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HDPJ história das codificações

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HISTÓRIA DAS CODIFICAÇÕES MODERNAS
e o direito como ciência
Prof. Dr. Sandro Alex de Souza Simões
Professor Titular de História do direito e do pensamento jurídico – CESUPA
Doutor em Direito pela Università del Salento
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CONCEITO DE CODIFICAÇÃO
O Código moderno “pretende representar um sistema homogêneo, unitário, racional, aspira a ser uma construção lógica completa, erigida sob o alicerce de princípios que se supõem aplicáveis a toda a realidade que o direito deve disciplinar” (Adrianne Stoll de Oliveira).
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OS FUNDAMENTOS CULTURAIS E SÓCIO-ECONÔMICOS
O JUSNATURALISMO MODERNO
O ILUMINISMO
A ASCENSÃO DO CAPITALISMO
A CONSOLIDAÇÃO DO PODER POLÍTICO DA BURGUESIA
SOCIEDADE FUNCIONALMENTE DIFERENCIADA
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O JUSNATURALISMO MODERNO
 
Os velhos costumes e os livros autorizados deveriam ser substituídos por um direito livremente concebido pelo homem moderno, cujo único princípio diretor fosse a razão. Esse novo direito deveria estar isento de qualquer obscurantismo. Ele constituiria um sistema claro e certo, compreensível para o povo, pois, de agora em diante, o direito deveria estar a serviço do povo. (CAENEGEM, 1999, p. 163) 
ILUMINISMO
“Empenhava-se, essa estranha família de escritores das mais diversas nacionalidades, na propagação de um vasta e ambicioso programa comum: a secularização total da sociedade! Secularismo, humanismo, cosmopolitismo e liberdade em todo os sentidos, eram as bandeiras deles. O direito à liberdade de palavra, de expressão, de imprensa, também se estendia para eles à liberdade de comércio, à liberdade do empreendimento econômico, fora das intromissões da censura da Igreja e do Estado absolutista-mercantilista. Livres enfim, para que cada um, de acordos com os talentos nascidos ou adquiridos, encontrasse o seu próprio caminho de realização. Desprovidos em sua maioria de cátedras acadêmicas, tendo o púlpito e os padres como inimigos, quais foram os instrumentos que aquela confraria de homens de letras se serviu para difundir seus ideais e princípios? Porque, de certa forma, os Iluministas tiveram que buscar e ao mesmo tempo formar o seu próprio público” (Voltaire Schilling).
AS DECLARAÇÕES DE DIREITO
Afirmação das liberdades públicas: 
A) Bill of Rights da Inglaterra (1689);
B) A Declaração de Virgínia-EUA, 1776);
C) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França em 1789.
UNIDADE E SISTEMA
 
“... de fato o Código (Code civil) quer ser um ato de ruptura com o passado: não se trata de uma fonte nova ou de um novo modo de conceber e confeccionar com profundidade e amplitude a velha ordonnance real; trata-se, ao contrário, de um modo novo de conceber a produção do direito, e, desse modo, o inteiro problema das fontes (monopólio da lei perante a doutrina), assim como o problema primário da conexão entre ordem jurídica e poder político” (Paolo Grossi, Mitologias jurídicas da modernidade. 2004:p. 106) .
CODIFICAÇÃO E NACIONALIZAÇÃO
“Na realidade, o triunfo dos códigos nacionais trouxe consigo a nacionalização dos sistemas jurídicos, que caracterizou o desenvolvimento jurídico do século XIX. O direito nacional e o cosmopolita direito romano deram lugar a diferentes ordens jurídicas nacionais baseadas em códigos nacionais e na administração nacional a justiça. Esse desenvolvimento acompanhou o dos Estados soberanos esse mesmo período, assim como o de várias correntes intelectuais. Na França, Montesquieu já havia ressaltado a necessidade de adaptar o Direito ao “espírito” dos povos, e numerosos juristas alemães do fim do século XVIII e do século XIX estavam convencidos de que cada povo deve viver com suas próprias leis, adaptadas às suas necessidades particulares (CAENEGEM, Uma introdução histórica ao direito privado. 1999, p. 201)”. 
A POLÊMICA DA CODIFICAÇÃO ALEMÃ: SAVIGNY E THIBAUT
El matrimonio solo pertence al Derecho en una mitad, y en la otra mitad a la costumbre, resultando incomprensible todo Derecho matrimonial que no sea considerado en conexión con este su complemento necesario” (SAVIGNY, De la vocación de nuestra época para la legislación y la ciencia del derecho.1970, p. 81-82).
“Si contemplamos ahora la felicidad del ciudadano, no puede experimentarse ninguna duda de que un tal código sencillo para toda Alemania merece ser llamado el más hermoso regalo del cielo. Ya la mera unidad seríainapreciable. Aun cuando es preciso que exista una separación política porque asín debe ser, sin embargo, los alemanes están interesados en que los una para siempre un sentido fraternal de igualdad y en que nunca más una potencia extranjera abuse de una parte de Alemania en contra los demás. Pero las leyes iguales crean usos y costumbres iguales, y esta igualdad ha tenido siempre una influencia fascinadora sobre el amor y la lealtad de los pueblos. Además, el tráfico civil hace de esa unidad casi una hiriente necesidad. Nuestros países alemanes solo pueden mantener su bienestar mediante un tráfico interno recíproco intenso” (THIBAUT, Sobre la necesidad de um derecho civil general para Alemania, p. 24) .