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Para Entender Melhor a Previsão 
Meteorológica Para a Estação 
Chuvosa no Ceará
E Glossário de Termos Meteorológicos
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
Janeiro de 2009
Trabalho produzido em cooperação entre o Departamento de Meteorologia da FUNCEME e o 
Programa para a América Latina do International Research Institute for Climate and Society (IRI), 
Nova York.
Consultoria de comunicação social e texto: Renzo Taddei
Fotos: Renzo Taddei
Imagens: Departamento de Meteorologia da FUNCEME
Contato:
David Ferran Moncunill
Gerente do Departamento de Meteorologia da FUNCEME
david@funceme.br
Renzo Taddei
Departamento de Antropologia, UNICAMP; International Research Institute for Climate and 
Society (IRI), e Center for Research on Environmental Decisions (CRED), Nova York
taddei@iri.columbia.edu
Índice:
Introdução 3
O que é o inverno? 3
O que faz a meteorologia? 8
Limites dos prognósticos 12
Por que o prognóstico é probabilístico? 12
O que o prognóstico não é 14
O que é uma boa previsão de chuva? 14
Perspectivas de futuro 15
Glossário de termos meteorológicos 17
2
Introdução
Este texto tem como objetivo explicar o que 
a meteorologia faz, e também discutir breve-
mente a questão da comunicação entre a 
ciência e a sociedade, e como a meteorologia 
está inserida nisso. 
Os últimos anos foram muito intensos no 
que se refere a fenômenos meteorológicos: 
tivemos o furacão Katrina em Nova Orleans, 
em 2004; as estações de furacões de 2004 
e 2005 no hemisfério Norte foram as mais 
intensas da historia registrada; no Brasil houve 
o primeiro furacão registrado no hemisfério 
Sul, o Catarina, que atingiu o estado de Santa 
Catarina, também em 2004. E, em 2005, foram 
registrados tornados em Indaiatuba, secas no 
Rio Grande do Sul no começo do ano, depois 
na Amazônia, e no segundo semestre seca 
verde no Ceará. O aquecimento global nunca 
atraiu tanta atenção, com Al Gore ganhando 
o Oscar e o Nobel. Recentemente, Santa 
Catarina, e posteriormente Minas Gerais, 
foram atingidos por inundações de dimensões 
catastróficas. 
Mais ou menos neste contexto, o Ceará se 
aproxima, a cada início de ano, da estação 
chuvosa. A reação típica das sociedades que 
sofrem com falta de chuvas é a ansiedade co-
letiva: as atenções são voltadas pra prognósti-
cos, os telefones da FUNCEME não param de 
tocar, e os profetas anunciam suas previsões.
Já faz pelo menos dez anos que a comuni-
dade cientifica começou a prestar atenção 
nos usos que se faz de prognósticos de clima 
pela sociedade. Talvez o fator desencadeador 
disso tenha sido o El Niño de 1997 e 1998 (o El 
Niño é o aquecimento das águas do Oceano 
Pacífico ). Naquele ano, pela primeira vez, o El 
Niño havia sido previsto, e como grande parte 
da miséria do mundo está ligado a secas e 
inundações, instaurou-se na comunidade 
científica a esperança de que isso poderia 
significar um ganho dramático em melhoria de 
vida das populações mais pobres do mundo. 
O que se seguiu foi uma grande decepção: os 
efeitos negativos do El Niño foram quase idên-
ticos aos anteriores, ainda que a informação 
tivesse sido disseminada ao redor do mundo. 
Surge daí a constatação de que não basta pro-
duzir e disseminar informação climática, mas é 
preciso entender como as sociedade e comu-
nidades as entendem e usam. Com isso, os 
estudos de clima tornaram-se um campo mul-
tidisciplinar, com a participação de disciplinas 
como a antropologia, a psicologia social, a 
história, a semiótica, e os estudos comunica-
cionais. Trata-se de uma importante mudança 
de paradigmas na comunidade internacional 
dedicada aos estudos do clima. Essa mudança 
vem produzindo alterações nas instituições 
brasileiras de previsão de clima também, e 
este trabalho é uma evidência disso.
Neste esforço de melhoria de comunica-
ção entre a meteorologia e a sociedade, o 
primeiro passo é melhorar o entendimento de 
o quê exatamente fazem os meteorologistas, 
e quais os conceitos fundamentais usados 
por eles. Obviamente, o primeiro deles é a 
questão do inverno. 
O que é o Inverno?
O censo comum diz que o inverno, ou mais 
precisamente a estação chuvosa, é composto 
pelas chuvas que acontecem desde a primeira 
vez que chove até a última, no primeiro se-
mestre do ano. A meteorologia vê isso de uma 
maneira um pouco diferente, em virtude do 
fato de estudar os sistemas atmosféricos que 
trazem chuvas ao Ceará. Como são basica-
mente três sistemas que ocorrem em momen-
tos diferentes, a meteorologia diz que existem 
três momentos ou tipos diferentes de chuva. 
O ponto importante aqui é entender que a 
 1 Atualmente está provado que durante um El Niño, 
aumentam as chances de seca no Nordeste, por razões 
explicadas abaixo. Mas o El Niño, como veremos, não é 
o único fator determinante no clima desta região.
3
As chuvas que ocorrem em dezembro e 
janeiro são em geral chamadas de chuvas de 
pré-estação. Essas chuvas são causadas basi-
camente por frentes frias que vem do Sul, o 
que acaba afetando a atmosfera aqui em cima 
do nordeste; às vezes é formado o que meteo-
rologistas chamam de vórtice ciclônico, uma 
movimentação circular dos ventos na alta at-
mosfera que pode provocar chuvas. As chuvas 
de janeiro de 2004, que encheram o Orós e o 
Castanhão e inundaram o vale do Jaguaribe, 
foram causados por frentes frias fortes que 
causaram um imenso vórtice ciclônico sobre o 
Nordeste. Como as frentes frias normalmente 
vêm do Sul, elas podem ser monitoradas, ou 
seja, acompanhadas através de imagens de sa-
télite, por exemplo. Nesse sentido, podemos 
saber se elas vão atingir determinada região 
do estado com alguns dias de antecedência. 
O problema é que não são bem conhecidos 
os fatores que causam as frentes frias. Desta 
forma, é impossível prever com meses de an-
tecedência como serão essas frentes, quanto 
tempo durarão, e qual o volume de chuvas 
trazido por elas. Por essa razão, a previsibili-
dade deste sistema é mais baixa. O gráfico 
abaixo apresenta o contorno da região nor-
deste do Brasil, com a divisão dos estados, e a 
direção das frentes frias, vindas do Sul.
O segundo momento das chuvas é aquele que 
vai mais ou menos de fevereiro a maio, e é o 
que a meteorologia chama de estação de chu-
va propriamente dita. Essa estação de chuva é 
causada por um sistema chamado de Zona de 
Convergência Inter-Tropical (cuja sigla é ZCIT). 
Vamos explicar num slide mais abaixo o que é 
essa zona. O importante aqui é entendermos 
que essas chuvas vêm do Norte , do oceano, e 
os fatores que determinam o posicionamento 
desse sistema de nuvens são relativamente 
bem conhecidos e entendidos. Além disso, a 
posição da zona de convergência é muito in-
fluenciada pela temperatura dos oceanos, que 
muda lentamente. Por essas razões, dizemos 
que existe alta previsibilidade associada a es-
sas chuvas, isto é, a meteorologia é capaz de 
fazer previsões com meses de antecedência e 
alto grau de acerto. Na realidade, o prognós-
tico para o inverno produzido pela meteoro-
logia faz referência apenas a esse sistema. Em 
geral as chuvas que ocorrem em virtude dos 
outros sistemas não estão incluídas no prog-
nóstico, devido ao seu baixo grau de previsi-
bilidade, como dissemos acima.
previsibilidade de cada um desses sistemas é 
diferente. Ou seja, a meteorologia consegue 
prever bem as chuvas provocadas por um 
desses sistemas, e não consegue prever as 
chuvas causadas pelos outros dois.
