Buscar

Prévia do material em texto

�PAGE �4�
�PAGE �24�
Capítulo 1 – “Autoridades do Sistema Financeiro Nacional”
1) Introdução:
No Brasil, a primeira instituição bancária criada foi o Banco do Brasil, em 1808. Naquela época os bancos seguiam o modelo europeu e se tratavam de instituições nobres e austeras. Somente na primeira metade do século XX é que se verificaram transformações mais significativas nestas instituições. Entre elas pode se destacar:
Crescimento no volume de intermediação financeira de curto e médio prazo;
Disciplinamento das atividades bancárias no país;
Estudos visando a criação do Banco Central.
Além destas pode se afirmar que nos anos de 1964 e 1965 ocorrem as reformas no sistema bancário e no mercado de capitais que definiram a estrutura atual do sistema financeiro e criaram as autoridades monetárias brasileiras. Ou seja, criaram o Bacen (Banco Central do Brasil) e o CMN (Conselho Monetário Nacional).
Este sistema engloba dois subsistemas: o normativo (CMN, Bacen e a CVM) e o de intermediação (Banco do Brasil, BNDES, bancos comerciais, de investimento e múltiplos, cooperativas de crédito, bancos estaduais, corretoras e bolsas de valores, além de empresas de “factoring” e seguradoras). Nos itens seguintes serão tratadas as principais instituições do sistema financeiro.
2) BACEN:
	O Banco Central do Brasil tem por objetivo principal, o controle do sistema financeiro. Este se dará, basicamente, pelo controle da quantidade de moeda existente no país. Lembra-se também que a quantidade de dinheiro disponível, influência diretamente no valor das taxas de juros da economia. A sua atuação prática esta diretamente ligada à política monetária do governo.
	O total de gastos do Bacen realizados numa economia depende fundamentalmente da quantidade de moeda disponível e das condições para se obter crédito. Este é encontrado, geralmente, nos bancos. Por isso é importante o controle da oferta monetária, a qual também controla o dinheiro bancário.
Entre as funções do Bacen, destacam-se as estritamente bancárias que são: administração e custódia do ouro e das divisas estrangeiras; banco do governo; banco dos bancos; emissão de moeda manual. A seguir mostram-se sinteticamente, as principais contas do seu balanço:
	Ativo (direitos)
	Passivo (obrigações)
	Reservas externas de ouro e dinheiro;
	Efetivo (moedas e notas);
	Crédito ao setor público;
	Depósitos dos bancos;
	Empréstimos aos bancos;
	Outras contas do passivo.
	Outras contas do ativo.
	
A administração e custódia de divisas pelo Bacen se referem as reservas externas (qualquer tipo de obrigação que um país contrai com o nosso, esta envolve os depósitos em bancos estrangeiros, por exemplo) de ouro, divisas e moedas estrangeiras.
Já como banco do Estado o Bacen faz a cobrança, pagamentos e adiantamento de divisas para o Estado. Para regular o mercado monetário ele compra e vende títulos públicos. E como Banco dos bancos, o Bacen também concede crédito aos outros bancos. Ele lhes proporciona liquidez (via empréstimos bancários) e estabelece o coeficiente de reservas. Neste caso, devido aos empréstimos aos clientes, os bancos particulares visam sempre manter suas reservas num patamar mínimo.
Emissão de moeda manual é o papel moeda e as moedas existentes num país. Ele funciona como caixa do sistema bancário e o seu crédito vem do coeficiente de reservas que todos os bancos devem manter depositado no banco central. Lembre-se que as transações do setor público e com o exterior também são realizadas pelo Bacen.
3) CMN:
Esta é a entidade superior do SFN e tem a finalidade de formular a política de moeda e de crédito do país objetivando o seu progresso econômico e social. A sua composição atual engloba o presidente, ministro da fazenda, ministro chefe da secretaria de planejamento e presidente do Bacen. Os principais objetivos de sua política são:
Regular o volume de meios de pagamento;
Regular o volume interno de moeda, principalmente contra processos inflacionários;
Regular o volume externo de moeda, principalmente em relação ao balanço de pagamentos do país;
Orientar a aplicação de recursos das instituições financeiras, para que estas possam ser mais eficientes;
Zelar pela liquidez e solvência de suas instituições;
Coordenar a política monetária e fiscal do país.
