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Colinérgico, anticolinérgico Francielle Melo Sistema Nervoso Periférico • O sistema nervoso periférico (SNP) é a parte do sistema nervoso que se encontra fora do sistema nervoso central (SNC). É constituído por fibras (nervos), gânglios nervosos e órgãos terminais. A função do SNP é conectar o SNC com as outras partes do corpo humano. • Divididos em: – Nervos Sensitivos: são os nervos que têm o papel de transmitir os impulsos nervosos do órgão receptor até ao SNC; – Nervos Motores: conduzem o impulso codificado SNC até ao órgão efetor; • É graças a este sistema que o cérebro e a medula espinhal recebem e enviam as informações permitindo-nos reagir às diferentes situações que têm origem no meio externo ou interno. • Quanto à funções pode-se distinguir o sistema nervoso autônomo e o somático/ sensorial. Transmissão nervosa Sistema Nervoso Periférico Sistema Nervoso Colinérgico • Processo de transmissão – Síntese da acetilcolina – colina + acetil coenzima A no final do neuronio pré-sinaptico. Catalizada pela enzima colina acetiltransferase – Acetilcolina é incorporado dentro de uma vesícula por meio de uma proteína específica de transporte – Chegada de um sinal nervoso leva a uma abertura dos canais iônicos de cálcio e a um aumento na concentração de cálcio intracelular. Isso induz a vesícula se fundir com a membrana celular e liberar o transmissor na abertura sináptica. – A acetilcolina atravessa o espaço sináptico e se liga ao receptor colinérgico, resultando na estimulação do segundo neurônio. – Acetilcolina se move para uma enzima chamada acetilcolinesterase, que está situada no neurônio pós-sináptico e que catalisa a hidrólise da acetilcolina para produzir colina e ácido acético (ácido etanóico). – A colina é absorvida pelo neurônio pré-sináptico por uma proteína de transporte para continuar o ciclo. Sistema Nervoso Colinérgico Agonistas do receptor colinérgico • Acetilcolina como um agonista – Vantagens • Mensageiro natural • Facilmente sintetizado – Desvantagens • Facilmente hidrolisada no estômago • Facilmente hidrolisada na corrente sanguínea (esterases) • Não tem seletividade na ação. Pode se ligar a todos os receptores no corpo Agonistas do receptor colinérgico • Nicotina e muscarina como agonistas colinérgicos – Vantagens • Mais estáveis que Ach • Seletividade pelos principais tipos de receptores – Nicotínico – músculo esquelético – Muscarínico - músculo liso e cardíaco • Seletividade por diferentes órgãos – Desvantagens • Ativam receptores envolvendo outros mensageiros químicos • Apresentam efeitos colaterais Agonistas do receptor colinérgico • Requisitos para um fármaco agonista colinérgico – Estabilidade no pH ácido do estômago e esterases – Seletividade por receptores colinérgicos – Seletividade entre receptores muscarínicos e nicotínicos – Conhecimento do sítio de ligação – Estudo da relação estrutura-atividade (REA) da acetilcolina Relação estrutura-atividade da acetilcolina • REA – Nitrogênio protonado é essencial para a atividade. Substituí-lo com um átomo de carbono neutro elimina a atividade – A distância do nitrogênio e do grupo éster é importante – O grupo funcional éster é importante – O tamanho total da molécula não pode ser alterado. Moléculas gdes ↓ atividade – A ponte etilênica entre o éster e o átomo de N não pode ser extendida – Pode ter 2 grupos metil no N. No máx. um terceiro grupo alquil é tolerado, mas mais de um grupo alquil conduz a ↓atividade – Grupo éster grando conduz a ↓ atividade Relação estrutura-atividade da acetilcolina Relação estrutura-atividade da acetilcolina Relação estrutura-atividade da acetilcolina Relação estrutura-atividade da acetilcolina Relação estrutura-atividade da acetilcolina Relação estrutura-atividade da acetilcolina Sítio de ligação dos receptores muscarínicos • Lig. H entre éster da acetilcolina e resíduo de asparagina • Bolsão hidrofóbico acomodando grupo metil do éster (não pode ser longo) – Essa interação é mais