Momento em 
que chove
Nome dado pela 
meteorologia
Sistemas 
meteorológicos 
principais
Previsibili-
dade
Dezembro-
Janeiro
Chuvas de pré-
estação
Frentes frias e 
Vórtice ciclônico
Baixa
Fevereiro a 
Maio
Estação de 
chuvas propria-
mente dita
Zona de 
Convergência 
Inter-Tropical
Alta
Maio-Junho Chuvas de pós-
estação
Ondas deleste Baixa
4
Após as chuvas da estação, existe uma última 
chuva, que ocorre nos meses de maio, junho, 
e até se esticam um pouco mais. Essas chuvas 
são chamadas pela meteorologia de chuvas 
de pós–estação. Elas vêm do leste, do Oceano 
Atlântico, passando pelos litorais de Pernam-
buco e Paraíba, e podem atravessar as chapa-
das do Leste do Ceará e chegar ao sertão e até 
mesmo a Fortaleza. Essas chuvas são causadas 
pelo que os meteorologistas chamam de “on-
das de leste”. Também não têm suas causas 
bem conhecidas, sendo, portanto, difíceis de 
prever com antecedência de mais de algumas 
semanas (ainda que possamos monitorá-las 
através de imagens de satélite, por exemplo).
Uma coisa importante para o Ceará é o fato 
de que as frentes frias e as ondas de leste não 
duram, em geral, tempo suficiente para pos-
sibilitar colheita agrícola – ainda que, como 
em janeiro de 2004, possam encher açudes. 
Apenas as chuvas trazidas pela zona de con-
vergência, ou seja, a estação de chuvas pro-
priamente dita, duram tempo suficiente para 
possibilitar a colheita. O que ocorre é que 
algumas vezes as chuvas de pré-estação ainda 
estão ocorrendo quando as chuvas da zona de 
convergência começam a ocorrer. Nessa situa-
ção, o agricultor pode tirar até duas safras de 
feijão verde ou de milho, o que melhora con-
sideravelmente seu padrão de vida. Mas, na 
maioria dos anos, existem espaços de tempo 
sem chuvas entre as chuvas trazidas pelas 
frentes e vórtices em dezembro e janeiro e as 
chuvas da zona de convergência, que às vezes 
só se iniciam em março. Esses espaços de 
tempo sem chuvas são chamados de “verani-
cos”, e fazem com que os produtores percam 
grandes quantidades de sementes. Trata-se 
de um risco inerente à agricultura, e os produ-
tores sabem disso: preferem apostar nas 
primeiras chuvas, na esperança de que elas 
sigam ocorrendo (e se juntem com as chuvas 
trazidas pela zona de convergência). 
Às vezes, pode também ocorrer uma inter-
rupção nas chuvas trazidas pela zona de 
convergência, seja porque ela oscila de volta 
ao Norte, ou porque fica menos ativa (e, por-
tanto, mais fraca).
Mas o que exatamente é a zona de con-
vergência inter-tropical? Vejamos a imagem 
de satélite abaixo. Vou explicar a imagem: 
podemos ver as bordas do nordeste do Bra-
sil no canto inferior esquerdo, e a borda da 
África no canto superior direito. Todo o meio 
da imagem é o oceano Atlântico. A zona de 
convergência é a região onde massas de ar 
(ventos) vindas do Sul encontram massas de 
ar vindas no Norte (ou seja, essas massas con-
vergem), formando uma faixa de nuvens. Na 
imagem, há três faixas que foram desenhadas 
posteriormente, por cima das nuvens, apenas 
5
O gráfico mostra que quando as temperaturas 
na superfície do Pacífico estão normais, há 
uma circulação de ar no sentido horário: o ar 
sobe na região próxima à Austrália e Pacifico 
Sul, move-se em direção ao leste, e desce na 
costa pacífica da América do Sul. Isso causa 
chuvas na região da Austrália (porque ar su 
bindo leva vapor de água para a atmosfera, o 
para indicar a localização aproximada da zona 
de convergência. Essa imagem é interessante 
porque retrata janeiro de 2004: podemos ver 
também o vórtice ciclônico (na imagem, uma 
grande quantidade de nuvens) sobre o nor-
deste do Brasil, no canto inferior esquerdo. 
A zona de convergência desce para regiões 
mais ao Sul e depois sobe para o Norte , cicli-
camente, ao longo do ano. Quando ela desce 
o suficiente, cobre o nordeste do Brasil e traz 
as chuvas. Quando ela não desce o suficiente, 
fica sobre o mar, e as chuvas que ocorrem não 
chegam ao continente. 
As pesquisas recentes tentam entender o que 
é que faz com que a zona de convergência 
desça ou suba, ou seja, o que a traz para cima 
do continente (ou não). Foi constatado que 
os oceanos Pacífico e Atlântico influem nisso. 
O Oceano Pacífico é uma imensa caixa d’água, 
cobrindo metade do globo terrestre, e como 
a água tem a capacidade de acumular e fazer 
circular calor, o oceano Pacífico é muito im-
portante na regulação climática do planeta. 
Vejamos o mapa abaixo. Nele, vemos o globo 
aberto numa folha. A Austrália está represen-
tada no lado inferior esquerdo; a América do 
Sul na parte central-direita, e a África no canto 
direito. 
6
Desta forma, quando há um aquecimento das 
águas do Pacífico, a circulação de ar sobre o 
Ceará desfavorece a formação de nuvens. Po-
demos então dizer que a ocorrência do El Niño 
(aquecimento das águas do Pacífico) aumenta 
as chances de redução de chuvas no Ceará.
Mas o Pacífico não é o único fator a influenciar 
as chuvas no Ceará. O Atlântico também tem 
o seu papel. Vamos analisar o gráfico abaixo. 
+ FRIO
+ QUENTE
+ FRIO
+ QUENTE
Novamente vemos o contorno da América 
do Sul no canto esquerdo inferior e a África 
no canto direito superior. O oceano Atlân-
tico está entre os dois continentes. Em geral, 
quando há diferença de temperaturas entre o 
Atlântico Sul e o Atlântico Norte , isso também 
afeta a força dos ventos. Os ventos vindos 
da região mais fria (onde há alta pressão, na 
linguagem dos meteorologistas) serão mais 
fortes dos que os vindos de regiões mais 
quentes (baixa pressão). Para o Ceará, o 
conveniente é que as nuvens da zona de con-
vergência desçam e cubram o estado. Por essa 
razão, é conveniente que as águas no Atlân-
tico Norte estejam mais frias do que as do 
Atlântico Sul, de modo que os ventos vindos 
do Norte “empurrem” a zona de convergên-
cia para baixo, como no gráfico a seguir.
que favorece a formação de nuvens) e reduz 
as chuvas no litoral do Peru. Quando as águas 
do Pacífico estão aquecidas, a circulação de ar 
se inverte: passa a ser anti-horária. Isso traz 
chuvas ao Peru e inibe as chuvas no Pacifico 
Sul. Isso também afeta a circulação de ar na 
região do Atlântico, perto da linha do Equa-
dor, fazendo com que o ar desça nessa região, 
com isso inibindo a formação de nuvens.
7
+ QUENTE
+ FRIO
+ QUENTE
+ FRIO
Desta forma, as chuvas no Ceará são causadas 
pela influência de fenômenos bem conhecidos 
e estudados, e sobre os quais podemos fazer 
previsões (temperaturas dos oceanos Pací-
fico e Atlântico e sua influência nas nuvens 
da zona de convergência), mas também por 
fenômenos atmosféricos que podemos moni-
torar bem, mas não prevê-los com grande 
antecedência, como as frentes frias. Além 
disso, o Atlântico e o Pacífico muitas vezes 
não estão sincronizados: há situações em que 
ambos agem numa mesma direção (trazendo 
mais chuvas), e há situações em que agem em 
oposição (um favorecendo boas chuvas e o 
outro favorecendo poucas chuvas). Por isso 
é necessário prestar a atenção em ambos: o 
fenômeno El Niño pode não trazer seca ao 
Ceará se o Atlântico estiver favorável a chu-
vas, e vice versa. As pesquisas continuam, e 
espera-se que no futuro esses mecanismos 
atmosféricos sejam ainda mais bem com-
preendidos.
O que faz a meteorologia?
