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SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA PERSPECTIVA DA GARANTIA DOS DIREITOS Alessandra de Souza Orlandini1 Andressa de Souza Orlandini2 Cleonilda Sabaini Thomazini Dallago3 Política Social e Serviço Social INTRODUÇÃO O presente artigo tem como objetivo discutir como está posto o Serviço Social na educação inclusiva, visando o contexto de uma educação que garanta os direitos de todos os cidadãos brasileiros que usufruem da política educacional. Esta que é uma política pública, que deve buscar incentivar sistemas educacionais que sejam inclusivos quando se referem às etapas do ensino de forma que se viabilize o seu acesso pleno. De acordo com uma das 20 Metas do Plano Nacional da Educação, na qual uma das mesmas aborda a educação inclusiva, nos impulsiona a refletir sobre uma educação que não só seja inclusiva, mas que isso vá além de meramente incluir, mas sim de dar subsídios para permanência destes alunos. O desafio posto para a educação tende a fazer com que os equipamentos sociais principais envolvidos no cotidiano escolar venham a caminhar junto com a realidade social que os alunos vivem, e com a articulação do conhecimento que é trabalhado em âmbito escolar, tornando fundante o envolvimento da escola na realidade social em que os alunos estão inseridos. Assim, é importante fortalecer uma política que valorize os profissionais que estão inseridos na educação, na rede ou no sistema de ensino sendo parte fundamental para que aconteça o fortalecimento da política educacional. Neste sentido, o profissional de Serviço Social inserido na educação vem para buscar subsidiar ações que venham a promover a educação, com ações que visem à inclusão social, garantindo a cidadania e emancipação dos sujeitos sociais em sua formação e que, 1 Acadêmica do 4º Ano do Curso de Serviço Social. Discente do Núcleo Temático: “A Política de Educação no Contexto da Sociedade Brasileira”. alessandra_orlandini@hotmail.com, (44) 9943-2726. 2 Acadêmica do 4º Ano do Curso de Serviço Social. Discente do Núcleo Temático: “A Política de Educação no Contexto da Sociedade Brasileira”. andressa_orlandini@hotmail.com, (44) 9943-2627. 3 Profª Drª do Curso de Serviço Social. Docente do Núcleo Temático: “A Política de Educação no Contexto da Sociedade Brasileira”. dallago@certto.com.br, (45) 8801-7789. 2 tanto o Serviço Social quanto a escola, possam trabalhar com a educação de forma direta, oportunizando as pessoas a se tornarem cidadãos conscientes e sujeitos de direitos e responsáveis pela construção de sua própria história. 1. A RELEVÂNCIA DO PROFISSIONAL ASSISTENTE SOCIAL PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS Ao se analisar a educação, esta deve ser compreendida como parte constitutiva da vida social dos seres humanos e um dos processos mais complexos. Porém, os cidadãos brasileiros possuem amparo, ou seja, o Art. 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 aborda, A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, Constituição Federal de 1988). Ao compreender a educação como um direito de todos, vale ressaltar que ao evidenciar a educação inclusiva, a mesma é apresentada pelo Ministério da Educação (2014) como uma educação especial sendo “uma modalidade que perpassa os níveis, etapas e modalidades da educação brasileira e atende a educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” (BRASIL, Ministério da Educação, 2014). Sendo assim, conforme a Meta 4 do Plano Nacional de Educação, Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. (BRASIL, Ministério da Educação, 2014, p. 24). A educação especial em seu caráter inclusivo nos apresenta uma proposta pedagógica da escola, onde seu intuito seja a promoção do atendimento escolar, este de forma 3 especializado sendo complementar ou até suplementar a esses alunos que tenham alguma deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou até superdotação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ao referir-se aos seus princípios e fins ressalta que o ensino será ministrado com, I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (BRASIL, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Uma melhor compreensão e assim entendimento sobre a educação especial se deu a partir da LDB, em que conteve em sua legislação um capítulo específico sobre a educação especial na rede regular de ensino. Sendo que em seu Art. 58 apresenta a definição de educação especial como uma “modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” (Brasil, 