4) CVM:
Este é um órgão normativo do sistema financeiro que possui como principal incumbência o desenvolvimento, disciplinamento e fiscalização do mercado de capitais. Os seus principais objetivos são:
Estimular a aplicação de poupanças no mercado de capitais;
Assegurar o funcionamento eficiente das bolsas de valores e das suas instituições auxiliares;
Proteger o mercado contra emissões irregulares e manipulações de preços;
Fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação de títulos emitidos pelas S.A.(s) de capital aberto.
5) Outras Instituições:
Entre estas pode se destacar o Banco do Brasil que apesar de agora ser um banco comercial pode operar como agente financeiro do Governo e também é o principal executor da política de crédito rural e industrial. Outro banco público que merece destaque é o BNDES que tem como objetivo principal impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país, no longo prazo. Para tanto ele conta com diversos fundos e programas especiais de fomento (Finame, Finep, Funtec, POC, Procap, Finac).
Os bancos comerciais são muito importantes por realizarem a intermediação financeira de grande parte da população, já que com isso, impulsionam o desenvolvimento da economia. Por outro lado, as CE (Caixas Econômicas) atuam de modo mais significativo no sistema de poupança e de financiamento da habitação.
As bolsas de valores têm como principal função organizar e manter em funcionamento o mercado de títulos e valores mobiliários. Esta também ajuda a promover o desenvolvimento da economia e possui corretoras como a sua principal incentivadora junto ao público. Destaca-se ainda que atualmente, existem os corretores independentes e os dos bancos múltiplos.
Capítulo 2 – “Instituições Operativas do Sistema Financeiro Nacional”
Instituições Monetárias:
Estas são conceituadas com sendo aquelas que acolhem depósitos à vista e permitem saques com cheques ou por meio de depósitos com estes cheques. No segundo caso envolvem a compensação destes cheques. Tais instituições são os bancos comerciais, as Caixas Econômicas (CE) e as cooperativas de crédito.
Observa-se ainda que as instituições monetárias têm acesso à câmara de compensação de cheques e de outros papéis e que o Banco do Brasil ainda é o responsável pela compensação de todos esses ativos e tal processo ocorre todos os dias úteis. È daí que os bancos comerciais devem apresentar saldo positivo para manter a conta de reservas junto ao Bacen.
As instituições monetárias em geral mantêm um volume de reservas bancárias no sistema econômico e suas transações mantêm um volume igual de recursos no período, ou seja, estas instituições não são capazes de criar ou destruir os meios de pagamento (M1). Só o Bacen, como autoridade monetária é que pode injetar ou retirar recursos em reservas do mercado.
Destaca-se ainda que os bancos múltiplos foram autorizados pelo CMN, via Bacen, só em setembro de 1988. O seu conceito propõe que ele opere com pelo menos dois tipos de carteiras (instituições financeiras) sendo uma um banco comercial ou um banco de investimento e a outra é livre. Também é necessário um volume de capital mínimo, constantemente atualizado, para cada carteira envolvida em sua composição.
Os principais tipos de instituições financeiras ou de carteiras são:
Carteira Comercial: é regulamentada pelos bancos comerciais;
Carteira de Investimento: é regulamentada pelos bancos de investimento;
Carteira de Desenvolvimento: obedece às normas dos bancos de desenvolvimento;
Carteira de Crédito Imobiliário: é regulamentada pelas sociedades de crédito imobiliário;
Carteira de Crédito,Financiamento e Investimento: segue a regulamentação das financeiras.
Os grupos financeiros perceberam que era mais vantajoso operar como bancos múltiplos e assim, se adaptaram a nova legislação e levaram as seguintes vantagens:
Caixa Único: as captações das diferentes carteiras podem ser unificadas o que implica em maior liberdade e liquidez para tais instituições;
Diretoria Única: implica em menos custo e maior transparência;
Contabilidade Única: implica em menores custos e maior facilidade de solucionar problemas;
Auditoria Única: aquela externa aos membros da empresa é obrigatória e também implica em menor custo;
Redução do número de funcionários: leva a menores custos e a maior facilidade de remanejamento para atender às necessidades da empresa.