Podemos perceber as chuvas e seus efeitos 
de duas formas. A primeira é cada evento 
de chuva isoladamente: um temporal ou um 
furacão, por exemplo. A outra são os efeitos 
acumulados das chuvas (ou da falta dela) ao 
longo de um período de tempo: um açude que 
lentamente se enche ao longo do inverno, ou 
a destruição lenta das lavouras devido à falta 
de chuvas. A meteorologia chama a primeira 
forma de eventos de curto prazo, e diz que 
esses são fenômenos de tempo. Ou seja, 
a previsão do tempo é a previsão de curto 
prazo, das chuvas dos próximos dias. A segun-
da forma de percepção é chamada de longo 
prazo, e esses fenômenos são chamados de 
clima. A previsão do clima não diz respeito às 
chuvas de um dia específico, mas sim ao total 
de chuvas de toda a estação chuvosa. Um 
temporal é um evento de tempo; uma seca é 
um evento de clima.Vamos falar rapidamente sobre tempo. Ba-
sicamente, através do uso da tecnologia é 
possível fazer o monitoramento do que está 
acontecendo com as nuvens. Para isso são 
usados fotos de satélite – existem satélites 
passando sobre o Ceará várias vezes por dia 
e produzindo fotos da atmosfera sobre o 
estado -, radares meteorológicos, pluviôme- 
tros (que medem a quantidade de chuva num 
determinado local), e bóias oceânicas. 
Uma das coisas interessantes da meteoro-
logia é o compartilhamento de dados: siste-
mas atmosféricos não respeitam fronteiras 
nacionais, e por essa razão, instituições de 
diversos países colaboram entre si através do 
compartilhamento de dados e informações. A 
comunidade meteorológica é relativamente 
pequena, se comparada com outros ramos da 
ciência, mais muito interligada: a meteorologia 
já era globalizada mesmo antes da globaliza-
ção dos mercados e economias que ocorreu 
nas últimas décadas.
Alem disso existem modelos de computador 
que fazem a previsão do tempo para alguns 
dias no futuro. Esses modelos também são 
compartilhados, e por essa razão, a idéia de 
que a meteorologia de outros países é melhor 
do que nossa, porque os computadores lá são 
melhores, não procede: usamos os mesmos 
computadores com praticamente os mes-
mos modelos. O que muitas vezes difere na 
situação de cada país é o fato de que alguns 
começaram a coletar dados meteorológicos 
muito antes de outros, e esses dados são im-
8
portantes para que os modelos de computa-
dor funcionem bem. Os Estados Unidos, por 
exemplo, começaram a coletar dados de chu-
vas desde o século 19, enquanto na maioria do 
Brasil a coleta sistemática começou apenas na 
década de 1960. 
Isso tudo se refere ao tempo, mas não é sobre 
isso que a previsão sobre o inverno produzida 
pela FUNCEME e por outras instituições me-
teorológicas se refere. A previsão do inverno 
é uma previsão de clima, ou seja, de longo 
prazo, para toda a estação. 
Vejamos então no que consiste a previsão do 
clima: trata-se das probabilidades associadas a 
três categorias que descrevem o total de chu-
vas em todo o Ceará (ou em grandes regiões 
dentro do estado, como a parte Norte do 
estado, ou a parte Sul), em relação aos últi-
mos trinta anos. Essas categorias são acima da 
média histórica, dentro da média, ou abaixo da 
média. Mas antes de falar disso, vamos refor-
çar pontos importantes:
1) A previsão consiste em probabilidades (e 
mais adiante vamos explicar porque a pre-
visão é necessariamente probabilística). É 
bom lembrar que mesmo coisas com pouca 
probabilidade acontecem: quando jogamos 
na Mega Sena, sabemos que a probabilidade 
maior é de não ganharmos. Mas mesmo as-
sim, em geral alguém ganha. Para essa pessoa, 
a probabilidade menor (de ganhar) ocorreu, 
e a probabilidade maior (não ganhar) não 
ocorreu. O mesmo se dá para o clima: mesmo 
que a previsão diga que há 60% de chance de 
chuvas acima da média, o fato de que poste-
riormente as chuvas fiquem abaixo da média 
não quer dizer que a previsão estava errada: a 
penas o fato de menor probabilidade foi o que 
ocorreu. Uma vez mais: coisas improváveis 
acontecem. Desta forma, tecnicamente não se 
pode dizer que uma previsão estava “errada”. 
Isso é muito importante porque muitas vezes 
a meteorologia é injustamente acusada de 
incompetência, quando na realidade a ocor-
rência de eventos de menor probabilidade 
ocorrem a todo momento.
2) A previsão faz referência ao total de chuvas 
na estação, e não faz nenhuma referência à 
distribuição dessas chuvas ao longo do tempo. 
Ou seja, pode chover tudo em quatro dias ou 
em quatro meses (o que faz muita diferença 
para a agricultura, e não tanto assim para a 
área de recursos hídricos); a previsão do clima 
não diz nada a esse respeito. Isso também 
causa confusão: se a previsão é de chuvas 
abaixo da média, às vezes por causa de um 
temporal forte a previsão é tida como equivo-
cada. Foi exatamente isso que ocorreu em 
2004: apesar das fortes chuvas de janeiro, en-
tre fevereiro e maio as chuvas ficaram abaixo 
da média histórica. Por essa razão, apenas 
podemos dizer se a previsão se materializou 
no final da estação. 
3) A previsão faz referência a todo o estado 
do Ceará, e não a municípios ou localidades. 
Isso significa que pode chover acima da média 
no estado como um todo, mas abaixo da mé-
dia em algum município. Atualmente existem 
pesquisas sendo desenvolvidas para aumentar 
a precisão espacial da previsão.
Com relação às categorias “abaixo da média 
histórica”, “na média”, ou “acima da média”, 
trata-se apenas de uma forma de organizar os 
dados do passado e usá-los como referência. 
“Abaixo da média histórica” é a faixa onde es-
tão localizados os 10 anos com menos chuvas 
dos últimos 30. “Acima da média” são os 10 
com mais chuvas nos últimos 30. E “na média” 
são os que ficaram no meio. O próximo gráfico 
mostra isso: o total de chuvas por ano foi or-
denado para os anos 1979 a 2008, em ordem 
crescente. Os 10 anos da esquerda definem a 
categoria “abaixo da média histórica”; os 10 
anos da direita, a categoria “acima da média 
histórica”. 
É importante entender que se trata apenas de 
uma forma de organizar dados estatísticos. 
Por essa razão, a categoria “abaixo da média 
histórica” não significa seca, necessariamente. 
Isso ocorre porque os dados de chuvas variam 
de região para região. Chove mais no Cariri 
e no litoral Norte, por exemplo, do que no 
9
Sertão Central ou na região do Jaguaribe. 
O gráfico abaixo mostra que os mesmos 90 
milímetros de chuva em janeiro caem dentro 
da categoria “seco” (abaixo da média históri-
ca) para o Cariri, e na categoria “chuvoso” 
(acima da média) para a região Jaguaribana. 
Podemos pensar que existem áreas nessas 
duas regiões com solos iguais e que produzem 
a mesma cultura agrícola – por essa razão, 
não há razão para pensar que abaixo da média 
signifique seca necessariamente. Mesmo com 
chuvas abaixo da média, uma boa distribuição 
das chuvas no tempo pode resultar em boa 
safra.
O próximo gráfico mostra isso de uma outra 
forma: na tabela estão listados os valores que 
definem chuvas abaixo, acima ou dentro da 
média histórica para cada região do Ceará. 
Se tomarmos o valor de 700 milímetros de 
chuva no ano em todo o estado, por exemplo, 
vemos que isso significa chuvas abaixo da 
média histórica nas regiões do litoral Norte, 
Pecém, na serra de Ibiapaba e em Fortaleza; 
dentro da média para as regiões do maciço de 
Baturité e do Cariri; e acima da média para as 
regiões do Jaguaribe, Sertão Central, e Inha-
muns. Obviamente, se chovesse 700 milíme 
tros em todo o estado, não poderíamos dizer 
que metade do Ceará vive seca e a outra meta-
de não. Isso exemplifica o fato de que “abaixo 
da média histórica” não é sinônimo de seca.
