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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP GABRIEL HENRIQUE ARRAIS CHICO C6589D-3 EC8Q12 GABRIELA DA COSTA FEGUEREDO C65487-6 EC8Q12 SANEAMENTO BÁSICO Sistema de Tratamento de Água e Esgoto CAMPINAS 2018 GABRIEL HENRIQUE ARRAIS CHICO C6589D-3 EC8Q12 GABRIELA DA COSTA FEGUEREDO C65487-6 EC8Q12 SANEAMENTO BÁSICO Sistema de Tratamento de Água e Esgoto Trabalho apresentado para avaliação de Atividade Prática Supervisionada para o curso de Engenharia Civil Orientador: Profª Dr.a Maria Alice Venturini CAMPINAS 2018 LISTA DE ILUSTRAÇÃO FIGURA 1 – Reservatórios ........................................................................................ 23 FIGURA 2 – Macro bombas ...................................................................................... 23 FIGURA 3 – Macro enlace ........................................................................................ 23 FIGURA 4 – Macromedidores ................................................................................... 23 FIGURA 5 – ETA I Vila Avaí ...................................................................................... 24 FIGURA 6 – Rio Capivari-Mirim ................................................................................ 24 FIGURA 7 – Represas do Cupini e Morungaba ........................................................ 24 FIGURA 8 – ETA I Vila Avaí (aérea) ......................................................................... 25 FIGURA 9 – Calha Parshall....................................................................................... 25 FIGURA 10 – Pré-Cloração e Coagulação ................................................................ 26 FIGURA 11 – Ressalto hidráulico .............................................................................. 26 FIGURA 12 – Floculação........................................................................................... 27 FIGURA 13 – Adição de polímero ............................................................................. 27 FIGURA 14 – Decantadores...................................................................................... 27 FIGURA 15 – Detalhe final do decantador ................................................................ 27 FIGURA 16 – Camadas da filtração .......................................................................... 28 FIGURA 17 – Água após filtração ............................................................................. 28 FIGURA 18 – Tanque de Armazenamento de Lodo .................................................. 29 FIGURA 19 – EPAR Capivari II ................................................................................. 30 FIGURA 20 – Correção de pH e tanques .................................................................. 30 FIGURA 21 – Sistema Preliminar .............................................................................. 31 FIGURA 22 – Grades cremalheiras ........................................................................... 32 FIGURA 23 – Detalhe do gradeamento .................................................................... 32 FIGURA 24 – Armazenamento de coagulante .......................................................... 32 FIGURA 25 – Peneiras rotativas ............................................................................... 32 FIGURA 26 – Resíduos sólidos ................................................................................. 32 FIGURA 27 – Calha Parshall..................................................................................... 32 FIGURA 28 – Caixa de areia e caçamba .................................................................. 33 FIGURA 29 – Resíduo após caixa de areia .............................................................. 33 FIGURA 30 – Funcionamento do Sistema Biológico ................................................. 33 FIGURA 31 – Sistema Biológico ............................................................................... 34 FIGURA 32 – Tanque anaeróbico e anóxico ............................................................. 34 FIGURA 33 – Tanque de aeração ............................................................................. 34 FIGURA 34 – Misturadores submersos ..................................................................... 34 FIGURA 35 – Difusores de bolhas finas .................................................................... 34 FIGURA 36 – Módulo de membrana filtrante ............................................................ 35 FIGURA 37 – Detalhe da membrana filtrante ............................................................ 35 FIGURA 38 – Tanque de reuso ................................................................................. 36 FIGURA 39 – Tanque de desinfecção ....................................................................... 36 FIGURA 40 – Reservatórios elevados ...................................................................... 36 FIGURA 41 – Calha Parshall final ............................................................................. 36 FIGURA 42 – Comparação visual ............................................................................. 37 FIGURA 43 – Centrífugas ......................................................................................... 37 FIGURA 44 – Desidratação de lodo .......................................................................... 37 FIGURA 45 – Reservatório R1 .................................................................................. 51 LISTA DE GRÁFICO E TABELA TABELA 1 – Coleta e tratamento de esgoto nos municípios brasileiros ................... 20 TABELA 2 – Dados populacionais de Santo André/SP ............................................. 38 TABELA 3 – Populações futuras ............................................................................... 43 TABELA 4 – Cidade fictícia ....................................................................................... 43 TABELA 5 – Cálculo dos diâmetros .......................................................................... 48 TABELA 6 – Sistema Contínuo ................................................................................. 50 TABELA 7 – Sistema Descontínuo ............................................................................ 54 TABELA 8 – Análise .................................................................................................. 56 GRÁFICO 1 – Investimentos necessários ................................................................. 19 GRÁFICO 2 – Índice de atendimento ........................................................................ 21 GRÁFICO 3 – Sistema Contínuo – Reservatório R1 ................................................. 53 GRÁFICO 4 – Sistema Descontínuo – Reservatório R1 ........................................... 55 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AESBE Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento ANA Agência Nacional das Águas CCO Centro de Controle de Operações CNI Confederação Nacional da Indústria DBO Demanda bioquímica de oxigênio DQO Demanda química de oxigênio EPAR Estação Produtora de Água de ReusoETA Estação de Tratamento de Água ETE Estação de Tratamento de Esgoto MBR Biorreator com Membranas de Ultrafiltração OD Oxigênio dissolvido OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas PAC Policloreto de Alumínio PLANSAB Plano Nacional de Saneamento Básico SAAE Sistema Autônomo de Águas e Esgotos SANASA Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 08 1.1 Objetivo geral .................................................................................................... 08 1.2 Objetivos específicos........................................................................................ 08 1.3 Metodologia ....................................................................................................... 09 1.4 Justificativa ........................................................................................................ 09 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 11 2.1 Saúde pública e saneamento ........................................................................... 11 2.1.1 Investimentos em saneamento básico ......................................................... 12 2.2 A água como fator de desenvolvimento social, indicador de saúde e via de transmissão de doença........................................................................................... 12 2.3 Qualidade das águas para consumo humano ................................................ 13 2.4 Saneamento e sistema de esgoto sanitário .................................................... 14 3 CRESCIMENTO ECONÔMICO E A PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS ................................................................................................................. 16 3.1 Gestão dos recursos hídricos numa perspectiva de sustentabilidade ........ 