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08/07/2011 1 Direitos Humanos e Cidadania PROF. RAFAEL FERNANDEZ Conteúdo Programático 1.Conceito. 2.Características. 3.Evolução histórica. 4.Princípios Básicos para utilização da força e armas de fogo, adotado pela ONU em 07 de julho de 1990. 5.Código de Conduta para os encarregados da aplicação da lei, adotado pela ONU pela Resolução 34/169 de 17 de dezembro de 1979. 1 Direitos Humanos e Cidadania PROF. RAFAEL FERNANDEZ 1 AGENTE 2 Rafael, qual o CONCEITO de Direitos Humanos? 3 Os Direitos Humanos são princípios internacionais que servem para proteger, garantir e respeitar o ser humano. Devem assegurar às pessoas o direito de ter uma VIDA DIGNA com acesso à liberdade, ao trabalho, à propriedade, à saúde, à moradia, a educação, lazer, alimentação etc. 4 3 Os Direitos Humanos são fruto do percurso histórico de costumes e tradições das antigas civilizações da produção jusfilosófica e de valorização de direitos naturais. A nomenclatura DIREITOS HUMANOS e DIREITOS DO HOMEM é frequentemente usada entre estudiosos latinos e anglo- americanos, enquanto DIREITOS FUNDAMENTAIS é mais apreciada pelos alemães. 5 Rafael, resumindo, qual a FINALIDADE BÁSICA dos Direitos Humanos? 6 4 De forma bastante suscinta, a finalidade básica dos direitos humanos é coibir o abuso do Poder do Estado. 7 Direitos Humanos? Direitos do Homem? Direitos Fundamentais? Todas essas denominações, em regra, querem dizer a mesma coisa, ou seja, é um conjunto de direitos políticos, civis, sociais, econômicos e culturais garantidos pelo Estado a todos os seres humanos. 8 5 A luta contra a opressão e os maus tratos colaborou para a gênese dos Direitos Humanos bem como a luta pela liberdade e pela vida, liberdade que significa bem mais que não estar preso, é a libertação de regimes econômicos, sociais e políticos que oprimem e impõem a fome e a miséria. 9 Rafael, quais são as CARACTERÍSTICAS dos Direitos Humanos? 10 6 Principais Características dos Direitos Humanos (Fonte: Prof. José Afonso da Silva) a) Historicidade: São históricos como qualquer direito. Nascem, modificam- se e desaparecem. Eles apareceram com a revolução burguesa e evoluem, ampliam-se, com o correr dos tempos. b) Inalienabilidade: São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não são de conteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional os confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis. c) Imprescritibilidade: O exercício de boa parte dos direitos fundamentais ocorre só no fato de existirem reconhecidos na ordem jurídica. Se são sempre exercíveis e exercidos, não há intercorrência temporal de não exercício que fundamente a perda da exigibilidade pela prescrição. d) Irrenunciabilidade: Não se renunciam direitos fundamentais. Alguns deles podem até não ser exercidos, pode-se deixar de exercê-los, mas não se admite sejam renunciados. 11 Outras Características dos Direitos Humanos a) Universalidade: deve alcançar a todos os seres humanos. b) Limitabilidade/Relatividade: não são absolutos e no caso concreto deverá ser conjugada a máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos com a mínima restrição. c) Concorrência: podem ser exercidos cumulativamente. d) Efetividade: o Estado deverá garantir a efetivação desses direitos. 12 7 Outras Características dos Direitos Humanos e) Inviolabilidade: impossibilidade de não serem observados por normas subconstitucionais ou por atos administrativos. f) Interdependência: as previsões constitucionais, embora autônomas, possuem inúmeras intersecções para atingirem seus objetivos; logo, o direito ambulatório (liberdade de locomoção) está conectado ao habeas corpus e assim por diante. g) Complementaridade: não devem ser interpretados de maneira isolada, mas sempre que possível, de forma conjunta para alcançar as finalidades do constituinte. h) Individualidade e/ou Coletividade: o jurista Jair Teixeira dos Reis noticia que os direitos humanos possuem a peculiaridade da individualidade e/ou coletividade e vice-versa, uma vez que são individuais porque são portados pelo indivíduo, como o direito à alimentação e à moradia (art. 6o, CF) e doutra pertencem a toda coletividade, como o acesso à informação e a democracia participativa. 13 Classificação dos Direitos Humanos em Gerações ou Dimensões Em 1979, em uma conferência do Instituto Internacional de Direitos Humanos, Karel Vasak propôs uma classificação dos direitos humanos em gerações, inspirado no lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade). 14 8 Rafael, Geração ou Dimensão dos Direitos Humanos? 15 O termo “GERAÇÃO” conduz à idéia equivocada de que direitos humanos fundamentais se substituem ao longo do tempo, enquanto “DIMENSÃO” melhor reflete o processo gradativo de complementaridade, pelo qual não há alternância, mas sim expansão, cumulação e fortalecimento. 16 9 Classificação Doutrinária dos Direitos Humanos 1a Dimensão ou Geração → Liberdade 2a Dimensão ou Geração → Igualdade 3a Dimensão ou Geração → Fraternidade ou Solidariedade 4a Dimensão ou Geração → Evolução da Ciência/Genética* 5a Dimensão ou Geração → Realidade Virtual* 17 1ª GERAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS São direitos humanos de 1ª geração ou dimensão aqueles inspirados nas doutrinas iluministas e jusnaturalistas dos séculos XVII, XVIII e XIX, são as liberdades públicas, como os direitos políticos e civis, e as liberdades clássicas como o direito à vida, à segurança, à propriedade etc. Tratam-se de direitos de oposição diante do Estado, circunscrevendo uma área de não-intervenção do Estado perante a independência e autonomia do indivíduo, ou seja, são liberdades negativas onde o Estado deve permanecer no campo do não-fazer. 18 10 2ª GERAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS A 2ª geração trata dos direitos referentes à igualdade, que surgiram impulsionados e inspirados pela 1ª Revolução Industrial, na Europa do século XIX, decorrentes das péssimas e precárias condições trabalhistas e humanitárias em que se encontrava o proletariado. Tais condições de trabalho foram determinantes para a eclosão de movimentos como o Cartista, na Inglaterra, e a Comuna de Paris, em 1948, que buscaram reivindicações de cunho trabalhista e de assistência social... 19 2ª GERAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ...Logo após, observamos o início do século XX ser marcado pela 1ª Grande Guerra Mundial e pelo estabelecimento de direitos sociais, que são o grande escopo da 2ª geração. Comprovamos essa forte presença de direitos sociais no Tratado de Versalhes, 1919 (OIT) e na Constituição de Weimar, de 1919, na Alemanha. Tal geração, que contaminou o século XX, abarca, principalmente, os direitos sociais, econômicos e culturais. São direitos positivos, reais, concretos e objetivos, pois conduzem indivíduos materialmente desiguais às matérias dos direitos através de instrumentos do Estado presente e intervencionista. Reclamam a igualdade material, através da intervenção positiva do Estado, para sua concretização. 20 11 3ª GERAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS Na 3ª geração foram contemplados osdireitos metaindividuais e supraindividuais. Temos como melhores exemplos desses direitos: os difusos e coletivos. Aqui a palavra de ordem é solidariedade ou fraternidade... 