10
Acima de 729 mm567 a 729 mmAbaixo de 567 mmRegião do Cariri
Acima de 605 mm449 a 605 mmAbaixo de 449 mmSertão Central/Inhamuns
Acima de 692 mm555 a 692 mm Abaixo de 555 mmRegião Jaguaribana
Acima de 1.044 mm729 a 1.044 mmAbaixo de 729 mmRegião da Ibiapaba
Acima de 911 mm690 a 911 mmAbaixo de 690 mmMaciço de Baturité
Acima de 1.121 mm798 a 1.121 mmAbaixo de 798 mmLitoral de Fortaleza
Acima de 1.073 mm729 a 1.073 mmAbaixo de 729 mmLitoral do Pecém
Acima de 1.016 mm705 a 1.016 mmAbaixo de 705 mmLitoral Norte
Acima da média 
histórica/chuvoso
Ao redor da média 
histórica/normal
Abaixo da média 
histórica/seco
Região
Acima de 729 mm567 a 729 mmAbaixo de 567 mmRegião do Cariri
Acima de 605 mm449 a 605 mmAbaixo de 449 mmSertão Central/Inhamuns
Acima de 692 mm555 a 692 mm Abaixo de 555 mmRegião Jaguaribana
Acima de 1.044 mm729 a 1.044 mmAbaixo de 729 mmRegião da Ibiapaba
Acima de 911 mm690 a 911 mmAbaixo de 690 mmMaciço de Baturité
Acima de 1.121 mm798 a 1.121 mmAbaixo de 798 mmLitoralde Fortaleza
Acima de 1.073 mm729 a 1.073 mmAbaixo de 729 mmLitoral do Pecém
Acima de 1.016 mm705 a 1.016 mmAbaixo de 705 mmLitoral Norte
Acima da média 
histórica/chuvoso
Ao redor da média 
histórica/normal
Abaixo da média 
histórica/seco
Região
90 milímetros (mm)
90 mm
90 milímetros (mm)
90 mm
11
Limites dos prognósticos
Dois limites claros que os prognósticos de 
clima possuem são a incapacidade de dizer 
como será a distribuição das chuvas no tempo 
e no espaço dentro da estação. Trata-se do 
que os meteorologistas chamam de “variabili-
dade espacial das chuvas” e “variabilidade 
temporal das chuvas”. Quanto menor a quan-
tidade de chuvas, maior esse problema: às 
vezes se observa que chove numa fazenda 
e não chove na fazenda vizinha, ou que um 
açude toma água e outro a poucos quilôme- 
tros não. 
Por que o prognóstico é probabilístico?
Para entender porque existe sempre uma 
probabilidade associada à previsão do clima, 
usaremos o exemplo daquele jogo infantil em 
que jogamos uma bolinha de metal num ta- 
buleiro em que vários pinos de madeira estão 
instalados, e a bolinha vai descendo e batendo 
nos pinos até cair em caixinhas instaladas na 
parte inferior, como na imagem a seguir. 
Trajetória de 
cada bolinha
Trajetória de 
cada bolinha
Bolinhas
Hastes de madeira
Bolinhas
Hastes de madeira
Ao jogarmos a bolinha de determinada 
posição, podemos intuir em qual caixinha a 
bolinha vai cair, mas não podemos ter certeza 
a esse respeito. Por exemplo: se jogarmos a 
bolinha mais para o lado esquerdo, acredita-
mos que há maior chance da bolinha cair 
numa das caixinhas da esquerda; se jogarmos 
a bolinha mais para o lado direito, da mesma 
forma parece-nos que o resultado será uma 
das caixinhas da direita. Mas na verdade, 
muitas vezes não é isso que acontece, porque 
uma vez que a bolinha começa a bater dos 
pinos de madeira, sua trajetória pode alterar-
se drasticamente, e uma bolinha jogada mais 
à esquerda pode terminar numa das caixinhas 
da direita. Na verdade, o que acontece uma 
vez que a bolinha está batendo nos pinos é 
tão complexo que dizemos que o que ocorre 
aí é aleatório. 
Mas se eu jogo a bolinha mil vezes e anoto os 
resultados, começo a entender quais os resul-
tados mais prováveis. Com isso, posso tentar 
adivinhar onde cairá a bolinha da próxima vez 
que eu a jogar, e minhas chances de acerto 
serão maiores. Posso jogar a bolinha mais à 
esquerda (ou mais à direita) mil vezes, e ver 
quais os resultados mais freqüentes.
O jogo da bolinha é uma analogia ao trabalho 
de prever o que acontece na atmosfera. 
Inicialmente, a atmosfera é muito complexa, 
e da mesma forma como a bolinha em sua 
trajetória entre os pinos de madeira, é difícil 
entender exatamente o que está acontecendo 
dentro dos sistemas de nuvens, por exemplo, 
a cada momento. No entanto, há modelos 
de computadores que simulam a atmosfera 
e sua relação com temperaturas de oceanos 
e outras variáveis importantes; é como se es-
tivéssemos simulando a posição dos pinos de 
madeira no jogo. Na meteorologia, chamamos 
a posição inicial da bolinha de “condições ini-
ciais”, mas ao invés de saber se a bolinha está 
mais à esquerda ou mais à direita, na previsão 
são tomadas em consideração as temperatu-
ras dos oceanos, ventos, etc. A posição dos 
pinos – que influi diretamente na trajetória da 
bolinha – é chamada de “condições de con-
torno”, e aqui trata-se do entendimento que 
temos de como o clima funciona – a influên-
cia do Pacífico e do Atlântico nas chuvas, por 
exemplo. 
Da mesma forma que, devido à complexidade 
12
do jogo, não posso dizer com certeza em que 
caixinha a bolinha vai cair cada vez que eu a 
jogar, não posso dizer com certeza como será 
o clima de determinada região pedindo para o 
computador fazer os cálculos apenas uma vez. 
Isso porque, de tão complexa, a atmosfera 
tem um elemento aleatório, e isso significa 
que, da mesma forma como no jogo das boli- 
nhas, em que eu posso soltar a bolinha duas 
vezes exatamente no mesmo lugar e ter dois 
resultados diferentes, na previsão do clima eu 
posso pedir para o computador fazer o mes-
mo cálculo duas vezes (na meteorologia diz-se 
“rodar o modelo no computador”) e terei dois 
resultados diferentes. Mas, da mesma forma 
que se eu soltar a bolinha mil vezes posso ver 
quais resultados foram mais freqüentes e daí 
saberei que da próxima vez que eu soltar a 
bolinha a maior chance é de cair nesses resul-
tados, posso pedir para o computador rodar 
o modelo mil vezes e ver quais resultados 
são mais freqüentes. Esses resultados nada 
mais são do que o prognóstico. Se eu contar, 
em termos percentuais, quantos resultados 
caíram dentro da faixa dos 10 anos mais secos 
dos últimos 30, ou seja, na faixa “abaixo da 
média histórica”, eu terei aí a probabilidade de 
que a próxima estação chuvosa esteja abaixo 
da média histórica. Da mesma forma, conto 
em termos percentuais quantos resultados 
caíram na faixa dos 10 anos com mais chuva 
dos últimos 30, e aí teremos a probabilidade 
de que a próxima estação de chuva seja acima 
da média histórica. E os resultados do meio 
serão a probabilidade de ter chuvas “dentro 
da média histórica”.
Por exemplo, peço para o computador fazer o 
cálculo 100 vezes, e ordeno os resultados em 
ordem crescente. Vejo então que 25 resulta-
dos estão abaixo dos 700 milímetros de chuva 
para toda a estação; 35 resultados estão entre 
800 e 1000 milímetros, e 40 resultados estão 
acima dos 1200 milímetros. Dessa forma, pos-
so dizer que há 25% de chance de um inverno 
abaixo da média, 35% de chance de um inverno 
na média, e 40% de chance de um inverno 
acima da média histórica.
Agora, alguém pode perguntar: mas 40% 
de chance de inverno acima da média não é 
pouco? Na verdade, num resultado probabilís-
tico, devemos comparar a probabilidade que 
temos com o número de alternativas possíveis 
de resultados e suas probabilidades asso-
ciadas. Por exemplo, qual a chance de ter o 
resultado “cara” ao lançar uma moeda? É 50%, 
porque a moeda só tem dois resultados pos-
síveis. Qualquer probabilidade diferente dessa 
significa que tenho uma moeda anormal. 