16 3.2 Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos para o século XXI ................................................................................................................ 18 4 VISITA TÉCNICA ................................................................................................... 22 4.1 Estação de Tratamento de Água ...................................................................... 22 4.1.1 Centro de Controle de Operações ................................................................ 22 4.1.2 Tratamento da água ....................................................................................... 24 4.2 Estação de Tratamento de Esgoto ................................................................... 29 5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 38 5.1 Crescimento logístico ....................................................................................... 39 5.2 Taxa decrescente de crescimento ................................................................... 41 5.3 Dimensionamento de rede ................................................................................ 42 5.4 Sistema Contínuo .............................................................................................. 48 5.5 Sistema Descontínuo ........................................................................................ 53 5.6 Análise................................................................................................................ 55 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 57 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58 APÊNDICE A ............................................................................................................ 63 APÊNDICE B ............................................................................................................ 64 APÊNDICE C ............................................................................................................ 65 APÊNDICE D ............................................................................................................ 66 8 1 INTRODUÇÃO Com os crescentes problemas de saúde pública em virtude da ausência ou má fornecimento de saneamento básico, tornam-se necessários estudos, pesquisas e melhorias para que em harmonia com a Organização das Nações Unidas (2018) se tenha até o ano de 2030 saneamento básico com 92% de esgoto tratado e 100% de água tratada. Identificar as principais características de um sistema de tratamento de água e esgoto em estudo tais como sua turbidez, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), oxigênio dissolvido (OD), temperatura, pH entre outros, é um dos primeiros passos para se obter análises mais precisas e detalhadas. Este trabalho apresenta as principais características químicas, físicas e biológicas para um sistema de tratamento de água e esgoto, tendo como base para o desenvolvimento do mesmo, o conteúdo aplicado em sala de aula, visitas técnicas, pesquisas no acervo da universidade sobre temas específicos abordados e o auxílio dos professores. Abrangendo todo o processo, foram expostas todas as etapas para o tratamento de água e esgoto como também a determinação das características e dimensionamento correto de uma rede de distribuição de forma clara e sucinta, como a determinação da vazão, do diâmetro a ser considerado e do tipo de sistema a ser adotado. 1.1 Objetivo geral Este trabalho tem como objetivo geral realizar o dimensionamento de rede de água de uma cidade e calcular o volume dos reservatórios que realizarão a sua posterior distribuição. 1.2 Objetivos específicos Para o alcance do objetivo geral são traçados objetivos específicos: • Estudar assuntos referentes a saneamento básico. 9 • Realizar visitas técnicas em estações de tratamento de água e esgoto. • Calcular o crescimento de uma população por meio de métodos de previsão de demanda. • Dimensionar adutoras e redes de distribuição. • Calcular o volume de um reservatório. • Analisar os resultados obtidos. 1.3 Metodologia A pesquisa a ser realizada quanto à natureza será básica quantitativa, quanto aos objetivos será descritiva e aos procedimentos será de estudo de caso com visitas técnicas e registros fotográficos. Os conhecimentos adquiridos foram através de notas de aula da professora Dr.a Maria Alice Venturini e da professora Esp. Djanira Temporim na disciplina Estação de Tratamento de Água e Esgoto no curso de Engenharia Civil, bem como da pesquisa em livros adquiridos por empréstimos na biblioteca da Universidade Paulista do Campus Swift na cidade de Campinas/SP e em sites confiáveis, no qual todo o conteúdo relevante será escrito dentro das normas da ABNT. Inicialmente abordando temas que envolvam saneamento básico, qualidade da água, saúde pública e perspectivas de sustentabilidade, este trabalho apresentará as etapas para o tratamento de água e esgoto bem como o dimensionamento de toda a rede de distribuição e capacidade volumétrica de reservatórios através da criação de uma cidade fictícia. Utilizou-se de softwares como, AutoCAD, Excel e Draw.io, para uma melhor precisão dos cálculos e desenhos. 1.4 Justificativa A finalidade deste trabalho tem como prioridade adquirir conhecimento naformação universitária dos estudantes na área de Engenharia Civil, como também servir de ajuda acadêmica para consultas em pesquisas referentes a sistemas de tratamento e dimensionamento de rede de água e esgoto. 10 Fatores como a escolha do método de previsão de demanda populacional a ser escolhida para o cálculo da população futura, adoção correta do tipo de sistema de um reservatório e conhecimento de todo o processo de tratamento de água e esgoto, são importantes para o desenvolvimento correto de um reservatório e toda a sua rede de distribuição, como também para que não ocorram problemas futuros como altas pressões nas tubulações em virtude de grandes vazões por conta de um má dimensionamento de rede, além da visão econômica que se traz a um projeto bem dimensionado. Desta forma, se fazem de fundamental importância o estudo e a aplicação prática dos conhecimentos referentes a sistema de tratamento de água e esgoto, uma vez que, todo o conteúdo abordado está baseado em assuntos referentes a estes temas. 11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Saúde pública e saneamento A Organização Mundial da Saúde (1984) define saúde como “um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades”; saneamento básico, ainda segundo a OMS, é o gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem. Em conformidade com a lei nº 11.445/071, que dispõe saneamento básico como um conjunto de serviços, tratamento, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e drenagem entre outros. Desde o surgimento e expansão das primeiras cidades, o saneamento básico e a forma como a água era tratada sempre foi uma das preocupações da civilização humana, visto que a qualidade da água interferia diretamente na saúde das pessoas. As residências construídas na antiguidade não possuíam vasos sanitários, fazendo com que as pessoas evacuassem diretamente no solo e, quando chovia, a camada que possuía os excrementos fecais eram levadas diretamente para os lagos e rios, tornando a água impura para consumo humano e disseminadora de doenças (COELHO; HAVENS, 2015). Coelho e Havens (2015) afirmam também que com o passar do tempo as civilizações foram descobrindo que quando a água era armazenada ou retirada de uma fonte imprópria poderia causar muitas doenças. Foi o que levou os egípcios, em 2000 a.c, a utilizarem o primeiro uso da química que se tem notícias: uso de sulfato de alumínio na clarificação da água, afim de deixá-la apta para consumo humano. Consumir água fora de um padrão de potabilidade, pode causar enfermidades propagadas via vírus, bactérias entre outros, desta forma encarrega-se a responsabilidade de uma boa saúde ao abastecimento de água potável (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). Por outro lado, na perspectiva da engenharia Cairncross (1984 apud SOARES et al 2002) relata que não se avalia a natureza biológica de um organismo, nem seu comportamento ao entrar em contato humano, mas sim a sua atuação com o meio ambiente, visto que procedimentos e obras de 1 Lei Nacional do Saneamento Básico responsável por estabelecer diretrizes nacional para o saneamento básico. 12 saneamento influenciam diretamente na atividade destes organismos sobre o ser humano. 