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CASO CONCRETO 07 José resolveu candidatar-se ao cargo de Deputado Federal. Não se elegeu por 05 votos! Ficou como 1.º suplente do seu partido. Apesar da derrota eleitoral, como teve muitos votos, foi chamado para uma reunião do partido na Câmara dos Deputados. Passeando pelos corredores viu que em uma sala ocorria um debate da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre a constitucionalidade de um Projeto de Lei. Assistia atento ao debate quando observou que um parlamentar do seu partido, que era o referido PL, estava bastante exaltado e gritava ao microfone chamando a vários de seus colegas deputados de “vagabudos”. O parlamentar teve o som do seu microfone cortado e assim foi forçado a parar de argumentar. José, indignado, não pensou duas vezes, dono de uma voz poderosa, começou a argumentar no mesmo sentido que o parlamentar antes fazia. Quando foi solicitado a calar-se, enervou-se mais e disse que era suplente e estava trabalhando enquanto os outros todos ali eram “vagabundos”, “ganhavam sem trabalhar”, “não serviam para nada” e que “deveriam era fechar o congresso”. José e o parlamentar de seu partido foram contidos pela Polícia do Legislativo e indiciados pelos crimes de injúria e desacato. Descreva como ficaria a situação de cada um dos Réus O referido caso concreto trata de “imunidades parlamentares” que significa que os políticos garantem a sua liberdade e independência em relação ao desempenho de suas tarefas sem a preocupação de serem processados judicialmente. Entende-se que no “calor da emoção“ de “tudo pode” dentro do plenário. Existem dois tipos de imunidades: a imunidade material e a formal. A imunidade material diz respeito à liberdade que o parlamentar possui de se expressar por meio de suas opiniões, palavras e votos, estando prevista no artigo 53 da Constituição Federal. Já a imunidade formal é analisada sob dois ângulos: a processual e a prisional.O caso em questão trata portanto de imunidade material. Portanto no caso concreto, por estar em plenário, o deputado xingando um colega na CCJ goza de imunidade parlamentar absoluta e com grande probabilidade será absolvido da acusação. Já Jose, como suplente, não possui tal prerrogativa, sendo cabível o indiciamento pelos crimes de injúria e desacato. Um caso concreto é o de Bolsonaro falou que sua colega, a deputada Maria do Rosário , não merecia ser estuprada porque ele a julga “muito feia”. Essa afirmação foi efetuada em 2014 na Câmara, em entrevista a um jornal. Por quatro votos a um, a Primeira Turma da Suprema Corte concluiu que o deputado praticou os delitos de incitação ao crime de estupro e injúria.Analisando a situação sob a ótica da imunidade parlamentar, verifica-se que a imunidade material disposta no artigo 53, caput, da Constituição Federal, não pode ser interpretada como absoluta, tendo em vista que apenas se apresenta nas situações em que a ação cometida tenha alguma ligação com o exercício do mandato parlamentar.