Quando lanço um dado, o número de resulta-
dos possíveis é 6, e por isso tenho 16,6% (100% 
dividido por 6) de chance de obter o número 
1 ou o número 6 como resultado. Qualquer 
probabilidade diferente dessa e o meu dado 
tem problemas. No caso da previsão, como 
tenho três resultados possíveis (acima, abaixo, 
ou na media histórica), se eu não soubesse 
nada do clima e chutasse, minha chance de 
acerto seria 33,3% (100% dividido por 3). Isso 
significa que qualquer probabilidade diferente 
de 33,3% é significativa. Ou seja, nesse pa- 
norama, 40% é claramente maior que 33,3%, e, 
portanto, dizemos que a chance de inverno 
acima da média é muito boa.
50% de chance: muito ou pouco?
Moeda: 2 
resultados 
possíveis. 50% 
de chance cada.
Dado: 6 
resultados 
possíveis. 17% 
de chance cada.
Previsão: 3 
resultados 
possíveis. 33% de 
chance cada.
13
Uma pergunta muito freqüente é se em algum 
momento o prognóstico deixará de ser proba-
bilístico. Atualmente a ciência acredita que 
não: o prognóstico será sempre probabilístico, 
porque a atmosfera é complexa demais. Todo 
modelo de computador é uma simplificação 
da realidade, e por isso possui imperfeições 
– e isso vale para qualquer computador, 
Japonês, Americano ou Quixadaense; micro 
ou supercomputador. Além disso, existe uma 
grande dificuldade de prever as temperaturas 
dos oceanos no futuro, e essas temperaturas 
são condições iniciais importantes (isto é, o 
lugar de onde devemos soltar a bolinha, na 
analogia do jogo).
O que o prognóstico não é
Uma confusão freqüente é tratar prognósti-
cos de chuva como se eles fossem prognósti-
cosdos efeitos da chuva, ou seja, prognóstico 
de colheita, de recarga de açudes, de surtos 
epidêmicos, de número de eventos que neces-
sitarão da ação da defesa civil. Obviamente 
essas coisas estão vinculadas com a chuva, 
mas não de forma direta: entre a chuva e a 
colheita existe um sem número de fatores 
intermediários, como pragas, condições de 
mercado e comercialização, políticas públicas, 
etc. Desta forma, tomar o prognóstico de chu-
va como prognóstico dessas outras coisas é 
um erro. A comunidade científica sabe que na 
verdade, são esses outros prognósticos que 
interessam à sociedade: colheita, recarga de 
açude, prevenção de doenças e planejamento 
de ações de emergência são de fato mais im-
portantes do que chuva pura e simplesmente. 
Por essa razão, já há algum tempo muitos 
cientistas de diversas áreas têm desenvolvido 
tecnologias que buscam transformar prognós-
ticos de chuvas nestes outros prognósticos. A 
FUNCEME está adiantada nessa área e já pos-
sui em sua página de Internet versões preli- 
minares de programas que fazem previsão de 
colheita (de sequeiro) e de recarga de açudes, 
todas baseadas em previsões meteorológicas. 
Uma pesquisa sendo desenvolvida em parce-
ria entre a FUNCEME e o Instituto de Pesqui-
sas para o Desenvolvimento (IRD), da França, 
busca entender como a vida do mosquito da 
dengue está associada ao clima, de modo a 
produzir prognósticos ligados à área de saúde. 
O que é uma boa previsão de chuva? 
À medida que as pesquisas sobre como as 
sociedades e comunidades entendem e usam 
(ou não) informações sobre o clima se desen-
volvem, fica mais clara à comunidade cientí-
fica a diferença entre a qualidade técnica e a 
utilidade social de um prognóstico. No que diz 
respeito à qualidade técnica, normalmente 
os meteorologistas medem o quanto um mo- 
delo de computador que faz previsões é bom 
fazendo previsões sobre o passado. Assim, 
pode-se comparar as previsões com o que 
de fato aconteceu, e desta forma saber quão 
bom é o modelo.
Já do ponto de vista da utilidade social, mui-
tas vezes se constatou que mesmo boas 
previsões podem não encontrar um contexto 
em que seu uso seja possível ou conveniente. 
O fator social é ponto crucial aqui, e ele já se 
faz presente mesmo na definição de alguns 
fenômenos anteriormente considerados pura-
mente meteorológicos. “Seca” é um deles. 
Ainda que existam definições técnicas de seca 
baseadas apenas na redução da quantidade 
de chuvas, numa perspectiva mais social a 
seca é a combinação de um determinado 
evento atmosférico (poucas chuvas) e de um 
determinado contexto social (pouca capaci-
dade de adaptação a uma situação de poucas 
chuvas). Há regiões semi-áridas no mundo em 
que a população às vezes sequer se dá conta 
de que há uma seca acontecendo, porque aí a 
sociedade possui um alto grau de adaptação 
às variações climáticas; ou, dizendo de outra 
forma, essa sociedade possui um baixo grau 
de vulnerabilidade às variações do clima.
14
No que diz respeito aos fatores que podem 
reduzir a utilidade social de um prognóstico, 
podemos citar três. O primeiro é o fato de que 
toda sociedade é heterogênea, e grupos dife- 
rentes têm necessidades diferentes quanto às 
informações climáticas. Produtores agrícolas 
necessitam de informações em formatos e em 
momentos do ano que podem ser muito dife- 
rentes das formas e épocas em que a indústria 
do turismo necessita das informações, e assim 
sucessivamente. No Ceará, historicamente 
privilegiou-se o setor de agricultura e recursos 
hídricos, ainda que o primeiro apresente com-
plexidades que dificultem o uso do prognós-
tico (por razões mencionadas anteriormente 
neste texto, como a incapacidade de previsão 
de chuvas de pré-estação com muita antece- 
dência, além da dificuldade de prever como 
a chuva se distribuirá no tempo e no espaço, 
algo importante para a agricultura). O uso de 
previsões pelo setor de recursos hídricos é 
menos complexo, e por isso, mais freqüente. 
A FUNCEME vem buscando entender as ne-
cessidades de setores específicos, de modo 
a poder produzir prognósticos no tempo e 
formato apropriado para setores diversos da 
sociedade (obviamente, isso pode aumentar 
em muito a quantidade de trabalho da insti- 
tuição, e existe uma limitação de tempo e re-
cursos que deve ser contornada. Todas essas 
questões vêm sendo estudadas).
O segundo fator é que existem crenças e 
hábitos de comportamento que marcam 
fortemente a cultura rural cearense, muitas 
vezes associando fenômenos meteorológi-
cos a temas religiosos (como o dia de São 
José na definição da qualidade do inverno, ou 
na idéia de que as secas são punições pelos 
pecados das comunidades). Naturalmente, 
existe uma dificuldade de interlocução entre a 
ciência e essas formas regionais de entender 
e viver o clima. Isso não significa que existe 
um antagonismo entre a ciência e a cultura 
popular – existem trabalhos acadêmicos na 
área de antropologia que demonstram que 
há muitos paralelos interessantes no esforço 
que faz a ciência para entender o clima e no 
esforço que fazem os detentores da cultura 
popular no mesmo sentido. No fim das contas, 
estão ambos respondendo ao mesmo desafio 
imposto pela natureza. De qualquer forma, 
a interlocução entre campo e ciência ainda 
precisa ser muito trabalhada. O aumento de 
escolarização das crianças nos meios rurais 
sugere que esse desafio será menor em algu-
mas décadas.
Por fim, o grau de liberdade que alguns gru-
pos ou comunidades têm pra agir é restrito, 
ou seja, mesmo que tenham recebido e en-
tendido o prognóstico, não têm recursos ou 
meios para alterar seus modos de vida ou 
atividades econômicas. Há uma grande quanti-
dade de pesquisas apontando esse fator como 
restrição importante na capacidade que têm 
produtores rurais em usar o prognóstico: em 
algumas regiões, a situação de pobreza reduz 
a margem de manobra das comunidades. 
Perspectivas de futuro
Os modelos meteorológicos para previsões 
climáticas deram um salto de qualidade nos 
últimos quinze anos, e continuam sendo 
aperfeiçoados. Associado a isso, os estudos 
de clima abriram-se para uma perspectiva 
multidisciplinar, em que as formas como as 
sociedades pensam e tomam decisões ligadas 
ao clima são estudadas, no intuito de ajudá-las 
a fazer melhor uso das informações climáticas, 
e de ajudar a meteorologia a produzir informa-
ções mais relevantes e úteis à sociedade. 