2.1.1 Investimentos em saneamento básico A Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou um estudo em 2018 intitulado de “Saneamento Básico: uma agenda regulatória e institucional”, o qual afirma que de acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) ser necessário aumentar os investimentos na expansão de saneamento para que se cumpra a meta de garantir que até 2023 todo o território nacional seja abastecido com água potável e até 2033 para que 92% do esgoto seja tratado (CNI, 2018). Investimentos para universalizar o setor de saneamento básico, como água e esgoto faria com que se diminuíssem gastos no setor de saúde, cerca de 1,45 bilhão de reais (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2017). Todos ganham com a expansão do saneamento: as pessoas, as empresas, as cidades, o país. Ampliar o atendimento dos serviços de água e saneamento representa ganhos diretos em termos de saúde, tais como: queda da mortalidade infantil, redução da incidência de doenças de veiculação hídrica (diarreia, vômitos) e, como consequência, diminuição dos custos com saúde (menor volume de gastos com médicos, internações e medicamentos) (CNI, 2018, pág. 14). Tendo em vista a exposição dos autores acima é de suma importância ressaltar que o Governo Federal por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) desde 2007 vem investindo, cerca de 70 bilhões de reais, em recursos para este setor, porém para o Plansab seria necessário acelerar as obras relacionadas ao saneamento básico para que em 2033 se tenha 100% da água tratada e 92% de esgoto tratado em todo o território nacional (INSTITUTO TRATA BRASIL 2018). 2.2 A água como fator de desenvolvimento social, indicador de saúde e via de transmissão de doença A utilização do saneamento num contexto socioambiental trabalha como instrumento de melhoria da saúde. A qualidade da saúde das pessoas tem influência 13 significativa das condições socioeconômicas. Grande parte da carga das doenças ocorre por causa das condições em que as pessoas nascem, vivem e envelhecem (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). De acordo com o Ministério da Saúde (2013), os fatores econômicos influenciam diretamente em vários processos que afetam a saúde humana, são elas as forças motrizes cujas ações estão previstas nas políticas públicas como, a Lei da Política Nacional de Meio Ambiente, da Saúde, da Educação e da Política Federal de Saneamento Básico, que servem de base para o desenvolvimento das ações setoriais com participação social que concretizam o acesso à saúde. Para a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) um grande fator de risco à saúde é o crescimento demográfico em uma região com baixa aptidão para criação de infraestrutura. É o que se observa em zonas periféricas em países como o Brasil, onde há uma grande concentração de pessoas em uma região com carência dos serviços essenciais, levando os moradores a uma maior exposição a resíduos sólidos descartados em locais inadequados, água sem tratamento, esgotamento sanitário falho entre outros, tornando o ambiente insalubre (OPAS, 2010 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). 2.3 Qualidade da água para consumo humano Água para consumo humano é aquela que pode ser usada para ingerir, higiene pessoal, preparar e produzir alimentos, desta maneira toda água distribuída para a população deve ser controlada, uma vez que enfermidades advindas da água se dá por sua qualidade, ingestão e uso. Para que a água seja considerada potável é necessário que ela atenda os padrões estabelecidos pela Portaria GM/MS nº 2.914/2011 a qual “dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Para atender a estes padrões e procedimentos a Agência Nacional de Águas (ANA) é quem controla a qualidade das águas subterrâneas e superficiais de todo o país, seu principal indicador que mostra se a água está boa ou não é o Índice de Qualidade das Águas (IQA), entre os principais parâmetros analisados tem-se: pH, oxigênio dissolvido (OD), demanda químicade oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), turbidez, temperatura entre outros (ANA, 2018). 14 A interpretação dos resultados da avaliação do IQA deve levar em consideração este uso da água. Por exemplo, um valor baixo de IQA indica a má qualidade da água para abastecimento, mas essa mesma água pode ser utilizada em usos menos exigentes, como a navegação ou geração de energia (ANA, 2018). A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda 110 litros/dia de consumo de água para suprir necessidades básicas e como forma para conscientizar seu uso, os países membros reafirmaram em 2015 a necessidade da gestão sustentável da água potável como forma de assegurar sua disponibilidade no futuro. Por meio da Plataforma Agenda 2030, a qual possui 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como saúde, educação, energia acessível, água potável e saneamento sendo estes dois últimos o objetivo de número 6 que trata da importância da existência de saneamento para todos (ONU, 2018). O Instituto Trata Brasil (2018) relata que mais de 35 milhões de brasileiros não tem acesso à água tratada, o qual cerca de 15% representa a parcela de jovens e adolescentes, isto mostra um grande problema que países em desenvolvimento, como o Brasil, enfrentam, uma vez que há um crescimento populacional em regiões carentes de saneamento básico. Ainda de acordo com o Instituto Trata Brasil (2018), aproximadamente 55% da região Norte do Brasil é abastecida com água tratada, 73% para o Nordeste, 91% para o Sudeste, 90% para o Sul e 90% para o Centro- Oeste. Esta diferença de dados principalmente em relação ao Norte, se dá por conta do grande volume de perda de água tratada durante a sua distribuição. A região Norte, como exemplificada, perde cerca de 48% de sua água tratada, isso de dá por meio de vazamentos, medição incorretas nos hidrômetros ou até mesmo ligações clandestinas (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2018). No tópico 4.1. será apresentado todas as etapas necessárias para se tratar a água, bem como o que cidades como Indaiatuba/SP têm feito para contribuir com a diminuição de perda de água durante sua distribuição. 2.4 Saneamento e sistema de esgoto sanitário SABESP (2012) define esgoto como “resíduos líquidos provenientes de indústrias e domicílios e que necessitam de tratamento adequado para que sejam removidas as impurezas”, para assim serem lançado nos rios, mares e lagos sem 15 causarem prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente. A Organização das Nações Unidas no Brasil (ONUBR), relatou em um estudo realizado em 2014, que “para cada dólar investido em água e saneamento, economiza-se 4,3 dólares em saúde global”, tendo em vista que o acesso a saneamento básico, principalmente a tratamento e coleta de esgoto, promove a qualidade de vida como também diminuição com gastos hospitalares, uma vez que, o corpo ao entrar em contato com o esgoto pode acarretar enfermidades como diarreia, esquistossomose, dengue, cólera, hepatite entre outros. O Instituto Trata Brasil (2018) afirma que apenas 68% da população mundial possui acesso adequado a esta qualidade de saneamento. Observa-se que desde o ano 2000 houve um aumento no fornecimento de saneamento básico para a população, porém, de acordo com as Organizações das Nações Unidas do Brasil (2017) nem sempre o saneamento fornecido é seguro, isto se evidencia que até o ano de 2017, cerca de 361 mil crianças de até cinco anos de idade ainda morrem devido a diarreia – veiculação hídrica em virtude da ausência de saneamento. De acordo com Temporim (2018)2, um dos maiores problemas a se considerar quando se fala de esgoto, é a dificuldade em tratar esgoto proveniente de outros países. Aeroportos, por exemplo, recebem em suas aeronaves uma grande quantidade de excretas de pessoas que residem em outros países, cujas bactérias (produzidas pelo próprio corpo humano) estão climatizadas de acordo com o que está no naquele país e com a alimentação das pessoas. Esgoto tratados em aeroportos são diferentes dos tratamentos realizados nas Estações de Tratamento de Esgoto do Brasil, o que, muitas vezes, cabe a empresas internacionais realizarem este tipo de tratamento em aeroportos, pois além de ser um tratamento diferente, pode ser extremamente patogênico. Desta forma, mais uma vez, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se fazem de fundamental importância para erradicar, até o ano de 2030, problemas de saúde advinda da ausência ou má fornecimento de saneamento, como também promover a distribuição de água e esgoto, assegurando qualidade e reduzindo a poluição (principalmente do despejo de resíduos em rios, lagos e mares) (ONUBR, 2018). 2 TEMPORIM, Djanira. Professora Esp. da disciplina de Sistema de Tratamento de Água e Esgoto do curso de Engenharia Civil da Universidade Paulista – UNIP. Nota de aula em 24 de Outubro de 2018. 