21 3ª GERAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ...A sociedade encontra-se marcada por grandes mudanças e novas preocupações na ordem mundial, como o consumo de massa, o crescente desenvolvimento tecnológico e científico, a sustentabilidade etc. O indivíduo e a coletividade começam a reclamar para si e para as gerações futuras o direito ao meio ambiente sadio, não poluído e equilibrado (art. 225, CF), ao desenvolvimento econômico sustentável, à busca pela paz, a normatização das regras de mercado e a proteção do consumidor entre outras matérias que afetam diretamente o bem estar da coletividade. A 3ª geração ou dimensão dos direitos humanos, além de fortemente humanizada, busca atingir valores e princípios universais, pois não se destina apenas à proteção de interesses individuais, nem de grupos específicos ou de um espaço temporal fixo e determinado, mas reflete temas destinados à coletividade como um todo, englobando a atual sociedade bem como as gerações futuras. 22 12 Direito ao Meio Ambiente Sadio CF, Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 23 3ª GERAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS Decorrem de grandes mudanças na comunidade internacional geradas pela globalização da economia. São direitos associados à qualidade de vida que permite o progresso sustentável. 24 13 Classificação Doutrinária dos Direitos Fundamentais 1a Dimensão Séculos XVII, XVIII e XIX Estado Liberal Direitos Negativos Liberdade Direitos Civis e PolÍticos 2a Dimensão Meados do século XIX Estado Social Direitos Positivos Igualdade Direitos Sociais, Econômicos e Culturais 3a Dimensão Século XX Fraternidade Direito ao Meio Ambiente sadio, à Paz, ao Progresso, à Defesa do Consumidor 25 A RECEPÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS NO DIREITO BRASILEIRO 26 14 Rafael, qual a natureza jurídica dos tratados internacionais? 27 Bem, os Tratados Internacionais podem ter status de: a. Emenda Constitucional b. Caráter Supralegal c. Lei Ordinária 28 15 A República Federativa do Brasil adota o DUALISMO JURÍDICO “CF, Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional (...)” 29 Dualismo Jurídico ORDEM JURÍDICA NACIONAL ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL 30 16 Em razão da Teoria do Dualismo Jurídico, uma norma de direito internacional NÃO produz efeitos IMEDIATOS no território nacional. A CF/88 NÃO adota o Princípio da Recepção Automática, pois adota o Dualismo Jurídico. Alguns Estados, como Portugal e Alemanha, ADOTAM o Princípio da Recepção Automática, onde tratados e convenções internacionais, uma vez assinados, têm aplicabilidade IMEDIATA. No Brasil, uma norma de direito internacional só produz efeitos no território nacional SE RECEPCIONADA conforme o rito preconizado na CF/88. 31 Recepção de Tratado Internacional 1ª Fase Assinatura do Presidente (Chefe de Estado) “CF, Art. 84, Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;” 32 17 Recepção de Tratado Internacional 2ª Fase Referendo do Congresso Nacional (Decreto Legislativo) “CF, Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;” Dualismo Mitigado ou Abrandado: A CF não obriga que Tratado Internacional seja recepcionado somente através de lei. 33 Recepção de Tratado Internacional 3ª Fase Promulgação do Tratado Decreto Presidencial 34 18 Recepção dos Tratados Internacionais FASE INSTRUMENTO COMPETÊNCIA 1ª Assinatura Presidente (Chefe de Estado CF, Art. 84, VIII) 2ª Decreto Legislativo Congresso Nacional (CF, Art. 49, I) 3ª Decreto Presidencial Presidente (Chefe de Estado CF, Art. 84, VIII) 35 Rafael, qual a natureza jurídica dos tratados internacionais que NÃO versam sobre DIREITOS HUMANOS? 36 19 Tratado Internacional que NÃO versa sobre Direitos Humanos LEI ORDINÁRIA (Norma Infraconstitucional) 37 Rafael, e se o Tratado ou Convenção Internacional tiver por objeto o tema Direitos Humanos? Qual será sua natureza jurídica? Há posição pacífica sobre o assunto? 38 20 CF NORMAS SUPRALEGAIS NORMAS LEGAIS (Lei Complementar, Lei Ordinária, Medida Provisória, Lei Delegada, Decreto Legislativo...) STF (até 2007) NORMAS INFRALEGAIS Pirâmide Normativa de Hans Kelsen Bidart Campos e Celso de Albuquerque Melo Flávia Piovesan 39 Bidart Campos e Celso de Albuquerque Melo 40 21 Flávia Piovesan 41 42 22 STF: Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos anteriores à EC 45/04 NORMA SUPRALEGAL Convenção Americana de Direitos Humanos, 1969 (Pacto de San José da Costa Rica) Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, 1966 43 EXEMPLO DEPOSITÁRIO INFIEL CF, Art. 5º, LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 44 23 45 SÚMULA VINCULANTE 25 É ilícita a PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO INFIEL, qualquer que seja a modalidade do depósito. 46 24 SÚMULA 619, STF (REVOGADA) A prisão do depositário judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente da propositura de ação de depósito. 47 O STF reconheceu, por 5 a 4, o caráter SUPRALEGAL dos tratados internacionais sobre direitos humanos vigentes no Brasil (RE 466.343/SP, j. 03.12.08). Dentro do Supremo havia duas correntes sobre a matéria: 1ª) a sustentada Gilmar Mendes, no entendimento de que tais tratados são de caráter SUPRALEGAL (sobre as leis e abaixo da CF) – RE 466.343/SP; e 2ª) a defendida Celso de Mello que admitia o caráter CONSTITUCIONAL dos tratados (HC 87.585/TO). Venceu a 1ª tese, por 5 votos a 4. 48 25 49 Principais Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos 1. Convenção Relativa ao Tratamento dos Prisioneiros de Guerra (1929) 2. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 3. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965) 4. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966) 5. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966) 6. Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica – 1969) 7. Declaração Universal dos Direitos dos Povos (1976) 8. Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (1979) 9.Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984) 10. Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985) 11. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará – 1994) 12. Declaração sobre os Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho (1998) 13. Protocolo de Prevenção, Supressão e Punição do Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e Crianças (1999) 14. Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (1999) 15. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo (2007) 50 1 Direitos Humanos e Cidadania PROF. RAFAEL FERNANDEZ 1 AGENTE 2 Evolução Histórica dos Direitos Humanos Surgimento dos Direitos Humanos O Holocausto foi o grande momento de ruptura e desrespeito para com a dignidade da pessoa humana; As demais barbáries e atrocidades perpetradas durante a 2ª Grande Guerra Mundial contra ciganos, judeus, negros e outras minorias também contribuíram para este surgimento; e A Constituição Política do Império do Brasil de 1824 foi a primeira a contemplar os direitos fundamentais. 4 3 Primeiros marcos do processo de internacionalização dos Direitos Humanos 1. Direito Internacional Humanitário ou Direito Internacional de Guerra 2. Liga das Nações 3. Organização Internacional do Trabalho (OIT) 5 Direito Internacional Humanitário Criado no século XIX. Sub-ramo do Direito Internacional Público Positivo. Integra o Direito Internacional dos Direitos Humanos. Formado por tratados e costumes internacionais. Aplicado no caso de conflitos armados (GUERRA). Impõe limites à atuação do Estado para assegurar a observância dos DIREITOS HUMANOS EM SITUAÇÕES DE GUERRA e objetiva proteger em caso de guerra, militares postos fora de combate (feridos, doentes, naufragos, prisioneiros) e populações civis, bem como regulamentar como matar, ferir, capturar, sequestrar etc em zonas de conflito. 