Como já foi mencionado anteriormente, uma 
das conclusões relevantes desses estudos é 
que prognósticos preparados especialmente 
para comunidades e setores específicos ten-
dem a ser mais relevantes, e portanto mais 
úteis, do que prognósticos genéricos produzi-
dos para a sociedade em geral. Mas, para que 
os prognósticos sejam de fato úteis, é pre-
ciso certa preparação por parte dos usuários 
e comunidades. Uma estratégia de uso do 
15
prognóstico é elencar as estratégias de ação 
disponíveis para as situações de chuvas abaixo 
da média, na média, e acima da média, e 
colocá-las todas em prática ao mesmo tempo, 
mas em proporções diferentes, de acordo 
com o prognóstico. Por exemplo, um agricul-
tor pode fazer parte do seu cultivo em terras 
mais altas, parte em terras mais próximas 
ao rio, e parte em áreas intermediárias; ou 
plantar parte de sua terra com sementes mais 
resistentes a pouca chuva (mas que tendem a 
ter menor produtividade) e parte com se-
mentes mais produtivas, mas mais vulneráveis 
ao tempo seco. Se o prognóstico apontar para 
uma chance maior de que as chuvas fiquem 
abaixo da média, por exemplo, o agricultor, 
neste caso, usaria uma maior quantidade de 
sementes resistentes ou faria áreas maiores 
do seu cultivo mais próximos ao rio, mas sem 
deixar de usar as outras sementes e as terras 
mais altas, em menor proporção. Desta forma, 
nos poucos anos em que as chuvasocorrem 
dentro da faixa de menor probabilidade do 
prognóstico (ou seja, naqueles em que se cos-
tuma dizer, de forma incorreta, que o prog-
nóstico “errou”), o agricultor perderá apenas 
uma parte da sua colheita. A mesma lógica 
pode ser aplicada a outros tipos de atividade 
econômica. 
Outra conclusão importante desses estudos 
aponta para o fato de que a má compreensão 
do trabalho da meteorologia tende a criar 
expectativas que não podem ser satisfeitas, 
o que afeta negativamente a relação entre 
a meteorologia e a sociedade. Neste texto 
mostramos que os prognósticos têm limita-
ções importantes, impostas não apenas por 
restrições técnicas (modelos de computa-
dores são imperfeitos), mas pela própria 
natureza (a atmosfera é muito complexa, 
no sentido que os matemáticos chamam de 
caótica, ou seja, explicada por teorias como a 
teoria do caos). Por essa razão, é mais sábio 
procurar formas de convivência com o semi-
árido, como felizmente já vem ocorrendo há 
alguns anos, e onde a ciência meteorológica 
pode dar contribuições reais, do que esperar 
eternamente por uma certeza climática que 
jamais virá. 
16
Glossário de termos meteorológicos
Terra, devido principalmente à pre-
sença de dióxido de carbono e vapor 
de água, que permitem que os raios do 
Sol aqueçam a Terra, mas impedem que 
parte desse aquecimento retorne para 
o espaço. As nuvens agem como uma 
estufa concorrendo para manter mais 
elevada a temperatura à superfície. Por 
isso as noites límpidas são, em geral, 
mais frias do que as noites nubladas. 
EL NIÑO > Fenômeno meteorológico e 
oceanográfico caracterizado pelo aque-
cimento anormal das águas do Oceano 
Pacífico Equatorial, provocando uma 
série de eventos atmosféricos capazes 
de alterar o clima em todo o mundo. 
O fenômeno LA NIÑA é caracterizado 
pelo efeito reverso, em que as água do 
Pacífico Equatorial apresentam-se mais 
frias que o usual. O EL NIÑO mais forte 
manifestou-se nos anos de 1982/1983, 
quando as temperaturas da água do 
mar chegaram a ficar sete graus acima 
do normal, com enchentes nos estados 
da região Sul e seca na região Nordeste. 
Ver OSCILAÇÃO SUL e ENSO.
EVAPORAÇÃO > O processo físico pelo 
qual um líquido, como a água, é trans-
formado em estado gasoso, como va-
por de água. É o processo físico oposto 
de condensação. 
EVAPOTRANSPIRAÇÃO > O total de 
água transferida da superfície da Terra 
para a atmosfera. É composto da eva- 
poração do líquido, ou “água sólida”, 
ABAIXO DA MÉDIA HISTÓRICA > Ver 
MÉDIA HISTÓRICA.
ACIMA DA MÉDIA HISTÓRICA > Ver MÉ-
DIA HISTÓRICA.
CAMADA DE OZÔNIO > Camada atmos-
férica que contém uma proporção alta 
de oxigênio que existe como ozônio. 
Na condição de ozônio ela age como 
um filtro, protegendo o planeta da 
radiação ultravioleta. Situa-se entre a 
troposfera e a estratosfera, a aproxi-
madamente 9,5 a 12,5 milhas (15 a 20 
quilômetros) da superfície da Terra. 
CHUVA > É o resultado da condensação 
do vapor de água na atmosfera que 
formam gotículas de nuvens e estas 
gotículas crescem até cair em direção 
ao solo em forma de gotas da água 
liquida e atinge a superfície. Normal-
mente é medida em milímetros. 
COLA > Sigla para Center for Ocean-
Land-Atmosphere Studies (Centro de 
Estudos Oceano-Terra-Atmosfera), cen-
tro de pesquisas localizado no estado 
norte-americano de Maryland. Sítio 
de Internet: http://grads.iges.org/cola.
html. 
CPTEC > Sigla para Centro de Previsão 
de Tempo e Estudos Climáticos. Sítio de 
Internet: http://www.cptec.inpe.br/. Ver 
INPE.
EFEITO ESTUFA > Aquecimento global 
da parte mais baixa da atmosfera da 
17
acrescida da transpiração das plantas.
FRENTE FRIA > A extremidade prin-
cipal de uma massa de ar frio que 
avança deslocando o ar quente de seu 
caminho. Geralmente, com a passagem 
de uma frente fria, a temperatura e a 
umidade diminuem, a pressão sobe e 
o vento muda de direção. Precipita-
ção (chuva) geralmente antecede ou 
sucede a frente fria. Sistema meteo-
rológico causador das chuvas de pré-
estação (dezembro e janeiro) no Ceará.
FRENTE QUENTE > Extremidade princi-
pal de uma massa de ar quente que, ao 
avançar, substitui uma massa de ar rela-
tivamente fria que está indo embora. 
Geralmente, com a passagem de uma 
frente quente, a temperatura e a umi-
dade aumentam, a pressão atmosférica 
sobe e, embora os ventos troquem de 
direção, a passagem de uma frente 
quente não é tão pronunciada quanto 
a passagem de uma frente fria. Pre-
cipitação em forma de chuva, neve, ou 
garoa, geralmente antecedem a frente 
na superfície, assim como chuvas con-
vectivas e temporais. Em geral, o ar fica 
claro depois da passagem da frente, 
mas algumas condições para nevoeiro 
também podem ser produzidas pelo ar 
quente. 
FRENTE > Faixa de nuvens geralmente 
bem definidas em imagens de satélites 
e cartas meteorológicas, que ocorre 
entre duas massas de ar diferentes, é 
o limite entre duas massas de ar dife- 
rentes que tenham se encontrado. 
Temos dois tipos de frentes: frias e 
quentes, todas associadas com chuvas. 
INMET > Instituto Nacional de Meteoro-
logia, localizado em Brasília. Vinculado 
ao Ministério da Agricultura. Sítio de 
Internet: http://www.inmet.gov.br/.
INPE > Sigla para Instituto Nacional de 
Pesquisas Espaciais, localizado em São 
José dos Campos, no Estado de São 
Paulo. Sítio de Internet: http://www.
inpe.br/. Ver CPTEC.
INVERNO > No sentido meteorológico, 
inicia-se quando o sol alcança o solstício 
de junho no (dia 21) e termina quando 
ele atinge o equinócio de setembro 
no (dia 21). No Hemisfério Norte ini-
cia quando o sol alcança o solstício de 
dezembro no dia 21 e finda quando ele 
atinge o equinócio de março no (dia 
20). No sentido popular, para o nor-
deste brasileiro, trata-se do período de 
tempo entre a primeira e a última chuva 
do ano. Não equivale ao que a meteo-
rologia chama de estação chuvosa ou 
quadra chuvosa, uma vez que inclui as 
chuvas de pré-estação e pós-estação. 