16 3 CRESCIMENTO ECONÔMICO E A PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS Com uma preocupação relevante em relação à escassez dos recursos naturais, o consumo e demanda dos recursos hídricos tem sido monitorado e controlado mais severamente nos últimos anos, isto porque os custos com águas poluídas podem se tornar cada vez mais relevantes, afetando até mesmo a implantação de algumas indústrias que demandam grande quantidade de água para seu funcionamento e operações (OCDE, 2010 apud SCHMITZ; BITTENCOURT, 2017). No Brasil, a cobertura de saneamento ainda possui elevado déficit, o que resulta diretamente no lançamento de esgoto doméstico sem tratamento nos mananciais, o que é um problema ainda maior, uma vez que os mananciais são os principais responsáveis pela disponibilidade da água. Um fator também muito importante que tem que ser levado em conta é a transposição de bacias que podem transferir água de um manancial para outro, poluindo e gerando maiores custos de tratamento. Além disso, o sistema de abastecimento de água, tanto potável quanto tratada, ainda é extremamente falho, possuindo muita perda de água durante sua distribuição (BITTERNCOURT; SCHMITZ, 2017). Com base numa preocupação atual, futura e socioeconômica dos recursos hídricos, a cobrança por uma gestão vem sendo acentuada e implementada em vários estados brasileiros. 3.1 Gestão dos recursos hídricos numa perspectiva de sustentabilidade Para a evolução dos povos, a água tem sido fator determinante e em conjunto aos fatores socioeconômicos, dá suporte necessário às atividades humanas, as quais impactam diretamente seu uso. No entanto, a água, por sua vez, tem se tornado um recurso mais escasso a cada dia, tornando-se um desafio, juntamente com a contaminação e poluição das mesmas (PEIXINHO, 2015). Essa crise hídrica decorre do modelo de desenvolvimento adotado, sendo necessário uma mudança de concepção que já ocorre atualmente, porém ela ocorre de forma não simétrica, a qual refere-se a uma exploração disciplinada e metódica 17 que integre o meio físico com o meio socioeconômico (LEAL, 1998 apud PEIXINHO, 2015). Ainda de acordo com Leal (1998 apud Peixinho, 2015), os problemas referentes a água dizem respeito a demanda e oferta. O consumo de produtos tem sido constante e crescente e com a urbanização cada vez mais desordenada e sem planejamento, o que produz metrópoles com grandes problemas ambientais, como falta de saneamento básico, o que produz enchentes, desmatamento, assoreamento dos cursos d’água, despejo de água inadequado, entre outros, consequentemente agrava ainda mais esse quadro de problemas. Por esta perspectiva, deve-se buscar uma diferenteforma de desenvolvimento que utilize novos caminhos tecnológicos junto a um novo desenho institucional que gere uma menor degradação ao meio ambiente, em uma visão mais sustentável. No entanto, não há um modelo de um sistema ser totalmente sustentável de acordo com a lei de conservação de energia, o que se almeja é um maior grau possível de sustentabilidade (LEAL, 1998 apud PEIXINHO, 2015). Peixinho (2015) destaca que um modelo eficiente de gestão dos recursos hídricos deve prever como gestão territorial as bacias hidrográficas por ela ter uma grande extensão, na qual correm muitos fenômenos físicos. Existem certas particularidades nesse modelo de gestão as quais seguem os mesmos princípios de gestão ambiental, seja ela de qualquer recurso, entre eles: abordagem integrada nos diferentes níveis, articulação entre as diferentes entidades intervenientes, gestão por bacias hidrográficas, reconhecimento da água como um bem econômico, ênfase na gestão da demanda, supervisão e controle do sistema de gestão pelo poder público. De acordo com Sachs (2002) para alcançar o desenvolvimento sustentável, devem-se atentar para oito vertentes da sustentabilidade que não devem ser ignoradas: social, cultural, ecológica, ambiental, territorial, econômica e política nacional e internacional. No âmbito social, Sachs (2002) acredita que deve existir uma diminuição da diferença de distribuição de renda, diminuindo a diferença social existente entre ricos e pobres, tornando mais igualitário o acesso aos recursos e aos serviços sociais. No âmbito cultural, deve-se prever soluções específicas para cada local, considerando o ecossistema e preservação cultural. No que se refere a ecologia, refere-se a várias medidas ambientais que devem limitar o uso dos recursos não renováveis e preservar a capacidade ecológica existente do planeta (SACHS, 2002). 18 Outra forma de grande relevância do pensamento de Sachs (2002) a se considerar é a vertente territorial e econômica, as quais preveem uma eliminação da disparidade de distribuição dos territórios, deixando áreas ambientalmente mais expostas mais protegidas e aliada a uma capacidade de modernização contínua, investindo em pesquisas científicas. Na vertente política, faz-se necessário a participação política e da população em todos os processos de construção e aplicação de políticas par gestão ambiental. Ao destacar essas dimensões, Sachs (2002) deixa claro que é preciso respeitar os espaços, pessoas e culturas para se alcançar um maior nível de sustentabilidade, sem deixar de passar por uma metamorfose profunda no pensamento existente, entendendo que é necessário mudanças na conjuntura do pensamento e políticas atuais para alcançar o objetivo. No Brasil, em 10 de julho de 1934, foi estabelecido pelo decreto federal o Código das Águas, um marco na evolução na legislação onde se definiu as propriedades da água: águas públicas de uso comum (canais, lagos, correntes entre outros) e águas particulares. O Código também considera que o uso da água deve ser prioritariamente público (PEIXINHO, 2015). 3.2 Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos para o século XXI Seja para consumo humano, utilização para processos de produção ou outras finalidades, a água tem sido cada vez mais utilizada a cada ano no Brasil, de forma significativa. Porém a quantidade de água potável que satisfaça os padrões de qualidade para desenvolver determinadas atividades continua o mesmo (LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011). Os investimentos no Brasil em saneamento básico nas décadas passadas foram em períodos específicos, como por exemplo nas décadas de 1970 e 1980 onde havia uma visão diferenciada que predominava, cujos avanços na área de saneamento de básico e abastecimento de água resultariam em uma redução das taxas de mortalidade (SOARES; BERNARDES; CORDEIRO NETTO, 2002 apud LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011). Hoje existe maior atenção do governo em relação aos investimentos, que devem atender os padrões mínimos de qualidade pela legislação dos setores 19 existentes afim de preservar e garantir a sustentabilidade dos mesmos, além dos benefícios esperados, como melhoria dos índices de saúde pública e qualidade da água (LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011). Ainda de acordo com Leoneti, Prado e Oliveira (2011), o abastecimento da água e saneamento tem impacto direto na qualidade de vida, trabalho, saúde e educação, os quais não estão disponíveis de forma igualitária, possuindo então um déficit muito grande ao acesso de coleta e tratamento de esgoto, principalmente em relação a população de baixa renda, sendo o maior desafio para uma maior cobertura desses serviços. O Gráfico 1 mostra a quantidade de investimentos que são precisos para tornar igualitário o saneamento básico no Brasil. É possível analisar que as regiões Norte e Nordeste necessitam de um maior investimento, indicando a desigualdade no país originada pela menor renda per capita regional. A região Norte é a que mais necessita de investimentos, em torno de R$ 641 per capita, em contrapartida a região Sudeste necessita do menor investimento, cerca de R$ 358 (GRÁFICO 1). GRÁFICO 1 – Investimentos necessários Fonte: AESBE (2006). Adaptado Para alcance da universalização dos serviços de água e esgoto até 2025, no Brasil, seria preciso um investimento de 11 bilhões de reais em média, todos os anos desde 2006 até 2024, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (AESBE, 2006), porém conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2007) foi investido somente 4,5 R $ 6 4 1 ,0 0 R $ 3 9 5 ,0 0 R $ 3 5 8 ,0 0 R $ 4 8 1 ,0 0 R $ 5 3 4 ,0 0 15% 13% 4% 8% 9% 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% R$0,00 R$100,00 R$200,00 R$300,00 R$400,00 R$500,00 R$600,00 R$700,00 Investimento per capita (R$) Proporção da renda per capita (%) 20 bilhões de reais no setor de saneamento, menos da metade necessária para tornar universal os serviços até 2025. Observa-se que em 2000, apenas 20,2% dos municípios do Brasil tinham coleta e tratamento de esgoto, 32% possuiam coleta mas não tratavam o esgoto e o restante, 47,8%, não possuíam sequer coleta de esgoto, sendo o rio e o mar os seus principais receptores (UNDP, 2000 apud LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011) (TABELA 1). TABELA 1 – Coleta e tratamento de esgoto nos municípios brasileiros REGIÃO Percentual de municípios (%) Com coleta e tratamento de esgoto Com coleta e sem tratamento de esgoto Sem coleta de esgoto Norte 3,60 3,50 92,90 Nordeste 13,30 29,60 57,10 Sudeste 33,10 59,80 7,10 Sul 21,70 17,20 61,10 Centro-Oeste 12,30 5,60 82,10 Brasil (total) 20,20 32,00 47,80 Fonte: UNDP (2000). Adaptado De acordo com a (AESBE, 2006) em 2006 mais de 95% dos serviços de saneamento eram realizados por organizações provenientes do setor público, menos de 5% eram realizadas por empresas do setor privado, quadro que mudou até 2013, de acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA, 2018), onde as soluções individuais realizadas por empresas privadas subiu mais de 100%, ficando portanto com 12,03% (GRÁFICO 2). 