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Microeconomia II Unidade 1 -Teoria do Consumidor: novas abordagens UTILIDADE CARDINAL E UTILIDADE ORDINAL Utilidade Cardinal: A teoria da utilidade cardinal conceitua a utilidade como a capacidade de um determinado bem de satisfazer desejos e necessidades humanas. Parte das seguintes hipóteses neoclássicas: O consumidor é racional e tem conhecimento perfeito de suas preferências e condições do mercado; busca a maximização de sua utilidade tendo como limitação o nível de renda. Isso equivale a dizer que o consumidor está sempre buscando o máximo benefício com o mínimo de esforço. Esse é um princípio ligado ao ser humano. A satisfação obtida ao consumir um conjunto de bens e serviços pode ser medida e expressa por uma função de utilidade, do mesmo modo que qualquer conceito objetivo, tal como temperatura, peso, volume e altura, por meio de medidas cardinais. O consumidor pode dar valores para medir a satisfação, a utilidade auferida pelo consumo de determinada quantidade de um produto, partindo do princípio que ele valoriza mais aquilo que lhe traz mais prazer e estaria dispostas a pagar mais por algo que tenha maior utilidade. Acréscimos no consumo de um determinado produto geram, coeteris paribus, aumentos decrescentes na utilidade total. Exemplo: Se, num dia, damos uma barra de chocolate a uma criança provavelmente a barra lhe trará uma satisfação, um prazer muito grande, gerando uma grande utilidade. Se, em seguida, damos uma segunda barra de chocolate, a utilidade total será maior. A utilidade total representa a soma da utilidade proporcionada pela primeira mais a utilidade adicionada pela segunda. Porém, essa segunda unidade será recebida provavelmente com menos entusiasmo com que foi recebida a primeira barra. A terceira barra tornará a satisfação total ainda maior, mas a utilidade acrescentada por esta última possivelmente será menor que a anterior. Se formos aumentando o número de barras de chocolate chegaremos ao ponto em que uma unidade adicional de chocolate representará para a criança um beneficio tão pequeno que para ele será quase indiferente receber ou não essa barra adicional. Isso acontece porque ao consumir chocolate até a saciedade, este deixa de ser para a criança um produto escasso, desejado. Utilidade ordinalista: Os economistas Fischer (1892) e Pareto (1906) contornaram os principais problemas da teoria cardinal e deram à teoria do comportamento do consumidor a forma que conhecemos hoje. Essa formulação é conhecida como Teoria Ordinal do comportamento do consumidor. Antes, reconhecendo que o consumidor prefere alguns bens e serviços a outros, introduziram uma ordem de preferência para qualificar a utilidade. Assim pode-se dizer que um bem tem mais utilidade do que outros, mas não se estabelece a quantidade de utilidade correspondente de cada um. Para a teoria ordinal, se uma pessoa prefere chá a café, o chá para essa pessoa, tem mais utilidade que o café. Mais uma vez, é importante ressaltar que a teoria ordinal apenas ordena bens, não lhes atribuindo qualquer quantidade de utilidade. A abordagem ordinal da teoria do consumidor representa uma linha de pensamento mais recente, em relação à abordagem cardinal. Sua característica fundamental está no fato de rejeitar a hipótese de mensurabilidade quantitativa da utilidade, substituindo-a pela hipótese de comparabilidade. Assim, para a abordagem ordinal, a utilidade não é mensurável, mas comparável. É, portanto, pela comparação das utilidades das coisas que o consumidor escolhe as diferentes alternativas de consumo de bens ou de combinações de bens capazes de atender a suas necessidades. Os economistas reconheceram que, no que no que diz respeito ao comportamento da escolha, tudo o que interessava saber a respeito da utilidade era se uma cesta tinha uma maior utilidade do que a outra – o quanto era maior não