importante no receptor muscarínico • NMe+3 está localizado em bolsões hidrofóbicos que acomoda 2 dos 3 CH3. • Forte interação iônica entre N+ e grupo aniônico do aspartato Sítio de ligação dos receptores muscarínicos Conformação ativa da acetilcolina • Acetilcolina tem alta flexibilidade molecular • Grande número de conformações • Conformação mais estável não é necessariamente a conformação ativa Conformação ativa da acetilcolina Conformação ativa da acetilcolina • Análogos rígidos da Ach – Flexibilidade molecular é “bloqueada” por sistemas anelares – Número restrito de possíveis conformações – Muitas estruturas foram sintetizadas, mas não foi possível identificar uma espécie ativa específica Ach. – Estudos mostram que separação entre o éster e o N quaternário é importante para ligação e a distância difere nos dois receptores muscarínicos e nicotínicos Instabilidade da Acetilcolina • Hidrólise da acetilcolina – Participação do grupo vizinho (assistência anquimérica) – 1- Carga N interage com O da carbonila, proporcionando efeito elétron-sacador – 2- Oxig. puxa elétrons de seu vizinho C deixando-o deficiente em elétron (propenso a ataque nucleofílico) – 3- H2O ataca o C deficiente em elétrons hidrólise Planejamento de agonistas colinérgicos • Requisitos: – Tamanho correto – Farmacóforo correto – éster e nitrogênio quaternário – Aumento da estabilidade frente a ácidos e esterases – Aumento de seletividade Planejamento de agonistas colinérgicos • Uso do impedimento estérico – Proteger a função éster de ataque nucleofílico e enzimas – Tamanho do grupo que causará impedimento estérico é importante – Volumoso o suficiente para impedir hidrólise – Pequeno o suficiente para encaixar no receptor Planejamento de agonistas colinérgicos • Metacolina 3x mais estável a hidrólise que Ach devido Me • Aumento do tamanho do grupo melhora a estabilidade mas diminui a atividade • Mais seletivo a receptores muscarínicos do que nicotínicos • Enantiômero S é mais ativo • Não é usado clinicamente Planejamento de agonistas colinérgicos • Uso de efeitos eletrônicos – Substituição do éster por um uretano – Estabilização do grupo carbonílico • Carbacol Propriedades Resistente a hidrólise Usado topicamente em glaucoma NH2 e CH3 possuem o mesmo tamanho. Ambos se localizam no bolsão hidrofóbico Atividade conservada (NH2 e CH3 são bioisóstero) Atividade muscarínica = atividade nicotínica (sem seletividade) Planejamento de agonistas colinérgicos • Fatores estéricos + fatores eletrônicos – Betanecol • Ativo oralmente • Seletivo para receptor muscarínico • Usado para estimular o trato gastrointestinal e bexiga após cirurgia Agonistas muscarínicos • Usos clínicos – Tratamento de glaucoma – Estimulação do funcionamento do intestino e bexiga após cirurgia – Tratamento de certos problemas cardíacos. Diminuição da atividade do músculo cardíaco e diminuição dos batimentos cardíacos Agonistas muscarínicos • Pilocarpina – Tratamento de glaucoma – Não há o grupo N quaternário • Assume-se que o fármaco é protonado antes de interagir no receptor muscarínico – Modelo modecular mostra que há conformação correta do farmacóforo para o receptor muscarínico (4,4A) Agonistas nicotínicos • Tratamento – Miastenia grave – doença autoimune onde o corpo produz anticorpos contra o próprio receptor colinérgico • Queda no número de receptores disponíveis poucas mensagens atingem as células musculares – Fraqueza severa no músculo e fadiga. • Administrar um agonistaaumenta a chance de ativar os poucos receptores que restaram. – Sem eficácia comprovada Antagonistas dos receptores colinérgicos • Receptor muscarínico – Fármacos que se ligam ao receptor colinérgico mais não o ativam • Impedem a ligação do ligante natural (Ach) • Efeito clínico oposto dos agonistas dimunuem a atividade da Ach Antagonistas muscarínicos • Efeitos clínicos – Redução da saliva e secreção gástrica – Redução da motilidade TGI e trato urinário por relaxamento do músculo liso – Dilatação da pupila do olho • Usos clínicos – Interromper a digestão para realização de cirurgia – Exames oftálmicos – Alívio da úlcera péptica – Envenenamento por anticolinesterásicos Antagonistas muscarínicos • Atropina – Extraído da raiz Atropa belladona – Forma racêmica de hiosciamina (enantiômero natural nas plantas Solanaceae). – Uso clínico • Diminuição da motilidade TGI • Dilatação pupila – colírio indicado em exames oftalmológicos Antagonistas muscarínicos • Hioscina (escopolamina) – Extraído da Datura stramonium – Uso: • Tratamento da cinetose (condição que se caracteriza pela sensação de enjoo ou náusea quando se anda em qualquer meio de transporte) • Espasmos do trato gastrintestinal, espasmos do trato geniturinário. Antagonistas muscarínicos • Comparação da atropina com acetilcolina – Posições relativas do éster e nitrogênio são similares em ambas moléculas – Nitrogênio da atropina é protonado no organismo – Amina e éster são grupos importantes de ligação (lig. iônica + lig- H) – Anel aromático da atropina representa um grupo extra de ligação (vdw) – Atropina liga-se no receptor com um padrão de encaixe diferente –não causando ativação – Atropina liga - se de forma mais forte ao receptor do que Ach Antagonistas muscarínicos • Análogos da atropina Antagonistas muscarínicos • Síntese de diferentes análogos da atropina e investigados a REA desses compostos – Grupo farmacofórico : anel aromático, éster e base nitrogenada (ionizada) • Obtenção de análogos simplificados Antagonistas muscarínicos – Estudos demonstraram: • Grupo alquil no N pode ser maior que metil (ao contrário dos agonistas) • Nitrogênio pode ser terciário ou quaternário (agonistas necessitam ser quaternários). No entanto o N terciário provavelmente é protonado quando ele interage com seu receptor • Grandes grupos acil (anéis aromáticos ou heteroaromático). Em contraste com os agonistas onde somente o grupo acetil é permitido REA agonistas x antagonsitas Antagonistas muscarínicos • Sítio de ligação para antagonistas Antagonistas muscarínicos • Sítio de ligação para antagonistas Antagonistas muscarínicos • Análogos simplificados Antagonistas nicotínicos • Curare – Extraído da planta Chondrodendron tomentosum – Usado como veneno em flechas por índios – Causa paralisia (bloqueia o sinal de Ach para os músculos). – Princípio ativo tubocurarina Antagonistas nicotínicos • Farmacóforo – 2 centros quaternários em separação específica (1,15 nm) – Diferentes mecanismos de ação em relação a atropina e derivados – Diferentes interações com o receptor • Uso clínico – Bloqueador neuromuscular para operações cirúrgicas Antagonistas nicotínicos • Ligação no receptor Antagonistas nicotínicos • Liga-se fortemente aos receptores colinérgicos – Longa duração • Longo período de recuperação • Efeitos colaterais no coração pressão sanguínea • Éster incorporado na estrutura • Introdução instabilidade – inativação por esterases • Curto período de ação (5 a 10 min) • Rápido início • Usado em procedimento cirúrgico – tubos traqueais • Efeitos colaterais no gânglio autônomo Antagonistas nicotínicos • Análogos da tubocurarina – Esteroide age como espaçante para os grupos quaternários (1.09nm) – Grupos acila são adicionados no esqueleto de Ach – Início da ação mais rápida que tubocurarina, mas menor que suxametônio – Maior duração da ação do que suxametônio (45 min) – Nenhum efeito na pressão sanguínea e poucos efeitos colaterais Antagonistas nicotínicos • Análogos da tubocurarina – Planejamento baseado em tubocurarina e suxametônio – Não apresenta efeitos cardíacos indesejáveis – Rapidamente clivado no sangue por via química e metabólica (mecanismo auto – destrutivo) – Contorna problemas de variação de enzimas metabólicas no paciente – Meia vida é de 30 minutos – Administrado por via i.v. Antagonistas nicotínicos • Análogos da tubocurarina – Atracurium é estável no pH ácido – Eliminação de Hofmann ocorre no sangue: pH (7.4) Antagonistas nicotínicos • Análogos da tubocurarina – Rápido início de ação (2 min) – Curta duração (15 min)