21 GRÁFICO 2 – Índice de atendimento Fonte: www.snirh.gov.br, 2013. Adaptado Nota-se também que atualmente os investimentos dos setores públicos tem gerado bons números em relação ao ano 2000. Dos 87,97% restantes dos serviços realizados pela iniciativa pública, 43,45% dos municípios tem coleta e tratamento,diferente de 20,2% visto anteriormente em 2000, onde mostra também uma redução do esgoto coletado e tratado e não coletado, 18,2% e 26,33% respectivamente. Desta forma, fica evidente o crescimento econômico do saneamento e seus efeitos e no início deste século com expectativas positivas para uma melhora do quadro atual, tendo em vista maiores investimentos e planejamento dos recursos disponíveis com novas estratégias. Solução individual; 12,03% Coletado e não tratado; 18,20% Não coletado; 26,33% Coletado e tratado; 43,45% 22 4 VISITA TÉCNICA Para complemento dos dados e informações, foram realizadas visitas técnicas em estações de tratamento de água e esgoto e, desta forma, serão apresentadas as etapas e processos que envolvem para tratar a água e torná-la potável bem como tratar o esgoto proveniente de seu uso. 4.1 Estação de Tratamento de Água Para melhor entendimento de todos os processos que envolvem tratar a água, foi realizada visita técnica na ETA I Vila Avaí localizada na cidade de Indaiatuba/SP, sendo o Sistema Autônomo de Águas e Esgotos (SAAE) o órgão responsável pela coleta, tratamento e distribuição de água pela cidade. A ETA I conta com o Centro de Controle de Operações (CCO) que permite o monitoramento em tempo real de reservatórios por meio do Sistema Integrado de Monitoramento, Controle, Simulação e Tomado de Decisão (SIMCOST) (SAAE, 2018). A seguir serão apresentados a funcionalidade do CCO bem como os processos para o tratamento de água. 4.1.1 Centro de Controle de Operações De acordo com o SAAE (2018), o CCO é capaz de monitorar em tempo real 56 reservatórios (semienterrado, apoiado e elevado) distribuídos pela cidade, isso só é possível pois cada reservatório possui uma sonda pendular capaz de medir os metros de coluna d’água (mca), convertendo o sinal analógico em digital (comunicação via radiofrequência). Todas as informações como vazões, níveis, funcionalidade da bomba entre outros são centralizadas nos monitores da ETA I possibilitando a otimização da distribuição de água, simulações e até mesmo melhoramento dos sistemas de bombeamento (FIGURAS 1 – 4). Implantado no ano de 2011, o CCO conta também com registros em um banco de dados onde é possível coletar informações da rede de distribuição de toda a cidade (aproximadamente 1014km de rede incluindo adutoras e ramais), de modo a facilitar manobras de rede, encontrar vazamentos ou problemas com a água tratada (SAAE, 2018). 23 FIGURA 1 – Reservatórios Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 2 – Macro bombas Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 3 – Macro enlace Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 4 – Macromedidores Fonte: Próprio autor (2018). O CCO foi umas das medidas desenvolvidas pelo Programa de Redução de Perdas que possui como objetivo principal reduzir perdas de água tratada na distribuição e “diminuir o desperdício de água tratada, visando minimizar os problemas com a escassez hídrica, aumentando a vida útil dos mananciais com a redução do volume de água a ser captada e tratada” (SAAE, 2018). Este programa conta também com a setorização da cidade de modo a facilitar o monitoramento e controle da vazão na rede, evitando assim possíveis vazamentos ou rompimentos na rede de distribuição, instalação de válvulas redutoras de pressão e substituição gratuita de hidrômetros com 5 anos ou mais de uso (medição correta do consumo evitando perdas). De acordo com a SAAE (2018) a cidade de Indaiatuba não sofreu problemas com a crise hídrica do ano de 2013, pois a gestão 24 e monitoramento de toda a rede de distribuição fez com que a cidade ficasse sempre abastecida. 4.1.2 Tratamento de água Conforme informações obtidas por meio dos dados do SAAE, a ETA I Vila Avaí, inaugurada em 1974, capta água bruta do Rio Capivari-Mirim (60%) e das Represas do Cupini e Morungaba (40%), de classes II e I, respectivamente. Com capacidade de tratamento de 400L/s, esta ETA é responsável por abastecer a região central e norte da cidade de Indaiatuba (SAAE, 2018) (FIGURAS 5 – 7). FIGURA 5 – ETA I Vila Avaí Fonte: SAAE, 2018. Adaptado FIGURA 6 – Rio Capivari-Mirim Fonte: SAAE, 2018. Adaptado FIGURA 7 – Represas do Cupini e Morungaba Fonte: SAAE, 2018. Adaptado 25 A seguir serão apresentadas as etapas de tratamento convencional utilizadas nesta planta (FIGURA 8) e para um melhor entendimento foi criado um fluxograma destas etapas (APÊNDICE A). FIGURA 8 – ETA I Vila Avaí (aérea) Fonte: SAAE, 2018. Adaptado A primeira etapa, conhecida como Pré-Cloração, faz com que a água após represada seja encaminhada para a ETA I, passando pela Calha Parshall que irá medir a vazão de entrada no sistema (FIGURA 9). FIGURA 9 – Calha Parshall Fonte: Próprio autor (2018). Calha Parshall Medidor de vazão ETA I Vila Avaí 26 Na Pré-Cloração é adicionado o cloro líquido (efeito oxidante) que irá remover os materiais orgânicos e inorgânicos presentes na água, hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), que irá controlar o pH da água e o coagulante Policloreto de Alumínio (PAC), responsável pelo bom padrão de qualidade da água e por formar pequenos flocos, este último é a etapa chamada de Coagulação (FIGURA 10). FIGURA 10 – Pré-Cloração e Coagulação Fonte: Próprio autor (2018). A Coagulação se dá pela mistura destes produtos químicos por meio do ressalto hidráulico presente após a Calha Parshall (FIGURA 11). FIGURA 11 – Ressalto hidráulico Fonte: Próprio autor (2018). Ressalto hidráulico PAC Ca(OH)2 Cloro líquido PAC 27 Após a Coagulação a água segue para a fase de Floculação, caracterizada por serem tanques de mistura dividido em 2 módulos iguais, que se encarregam de aglutinar as impurezas, formando flocos cada vez mais grandes e densos, uma vez que, os floculadores possuem pás que irão movimentar a água, facilitando esse processo de mistura. SAAE (2018) afirma que se acrescenta polímero na mistura para ajudar na densidade dos flocos (FIGURAS 12 e 13). FIGURA 12 – Floculação Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 13 – Adição de polímero Fonte: Próprio autor (2018). Em razão de os flocos serem mais densos que a água, eles acabam por serem depositados no fundo do reservatório, etapa do processo de tratamento conhecida como Decantação (FIGURAS 14 e 15). Os vertedores lançam a água superficial para e etapa de filtração. FIGURA 14 – Decantadores Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 15 – Detalhe final do decantador Fonte: Próprio autor (2018). Vertedores Motor que gira as pás Flocos Adição de polímero Tanque floculador Decantadores 28 Em seguida a água, já considerada clarificada, passa pela Filtração, que são camadas de carvão, areia fina, areia grossa e pedregulho que irão retirar os microrganismos remanescentes do tratamento (FIGURAS 16 e 17). FIGURA 16 – Camadas da filtração Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 17 – Água após filtração Fonte: Próprio autor (2018). A cada 24 horas realiza-se a retrolavagem dos filtros de forma a retirar as impurezas que ficaram suspensas no próprio filtro. Esta água volta para o processo e é considerada um tipo de perda já que não vai para a população (SAAE, 2018). Após a água ser filtrada ela é encaminhada a um tanque subterrâneo chamado de Tanque de Contato, responsável por realizar a desinfecção final, com correção de cloro residual (0,20mg éo suficiente para eliminar possíveis microrganismos até chegar nas residências), aplicação de flúor para redução de cáries dentárias (fluoretação) e hidróxido de cálcio (controle de pH). Já o lodo presente no fundo do reservatório da etapa de Decantação é lançado no Tanque de Armazenagem de Lodo, assim como a água proveniente da lavagem dos filtros (FIGURA 18). De acordo com o SAAE (2018) cerca de 5 a 10 toneladas por dia de lodo são lançados diariamente neste tanque, onde o material é adensado em seu interior e bombas do tipo helicoidais bombeiam este material para as centrifugas (desidratação). A água superficial, considerada limpa, volta para o tratamento e o lodo seco vai para o aterro sanitário. Concluído todo o processo de tratamento, a água tratada é conduzida aos reservatórios da cidade por meio de adutoras (tubulações de grandes diâmetros) que em seguida serão distribuídas a população por meio das redes de distribuição (tubulações de pequenos diâmetros). Água límpida Camadas 29 FIGURA 18 – Tanque de Armazenagem de Lodo Fonte: Próprio autor (2018). 