1996). Sendo assim, conforme o Art. 59 será garantido a esses alunos através dos sistemas de ensino, I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem 4 capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (BRASIL, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Portanto, quando se analisa a inserção do profissional Assistente Social em âmbito escolar, é necessário entender que esses profissionais juntamente com os Educadores, como cita Amaro (1997) estão sujeitos a partilhar de desafios similares, fazendo com que na escolase encontre o ponto inicial para buscar seus enfrentamentos. É necessário se pensar alternativas que respondam a essas questões sociais, estas que, de certa forma influenciam significativamente no desempenho e desenvolvimento dos alunos. Ressalta-se assim, que o Assistente Social dentro destes espaços educacional vem para somar esforços com o intuito e propósito de fortalecer a equipe, pensando propostas, subsidiando ações, auxiliando a escola e também demais profissionais da equipe, para que a garantia dos direitos desses alunos sejam efetivados, com a interação e trabalho de toda uma equipe que esta envolvida no processo de ensino e aprendizagem. Debater o Serviço Social na Educação de acordo com o CFESS (2001) é buscar a sua contribuição para a garantia dos direitos, é remeter-se a realidade social ao qual perpassa o dia a dia de alunos, ou seja, a profissão no meio educacional faz com que seja possível buscar a contribuição para com a realização de diagnósticos sociais, para que com isso haja a possibilidade de indicar alternativas às contradições sociais vivenciadas por estudantes, na perspectiva de melhores condições de vida aos estudantes, familiares e profissionais da educação. A contribuição do Serviço Social consiste em identificar os fatores sociais, culturais e econômicos que determinam os processos que mais afligem o campo educacional no atual contexto, tais como: evasão escolar, o baixo rendimento escolar, atitudes e comportamentos agressivos, de risco, etc. Estas constituem-se em questões de grande complexidade e que precisam necessariamente de intervenção conjunta, seja por diferentes profissionais (Educadores, Assistente Sociais, Psicólogos, dentre outros), pela família e dirigentes governamentais, possibilitando consequentemente uma ação mais efetiva. (CFESS, 2001, p. 12). 5 O profissional de Serviço Social tem relevância fundamental neste espaço, quando o mesmo se vincula com propósito de possibilitar encaminhamentos necessários aos serviços sociais e assistenciais, contribuindo para a inclusão e permanência do direito à educação. O Assistente Social conforme Margarezi (2010) possui um importante papel para construir com qualidade um trabalho, que também busque ser inovador, com uma perspectiva de transformar a realidade em que se está inserido, no entanto se faz necessário que o profissional tenha a compreensão de quais são as expressões da questão social que envolve o seu exercício profissional. Neste sentido, O Serviço Social tem como tarefa decifrar as formas e expressões da questão social na contemporaneidade e atribuir transparência às iniciativas voltadas à sua reversão ou enfrentamento imediato. Dessa forma, é indispensável decifrar as novas mediações, por meio das quais se expressa a questão social hoje, ou seja, é importante que se possam apreender as várias expressões que assumem na atualidade as desigualdades sociais e projetar formas de resistência e de defesa da vida. (IAMAMOTO, 2004 apud MARGAREZI, 2010, p. 51). O trabalho coletivo com os demais profissionais que se incluem no exercício da efetivação da educação inclusiva é um percurso ainda a ser avançado, seja em suas realidades em reconhecer a questão social como objeto de intervenção profissional e assim, pressupõe analisar as expressões da questão social que se fazem presentes no cotidiano profissional. Desta forma, ao estudar a educação inclusiva e pensar em uma educação que há um grande caminho a percorrer, sendo um trabalho que envolve coletivamente as demais áreas do conhecimento, integrando uma educação que busque incluir do que excluir aqueles que são sujeitos de direitos da Política de Educação em suas especificidades. Entender a forma inclusiva de educação conforme afirma Margarezi (2010), abrange o envolvimento de todos os alunos nas instituições de ensino regular se colocando como uma maneira potencializadora de educação especial, que irá propor uma alternativa diferente na realidade das pessoas que