6 4 DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO DIREITO DE GENEBRA PROTEGE VÍTIMAS DE CONFLITOS ARMADOS DIREITO DE HAIA TRATA DE CONDUTAS DE HOSTILIDADES 7 INSTRUMENTOS MAIS CONHECIDOS DO DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO CONVENÇÕES DE GENEBRA 1949 PROTOCOLOS ADICIONAIS 1977 8 5 Direito Internacional Humanitário “numa ampliação do jus in bello, voltada para o tratamento na guerra de combatentes e de sua diferenciação em relação a não-combatentes, e faz parte da regulamentação jurídica do emprego da violência no plano internacional, suscitado pelos horrores da batalha de Solferino, que levou à criação da Cruz Vermelha.” (Celso Lafer) “uma regulamentação jurídica do emprego da violência no âmbito internacional.” (Flávia Piovesan) “a primeira expressão de que no plano internacional, há limites à liberdade e à autonomia dos Estados, ainda que na hipótese de conflito armado.” (Valério de O. Mazzuoli) 9 Liga das Nações Criada após a 1a Guerra Mundial; Sua missão era promover a cooperação internacional e alcançar a paz e a segurança internacionais; Através de uma convenção da Liga das Nações, os membros tinham o compromisso de garantir condições dignas de trabalho para homens e mulheres e de vida para crianças; aqueles que descumprissem estes preceitos deveriam receber sanções econômicas e militares. 10 6 Organização Internacional do Trabalho (OIT) Criada após a 1a Guerra Mundial, em 1919, através do Tratado de Versalhes. Promovendo parâmetros básicos de trabalho, seguridade social e bem-estar social, seu objetivo foi regular a condição dos trabalhadores no âmbito mundial. Sede: Genève, Switzerland. 11 Precursores dos Direitos Humanos Magna Cartha Libertatum, 1215 (Magna Carta) - firmada pelo Rei inglês João Sem-Terra foi feita para proteger essencialmente os privilégios dos barões e os direitos dos homens livres. Habeas Corpus Amendment Act, 1689 - foi uma das maiores conquistas da liberdade individual em face do Estado como remédio judicial destinado a evitar ou a fazer cessar violência ou a coação na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 12 7 Documentos, Cartas, Tratados, Atos e Estatutos que serviram de antecedentes históricos para o desenvolvimentos dos Direitos Humanos 13 Precursores dos Direitos Humanos 1) Bill of Rights, 1689 (Declaração de Direitos) - efetiva o surgimento da Monarquia Constitucional na Inglaterra, submetendo a autoridade real à soberania popular. 2) Act of Settlement, 1701 - proibía que fosse escolhido pela Câmara dos Comuns (Poder Legislativo) algum indicado que tivesse cargo ou recebesse proventos do monarca (rei ou rainha) ou que fosse pensionista da coroa. Temia-se a subordinação de um Poder ao outro e visava-se reforçar a Separação dos Poderes. 14 8 Precursores dos Direitos Humanos 3) Declaração Francesa, 1789 - apresentando verdadeiro breviário do Constitucionalismo, os direitos mais importantes declarados foram a liberdade, a propriedade, a segurança e o direito de resistência e tem como pressuposto o conceito de cidadão. Objetivava proteger o homem em face do Estado. Representa, inegavelmente, o mais importante estatuto de reconhecimento dos Direitos Humanos, influenciando todo o movimento de positivação de tais direitos, que aconteceu nas democracias do Ocidente, bem como na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 15 Precursores dos Direitos Humanos 4) Petition of Rights, 1628 - requeria o reconhecimento de direitos e liberdades para os súditos do rei. 5) Bill of Rights da Declaração da Virgínia, 1776 - proclamou o direito à vida, à liberdade, e à propriedade. Outros direitos humanos foram expressos na declaração, como o princípio da legalidade, a liberdade de imprensa e a liberdade religiosa. 16 9 A Evolução dos Direitos Humanos nas Constituições Brasileiras 17 Alguns exemplos de Direitos Humanos garantidos na Constituição Politica do Imperio do Brazil de 1824 Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte. I. Nenhum Cidadão póde ser obrigado a fazer, ou deixar de fazer alguma cousa, senão em virtude da Lei. (...) IV. Todos podem communicar os seus pensamentos, por palavras, escriptos, e publical-os pela Imprensa, sem dependencia de censura; com tanto que hajam de responder pelos abusos, que commetterem no exercicio deste Direito, nos casos, e pela fórma, que a Lei determinar. V. Ninguem póde ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não offenda a Moral Publica. VI. Qualquer póde conservar-se, ou sahir do Imperio, como Ihe convenha, levando comsigo os seus bens, guardados os Regulamentos policiaes, e salvo o prejuizo de terceiro. VII. Todo o Cidadão tem em sua casa um asylo inviolavel. De noite não se poderá entrar nella, senão por seu consentimento, ou para o defender de incendio, ou inundação; e de dia só será franqueada a sua entrada nos casos, e pela maneira, que a Lei determinar. 18 10 O Habeas Corpus naConstituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891 Art. 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: § 22 - Dar-se-á o habeas corpus, sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder. 19 Alguns exemplos de Direitos Humanos garantidos na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...) I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; (...) XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 20 11 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 21 ONU Trata-se de uma Organização Internacional. Objetivo declarado: facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial. Fundada em 1945 após a 2a Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações, com o objetivo de deter guerras entre países e para fornecer uma plataforma para o diálogo e direitos humanos. Composta, atualmente, de 192 Estados-membros, incluindo quase todos os estados soberanos do mundo. 22 12 ONU Sede: New York (USA) Os Estados-membros são unidos pela Carta da ONU, um tratado internacional que enuncia direitos e deveres dos membros da comunidade internacional. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) é um dos documentos básicos da ONU onde estão enumerados os direitos que todos os seres humanos possuem. 23 Órgãos Principais da ONU 1.Assembléia Geral (New York, USA) 2.Secretariado (New York, USA) 3.Conselho Econômico e Social (New York, USA) 4.Tribunal Internacional de Justiça (Haia, Nederlands) 5.Conselho de Segurança (New York, USA) 24 13 Conselho de Segurança da ONU Composto por 15 membros Sendo 5 permanentes + 10 rotativos Os membros permanentes são: EUA, Rússia, Grã- Bretanha, China e França. De acordo com a Carta da ONU, os membros das Nações Unidos concordam em aceitar e cumprir as decisões do Conselho, bem como as Resoluções do referido Conselho criam obrigações para os Estados- membros. Sua missão é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional. 25 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL INTERNATIONAL CRIMINAL COURT (ICC) 26 14 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL(TPI) Organismo Internacional que funciona como corte permanente com jurisdição e competência internacional para processar e julgar pessoas acusadas de cometerem graves violações aos direitos humanos e competente para julgar crimes contra a humanidade, genocídio, de guerra e o crime de agressão de um Estado contra outro, todos tipificados em seu Estatuto. Sede: Haia, Nederlands. O Estatuto de Roma foi o instrumento fundamental que criou o TPI em 2002. 27 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL(TPI) Acatamento de decisões do TPI (CF/88, art. 105, I, “i”) e abrandamento das noções de soberania da República Federativa do Brasil (RFB). ADCT, Artigo 7º. O Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional dos direitos humanos. A República Federativa do Brasil assina o Estatuto de Roma em 07 de fevereiro de 2000; o Congresso o referenda através do Decreto Legislativo 112, de 06 de junho de 2002, para em seguida ser promulgado pelo Decreto Presidencial 4.388, de 25 de junho de 2002 e publicado no Diário Oficial da União um dia após, quando entrou em vigência. No §4o do artigo 5o, inserido na CF/88 através da EC no 45, de 8 de dezembro de 2004, o ordenamento jurídico brasileiro reconhece, com status constitucional, a jurisdição do TPI, que o país já integra. Logo, na eventual intenção de retirada, deverá fazê-lo pelo procedimento destinado à elaboração das Emendas Constitucionais previsto no artigo 60 da Lex Fundamentalis. 