4.2 Estação de Tratamento de Esgoto Realizou-se visita técnica na Estação Produtora de Água de Reuso (EPAR) Capivari II localizada na cidade de Campinas/SP, a qual apresentou todas as etapas necessárias para tratar o esgoto bruto (doméstico e não-doméstico) que chega de toda a cidade em esgoto tratado que será lançado no Rio Capivari ou utilizado como água de reuso, desde fornecimento para rede de incêndio, limpeza de galerias, ruas, jardinagem entre outros. Seu reuso só é possível pois a EPAR utiliza a tecnologia MBR (Biorreator com Membranas de Ultrafiltração), a qual não necessita de uma grande área para implantar seus sistemas e processos, e faz com que o esgoto tratado saia com 99% de pureza, contribuindo não só para a qualidade de vida da população e meio ambiente como também gerando receita para a cidade, uma vez que a água de reuso pode ser vendida e a estação recebe esgoto não-doméstico via caminhão que é diluído aos poucos no esgoto doméstico e assim tratado (SANASA, 2018). Com início do sistema preliminar em dezembro de 2011, a EPAR tem capacidade para tratar 360L/s de esgoto doméstico e não-doméstico (diluído no doméstico) em virtude de sua tecnologia MBR e consequentemente dos seus processos de tratamento, porém trata atualmente apenas 190L/s e produz cerca de 750ton/mês de lodo (SANASA, 2018). A seguir serão apresentadas as etapas de tratamento utilizada nesta planta (FIGURA 19). Lodo que vem do decantador e dos filtros Bóia 30 FIGURA 19 – EPAR Capivari II Fonte: www.tratamentodeagua.com.br, 2017 Esta planta possui dois tanques de água, sendo uma potável e outra de reuso, de acordo com a SANASA (2018) não é utilizado a correção de pH para tratar o esgoto bruto, apenas adiciona-se cloro à medida que for para a atividade de uso (incêndio, jardinagem, limpeza de ruas entre outros), já a água que vai para o Rio Capivari não é clorada (FIGURA 20). É de suma importância ressaltar que todos os processos passam por análises químicas e biológicas como OD, DBO, pH, turbidez, temperatura entre outros (EPAR, 2018). FIGURA 20 – Correção de pH e tanques Fonte: Próprio autor (2018). Tanques de água potável e de reuso Tanques de correção de pH EPAR Capivari II 31 A primeira etapa é conhecida como Sistema Preliminar (FIGURA 21), a qual é subdividida em quatro processos, possuem a função retirar resíduos grosseiros e finos (destinados a aterros sanitários) bem como medir a vazão do início do sistema (SANASA, 2016): • Grades cremalheiras: automatizadas com abertura de 15mm, responsáveis pela retirada dos resíduos sólidos grosseiros (FIGURAS 22 e 23), quando necessário aplica-se o coagulante policloreto de alumínio (PAC) (FIGURA 24). O resíduo contido é lançado em canaletas que ficam do lado externo do sistema. • Peneiras rotativas: com malha circular de 2mm, são capazes de retirar os resíduos sólidos mais finos (FIGURAS 25 e 26). • Calha Parshall: realiza a medição de vazão de entrada no sistema de tratamento. Até o momento não é aplicado nenhum tipo de coagulante nesta etapa (FIGURA 27). • Caixas de areia: com dimensões de 5m x 5m e uma pá rotativa, são responsáveis por reter os resíduos menores que não foram retirados nas etapas anteriores (FIGURA 28). A baixa velocidade deste processo faz com que as partículas se depositem no fundo da caixa, que é constantemente raspada, e por meio de uma canaleta seu resíduo é lançado em uma caçamba que posteriormente será destinada ao aterro sanitário (FIGURA 29). FIGURA 21 – Sistema Preliminar Fonte: Próprio autor (2018). Caixas de Areia Destinação: aterro sanitário 32 FIGURA 22 – Grades cremalheiras Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 23 – Detalhe do gradeamento Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 24 – Armazenamento de coagulante Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 25 – Peneiras rotativas Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 26 – Resíduos sólidos Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 27 – Calha Parshall Fonte: Próprio autor (2018). Não se aplica coagulante Calha Parshall Resíduos retirados após peneira Gradeamento Tanques Coagulantes Bomba da grade Peneiras 33 FIGURA 28 – Caixa de areia e caçamba Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 29 – Resíduo após caixa de areia Fonte: Próprio autor (2018). Após o Sistema Preliminar, o esgoto bruto passa pelo Sistema Biológico que possui também diversos processos, que são reatores para diversas situações e condições: anaeróbia, anóxica (condição de baixa oxigenação) e aerado (FIGURAS 30 – 33). Esta etapa do tratamento é responsável por remover nutrientes e matérias orgânicas com capacidade de 365L/s dividido em 2 módulos iguais (SANASA, 2016). Contendo misturadores submersos, faz com que o nível de oxigênio seja estável, permitindo desta forma a existência de bactérias e microrganismos que irão digerir a matéria orgânica presente (FIGURA 34), assim como difusores de bolhas finas nos tanques de aeração, responsáveis por manterem a agitação nos reservatórios, que também irão auxiliar na produção de bactérias (FIGURA 35). FIGURA 30 – Funcionamento do Sistema Biológico Fonte: SANASA (2016). Adaptado RETORNO DE LODO PERMEADO Destinação: aterro sanitário Resíduo 34 FIGURA 31 – Sistema Biológico Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 32 – Tanque anaeróbico e anóxico Fonte: SANASA (2016). Adaptado FIGURA 33 – Tanque de aeração Fonte: SANASA (2016). Adaptado FIGURA 34 – Misturadores submersos Fonte: SANASA (2016). Adaptado FIGURA 35 – Difusores de bolhas finas Fonte: SANASA (2016). Adaptado Tanque de Aeração cheio Tanque de Aeração Tanques de Membranas Esgoto bruto que vem da caixa de areia Tanque Anaeróbico Tanque Anóxico Tanque Anaeróbico Tanque Anóxico Tanque de Aeração vazio 35 De acordo com valores de projeto apresentados pela SANASA (2018), a água fica retida cerca de 12 horas e o lodo por 18 dias. Com baixo investimento financeiro e consumo energético, estes difusores de bolhas finas são uma boa escolha para a funcionalidade econômica da planta (FIGURA 35). Em seguida o esgoto vai para o Tanque de Membranas, e é neste processo que a EPAR Capivari II possui seu diferencial: ultrafiltração por meio de membranas filtrantes (FIGURA 36). São estas membranas que irão separar as partículas sólidasdas líquidas, responsáveis pela qualidade do esgoto tratado. Caracterizadas por serem fibras ocas com bilhões de poros, cerca de 0,04 μm, as membranas retêm os microrganismos e permitem a passagem do esgoto tratado em seu interior (FIGURA 37). É a partir desta etapa que se pode utilizar o efluente para fins não potáveis (SANASA, 2018). FIGURA 36 – Módulo de membrana filtrante Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 37 – Detalhe da membrana filtrante Fonte: Próprio autor (2018). Resistentes ao cloro e outros oxidantes (PVDF), as membranas (também chamadas de cassete de membranas quando instaladas em conjuntos) possuem ciclo de filtração de 12 minutos, sendo 11 minutos e 30 segundos de passagem do esgoto pelas membranas e 30 segundos de relaxamento (momento em que não há passagem de esgoto), e a cada 10 relaxamentos o sistema realiza a retrolavagem, momento em que o efluente atravessa a membrana na direção contrária do sentido Fibra oca 36 de tratamento para retirar microrganismos e impurezas que ficaram suspensas nas membranas (SANASA, 2016). Ainda de acordo com a SANASA (2016) a EPAR Capivari II possui 6 trens de processos (conjunto de cassetes) com 8 cassetes de 48 módulos cada, totalizando uma área de filtração 72.000 m² aproximadamente. Após o Tanque de Membranas o efluente tratado é destinado a um reservatório enterrado (Tanque de Reuso) de capacidade de 500.000 litros, o qual recebe uma pequena quantidade de hipoclorito de sódio (NaClO) necessária apenas para manter o cloro residual no efluente (FIGURAS 38 e 39). Deste reservatório a água de reuso é bombeada para o reservatório elevado da própria estação e para o abastecimento onde o caminhão tanque irá retirar (FIGURA 40). Já o efluente que não é utilizado como água de reuso é direcionado ao Rio Capivari com boa qualidade (99% de pureza), passando anteriormente pela calha Parshall final (FIGURA 41). FIGURA 38 – Tanque de reuso Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 39 – Tanque de desinfecção Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 40 – Reservatórios elevados Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 41 – Calha Parshall final Fonte: Próprio autor (2018). Ponto de abastecimento de caminhões Reservatório enterrado Reservatórios elevados Tanque de Desinfecção Calha Parshall final 37 Após realizado todo o processo de tratamento do esgoto é possível ver a qualidade do esgoto tratado pela EPAR (FIGURA 42), evidenciando assim que 99% das purezas são eliminadas e o esgoto está pronto para ser lançado no Rio Capivari com boa qualidade ou utilizado como água de reuso. Cidades da região como Monte Mor, Hortolândia, Rafard, Capivari e Mombuca são beneficiadas por esta estação de tratamento de esgoto (SANASA, 2015). FIGURA 42 – Comparação visual Fonte: SANASA (2016). Adaptado Já o lodo final que é composto por 85% de umidade e 15% de