importava. Curva da indiferença Curva da indeferença - conjunto de cabazes de bens em relação aos quais o consumidor é indiferente – Edgeworth 1881 Relação de preferência O cabaz A é preferido ou indiferente ao Cabaz B (ou A é pelo menos tão bom como B) O cabaz A é estritamente preferido ao Cabaz B Axiomas e hipóteses da relação de preferências A TEORIA ORDINALISTA supõe os seguintes AXIOMAS: Axioma da exaustão Axioma da transitividade Hipótese da não saciedade Hipótese da convexidade Hipótese da continuidade Axioma da exaustão Axioma da Exaustão: o consumidor é sempre capaz de ordenar todos os cabazes alternativos. Entre quaisquer 2 cabazes: É um axioma muito forte porque implica que o consumidor consiga, para todas as possibilidades de consumo, criar classes de indiferença entre cabazes e sujeitá-las a escalas de preferência → Dificilmente validáveis empiricamente ou Axioma da transitividade Axioma da Transitividade: Dados 3 cabazes (Xo, X1 e X2) É um axioma igualmente forte porque implica que o consumidor consiga comparar cabazes alternativos que não tenha consumido. e então Hipótese da não saciedade Hipótese da não saciedade: um cabaz contendo maior quantidade de pelo menos um dos bens, é sempre preferível ao anterior (“mais é melhor”) Esta hipótese implica que a função de utilidade é sempre crescente (sucedâneo da Umg positiva da abordagem cardinalista) A hipótese da não saciedade garante-nos que MORE IS BETTER Hipótese da convexidade A relação de preferências é convexa se é preferido quer a x1 quer a x2, o cabaz x3 que resulta da média ponderada dos dois cabazes iniciais. Hipótese forte - Implica uma taxa marginal de substituição no consumo de dois bens decrescente - o consumidor tem de ser compensado com maiores quantidades de um bem à medida que sacrifica sucessivas unidades de outro Os consumidores preferem cabazes equilibrados face a cabazes nos extremos. Hipótese da continuidade Significa que a curva de indiferença é continua, ou seja, os seus pontos não exibem “saltos” Hipótese meramente técnica → Garante a existência de uma função de utilidade contínua Notas Relação de preferências diz-se RACIONAL se obedecer aos AXIOMAS DA EXAUSTÃO E DA TRANSITIVIDADE A relação de preferência pode ser representada por uma FUNÇÃO DE UTILIDADE, se e só se for racional As Hipóteses da NÃO SACIEDADE, CONVEXIDADE E CONTINUIDADE garantem que as preferências, para além de racionais, são BEM COMPORTADAS. Se as preferências forem bem comportadas, o capaz preferido é único para uma dada restrição orçamental Propriedades das curvas de indiferença Inclinação negativa Nunca se intersectam Mais longe da origem, maior nível de satisfação Convexas em relação à origem São densas em todo o espaço de bens disponíveis A Teoria da Preferência Revelada A contribuição de Pareto consistiu em reconhecer que as utilidades específicas atribuídas às curvas de indiferença não são relevantes, mas sim a sua posição relativa ou ordem A teoria do consumidor passa a assentar na ordenação de cabazes de bens, de acordo com as preferências do consumidor Todos os cabazes numa curva mais elevada são preferidos e todos os cabazes situados numa curva de indiferença mais baixa são preteridos A questão é: como conhecer as preferências do consumidor Na teoria de utilidade ordinal (ou teoria baseada nas preferência do consumidor) supomos que as curvas de indiferença são traçadas de acordo com a informação prestada pelos consumidores sobre as suas escolhas Contudo, este processo pode levar à tentativa de ocultação das verdadeiras preferências Para ultrapassar esta limitação - A TEORIA DA PREFERÊNCIA REVELADA assenta nas escolhas observadas no mercado para a dedução das preferências do consumidor RACIOCÍNIO INERENTE: Dados 2 cabazes, o consumidor escolhe um cabaz em detrimento do outro, OU PORQUE O PREFERE, OU PORQUE É MAIS BARATO. Se o escolhe mesmo sendo mais caro, então é porque o prefere.