28 15 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI) CF, Art. 5º, § 4º: O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (EC 45/2004) 29 Convenções de Genebra 30 16 As 4 Convenções de Genebra Estabelecem regras especiais para a proteção de feridos, enfermos e náufragos, civis ou militares. Cada uma das Convenções trata do regime de proteção de uma categoria principal de vítimas dos conflitos armados. 31 As 4 Convenções de Genebra 1a Feridos e doentes (1864) 2a Feridos, doentes e naufragos (1906) 3a Prisioneiros de guerra (1929) 4a População civil (1949) Incluindo mais 3 Protocolos Adicionais adotados em 1977 e 2005. 32 17 Assembléia Geral das Nações Unidas, Paris em 10 de dezembro de 1948. 33 Declaração Universal dos Direitos Humanos Constitui, tecnicamente, uma recomendação, transportando um conteúdo principiológico, e por ser uma Declaração não está dotada de normas congentes que criem obrigações para os Estados signatários. Possui natureza meramente orientadora e referencial. Foi adotada e proclamada na 3a Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, em 30 artigos, e foi ratificada, no Brasil, na mesma data. Tem por fundamento a tríade iluminista: liberdade, igualdade e fraternidade. Define os direitos essenciais, iguais e inalienáveis de todos os seres humanos como a base e o fundamento da liberdade, da paz e da justiça social e na qual se assegura a o princípio da indivisibilidade dos direitos humanos. Introduziu a concepção contemporânea dos direitos humanos. 34 18 Artigo 1º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. 35 Artigo 2º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de nascimento ou de qualquer outra situação. 19 Artigo 3º Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 4º Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. 20 Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica. 21 Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção dalei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a Presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. 22 Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10° toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida. 23 Artigo 11° Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. Artigo 12° Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito à proteção da lei 24 Artigo 13° Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no Interior de um Estado. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país. Artigo 14° Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar-se de asilo em outros países. 25 Artigo 15° Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. Artigo 16° A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. 26 Artigo 17° Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. Artigo 18° Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 27 Artigo 19° Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão Artigo 20° Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 28 Artigo 21° Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios, públicos do seu país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país. 29 Artigo 23° Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. Artigo 24° Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas. 30 Artigo 25° Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez e na velhice. Artigo 26° Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade. 31 Artigo 27° Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria. Artigo 28° Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração. 32 Artigo 29° O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade. Artigo 30° Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados. 33 rafaelfernandez79@gmail.com www.facebook.com/rafaelfernandez79 Twitter → @rgfernandez79 65 66 1 Direitos Humanos e Cidadania PROF. RAFAEL FERNANDEZ 1 AGENTE 2 Código de conduta para os encarregados da aplicação da lei, adotado pela ONU pela Resolução 34/169 de 17/12/1979. A Assembléia Geral... Considerando que um dos objetivos proclamados na Carta das Nações Unidas é o da realização da cooperação internacional para o desenvolvimento e encorajamento do respeito pelosdireitos do homem e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião, 4 3 A Assembléia Geral... Lembrando, em particular, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e os Pactos Internacionais sobre os Direitos do Homem, 5 A Assembléia Geral... Lembrando igualmente a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembléia Geral na sua resolução 3452 (XXX) de 9 de Dezembro de 1975, 6 4 A Assembléia Geral... Consciente de que a natureza das funções de aplicação da lei para defesa da ordem pública e a forma como essas funções são exercidas, têm uma incidência DIRETA sobre a qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade no seu conjunto, 7 A Assembléia Geral... Consciente das importantes tarefas que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei levam a cabo, com diligência e dignidade, em conformidade com os princípios dos direitos do homem, 8 5 A Assembléia Geral... Reconhecendo que a elaboração de um Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei é apenas uma das várias medidas importantes para garantir a proteção de todos os direitos e interesses dos cidadãos servidos pelos referidos funcionários, 9 A Assembléia Geral... Consciente, no entanto, das possibilidades de abuso que o exercício destas tarefas proporciona, 10 6 A Assembléia Geral, consciente de que existem outros importantes princípios e condições prévias ao desempenho humanitário das funções de aplicação da lei, nomeadamente: a) Que, como qualquer órgão do sistema de justiça penal, todos os órgãos de aplicação da lei devem ser representativos da comunidade no seu conjunto, responder às suas necessidades e ser responsáveis perante ela, 11 A Assembléia Geral, consciente de que existem outros importantes princípios e condições prévias ao desempenho humanitário das funções de aplicação da lei, nomeadamente: b) Que o respeito efetivo de normas éticas pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, depende da existência de um sistema jurídico bem concebido, aceite pela população e de caráter humano, 12 7 A Assembléia Geral, consciente de que existem outros importantes princípios e condições prévias ao desempenho humanitário das funções de aplicação da lei, nomeadamente: c) Que qualquer funcionário responsável pela aplicação da lei é um elemento do sistema de justiça penal, cujo objetivo consiste em prevenir o crime e lutar contra a delinquência, e que a conduta de cada funcionário do sistema tem uma incidência sobre o sistema no seu conjunto, 13 A Assembléia Geral, consciente de que existem outros importantes princípios e condições prévias ao desempenho humanitário das funções de aplicação da lei, nomeadamente: d) Que qualquer órgão encarregado da aplicação da lei, em cumprimento da primeira norma de qualquer profissão, tem o dever de AUTODISCIPLINA, em plena conformidade com os princípios e normas aqui previstos, e que os atos dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem estar sujeitos ao ESCRUTÍNIO PÚBLICO, exercido por uma comissão de controle, um ministério, um procurador-geral, pela magistratura, por um provedor, uma comissão de cidadãos, ou por vários destes órgãos, ou ainda por um outro organismo de CONTROLE, 14 8 A Assembléia Geral, consciente de que existem outros importantes princípios e condições prévias ao desempenho humanitário das funções de aplicação da lei, nomeadamente: e) Que as NORMAS, enquanto tais, carecem de valor prático, a menos que o seu conteúdo e significado seja inculcado em todos os funcionários responsáveis pela aplicação da lei, mediante educação, formação e controle, 15 A Assembléia Geral, Adota o CÓDIGO DE CONDUTA PARA OS FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEIS PELA APLICAÇÃO DA LEI, que figura em anexo à presente resolução e decide transmiti-lo aos GOVERNOS, recomendando que encarem favoravelmente a sua utilização no quadro da LEGISLAÇÃO e PRÁTICA nacionais como CONJUNTO DE PRINCÍPIOS que DEVERÃO ser observados pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei. 106.