possuem alguma deficiência, possibilitando desta maneira como intuito o crescimento, a inserção social e também a satisfação pessoal dos mesmos. Sendo assim, “nessa perspectiva, ampliar-se-ia o conceito de educação inclusiva, de modo que todo aluno seria considerado capaz de aprender, por meio de seu tempo de aprendizagem, suas 6 particularidades seriam levadas em consideração na elaboração do programa de aula”. (MARGAREZI, 2012, p. 18). Sendo assim, a educação garantida como direito previsto na Constituição Federal de 1988, a mesma que é uma política pública que tem como proposta não somente garantir a democracia do acesso dos sujeitos a esta política, mas acima de tudo assegurar efetividade do ensino, pensando promover qualidade, e também crescimento cultural de todos como sujeitos de direitos. É evidente que nos dias atuais existem, grandes desafios à educação, sendo o maior deles o de garantir o acesso aos alunos com deficiência em classes das escolas regulares, em todos os níveis, etapas e modalidades de educação. Muitos alunos apresentam altas habilidades, superdotação, condutas típicas de síndromes, quadro psicológico ou psiquiátrico, com deficiência física, sensorial ou intelectual, decorrente de fatores genéticos inatos ou ambientais, de caráter temporário ou permanente. (MARGAREZI, 2010, P.29). Neste sentido, o ambiente escolar tem um papel relevante no que diz respeito à aceitação social desses estudantes, na perspectiva de superar os desafios do preconceito, da discriminação que ronda a política educacional em conjunto com a falta de estrutura que possa possibilitar a inclusão e a permanência na escola. Portanto, esses estudantes que possuem alguma deficiência têm o direito garantido constitucionalmente de serem recebidos de maneira inclusiva, com ações pedagógicas e estruturais que entendam e pautem a inclusão social, com métodos, organizações e ações que respondam esses desafios com o objetivo de modificar a realidade cotidiana presentes nas relações sociais e escolares, rompendo com o contexto histórico de exclusão desses sujeitos. CONSIDERAÇÕES Conclui-se que, compreender a relevância do Serviço Social na educação inclusiva é pensar em intervenções que garantam os direitos desses alunos, porém englobam grandes desafios ainda a serem enfrentados, e que os usuários da Política Educacional possam ter embasamento para uma educação de qualidade, e que seja para promover a sua inclusão e permanência. É preciso pensar em mecanismos que possam avançar cada vez mais ao se tratar de educação, mas em uma educação que seja inclusiva, torna-se então necessário que em 7 âmbito educacional aconteçam avanços em termos de recursos humanos e financeiros que possibilitem efetivar essa inclusão, no qual os estudantes portadores de necessidades especiais desenvolvam atividades comuns aos demais alunos. As possibilidades de intervenção para o Assistente Social, é pensar em ir além do ambiente escolar, que o profissional além de acompanhar e encaminhar as situações atuais que as escolas vivenciam e enfrentam, dentre eles a evasão dos estudantes na escola, as diversas formas de violência, a ausência dos pais ao se tratar de acompanhar seus filhos no processo de estudo, a falta de estrutura, no caso, a falta de acessibilidade ainda existente e consequentemente das condições para o acesso e a permanência na escola dos alunos que necessitam de todos esses suportes, encontre os espaços e participe ativamente do planejamento e da implementação da Política de Educação em prol do seu fortalecimento, em especial a inclusiva paraque seu acesso seja de forma concreta e permanente. REFERÊNCIAS AMARO, Sarita Teresinha Alves. Serviço Social na escola: o encontro da realidade com a educação. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 04 nov. 2015. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 28 out. 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. 2014. Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf>. Acesso em: 28 out. 2015. CFESS, Conselho Federal de Serviço Social. Serviço Social na Educação. 2001. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/SS_na_Educacao(2001).pdf>. Acesso em: 04 nov. 2015. MARGAREZI, Andréia Letícia. Educação Inclusiva e as Possibilidades de Intervenção para o Assistente Social. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.agapasm.com.br/Artigos/Educa%C3%A7%C3%A3o-Inclusiva-e-as- Possibilidades-de-Interven%C3%A7%C3%A3o-para-o-Assistente-Social.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2015.