É por esta razão que os prognósticos 
da meteorologia freqüentemente 
são erroneamente interpretados: tais 
prognósticos referem-se apenas às 
chuvas da estação propriamente dita, 
ou seja, às chuvas causadas pela Zona 
de Convergência Inter-Tropical, e não 
incluem as chuvas causadas por frentes 
frias (pré-estação) ou ondas de leste 
(pós-estação), dado o fato de que tais 
sistemas meteorológicos são muito 
instáveis e de difícil previsão. Em anos 
como em 2004, chuvas intensas na pré-
18
estação (como em janeiro do referido 
ano) criam a ilusão de que o prognós-
tico de maior probabilidade de chu-
vas abaixo da média histórica estava 
equivocado. Na verdade, a precipitação 
entre o fim de fevereiro e maio de 2004 
mostrou-se, de fato, abaixo da média 
histórica, tomados dados de 30 anos 
de chuvas como referência. Ver MÉDIA 
HISTÓRICA, ZONA DE CONVERGÊNCIA 
INTER-TROPICAL, FRENTES FRIAS, ON-
DAS DE LESTE.
IRI > Sigla para International Research 
Institute for Climate and Society (Insti-
tuto Internacional de Pesquisas sobre 
Clima e Sociedade; antes chamado 
International Research Institute for Cli-
mate Prediction), sediado na Universi-
dade de Colúmbia, em Nova York. Sítio 
de Internet: http://iri.columbia.edu/.
LA NIÑA > Ver EL NIÑO e ENSO.
LATITUDE > Localização, em relação à 
linha do equador, de um dado ponto na 
superfície da Terra. É medida em graus, 
e a linha do equador está a zero grau. 
Sua representação é feita através de li- 
nhas paralelas que circundam o planeta 
horizontalmente e o dividem em Norte 
e Sul. Os pólos Norte e Sul estão a 90 
graus em relação à linha do equador. 
LONGITUDE > Localização, em relação 
ao Meridiano Principal, de um dado 
ponto na superfície da Terra. Tal como 
a latitude, é medida em graus - e o 
Meridiano Principal, em Greenwich, 
correspondea zero grau de longitude. 
Sua representação é feita em linhas 
verticais que cruzam a Terra do Pólo 
Norte ao Pólo Sul. A distância entre as 
linhas de longitude é maior no equador 
e menor latitudes mais altas. As zonas 
de tempo são relacionadas à longitude. 
MASSA DE AR > Em meteorologia é 
uma região da atmosfera em que a 
temperatura e a umidade, no plano 
horizontal, apresentam características 
uniformes. 
MÉDIA HISTÓRICA > Da forma como 
este conceito é normalmente usado 
pela meteorologia, trata-se de uma 
forma de avaliar quantidades totais 
de chuva numa estação, por compara-
ção com dados de 30 anos de chuvas. 
Destes 30 anos, os 10 anos com menos 
chuvas definem a categoria “abaixo da 
média histórica” (também chamado de 
“seco” – não confundir com “seca”! A 
palavra “seco” aqui se refere apenas à 
quantidade de precipitação dos 10 anos 
com menos chuvas, sem qualquer rela-
ção com safra ou recarga de açude, por 
exemplo. Trata-se apenas de um con-
ceito estatístico). De forma correlata, 
os 10 anos com mais chuvas definem a 
categoria “acima da média histórica” 
ou “chuvoso”. Os 10 anos intermediá- 
rios definem a categoria “dentro da 
média histórica” ou “normal”. Estas 
três categorias (acima, abaixo ou den-
tro da média histórica) são chamadas 
de tercis. Algumas vezes, as categorias 
abaixo e acima da média histórica são 
subdivididas em “muito seco” (os 15% 
dos anos com menor total de chuvas, 
dos 30 anos em questão) e “seco” 
19
(faixa que vai dos 15% aos 35% com 
menor total de chuvas), para a primeira 
categoria, e “muito chuvoso” (os 15% 
dos anos com maior total de chuvas) 
e “chuvoso” (faixa que vai dos 15% aos 
35% com maior total de chuvas), para 
a segunda. Neste caso, as cinco cate- 
gorias resultantes (muito seco, seco, 
normal, chuvoso, e muito chuvoso) 
são chamadas de quintis. É importante 
ressaltar, uma vez mais, que estes con-
ceitos não fazem referência a produção 
agrícola nem a acumulação de água. 
Uma quantidade de chuva que para 
uma região seja considerada “abaixo 
da média histórica” pode ser conside- 
rada “acima da média histórica” em 
outra, apenas pelo fato de que o que é 
levado em consideração nesta classifi-
cação são os dados de 30 anos de chu-
vas para cada região. Isso significa que 
cada região tem sua própria definição 
do que é abaixo, acima ou dentro da 
média histórica, em função de como 
foram as precipitações dos últimos 30 
anos. Pode-se esperar, por exemplo, 
que uma quantidade de chuvas clas-
sificada como “normal” ou “dentro da 
média histórica” na região do Inhamuns 
seja classificada como “abaixo da mé-
dia histórica” em regiões caracteriza-
das por chuvas mais intensas, como o 
Cariri, por exemplo. Por essa razão, em 
regiões onde tradicionalmente chove 
pouco, até mesmo chuvas “dentro da 
média histórica” podem não ser sufi-
cientes para produção agrícola, por 
exemplo. Os institutos meteorológicos 
fornecem tabelas informando as quan-
tidades de chuvas consideradas acima, 
abaixo e dentro da média histórica para 
casa região do estado e do nordeste.
NORMAL > Valor padrão reconhecido 
de um elemento meteorológico, consi- 
derando a média de sua ocorrência em 
um determinado local, por um número 
determinado de anos. “Normal” signi- 
fica a distribuição dos dados dentro 
de uma faixa de incidência habitual. 
Trata-se de um conceito estatístico. Os 
parâmetros podem incluir temperatu-
ras (altas, baixas e variações), pressão, 
precipitação (chuva, neve, etc.), ven-
tos (velocidade e direção), temporais, 
quantidade de nuvens, percentagem 
de umidade relativa, etc. Ver MÉDIA 
HISTÓRICA.
ONDA DE LESTE > As ondas de leste 
são ondas que se formam no campo de 
pressão atmosférica, na faixa tropical 
do globo terrestre, na área de influên-
cia dos ventos alísios, e se deslocam de 
oeste para leste, ou seja, desde a costa 
da África até o litoral leste do Brasil. 
Este sistema provoca chuvas principal-
mente na Zona da Mata que se estende 
desde o Recôncavo Baiano até o litoral 
do Rio Grande do Norte. Quando as 
condições oceânicas e atmosféricas es-
tão favoráveis as Ondas de Leste tam-
bém provocam chuvas no Estado do 
Ceará, principalmente na parte centro-
norte do Estado. Estas são chamadas 
chuvas de pós-estação (junho em di-
ante) no Ceará.
OSCILAÇÃO DO SUL > Também 
chamado ENSO (sigla em inglês para 
El Niño Southern Oscilation). Reversão 
20
periódica do padrão de temperatura e 
da pressão atmosférica na parte tropi-
cal do Oceano Pacífico durante as ocor-
rências do El Niño ou da La Niña. Ver EL 
NIÑO e LA NINA. 
PLUVIÔMETRO > Equipamento que 
mede a quantidade de chuva, em 
milímetros. Um milímetro de chuva cor-
responde a um litro de chuva por metro 
quadrado. 
PÓS-ESTAÇÃO DE CHUVAS > No Ceará, 
consiste no período em que chuvas 
são ocasionadas por ondas de leste 
vindas do litoral leste do nordeste, em 
geral nos meses de junho em diante. 
Da mesma forma como as chuvas de 
pré-estação, estas chuvas são de difícil 
previsão climática, e por esta razão não 
se incluem no prognóstico para a esta-
ção chuvosa para o estado do Ceará.
PRECIPITAÇÃO > Considera-se precipita-
ção todas as formas de água, líquida ou 
sólida, que caem das nuvens alcançan-
do o solo: garoa, garoa gelada, chuva 
fria, granizo, cristais de gelo, bolas 
de gelo, chuva, neve, bolas de neve e 
partículas de neve. Ver CHUVA. 