ª sessão plenária (17 de Dezembro de 1979) 16 9 ARTIGO 1º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir, A TODO O MOMENTO, o dever que a lei lhes impõe, servindo a COMUNIDADE e protegendo todas as PESSOAS contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer. 17 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 1º a) A expressão “funcionários responsáveis pela aplicação da lei” inclui todos os agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que exerçam poderes DE POLÍCIA, especialmente poderes de prisão ou detenção. b) Nos países onde os poderes policiais são exercidos por autoridades MILITARES, quer em uniforme, quer não, ou por forças de segurança do Estado, a definição dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei INCLUIRÁ os funcionários de tais serviços. 18 10 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 1º c) O serviço à comunidade deve incluir, em particular, a prestação de serviços de assistência aos membros da comunidade que, por razões de ordem pessoal, econômica, social e outras emergências, necessitam de ajuda imediata. d) A presente disposição visa, não só todos os atos violentos, destruidores e prejudiciais, mas também a totalidade dos atos proibidos pela legislação penal. É igualmente aplicável à conduta de pessoas não susceptíveis de incorrerem em responsabilidade criminal. 19 ARTIGO 2º No cumprimento do seu dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos fundamentais de todas as pessoas. 20 11 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 2º a) Os direitos do homem em questão são identificados e protegidos pelo direito nacional e internacional. De entre os instrumentos internacionais relevantes contam-se a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, a Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, a Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid, a Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos, e a Convenção de Viena sobre Relações Consulares. 21 ARTIGO 3º Os funcionários responsá-veis pela aplicação da lei SÓ podem empregar a força quando tal se afigure ESTRITAMENTE necessá- rio e NA MEDIDA EXIGIDA para o cumprimento do seu dever. 22 12 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 3º a) Esta disposição salienta que o emprego da força por parte dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei deve ser EXCEPCIONAL. Embora admita que estes funcionários possam estar autorizados a utilizar a força na medida em que tal seja RAZOAVELMENTE considerado como NECESSÁRIO, tendo em conta as circunstâncias, para a prevenção de um crime ou para deter ou ajudar à detenção legal de delinquentes ou de suspeitos, qualquer uso da força FORA deste contexto NÃO é permitido. 23 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 3º b) A lei nacional restringe normalmente o emprego da força pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, de acordo com o PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. Deve-se entender que tais princípios nacionais de proporcionalidade devem ser respeitados na interpretaçãodesta disposição. A presente disposição não deve ser, em nenhum caso, interpretada no sentido da autorização do emprego da força em desproporção com o legítimo objetivo a atingir. 24 13 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 3º c) O emprego de armas de fogo é considerado uma medida extrema. Devem fazer-se todos os esforços no sentido de excluir a utilização de armas de fogo, especialmente contra as crianças. Em geral, não deverão utilizar-se armas de fogo, exceto quando um suspeito ofereça resistência armada, ou quando, de qualquer forma coloque em perigo vidas alheias e não haja suficientes medidas menos extremas para o dominar ou deter. Cada vez que uma arma de fogo for disparada, deverá informar-se prontamente as AUTORIDADES COMPETENTES. 25 ARTIGO 4º As informações de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidas em segredo, a não ser que o cumprimento do dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam outro comportamento. 26 14 COMENTÁRIO AO ARTIGO 4º Devido à natureza dos seus deveres, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei obtêm informações que podem relacionar- se com a vida particular de outras pessoas ou ser potencialmente prejudiciais aos seus interesses e especialmente à sua reputação. Deve-se ter a máxima cautela na salvaguarda e utilização dessas informações as quais só devem ser divulgadas no desempenho do dever ou no interesse. Qualquer divulgação dessas informações para outros fins é totalmente abusiva. 27 ARTIGO 5º Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstanciais excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 28 15 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 5º a) Esta proibição decorre da Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembléia Geral, de acordo com a qual: “tal ato é uma ofensa contra a dignidade humana e será condenado como uma negação aos propósitos da Carta das Nações Unidas e como uma violação aos direitos e liberdades fundamentais afirmados na Declaração Universal dos Direitos do Homem (e noutros instrumentos internacionais sobre os direitos do homem)”. 29 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 5º b) A Declaração define TORTURA da seguinte forma: “Tortura significa qualquer ato pelo qual uma dor violenta ou sofrimento físico ou mental é imposto intencionalmente a uma pessoa por um funcionário público, ou por sua instigação, com objetivos tais como obter dela ou de uma terceira pessoa informação ou confissão, puni-la por um ato que tenha cometido ou se supõe tenha cometido, ou intimidá-la a ela ou a outras pessoas. Não se considera tortura a dor ou sofrimento apenas resultante, inerente ou consequência de sanções legítimas, na medida em que sejam compatíveis com as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos*”. 30 16 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 5º c) A expressão “penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes” não foi definida pela Assembléia Geral, mas deve ser interpretada de forma a abranger uma proteção tão AMPLA quanto possível contra abusos, quer físicos quer mentais. 31 ARTIGO 6º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar a proteção da SAÚDE das pessoas à sua guarda e, em especial, devem tomar medidas imediatas para assegurar a prestação de CUIDADOS MÉDICOS sempre que tal seja necessário. 32 17 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 6º a) “Cuidados Médicos”, significando serviços prestados por qualquer pessoal médico, incluindo médicos diplomados e PARAMÉDICOS, devem ser assegurados quando necessários ou solicitados. 33 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 6º b) Embora o pessoal médico esteja geralmente adstrito aos serviços de aplicação da lei, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem tomar em consideração a opinião de tal pessoal, quando este recomendar que deve proporcionar-se à pessoa detida tratamento adequado, através ou em colaboração com pessoal médico não adstrito aos serviços de aplicação da lei. 34 18 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 6º c) Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar também CUIDA- DOS MÉDICOS às vítimas de violação da lei ou de acidentes que dela decorram. 