sólidos, é desidratado por meio de centrifugas e destinado a caçambas que posteriormente serão enviadas a aterro sanitários (SANASA, 2018) (FIGURAS 43 e 44). Para uma melhor compreensão criou-se um fluxograma das fases desta planta (APÊNDICE B). FIGURA 43 – Centrífugas Fonte: Próprio autor (2018). FIGURA 44 – Desidratação de lodo Fonte: Próprio autor (2018). Centrífugas Caçambas 38 5 ESTUDO DE CASO Para o dimensionamento de toda a rede de distribuição de água, objetivo deste estudo de caso, escolheu-se uma cidade que no ano de 1991 apresenta-se mais de 400 mil habitantes entre homens, mulheres e nascidos mortos, e por meio dos métodos de previsão de demanda de população, calculou-se as populações para os anos de 2020, 2030 e 2040. Existem diversos métodos para o cálculo de população, dentre eles (FAIR et al, 1968; CETESB, 1978; BARNES et al, 1981; QASIM, 1985; METCALF & EDDY, 1991 apud TOMAZ, 2008): • Crescimento aritmético. • Crescimento geométrico. • Taxa decrescente de crescimento. • Crescimento logístico. • Método da razão e correlação entre outros. Neste estudo de caso, escolheu-se utilizar os métodos de Crescimento logístico e Taxa decrescente de crescimento, os quais os cálculos serão apresentados a seguir e a partir disso, será dada a decisão sobre qual população se irá calcular a rede de distribuição. Optou-se pela cidade de Santo André/SP, apenas para fins de cálculos (TABELA 2): TABELA 2 – Dados populacionais de Santo André/SP ANO (t) HOMENS MULHERES NASCIDOS MORTOS TOTAL (P) t0 = 1991 302.724 314.267 6.690 P0 = 623.681 t1 = 2000 313.815 335.516 5.812 P1 = 655.143 t2 = 2010 324.458 351.949 4.082 P2 = 680.489 Fonte: ATLAS BRASIL (2013). Adaptado 39 5.1 Crescimento logístico O cálculo pelo método do Crescimento logístico se dá pela Equação (5.1): PS = 2 ∙ P0 ∙ P1 ∙ P2 - P1 2 ∙ (P0 + P2) P0 ∙ P2 - P1 2 (5.1) Onde: PS = população de saturação (hab); P0, P1 e P2 = populações nos anos t0, t1 e t2 (hab); Substituindo os valores da Tabela 2 na Equação (5.1): PS = 2 ∙ 623.681 ∙ 655.143 ∙ 680.489 - 655.1432 ∙ (623.681 + 680.489) 623.681 ∙ 680.489 - 655.1432 PS = 763.886 hab A partir da população de saturação, calcula-se o coeficiente c (Equação 5.2): c = (PS - P0) P0 (5.2) Onde: c = variável; PS = população de saturação (hab); P0 = população no ano t0 (hab); Substituindo os valores da Tabela 2 e da Equação (5.1) na Equação (5.2): c = (763.886 - 623.681) 623.681 = 0,2248 40 Através da Equação (5.3) calcula-se o coeficiente de taxa de crescimento: k1 = 1 t2 - t1 ∙ ln [ P0 ∙ (PS - P1) P1 ∙ (PS - P0) ] (5.3) Onde: k1 = coeficiente de taxa de crescimento; PS = população de saturação (hab); P0, P1 e P2 = populações nos anos t0, t1 e t2 (hab); Substituindo os valores da Tabela 2 e da Equação (5.1) na Equação (5.3): k1= 1 2010 - 2000 ∙ ln [ 623.681 ∙ (763.886 - 655.143) 655.143 ∙(763.886 - 623.681) ] = - 0,0303 Em seguida calcula-se o tempo de inflexão de acordo com a Equação (5.4): tinf = [t0 - ln(c) k1 ] (5.4) Onde: tinf = tempo de inflexão (anos); c = variável; k1 = coeficiente de taxa de crescimento; t0 = ano da população P0 (ano); tinf = [1991 - ln(0,2248) - 0,0303 ] = 1.942 anos Conclui-se que no ano de 1942 a população sofreu um declínio populacional. Para o cálculo das populações futuras, utilizou-se a Equação (5.5): Pt = Ps 1 + c ∙ ϵ k1 ∙ (t - t0) (5.5) 41 Onde: Pt = população futura (hab); PS = população de saturação (hab); c = variável; k1 = coeficiente de taxa de crescimento; t0 = ano da população P0 (ano); t = ano da população desejada (ano); Substituindo os valores já encontrados na Equação (5.5) descobre-se as populações futuras para os anos de 2020, 2030 e 2040: P2020 = 763.886 1 + 0,2248 ∙ ϵ-0,0303 ∙ (2020 - 1991) = 698.656 hab P2030 = 763.886 1 + 0,2248 ∙ ϵ-0,0303 ∙ (2030 - 1991) = 714.607 hab P2040 = 763.886 1 + 0,2248 ∙ ϵ-0,0303 ∙ (2040 - 1991) = 726.865 hab 5.2 Taxa decrescente de crescimento O outro método de calculo das populações é chamado de Taxa decrescente de crescimento, calculado por meio da Equação (5.6): kd = - ln [ (PS - P2) (PS - P0) ] (t2 - t0) (5.6) Onde: kd = coeficiente de taxa decrescente de crescimento; PS = população de saturação (hab); P0 e P2 = populações nos anos t0 e t2 (hab); Substituindoos valores da Tabela 2 e da Equação (5.1) na Equação (5.6): 42 kd = - ln [ (763.886 - 680.489) (763.886 - 623.681) ] (2010 - 1991) kd = 0,0273 Para o cálculo das populações futuras, utilizou-se a Equação (5.7): Pt = P0 + (PS - P0) ∙ [1 - ϵ - kd ∙ (t - t0)] (5.7) Onde: Pt = população futura (hab); PS = população de saturação (hab); kd = coeficiente de taxa decrescente de crescimento; t0 = ano da população P0 (ano); t = ano da população desejada (ano); Substituindo os valores já encontrados na Equação (5.7) descobre-se as populações futuras para os anos de 2020, 2030 e 2040: P2020 = 623.681 + (763.886 - 623.681) ∙ [1 - ϵ - 0,0273 ∙ (2020 - 1991)] = 700.363 hab P2030 = 623.681 + (763.886 - 623.681) ∙ [1 - ϵ - 0,0273 ∙ (2030 - 1991)] = 715.539 hab P2040 = 623.681 + (763.886 - 623.681) ∙ [1 - ϵ - 0,0273 ∙ (2040 - 1991)] = 727.089 hab 5.3 Dimensionamento de rede Após o cálculo pelos dois métodos observa-se que em um cenário de maior população se dá pela Taxa decrescente de crescimento no ano de 2040 com 727.089 habitantes, portanto, para os futuros cálculos será utilizada esta população (TABELA 3): 43 TABELA 3 – Populações futuras ANO (t) CRESCIMENTO LOGÍSTICO (hab) TAXA DECRESCENTE DE CRESCIMENTO (hab) t2020 = 2020 698.656 700.363 t2030 = 2030 714.607 715.539 t2040 = 2040 726.865 727.089 Fonte: Próprio autor (2018). Para estudo de caso criou-se uma cidade fictícia com 9 bairros, 1 indústria (230.000 m³/dia), 1 ETA e 2 reservatórios (APÊNDICE C). Considerou-se 4m/s a velocidade máxima de água nas adutoras, 3% do volume tratado necessário para a lavagem dos filtros e a divisão dos habitantes nos bairros em porcentagens (TABELA 4): TABELA 4 – Cidade fictícia BAIRRO q (L/hab.dia) PORCENTAGEM (%) POPULAÇÃO A 270 15% 109.063 B 365 23% 167.230 C 200 8% 58.167 D 250 4% 29.084 E 200 25% 181.772 F 290 9% 65.438 G 300 7% 50.896 H 285 6% 43.625 I 280 3% 21.813 Fonte: Próprio autor (2018). 44 Para o cálculo dos diâmetros, é necessário antes calcular a vazão de cada trecho (APÊNDICE C), por meio da Equação (5.8) utilizada para o cálculo da vazão na rede de distribuição e da Equação (5.9) para o cálculo da vazão do reservatório: Q = k1 ∙ k2 ∙ q ∙ P 86.400 (5.8) Q = k1 ∙ q ∙ P 86.400 (5.9) Onde: Q = vazão (m³/s); k1 = coeficiente de maior dia de consumo (1,25); k2 = coeficiente de maior hora de consumo (1,50); q = consumo per capita (m³/hab.dia); P = população (hab); Inicia-se os cálculos sempre nas extremidades até chegar na captação de água bruta, desta maneira, escolheu-se o Bairro I, por se tratar de uma rede de distribuição, utiliza-se a Equação (5.8): Q1 = QI = 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,28 ∙ 21.813 86.400 = 0,133 m3 s⁄ Segue-se os cálculos para a Q2, utiliza-se a Equação (5.8): Q2 = QI + QH Q2 = 0,133 + ( 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,285 ∙ 43.625 86.400 ) Q2 = 0,133 + 0,270 = 0,403 m 3 s⁄ Segue-se os cálculos para a Q3, utiliza-se a Equação (5.8): 45 Q3 = Q2 + QG Q3 = 0,403 + ( 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,30 ∙ 50.896 86.400 ) Q3 = 0,403 + 0,331 = 0,734 m 3 s⁄ Segue-se os cálculos para a Q4: Q4 = QIND = 230.000 m3 dia = 230.000 86.400 = 2,662 m3 s⁄ Segue-se os cálculos para a Q5, utiliza-se a Equação (5.8): Q5 = Q4 + QF Q5 = 2,662 + ( 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,29 ∙ 65.438 86.400 ) Q5 = 2,662 + 0,412 = 3,074 m 3 s⁄ A Q6 se dá pela soma de todas as vazões em que se dá sua posterior distribuição, considerando apenas o dia de maior consumo (k1) para QF, QG, QH, QI, e hora de maior consumo (k2) para QIND (Q4) por se tratar de uma indústria. Utiliza-se a Equação (5.9): Q6 = QF + QG + QH + QI + QIND Q6 = ( 1,25 ∙ 0,29 ∙ 65.438 86.400 ) + ( 1,25 ∙ 0,30 ∙ 50.896 86.400 ) + ( 1,25 ∙ 0,285 ∙ 43.625 86.400 ) + ( 1,25 ∙ 0,28 ∙ 21.813 86.400 ) + 2,662 Q6 = 3,426 m 3 s⁄ 46 Partindo da outra extremidade, Bairro A, utilizou-se a Equação (5.8): Q11 = QA = 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,27 ∙ 109.063 86.400 = 0,639 m3 s⁄ Segue-se os cálculos para a Q12, utiliza-se a Equação (5.8): Q12 = Q11 + QB Q12 = 0,639 + ( 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,365 ∙ 167.230 86400 ) Q12 = 0,639 + 1,325 = 1,964 m 3 s⁄ Partindo da outra extremidade, Bairro C, utilizou-se a Equação (5.8): Q9 = QC = 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,20 ∙ 58.167 86.400 = 0,252 m3 s⁄ Partindo da outra extremidade, Bairro E, utilizou-se a Equação (5.8): Q7 = QE = 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,20 ∙ 181.772 86.400 = 0,789 m3 s⁄ Segue-se os cálculos para a Q8, utiliza-se a Equação (5.8): Q8 = Q7 + QD Q8 = 0,789 + 1,25 ∙ 1,50 ∙ 0,25 ∙ 29.084 86.400 = 0,947 m3 s⁄ A Q10 se dá pela soma de todas as vazões em que se dá sua posterior distribuição, considerando apenas o dia de maior consumo (k1) para Qc, QD e QE. Utiliza-se a Equação (5.9): 47 Q10 = QC + QD + QE Q10 = ( 1,25 ∙ 0,20 ∙ 58.167 86.400 ) + ( 1,25 ∙ 0,25 ∙ 29.084 86.400 ) + ( 1,25 ∙ 0,20 ∙ 181.772 86.400 ) Q10 = 0,800 m 3 s⁄ A Q13 se dá pela soma de todas as vazões em que se dá sua posterior distribuição, acrescido de 3% para lavagem dos filtros: Q13 = ∑(Q6 + Q10 + Q12) ∙ 1,03 Q13 = ∑(3,426 + 0,800 + 1,964) ∙ 1,03 = 6,376 m 3 s⁄ Com todas as vazões já calculadas, é possível calcular os diâmetros para cada trecho de acordo com a Equação (5.10), considerando velocidade de 4m/s: Q = v ∙ A = v ∙ π ∙ D 2 4 (5.10) Onde: Q = vazão na rede de distribuição (m³/s); v = velocidade máxima da adutora (m/s); A = área da seção transversal (m²); D = diâmetro da tubulação (mm); Substituindo os valores de cada trecho na Equação (5.10), obteve-se o diâmetro calculado (TABELA 5), e partir deste valor, adotou-se o diâmetro a ser considerado de acordo com o padrão existente (50, 75, 100, 150, 200, 250, 300, 400, os demais a cada 100mm). 