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From Culture to Hegemony – Dick Hebdige

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(i) From Culture to Hegemony:
(ii) Subculture: The Unnatural Break
Capítulo 12
Cultura: cultivo, tendência, em autores cristãos, adoração; a ação ou prática de cultivar o solo; lavoura, manejo; o cultivo ou a criação de certos animais (e.g. peixe); o desenvolvimento artificial de organismos microscópicos, organismos assim produzidos; o cultivo ou o desenvolvimento (da mente, das faculdades, das maneiras), melhoria ou refinamento pela educação e treinamento; a condição de ser treinado ou refinado; o lado intelectual da civilização; o andamento ou atenção especial ou estudo de qualquer assunto ou busca de algo.
 – Oxford English Dictionary
Sobre o dicionário
Conceito ambiguo;
Palavra adquiriu diferentes e contraditórios significados;
Mesmo como termo científico refere-se a um processo e também a um produto 
Desde o final do século XVIII
Atenção em uma variedade de pontos controversos: “qualidade de vida”, os efeitos da mecanização em termos humanos, a divisão do trabalho e a criação de uma sociedade de massa
Tudo isto foi discutido no que Raymond Williams chamou de “Cultura e Sociedade” (Williams, 1961)
 
Com isso criou-se o sonho da “sociedade orgânica”
Eis as duas definições: 
1ª – Excencialmente clássica e conservadora, representa a cultura como um modelo de excelência estética, “o melhor que tem sido pensado e dito no mundo” (Arnold, 1868), derivado de opera, ballet, drama, literatura e arte);
2ª – De Williams a Herder e século XVIII: “Particular maneira de vida que expressa certos significados e valores não somente em arte e aprendizado, mas também em instituições e pensamento comum. (...) o esclarecimento dos significados e valores implícitos e explícitos em um modo particular de vida, uma cultura particular. (Williams, 1965) 
2ª definição tem, obviamente, mais largo escopo; engloba, na opinião de T. S. Eliot: 
“todas as características e interesses de um povo. Derby Day, regata de Henley, a cidade portuária de Cowes, o 12 de Agosto, o final de uma Copa, corrida de cachorros, a mesa de pino, jogo de dardos, o queijo Wensleydale, repolho cozido cortado em pedaços, beterraba no vinagre, igrejas góticas do século XIX, a musica de Elgar... (Eliot, 1948)
Definição de Eliot só pode ser aceita se…
(conforme apontado por Williams)
– uma nova iniciativa teória fosse tomada;
– agora envolve o “estudo das relações entre elementos em um inteiro modo de vida” (Williams, 1965);
– Ênfase vai do imutável para o critério histórico, da fixidez à transformação;
– Williams observa tendências, significados particulares e valores, causas gerais e amplas “tendências” sociais atrás da “vida cotidiana”;
 