35 ARTIGO 7º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem cometer qualquer ato de CORRUPÇÃO. Devem, igual- mente, opor-se rigorosamente e combater todos os atos desta índole. 36 19 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 7º a) Qualquer ato de CORRUPÇÃO, tal como qualquer outro ABUSO DE AUTORIDADE, é incompatível com a profissão de funcionário responsável pela aplicação da lei. A lei deve ser aplicada na íntegra em relação a qualquer funcionário que cometa um ato de corrupção, dado que os Governos não podem esperar aplicar a lei aos cidadãos se não a puderem ou quiserem aplicar aos seus próprios agentes e dentro dos seus próprios organismos. 37 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 7º b) Embora a definição de CORRUPÇÃO deva estar sujeita à legislação nacional, deve entender-se como incluindo tanto a execução ou a omissão de um ato, praticada pelo responsável, no desempenho das suas funções ou com estas relacionado, em virtude de ofertas, promessas ou vantagens, pedidas ou aceites, como a aceitação ilícita destas, uma vez a ação cometida ou omitida. 38 20 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 7º c) A expressão “ATO DE CORRUPÇÃO”, anterior- mente referida, deve ser entendida no sentido de abranger TENTATIVAS DE CORRUPÇÃO. 39 ARTIGO 8º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar a lei e o presente código. devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se vigorosamente a quaisquer violações da lei ou do código. os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que se produziu ou irá produzir uma violação deste código, devem COMUNICAR O FATO AOS SEUS SUPERIORES e, se necessário, a outras autoridades com poderes de controle ou de reparação competentes. 40 21 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 8º a) Este Código será observado sempre que tenha sido incorporado na legislação ou na prática nacionais. Se a legislação ou a prática contiverem disposições MAIS limitativas do que as do atual Código, devem observar-se essas disposições MAIS limitativas. 41 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 8º b) O presente artigo procura preservar o equilíbrio entre a necessidade de disciplina interna do organismo do qual, em larga escala, depende a segurança pública, por um lado, e a necessidade de, por outro lado, tomar medidas em caso de violações dos direitos humanos básicos. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem informar das violações os seus superiores hierárquicos e tomar medidas legítimas sem respeitar a via hierárquica somente quando não houver outros meios disponíveis ou eficazes. Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem sofrer sanções administrativas ou de outranatureza pelo fato de terem comunicado que se produziu ou que está prestes a produzir-se uma violação deste Código. 42 22 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 8º c) A expressão «autoridade com poderes de controle e de reparação competentes» refere-se a qualquer autoridade ou organismo existente ao abrigo da legislação nacional, quer esteja integrado nos organismos de aplicação da lei quer seja independente destes, com poderes estatutários, consuetudinários ou outros para examinarem reclamações e queixas resultantes de violações deste Código. 43 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 8º d) Em alguns países, pode considerar-se que os meios de comunicação social (mass media ou mídia de massa) desempenham funções de controle, análogas às descritas na alínea anterior. Consequentemente, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei poderão como ÚLTIMO RECURSO e com respeito pelas leis e costumes do seu país e pelo disposto no artigo 4º do presente Código, levar as violações à atenção da opinião pública através dos meios de comunicação social. 44 23 COMENTÁRIOS AO ARTIGO 8º e) Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que cumpram as disposições deste Código merecem o RESPEITO, o TOTAL APOIO e a COLABORAÇÃO da COMUNIDADE em que exercem as suas funções, do ORGANISMO de aplicação da lei no qual servem e dos DEMAIS FUNCIONÁRIOS responsáveis pela aplicação da lei. 45 RESOLVA A QUESTÃO! POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL FUNRIO - 2009 24 (PRF 2009 – FUNRIO) O Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei recomenda que encarem favoravelmente a sua utilização no quadro da legislação e prática nacionais como conjunto de princípios que deverão ser observados pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei. Assim, é INCORRETO afirmar que A) no cumprimento do seu dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos fundamentais de todas as pessoas. B) os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir, quando estão em serviço e se forem requisitados, o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer. C) os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força quando tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para o cumprimento do seu dever. D) as informações de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidas em segredo, a não ser que o cumprimento do dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam outro comportamento. E) nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstanciais excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 47 (PRF 2009 – FUNRIO) O Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei recomenda que encarem favoravelmente a sua utilização no quadro da legislação e prática nacionais como conjunto de princípios que deverão ser observados pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei. Assim, é INCORRETO afirmar que (GABARITO: B) A) no cumprimento do seu dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos fundamentais de todas as pessoas. (art. 2º) B) os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir, quando estão em serviço e se forem requisitados, o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer. (art. 1º) C) os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força quando tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para o cumprimento do seu dever. (art. 3º) D) as informações de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidas em segredo, a não ser que o cumprimento do dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam outro comportamento. (art. 4º) E) nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstanciais excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. (art. 5º) 48 25 ARTIGO 1º Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir, A TODO O MOMENTO, o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer. 49 rafaelfernandez79@gmail.com www.facebook.com/rafaelfernandez79 Twitter → @rgfernandez79 50 26 51 1 Direitos Humanos e Cidadania PROF. RAFAEL FERNANDEZ 1 AGENTE 2 Princípios Básicos para utilização da força e armas de fogo, adotado pela Organização das Nações Unidas em 7 de julho de 1990. A Assembléia Geral... Considerando que o trabalho dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei 133 representa um serviço social de grande importância e que, consequentemente, há que manter e, se necessário, aperfeiçoar, as suas condições de trabalho e o seu estatuto, 4 3 A Assembléia Geral... Considerando que a ameaça à vida e à segurança dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei deve ser considerada como uma ameaça à estabilidade da sociedade no seu todo, 5 A Assembléia Geral... Considerando que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei têm um papel essencial na proteção do direito à vida, à liberdade e à segurança da pessoa, tal como garantido pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e reafirmado no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, 6 4 A Assembléia Geral... Considerando que as “Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos” prevêem as circunstâncias em que os funcionários prisionais podem recorrer à força no exercício das suas funções, 7 A Assembléia Geral... Considerando que a reunião preparatória inter-regional do 7o Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes, que teve lugar em Varenna (Itália), acordou nos elementos que deveriam ser apreciados, no decurso dos trabalhos ulteriores, com relação às restrições à utilização da força e de armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, 8 5 A Assembléia Geral... Considerando que o 7o Congresso, na sua resolução 14/138, sublinha, nomeadamente, que a utilização da força e de armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei deve ser conciliada com o respeito devido pelos Direitos do Homem, 9 A Assembléia Geral... Considerando que é conveniente atender, tendo em devida conta as exigências de segurança pessoal, ao papel dos funcionáriosresponsáveis pela aplicação da lei na administração da justiça, na proteção do direito à vida, à liberdade e à segurança das pessoas, bem como à responsabilidade dos mesmos na manutenção da segurança pública e da paz social e à importância das suas qualificações, formação e conduta, 10 6 Os Governos devem ter em conta os Princípios Básicos a seguir enunciados, que foram formulados tendo em vista auxiliar os Estados membros a garantirem e a promoverem o verdadeiro papel dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, a observá-los no quadro das respectivas legislação e prática nacionais e a submetê-los à atenção dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, bem como de outras pessoas como os juízes, os magistrados do Ministério Público, os advogados, os representantes do poder executivo e do poder legislativo e o público em geral. 11 DISPOSIÇÕES GERAIS 1. Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem adotar e aplicar regras sobre a utilização da força e de armas de fogo contra as pessoas, por parte dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei. Ao elaborarem essas regras, os Governos e os organismos de aplicação da lei devem manter sob permanente avaliação as questões éticas ligadas à utilização da força e de armas de fogo. 12 7 DISPOSIÇÕES GERAIS 2. Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem desenvolver um leque de meios tão amplo quanto possível e habilitar os funcionários responsáveis pela aplicação da lei com diversos tipos de armas e de munições, que permitam uma utilização diferenciada da força e das armas de fogo. Para o efeito, deveriam ser desenvolvidas armas neutralizadoras não letais, para uso nas situações apropriadas, tendo em vista limitar de modo crescente o recurso a meios que possam causar a morte ou lesões corporais. Para o mesmo efeito, deveria também ser possível dotar os funcionários responsáveis pela aplicação da lei de equipamentos defensivos, tais como escudos, viseiras, coletes antibalas e veículos blindados, a fim de se reduzir a necessidade de utilização de qualquer tipo de armas. 13 DISPOSIÇÕES GERAIS 3. O desenvolvimento e utilização de armas neutralizadoras não letais deveria ser objeto de uma avaliação cuidadosa, a fim de reduzir ao mínimo os riscos com relação a terceiros, e a utilização dessas armas deveria ser submetida a um controle estrito. 14 8 DISPOSIÇÕES GERAIS 4. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei, no exercício das suas funções, devem, na medida do possível, recorrer a meios não violentos antes de utilizarem a força ou armas de fogo. Só poderão recorrer à força ou a armas de fogo se outros meios se mostrarem ineficazes ou não permitirem alcançar o resultado desejado. 15 DISPOSIÇÕES GERAIS 5. Sempre que o uso legítimo da força ou de armas de fogo seja indispensável, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem: a) Utilizá-las com moderação e a sua ação deve ser proporcional à gravidade da infração e ao objetivo legítimo a alcançar; b) Esforçar-se por reduzirem ao mínimo os danos e lesões e respeitarem e preservarem a vida humana; c) Assegurar a prestação de assistência e socorros médicos às pessoas feridas ou afetadas, tão rapidamente quanto possível; d) Assegurar a comunicação da ocorrência à família ou pessoas próximas da pessoa ferida ou afetada, tão rapidamente quanto possível. 16 9 DISPOSIÇÕES GERAIS 6. Sempre que da utilização da força ou de armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei resultem lesões ou a morte, os responsáveis farão um relatório da ocorrência aos seus superiores, de acordo com o princípio 22. 17 DISPOSIÇÕES GERAIS 7. Os Governos devem garantir que a utilização arbitrária ou abusiva da força ou de armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei seja punida como infração penal, nos termos da legislação nacional. 18 10 DISPOSIÇÕES GERAIS 8. Nenhuma circunstância excepcional, tal como a instabilidade política interna ou o estado de emergência, pode ser invocada para justificar uma derrogação dos presentes Princípios Básicos. 19 DISPOSIÇÕES ESPECIAIS 9. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem fazer uso de armas de fogo contra pessoas, salvo em caso de legítima defesa, defesa de terceiros contra perigo iminente de morte ou lesão grave, para prevenir um crime particularmente grave que ameace vidas humanas, para proceder à detenção de pessoa que represente essa ameaça e que resista à autoridade, ou impedir a sua fuga, e somente quando medidas menos extremas se mostrem insuficientes para alcançarem aqueles objetivos. Em qualquer caso, só devem recorrer intencionalmente à utilização letal de armas de fogo quando isso seja estritamente indispensável para proteger vidas humanas. 20 11 DISPOSIÇÕES ESPECIAIS 10. Nas circunstâncias referidas no princípio 9, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem identificar-se como tal e fazer uma advertência clara da sua intenção de utilizarem armas de fogo, deixando um prazo suficiente para que o aviso possa ser respeitado, exceto se esse modo de proceder colocar indevidamente em risco a segurança daqueles responsáveis, implicar um perigo de morte ou lesão grave para outras pessoas ou se se mostrar manifestamente inadequado ou inútil, tendo em conta as circunstâncias do caso. 21 Disposições Especiais 11. As normas e regulamentações relativas à utilização de armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem incluir DIRETRIZES que: a) Especifiquem as circunstâncias nas quais os funcionários responsáveis pela aplicação da lei sejam autorizados a transportar armas de fogo e prescrevam os tipos de armas de fogo e munições autorizados; b) Garantam que as armas de fogo sejam utilizadas apenas nas circunstâncias adequadas e de modo a reduzir ao mínimo o risco de danos inúteis; c) Proíbam a utilização de armas de fogo e de munições que provoquem lesões desnecessárias ou representem um risco injustificado; d) Regulamentem o controle, armazenamento e distribuição de armas de fogo e prevejam nomeadamente procedimentos de acordo com os quais os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devam prestar contas de todas as armas e munições que lhes sejam distribuídas; e) Prevejam as advertências a efetuar, sendo caso disso, se houver utilização de armas de fogo; f) Prevejam um sistema de relatórios de ocorrência, sempre que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei utilizem armas de fogo no exercício das suas funções. 22 12 Manutenção da ordem em caso de reuniões ilegais 12. Dado que a todos é garantido o direito de participação em reuniões lícitas e pacíficas, de acordo com os princípios enunciados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, os Governos e os serviços e funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem reconhecer que a força e as armas de fogo só podem ser utilizadas de acordo com os princípios 13 e 14. 