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Os recursos excepcionais (especial e extraordinário), pressupõem o prévio esgotamento das instâncias precursoras, não podendo existir qualquer outra hipótese de recurso a ser interposto ainda nas instâncias ordinárias. Deste modo, enquanto pender qualquer pronunciamento do tribunal de origem, os recursos especial e extraordinário não podem ser movimentados, como dispõem as Súmulas 281 do Supremo Tribunal Federal e 207 do Superior Tribunal de Justiça.
Para que possa ser interposto o Recurso Especial e Extraordinário, é necessário que aquele assunto já tenha sido discutido anteriormente em outros tribunais. Trata-se de um termo que se refere à exigência de que a parte provoque o surgimento da questão federal ou constitucional no acórdão proferido na decisão recorrida. A exigência do prequestionamento decorre da circunstância de que os recursos especial e extraordinário são recursos de revisão. Revisa-se o que já se decidiu. Trata-se na verdade, de recursos que reformam as decisões impugnadas, em princípio, com base no que consta das próprias decisões impugnadas.
Prequestionamento ficto é aquele que se considera ocorrido com a simples interposição dos embargos de declaração diante da omissão judicial, independentemente do êxito desses embargos. A jurisprudência do STF é no sentido de que a simples interposição dos embargos de declaração já seria o bastante, pouco importando se suprida ou não a omissão. Haveria neste caso o chamado prequestionamento ficto. Nessa linha é a Súmula 356 do STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”.
Repercussão geral refere-se à necessidade de que as questões constitucionais impugnadas pelo recurso extraordinário tenham a qualidade de fazer com que parcela representativa de um determinado grupo de pessoas experimente, indiretamente, sua influência. Ou seja, deve-se levar em consideração o impacto indireto que eventual solução das questões constitucionais em discussão terá na coletividade.
Não. Com esse requisito de admissibilidade, o intuito é permitir ao Supremo Tribunal Federal analisar apenas as questões relevantes para a ordem constitucional, cuja solução extrapola o interesse subjetivo das partes, e fazê-lo uma única vez, sendo dispensado de se pronunciar nos processos de matéria idêntica.
Há, porém, hipóteses em que a repercussão geral será presumida, quais sejam: a impugnação recursal a decisão contrária a súmula ou à jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e a interposição de recurso que verse sobre assunto cuja repercussão já tenha sido reconhecida pelo Tribunal. Nessas hipóteses, restará dispensada a demonstração da relevância da questão indicada no recurso, qualquer que seja ela ou seus reflexos. Conforme dispõe o art. 323, § 1º do Regimento Interno do STF, nos casos em que o recurso versar sobre questão cuja a repercussão já tenha sido reconhecida pelo tribunal, bem como quando contrariar súmula ou jurisprudência dominante – a qual só poderá ocorrer em prol da admissibilidade do RE, será presumida a repercussão geral.
A interposição conjunta de RESP e RE não fere os princípios da unirrecorribilidade e nem da singularidade, já que cada um destes tem fundamentos e objetos distintos. Além disso, possuem competência distinta, e consequentemente, diferentes tribunais para julgamento. Podemos falar que se tratam de recursos de espécies distintas; e o que veda o princípio da unirrecorribilidade é a interposição de dois recursos de mesma espécie contra o mesmo ato decisório. Assim, diante da detecção das lesões e requisitos elencados em lei, a parte não só pode como deve interpor ambos os recursos, em petições distintas, cada um tratando do seu objeto e fundamento.
Na vigência do CPC/73, a interposição de recurso especial que versasse sobre questão constitucional ou de recurso extraordinário que se fundasse na contrariedade a dispositivo constitucional, mas contivesse ofensa reflexa, ensejaria a extinção do procedimento sem exame do mérito recursal. Contudo, os arts. 1.032 e 1.033 do CPC/15 alteram a consequência atribuída a tais situações, permitindo a conversão do recurso especial em recurso extraordinário, caso o relator entenda versar sobre questão constitucional, bem como a conversão do recurso extraordinário em recurso especial, com a remessa dos autos ao STJ, na hipótese de ofensa reflexa.
Os recursos extraordinário e especial, por determinação do artigo 995 do novo Código de Processo Civil, não são dotados de efeito suspensivo. Isso significa que, uma vez proferido julgamento colegiado pelos tribunais de segundo grau, o respectivo acórdão passa a ter eficácia imediata. Em certas situações, nas quais desponta chance razoável de êxito do recurso especial, o recorrente poderá pleitear o deferimento de tutela provisória, para que seja atribuído efeito suspensivo à impugnação ainda pendente de juízo de admissibilidade, perante o tribunal de origem, ou de julgamento, no tribunal superior. O parágrafo 5º do artigo 1.029 do Código de Processo Civil em vigor, com a redação conferida pela Lei 13.256/2016, acolhendo o enunciado das referidas súmulas, dispõe, de forma didática, que sobre o pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial.
O parágrafo único do art. 1.034 remonta, para generalizá-las, às Súmulas 292 (…) e 528 do STF (…). Assim, conhecido o recurso extraordinário ou especial por um fundamento, devolvem-se os demais para o julgamento do capítulo impugnado. Também aqui a interpretação da regra precisa ser cuidadosa para não transbordar dos limites constitucionais da ‘causa decidida’, expressa nos incisos III dos arts. 102 e 105 da CF. Parece ser esta a explicação que justificou a redução de texto na última etapa do processo legislativo, antes, portanto, da revisão final que antecedeu seu envio à sanção presidencial, retirando do dispositivo a menção à devolução ‘de todas as questões relevantes para a solução do capítulo impugnado’, preservando, como se lê, apenas os ‘demais fundamentos’ para aquele mesmo fim. A distinção textual entre este dispositivo e os §§ 1º e 2º do art. 1.013, que cuidam do assunto na perspectiva da apelação e, portanto, sem os limites e condicionantes constitucionais, parece conduzir ao acerto da interpretação restritiva acima proposta.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 671-672).

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