Estudos Culturais
Duas definições conflitantes nos primeiros anos quando estabelecidos nas universidades: 
cultura como padrão de excelência; 
 cultura como “modo de vida”
Incapazes de determinar qual representava a linha de pesquisa mais proveitosa 
Classe trabalhadora
Dois retratos simpáticos e melancólicos de meninos de pré-escola 
Richard Hoggart (1958): cidade de Leeds (norte da Inglaterra)
Raymond Williams (1960): aldeia mineira no País de Gales
Porém os trabalhos têm um forte viés em direção à literatura e à alfabetização, bem como um forte tom moral.
Hoggart: deplorou a maneira em que a tradicional comunidade de trabalhadores – uma comunidade de valores experimentados e testados apesar do paisagem sisuda na qual estava inserida – estava sendo minada e substituida por um “mundo de algodão doce” de emoções e ficção barata que eram, de alguma forma sem graça e despresível. 
Williams: tentativamente aprovou a nova comunicação de massa mas se preocupou em estabelecer critério moral e estético para distinguir o bom produto do “lixo”; o jazz – “a forma real de música” – e o futebol – “um jogo maravilhoso”– da novela de estupro, das tirinhas do jornal de domingo e o último Tin Pan drool (Williams, 1965) 
Em 1996 Hoggart definiu as bases em que os Estudos Culturais foram estabelecidos 
Primeiro, sem apreciar a boa literatura, ninguém realmente entenderá a natureza da sociedade, segundo, a análise crítica literária pode ser aplicada a certos fenômenos sociais além da literatura “academicamente respeitável” (por exemplo, a arte popular e a comunicação de massa) de forma que ilumine seus significados para os indivíduos e a sociedade. (Hoggart, 1966) 
Informação sobre Roland Barthes
A dedução implícita que ainda se necessita de uma sensibilidade literária para “ler” a sociedade com a sutileza necessária, e que as duas ideias de cultura poderiam ser, enfim, reconciliadas foi também, paradoxalmente, para informar o trabalho anterior do escritor francês Roland Barthes, embora ele tenha encontrado validação em um método – a semiótica – para ler os signos (Hawkes, 1977). 
Barthes: Myths and Signs
Usa a ideia de Ferdinand de Saussure para expor a natureza arbitrária dos fenômenos culturais. Diferente de Hoggart não distingue o bom do mau na moderna cultura de massa mas mostra como toda a aparentemente expontânea formas e rituais da sociedade burguesa contemporânea está sujeita a uma sistemática distorção que pode a qualquer momento ser desistoricizada, “naturalizada”, convertida em mito. 
Toda a França está mergulhada nessa ideologia anônima; nossa imprensa, nossos filmes, nosso teatro, nossa literatura pulp, nossos rituais, nossa justiça, nossa diplomacia, nossas convenções, nossas observações sobre o clima, o julgamento de um assassinato, um casamento comovente, a cozinha que sonhamos, as roupas que usamos, tudo no cotidiano depende da representação que a burguesia tem e nos faz ter da relação entre e o mundo (Barthes, 1972) 
Como Eliot, a noção de Barthes sobre cultura vai além da biblioteca, da ópera e do teatro abrangendo o cotidiano, sobreposto por um significado mais insidioso que mais sistematicamente organizado. A partir da premissa de que mito é um tipo de discurso Barthes examina o normalmente escondido conjunto de ideias, códigos e convenções através de cada significado particular a especificos grupos sociais. Aqueles no poder têm seus valores como universais e “dados” para toda a sociedade. Cita como exemplo uma fotografia de um soldado negro saudando a bandeira francesa, na qual há uma primeira e segunda conotação de ordem: (1) um gesto de lealdade, mas também (2) “A França é um grande império, e todos seus filhos, sem discriminação de cor, fielmente serve sob sua bandeira. 
Barthes usa um método originado na linguística para outros sistemas de discurso como moda, filme, comida etc. Isto abre novas possibilidades para os estudos culturais contemporâneos. É esperado que uma análise semiótica possa fazer desaparecer o vazio entre a alienação intelectual e o mundo “real”. Sob a direção de Barthes a semiótica prometeu a reconciliação dos dois conflitos de definições de cultura sobre os quais os Estudos Culturais estavam tão ambiguamente postulados – o casamento de uma convicção moral (neste caso sob a crença marxista de Barthes) e os temas populares: o estudo do total modo de vida da sociedade. Embora Barthes divide a preocupação literária de Hoggart e Williams, seu trabalho introduziu uma nova problemática marxista que era estranha à tradição britância, portanto limitada. 
Então E. P. Thompson buscou substituir a definição de Williams de cultura como “uma teoria de relações entre elementos na vida cotidiana” com sua própria mais rigorosamente marxista formulação: “o estudo das relações na vida de conflito”. A partir daí um novo quadro analítico é necessário; um novo vocabulário, mais abrangente. É então que a palavra “ideologia” adquire um significado mais abrangente. Barthes encontra uma “ideologia anônima”penetrando cada possível nível da sociedade. Mas como pode ideologia ser “anônima”? E como pode assumir um tal amplo significado? Antes de tentarmos qualquer leitura de estilo subcultural devemos primeiro definir o termo “ideologia” mais precisamente. 
Ideology: A Lived Relation
Visão marxista;Prospera inconcientemente; 
Passa como “espontânea”;
Não é examinada; 
Não se pode aprender, através do senso comum, como as coisas são. (Hall, 1977)
Satura o discurso cotidiano como senso comum portanto não pode ser excluída da vida cotidiana como um conjunto independente de “opiniões políticas” ou “pontos de vista tendenciosos”. Nem pode ser reduzida à dimensão abstrata de uma “visão de mundo” ou usada no senso marxista bruto de “falsa consciência”. 
Ao invés do último ítem, segundo Louis Althusser
Tem pouco a ver com “consciência”;
Profundamente inconsciente;
É realmente um sistema de representação mas na maioria dos casos esta representação não tem nada a ver com “consciência”; 
São geralmente imagens e ocasionalmente conceitos mas acima de tudo estruturas que são impostas à vasta maioria, não através de sua “consciência”. São objetos culturais percebidos, aceitados e sofridos que agem funcionalmente nos homens através de um processo que lhes escapa. 
Para Louis Althusser
A própria arquitetura das coisas tem ideologia;
Todos os aspectos de cultura têm um valor semiótico; 
Para desmascarar a dimensão ideológica de signos temos que tentar desenbaraçar os códigos através dos quais os significados estão organizados; 
A questão crucial tem a ver com quais específicas ideologias representam os interesses de quais específicos grupos e classes; 
Para entendermeos este ponto devemos nos referir a Marx: 
Esta é a base da teoria de Antonio Gramsci de hegemonia que fornece o mais adequado relato de como o domínio é sustentado na sociedade capitalista avançada.
Hegemony: The Moving Equilibrium
A sociedade não consegue dividir um sistema comum de comunicação enquanto for dividida em classes em guerra
Brecht, A Short Organum for the Theatre 
 
Definição de hegemonia segundo Stuart Hall (Hall, 1977);
É um “equilíbrio em movimento”, como disse Gramsci. Tem que ser ganhada, reproduzida e sustentada;
O consenso pode ser fraturado, desafiado, rejeitado;
Resistência ao grupo dominante não é sempre facilmente finalizada ou automaticamente incorporada;
Objetos se tornam signos e signos se tornam objetos e uma segunda natureza toma o lugar do primeiro e há sempre “objeções e contradições que dificultam o fechamento do circuito”. (Lefebvre, 1971); 
Retorno ao significado das subculturas juvenis pós-guerra;
Há na subcultura as contradições descritas por Lefebvre; 
Porém o desafio à hegemonia que a subcultura representa não é emitida por elas mas sim pelo estilo; as contradições são “magicamente resolvidas” superficialmente; 
Não é uniforme, há várias diferentes classes;
Teddy boys ou simplesmente Teds
Modernists ou Mods
Rockers
Punks
(ii) Subculture: The Unnatural Break
“Eu me senti imundo cerca de 48 horas”
– Disse Bernard Brook Partridge, conselheiro do Great London Council , em 1977, depois de ver um show do Sex Pistols
Sex Pistols
A linguagem é, de todas as instituições sociais, a menos passível de iniciativa. Ela se funde com a vida da sociedade e, esta última, inerte por natureza, é uma força primordialmente conservadora.
–Saussure, 1974
Zandra Rhodes: chocar e chic
Johnny Rotten, ontem e hoje!!

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