PRÉ-ESTAÇÃO DE CHUVAS > No Ceará, 
consiste no período compreendido 
pelos meses de dezembro e janeiro, em 
que chuvas ocasionais são causadas por 
frentes frias vindas do sul e pela forma-
ção de vórtices ciclônicos sobre o Esta-
do. No presente momento, não existem 
modelos matemáticos eficientes para 
a previsão destas chuvas com antece- 
dência maior que algumas semanas, e 
por essa razão estas chuvas não estão 
incluídas nos prognósticos de chuvas 
para a estação chuvosa do Ceará.
PREVISÃO > Descrição detalhada de 
ocorrências futuras esperadas. A pre-
visão do tempo inclui o uso de modelos 
objetivos baseados em certos parâme- 
tros atmosféricos, mais a habilidade 
e experiência de um meteorologista. 
Também chamada de prognóstico. 
PROGNÓSTICO > Ver PREVISÃO.
QUINTIS > Ver MÉDIA HISTÓRICA.
RADAR > Aparelho que detecta a 
posição, forma e natureza de objetos 
móveis ou estacionários, mediante a 
reflexão de ondas de radio por ele en-
viado. Usado pela meteorologia para o 
monitoramento da chuva.
REGIÃO PLUVIOMETRICAMENTE HO-
MOGÊNEA > É formada por grupo de 
municípios que possuem características 
semelhantes na quantidade total anual 
de chuvas.
RESSACA > Elevação do nível das on-
das, comparativo aos períodos em que 
nenhuma tempestade está ocorrendo. 
Embora as elevações mais dramáticas 
estejam associadas com a presença de 
furacões, sistemas menores de baixa 
pressão atmosférica também podem 
causar um leve aumento no nível 
do mar, caso o vento favoreça essa 
condição. 
SATÉLITE ARTIFICIAL > Veículo colo-
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cado em órbita à volta de um planeta 
para estudo científico e retransmissão 
de ondas eletromagnéticas. 
SATÉLITE METEOROLÓGICO DE ÓRBITA 
POLAR > Satélite cuja órbita inclui pas-
sagens próximas a ou sobre ambos os 
Pólos da Terra. 
SATÉLITE METEOROLÓGICO GEOESTA-
CIONÁRIO > Satélite que mantém a 
mesma posição relativa ao Equador, 
quando da rotação da Terra. 
SATÉLITE METEOROLÓGICO > É um 
satélite destinado exclusivamente para 
recepção e transmissão de informações 
meteorológicas. Existem duas classes, 
os geo-estacionários e os de órbita 
polar. 
SATÉLITE > Qualquer objeto que esteja 
na órbita de um corpo celeste, como 
a Lua, por exemplo. O termo, porém, 
é freqüentemente usado para definir 
objetos artificialmente fabricados 
e que estejam na órbita da Terra de 
forma geo-estacionária ou polar (ver 
definições abaixo).Algumas das in-
formações colhidas por satélites me-
teorológicos, como o GOES9, incluem 
temperatura nas camadas superiores 
da atmosfera, umidade do ar e registro 
da temperatura do topo das nuvens, da 
Terra e do oceano. Os satélites também 
acompanham o movimento das nuvens 
para determinar a velocidade dos ven-
tos altos, rastreiam o movimento do 
vapor de água, acompanham o movi-
mento e a atividade solar, e transmitem 
dados para instrumentos meteorológi-
cos ao redor do mundo. 
SECA > Existem vários significados para 
o termo. Seca pluviométrica significa 
chuvas em quantidades reduzidas ou 
ausência de chuvas. Seca hidrológica 
significa pouca ou nenhuma acumula-
ção de água nos açudes. Seca agrícola 
significa chuvas insuficientes ou com 
distribuição no tempo e no espaço de 
forma prejudicial à lavoura (este último 
caso é também comumente chamado 
de seca verde). Num sentido mais soci-
ológico, a seca é entendida como a inte-
ração entre um fenômeno meteorológi-
co (pouca ou nenhuma chuva) e uma 
determinada condição social (pouca 
capacidade de adaptação, por parte de 
determinada população, aos impactos 
causados por poucas chuvas). 
SECO > Termo normalmente usado 
como equivalente a “abaixo da média 
histórica”, ou seja, trata-se de adjetivo 
que indica a tendência para uma esta-
ção chuvosa de ter chuvas totais em 
quantidade semelhante aos 10 anos 
menos chuvosos dos últimos 30 anos. 
Ver MÉDIA HISTÓRICA.
TERCIS > Ver MÉDIA HISTÓRICA.
TSM > Sigla para Temperatura da Su-
perfície do Mar. Uma das principais 
informações necessárias para o funcio-
namento de modelos de computador 
que realizam previsões de clima, dado 
o fato de que o clima e os fenômenos 
atmosféricos em geral possuem grande 
relação com a temperatura dos ocea- 
nos.
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TSM PERSISTIDA > Uso das tempera-
turas da superfície do mar conhecidas 
e medidas, em modelos matemáticos 
de previsão de clima, como se estas 
temperaturas não sofressem alterações 
com o decorrer do tempo.
TSM PREVISTA > Uso de temperaturas 
da superfície do mar previstas em mo- 
delos matemáticos próprios para esti-
mar como estas temperaturas devem 
variar em decorrer do tempo. A realiza-
ção de previsões sobre como as tem-
peraturas dos oceanos irão variar com 
o tempo, de modo a que previsões de 
clima sejam realizadas, envolve grandes 
dificuldades técnicas.
VARIABILIDADE ESPACIAL DA CHUVA 
> Refere-se a distribuição irregular da 
chuva sobre uma determinada área. 
VARIABILIDADE TEMPORAL DA CHUVA 
> Refere-se a distribuição irregular da 
chuva num determinado período. Num 
determinado mês, por exemplo, pode 
chover muito acima da média histórica 
do mês e no mês seguinte pode cho-
ver muito abaixo da média histórica do 
mês. Essa variabilidade temporal da 
chuva ocorre também dentro de um 
mesmo mês. 
VERANICO > É definido como um perío-
do de aproximadamente dez a quinze 
dias consecutivos sem ocorrência de 
precipitação em uma determinada 
região, durante o período da quadra 
chuvosa do Estado do Ceará.
VERÃO > Estação do ano entre o solstí-
cio de verão e o equinócio de outono. 
É caracterizado como o período mais 
quente do ano, exceto em algumas 
regiões tropicais. Ocorre nos meses 
de Dezembro, Janeiro e Fevereiro no 
Hemisfério Sul e nos meses de Junho, 
Julho e Agosto no Hemisfério Norte.
VÓRTICE CICLÔNICO > Movimento 
circular de nuvens que giram em sen-
tido horário, causando chuvas em suas 
bordas e inibindo chuvas no seu cen-
tro. É comum a formação de vórtices 
ciclônicos sobre o Ceará no período da 
pré-estação. Também chamado de vór-
tice ciclônico de ar superior. Pode pro-
vocar chuvas intensas, como no caso de 
janeiro de 2004. Ver PRÉ- ESTAÇÃO DE 
CHUVAS.
ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPI-
CAL (ZCIT) > Estreita faixa de nuvens 
onde se encontram os ventos alísios 
dos hemisférios sul e norte. Influi 
diretamente nas chuvas do norte da 
Região Nordeste. É o principal sistema 
meteorológico causador de chuvas no 
norte do Nordeste brasileiro. No Ceará, 
a ação deste sistema meteorológico é 
chamada, pela meteorologia, de esta-
ção chuvosa propriamente dita (isto é, 
excluindo-se as chuvas de pré-estação, 
causadas por frentes frias e pela for-
mação de vórtices ciclônicos sobre a 
região, e as chuvas de pós-estação, 
causadas por ondas de leste). Ver FR-
ENTES FRIAS e ONDAS DE LESTE.
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Fontes:
Canal do Tempo (Weather Channel): http://br.weather.com/glossary
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos – Para entender o prognóstico: 
http://www.funceme.br/DEMET/progno/prog2002/ terceiro/entender.htm. 
Vocabulário Meteorológico Internacional - OMM nº 182 -
http://www.inmet.gov.br/informacoes/glossario/glossario.html
© FUNCEME, 2009
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