de: ➔ carência de estrutura física para armazenagem; ➔ logística deficiente no processo produtivo; ➔ escassez de treinamento e capacitação de colaboradores; ➔ falta de separação dos produtos agrícolas (considerando a qualidade tecnológica e inocuidade). Controle de qualidade Qualidade dos trigos duros ● A qualidade do trigo duro é avaliada através de análises específicas, como peso de mil grãos, peso específico, teor de umidade, cinzas e proteínas; ● Dessa forma, é possível diferenciar os trigos de acordo com sua qualidade tecnológica. Controle de qualidade Influência da evolução e modificação genética ● Desde a época que tal grão permeou a alimentação humana, há mais de 10 mil anos atrás, sua cultura foi uma das mais produzidas (MITTELMANN, 2000); ● As modificações genéticas, desde seu início, buscaram adequação de características de crescimento, textura e sabor, almejadas pelos consumidores. Controle de qualidade ● As primeiras modificações se deram de forma natural, em cruzamentos espontâneos e muito raros; ● A seleção das melhores sementes pelo agricultor primitivo, já é considerada um melhoramento inconsciente; ● No Brasil, a engenharia genética se inseriu no ano de 1914, principalmente no sul do país; ● Bancos de Germoplasma têm importância tecnológica no cenário de modificação genética direta. Controle de qualidade Aproveitamento de resíduos ● O trigo produz largo número de resíduos, sólidos e líquidos, através de seu processo de produção e industrialização de alimentos; ● A destinação destes é de extrema importância para o meio ambiente e para a própria empresa. Aproveitamento de resíduos ● Exemplos: ➔ Uma cepa de termofílico Anoxybacillus sp. foi capaz de produzir altos níveis de xilanase extracelular em fermentação submersa utilizando subprodutos agroindustriais, dentre eles o farelo de trigo, com atividade xilanolítica de 1,32 U.ml-1 (LADEIRA, 2013). Aproveitamento de resíduos ● Exemplos: ➔ Diferentes combinações de resíduos agroindustriais têm sido testadas para a produção de lipase, dentre elas, o óleo de mamona com farelo de trigo (DAS MERCÊS PENHA., 2016); ➔ Utiliza-se farelo de trigo como substrato suplementar aos resíduos do processamento de cerveja, para a produção de amilase (DOS SANTOS, 2018). Aproveitamento de resíduos ● Exemplos: ➔ Fonte de biomassa, para produção de etanol de segunda geração. Dentre os resíduos estudados, a palha da cana-de-açúcar apresenta teor de celulose em torno de 39%, o bagaço de cana 43%, a palha de trigo 35% (DE MOURA NUNES, 2014). Referências Bibliográficas ● LEÓN, A. E. et al. De tales harinas, tales panes. Granos, harinas y productos de panificación en Iberoamérica. ISEKI-Food, 2007. ● DOS SANTOS, P. S. et al. FERMENTAÇÃO EM ESTADO SÓLIDO EM RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS PARA A PRODUÇÃO DE ENZIMAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA. 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