48 TABELA 5 – Cálculo dos diâmetros TRECHO Q (m³/s) DIÂMETRO CALCULADO (mm) DIAMÊTRO ADOTADO (mm) 1 0,133 206 250 2 0,403 358 400 3 0,734 483 500 4 2,662 921 1.000 5 3,074 989 1.000 6 3,426 1.044 1.100 7 0,789 501 600 8 0,947 549 600 9 0,252 283 300 10 0,800 505 600 11 0,639 451 500 12 1,964 791 800 13 6,376 1.425 1.500 Fonte: Próprio autor (2018). Desta maneira todos os trechos da cidade fictícia estão com os diâmetros calculados (APÊNDICE D). A partir disso é possível determinar a taxa de adução, volume do reservatório, de incêndio e de emergência para dois tipos de sistemas: contínuo e descontínuo. 5.4 Sistema Contínuo Sistema contínuo se caracteriza por possuir uma taxa de adução contínua durante 24 horas do dia. O período para este sistema foi considerado a cada 3 horas, portanto, para o cálculo da taxa de adução utiliza-se a Equação (5.11): 49 Ta = ∑ consumo Tfuncionamento (5.11) Onde: Ta = taxa de adução (%); consumo = somatória do consumo do sistema (%); Tfuncionamento = tempo de funcionamento do sistema (horas); Substituindo os valores na Equação (5.11): Ta = 100 24 ≅ 4,1667% Por se tratar de um período de adução a cada 3 horas, calcula-se a adução do sistema de acordo com a Equação (5.12): Adução período = Ta∙ período (5.12) Onde: Adução período = taxa de adução por período (%); Ta = taxa de adução (%); período = período de funcionamento do sistema (horas); Substituindo os valores na Equação (5.12): Adução período = 4,1667% ∙ 3 = 12,50% A taxa de adução por período será constante para todo o sistema. Determina- se então a sobra e déficit do sistema contínuo subtraindo a adução (%) do consumo (%), conforme Tabela 6: 50 TABELA 6 – Sistema Contínuo PERÍODO (h) CONSUMO (%) ADUÇÃO (%) SOBRA (%) DÉFICIT (%) 0 - 3 4,70 12,50 7,80 - 3 - 6 5,90 12,50 6,60 - 6 - 9 12,25 12,50 0,25 - 9 - 12 22,50 12,50 - - 10 12 - 15 12,40 12,50 0,10 - 15 - 18 13,60 12,50 - - 1,10 18 - 21 19,35 12,50 - - 6,85 21 - 24 9,30 12,50 3,20 - SOMA 100 100 17,95 - 17,95 Fonte: Próprio autor (2018). É importante ressaltar que tanto a somatória de sobra quando a de déficit devem possuir o mesmo valor, caso contrário é necessário verificar possíveis erros de cálculo. O volume do reservatório, também chamado de volume de equilíbrio, é calculado através da Equação (5.13): Vequilíbrio = ∑ Q ∙ Ta 100 ∙ 86.400 (5.13) Onde: Vequilíbrio = volume do reservatório (m³/dia); Q = somatória das vazões posteriores ao reservatório de análise (m³/s); Ta = taxa de adução (somatória da sobra ou déficit) (%); Para este estudo de caso será calculado o R1, de acordo com a Figura 45: 51 FIGURA 45 – Reservatório R1 Fonte: Próprio autor (2018). Substituindo os valores na Equação (5.13): Vequilíbrio = ∑(0,734 + 0,412 + 2,662) ∙ 17,95 100 ∙ 86.400= 59.057,51 m³/dia Para o volume de incêndio adotou-se 10% do volume de equilíbrio, uma vez que o reservatório (R1) abastece uma indústria tornando-se necessário prever uma reserva técnica, calculado de acordo com a Equação (5.14): Vincêndio = Vequilíbrio ∙ 10% (5.14) Onde: Vincêndio = volume de incêndio (m³/dia); Vequilíbrio = volume do reservatório (m³/dia); 52 Substituindo os valores na Equação (5.14): Vincêndio = 59.057,51 ∙ 10% = 5.905,75 m³/dia Para adução contínua, calcula-se o volume de emergência de acordo com a Equação (5.15): Vemergência = 1 3 ∙ (Vequilíbrio + Vincêndio) (5.15) Onde: Vemergência = volume de emergência (m³/dia); Vequilíbrio = volume do reservatório (m³/dia); Vincêndio = volume de incêndio (m³/dia); Substituindo os valores na Equação (5.15): Vemergência = 1 3 ∙ (59.057,51 + 5.905,75) = 21.654,42 m³/dia Desta maneira o volume total do reservatório R1 se dá pela soma de todos os volumes anteriores, conforme Equação (5.16): Vtotal = Vequilíbrio + Vincêndio + Vemergência (5.16) Onde: Vtotal = volume total (m³/dia); Vequilíbrio = volume do reservatório (m³/dia); Vincêndio = volume de incêndio (m³/dia); Vemergência = volume de emergência (m³/dia); Substituindo os valores na Equação (5.16): Vtotal = 59.057,51 + 5.905,75 + 21.654,42 = 86.617,68 m³/dia 53 Com o volume total calculado, é possível ver a curva de consumo deste reservatório durante o período de 24 horas (GRÁFICO 3): GRÁFICO 3 – Sistema Contínuo – Reservatório R1 Fonte: Próprio autor (2018). 5.5 Sistema Descontínuo Sistema descontínuo é caracterizado por possuir uma taxa de adução intermitente durante o período de 24 horas. O período para este sistema foi considerado a cada 3 horas, com desligamento da bomba (sem adução) das 6h às 9h e das 18h às 21h. Para o cálculo da taxa de adução utiliza-se a Equação (5.11): Ta = 100 (24 - 6) ≅ 5,5556% Por se tratar de um período de adução a cada 3 horas, calcula-se a adução do sistema de acordo com a Equação (5.12): Adução período = 5,5556% ∙ 3 ≅ 16,67% 4,70 4,70 5,90 12,25 22,50 12,40 13,60 19,35 9,30 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 0 3 6 9 12 15 18 21 24 Ta xa d e C o n su m o e A d u çã o ( % ) Período (horas) % Adução % Consumo Reservatório esvaziando Reservatório enchendo 54 A taxa de adução por período será constante para todo o sistema, exceto quando há o desligamento da bomba. Determina-se então a sobra e déficit do sistema contínuo subtraindo a adução (%) do consumo (%), conforme Tabela 7: TABELA 7 – Sistema Descontínuo PERÍODO (h) CONSUMO (%) ADUÇÃO (%) SOBRA (%) DÉFICIT (%) 0 - 3 4,70 16,67 11,97 - 3 - 6 5,90 16,67 10,77 - 6 - 9 12,25 - - - 12,25 9 - 12 22,50 16,67 - - 5,83 12 - 15 12,40 16,67 4,27 - 15 - 18 13,60 16,67 3,07 - 18 - 21 19,35 - - - 19,35 21 - 24 9,30 16,67 7,37 - SOMA 100 100 37,45 - 37,43 Fonte: Próprio autor (2018). É importante ressaltar que tanto a somatória de sobra quando a de déficit devem possuir o mesmo valor, caso contrário é necessário verificar possíveis erros de cálculo. Por conta de arredondamento há uma pequena diferença nas somatórias, utilizou-se então o valor mais alto de 37,45%. Para este estudo de caso será calculado o volume do reservatório R1, de acordo com a Figura 45. Substituindo os valores na Equação (5.13): Vequilíbrio = ∑(0,734 + 0,412 + 2,662) ∙ 37,45 100 ∙ 86.400= 123.214,69 m³/dia Para o volume de incêndio adotou-se 10% do volume de equilíbrio, uma vez que o reservatório (R1) abastece uma indústria tornando-se necessário prever uma reserva técnica, calculado de acordo com a Equação (5.14): Vincêndio = 123.214,69 ∙ 10% = 12.321,47 m³/dia 55 Para adução intermitente, calcula-se o volume de emergência de acordo com a Equação (5.15): Vemergência = 1 3 ∙ (123.214,69 + 12.321,47) = 45.178,72 m³/dia Desta maneira o volume total do reservatório R1 se dá pela soma de todos os volumes anteriores, conforme Equação (5.16): Vtotal = 123.214,69 + 12.321,47 + 45.178,72 = 180.714,88 m³/dia Com o volume total calculado, é possível ver a curva de consumo deste reservatório durante o período de 24 horas (GRÁFICO 4): GRÁFICO 4 – Sistema Descontínuo – Reservatório R1 Fonte: Próprio autor (2018). 5.6 Análise Após calculado o sistema contínuo e descontínuo do reservatório R1, é possível concluir que há um aumento de mais de 200% de vazão (m³/dia) (TABELA 8) quando se considera adução intermitente e bomba parada 6 horas ao dia. Isto evidencia que em uma visão econômica e operacional, torna-se viável adotar o 4,70 4,70 5,90 12,25 22,50 12,40 13,60 19,35 9,30 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 0 3 6 9 12 15 18 21 24 Ta xa d e C o n su m o e A d u çã o ( % ) Período (horas) % Adução % Consumo Reservatório esvaziando Reservatório enchendo 56 sistema de adução contínua para o reservatório R1, visto que haverá uma grande diminuição na vazão diária, como também é necessário levar em consideração a dosagem de produtos químicos para o tratamento de água. Quando se considera um sistema descontínuo, a dosagem diária de produtos químicos altera conforme a sua vazão, isso faz com que o valor para operação do reservatório sofra grandes alterações (VENTURINI, 2018)3. TABELA 8 – Análise VOLUME CONTÍNUO (m³/dia) DESCONTÍNUO (m³/dia) Equilíbrio 59.057,51 123.214,69 Incêndio 5.905,75 12.321,47 Emergência 21.654,42 45.178,72 Total 86.617,68