23 Manutenção da ordem em caso de reuniões ilegais 13. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem esforçar-se por dispersar as reuniões ilegais mas não violentas sem recurso à força e, quando isso não for possível, limitar a utilização da força ao estritamente necessário. 24 13 Manutenção da ordem em caso de reuniões ilegais 14. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem utilizar armas de fogo para dispersarem reuniões violentas se não for possível recorrer a meios menos perigosos, esomente nos limites do estritamente necessário. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar armas de fogo nesses casos, salvo nas condições estipuladas no princípio 9. 25 Manutenção da ordem entre pessoas detidas ou presas 15. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar a força na relação com pessoas detidas ou presas, exceto se isso for indispensável para a manutenção da segurança e da ordem nos estabelecimentos penitenciários, ou quando a segurança das pessoas esteja ameaçada. 26 14 Manutenção da ordem entre pessoas detidas ou presas 16. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar armas de fogo na relação com pessoas detidas ou presas, exceto em caso de legítima defesa ou para defesa de terceiros contra perigo iminente de morte ou lesão grave, ou quando essa utilização for indispensável para impedir a evasão de pessoa detida ou presa representando o risco referido no princípio 9. 27 Manutenção da ordem entre pessoas detidas ou presas 17. Os princípios precedentes entendem-se sem prejuízo dos direitos, deveres e responsabilida- des dos funcionários dos estabelecimentos penitenciários, tal como são enunciados nas Regras Mínimas para o Tratamento de Presos, em particular as regras 33, 34 e 54. 28 15 Habilitações, formação e aconselhamento 18. Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir que todos os funcionários responsáveis pela aplicação da lei sejam selecionados de acordo com procedimentos adequados, possuam as qualidades morais e aptidões psicológicas e físicas exigidas para o bom desempenho das suas funções e recebam uma formação profissional contínua e completa. Deve ser submetida a reapreciação periódica a sua capacidade para continuarem a desempenhar essas funções. 29 Habilitações, formação e aconselhamento 19. Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir que todos os funcionários responsáveis pela aplicação da lei recebam formação e sejam submetidos a testes de acordo com normas de avaliação adequadas sobre a utilização da força. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que devam transportar armas de fogo deveriam ser apenas autorizados a fazê-lo após recebimento de formação especial para a sua utilização. 30 16 Habilitações, formação e aconselhamento 20. Na formação dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, os Governos e os organismos de aplicação da lei devem conceder uma atenção particular às questões de ética policial e de direitos do homem, em particular no âmbito da investigação, aos meios de evitar a utilização da força ou de armas de fogo, incluindo a resolução pacífica de conflitos, ao conhecimento do comportamento de multidões e aos métodos de persuasão, de negociação e mediação, bem como aos meios técnicos, tendo em vista limitar a utilização da força ou de armas de fogo. Os organismos de aplicação da lei deveriam rever o seu programa de formação e procedimentos operacionais, em função de incidentes concretos. 31 Habilitações, formação e aconselhamento 21. Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir aconselhamento psicológico aos funcionários responsáveis pela aplicação da lei envolvidos em situações em que sejam utilizadas a força e armas de fogo. 32 17 Procedimentos de comunicação hierárquica e de inquérito 22. Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem estabelecer procedimentos adequados de comunicação hierárquica e de inquérito para os incidentes referidos nos princípios 6 e 11. Para os incidentes que sejam objeto de relatório por força dos presentes Princípios, os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir a possibilidade de um efetivo procedimento de controle e que autoridades independentes (administrativas ou do Ministério Público), possam exercer a sua jurisdição nas condições adequadas. Em caso de morte, lesão grave, ou outra consequência grave, deve ser enviado de imediato um relatório detalhado às autoridades competentes encarregadas do inquérito administrativo ou do controle judiciário. 33 Procedimentos de comunicação hierárquica e de inquérito 23. As pessoas contra as quais sejam utilizadas a força ou armas de fogo ou os seus representantes autorizados devem ter acesso a um processo independente, em particular um processo judicial. Em caso de morte dessas pessoas, a presente disposição aplica-se às pessoas a seu cargo. 34 18 Procedimentos de comunicação hierárquica e de inquérito 24. Os Governos e organismos de aplicação da lei devem garantir que os funcionários superiores sejam responsabilizados se, sabendo ou devendo saber que os funcionários sob as suas ordens utilizam ou utilizaram ILICITAMENTE a força ou armas de fogo, não tomaram as medidas ao seu alcance para impedirem, fazerem cessar ou comunicarem este abuso. 35 Procedimentos de comunicação hierárquica e de inquérito 25. Os Governos e organismos responsáveis pela aplicação da lei devem garantir que nenhuma sanção penal ou disciplinar seja tomada contra funcionários responsáveis pela aplicação da lei que, de acordo como o Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei e com os presentes Princípios Básicos, recusem cumprir uma ordem de utilização da força ou armas de fogo ou denunciem essa utilização por outros funcionários. 36 19 Procedimentos de comunicação hierárquica e de inquérito 26. A obediência a ordens superiores não pode ser invocada como meio de defesa se os responsáveis pela aplicação da lei sabiam que a ordem de utilização da força ou de armas de fogo de que resultaram a morte ou lesões graves era manifestamente ilegal e se tinham uma possibilidade razoável de recusar cumpri- la. Em qualquer caso, também existe responsabilidade da parte do superior que proferiu a ordem ilegal. 37 RESOLVA A QUESTÃO! POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL FUNRIO - 2009 20 (PRF 2009 – FUNRIO) Segundo os Princípios Básicos para utilização da força e armas de fogo, adotado pela ONU em 07/07/1990, as normas e regulamentações relativas à utilização de armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem incluir diretrizes que a) especifiquem as circunstâncias nas quais os funcionários responsáveis pela aplicação da lei sejam autorizados a transportar armas de fogo e prescrevam os tipos de armas de fogo e munições autorizados. b) garantam que as armas de fogo e as armas não letais sejam utilizadas apenas nas circunstâncias adequadas e de modo a reduzir ao mínimo o risco de danos inúteis. c) diminuam a utilização de armas de fogo e de munições que provoquem lesões desnecessárias ou representem um risco injustificado. d) regulamentem o controle, armazenamento e distribuição de armas de fogo e prevejam nomeadamente procedimentos de acordo com os quais os funcionários responsáveis pela aplicação da lei necessitem prestar contas de todas as armas e munições que lhes sejam distribuídas, somente quando solicitados. e) prevejam um sistema de relatórios de ocorrência, sempre que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei utilizem armas de fogo fora do exercício das suas funções. 39 (PRF 2009 – FUNRIO) Segundo os Princípios Básicos para utilização da força e armas de fogo, adotado pela ONU em 07/07/1990, as normas e regulamentações relativas à utilização de armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem incluir DIRETRIZES