Observa-se ainda que os bancos de desenvolvimento (instituições estatais) estão desaparecendo e que a partir de agosto de 1996 o “leasing” (Arrendamento Mercantil) passou a ser considerado como instituição financeira, logo ele também pode compor os bancos múltiplos.
Instituições não-monetárias:
Estas são aquelas que possuem como função básica a captação e o empréstimo de recursos visando fomentar o desenvolvimento do país. Deve se notar que neste caso não podem ser envolvidas as captações de recursos por meio de depósitos à vista. Além do mais, o lastro (garantia) é muito importante para este tipo de operação.
O Bacen define quatro tipos de instituições financeiras não-monetárias (Bancos de Investimento, Financeiras, Crédito Imobiliário e “Leasing”):
1ª) Bancos de Investimento (BI) ou de Desenvolvimento:
Estes foram criados em 1965 e têm como objetivo principal a prática de operações de investimento, participação ou financiamento a curto ou longo prazo para o suprimento de capital fixo, de giro, ou de deficiências de caixa. Sendo que os empréstimos de curto prazo são feitos, por meio de notas promissórias ou de duplicatas. Note que eles também podem ser realizados, através da conta corrente, nos bancos comerciais.
Os principais objetivos do BI são:
Promover operações de “underwriting” para fortalecer o capital social de empresas (subscrição de ações ou debêntures).
Promover operações de fusão, cisão ou incorporação de empresas (melhor ordenação e eficiência).
Promover o desenvolvimento tecnológico das empresas (treinamento e assistência técnica).
Incentivar a melhoria de produtividade e a capacidade produtiva da economia.
As suas principais operações são divididas em dois grupos: Ativas e Passivas, sendo as primeiras:
Administração de fundos de investimento e de carteiras de títulos;
Empréstimos para financiar capital de giro ou capital fixo;
Operações de “underwriting ou de “hot money”;
Repasses de recursos internos ou externos;
Prestação de fiança para empréstimos internos ou externos;
Operações nos diversos mercados de ativos ,como com ouro, câmbio, títulos, etc.
OBS.: Os bancos comerciais podem realizar todas estas operações, com exceção das dos itens 1 e 3.
Já as operações passivas envolvem a captação de recursos por meio de: CDB, RDB, DI, repasse de recursos internos e externos, cobrança de taxas de administração de fundos de investimento e de tarifas bancárias. Observa-se que os bancos comerciais podem realizar todas estas operações, com exceção da taxa de administração de fundos de investimento.
Ressalta-se ainda que os bancos de desenvolvimento são os bancos de investimento dos estados e que estes possuem funções e atribuições bastante parecidas.
2ª)Sociedades de crédito, Financiamento e Investimento - Financeiras:
A sua finalidade básica é a mesma dos bancos comerciais, ou seja, captar recursos excedentes de certos agentes econômicos e emprestá-los a quem possui carência de recursos. Observa-se que antes dos bancos múltiplos estas eram instituições independentes e que o que as diferenciam dos bancos comerciais é que elas não podem trabalhar com depósitos á vista.
Atualmente, o DI é o instrumento de captação mais viável e mais utilizado por estas instituições, isto porque ele é de ampla utilização e aceitação no mercado e possui custos reduzidos. As captações do DI ocorrem junto à BM&F.
As financeiras possuem basicamente dois tipos de operações ativas:
CDC: são empréstimos concedidos à clientes de renda mais baixa, porém comprovada, para pagamento à vista na compra de um bem.
Crédito Pessoal (CP): a diferença é que este tipo de crédito não é direcionado e o indivíduo recebe o dinheiro e não um bem como no caso anterior.
OBS.: Em ambos os casos, os juros são cobrados através da Tabela Price.
3ª)Sociedade de crédito Imobiliário e de Poupança:
Esta é uma instituição financeira que tem por objetivo financiar empreendimentos imobiliários com recursos próprios ou captados por meio de caderneta de poupança, letras hipotecárias ou letras imobiliárias.
A distribuição dos recursos deve obedecer à normas do Bacen, conforme segue: 70% imóveis de baixo padrão, com TR + juros de 12% ao ano, 15% depósito compulsório e 15% livres e com custo de financiamento liberado. Observa-se ainda que atualmente todas estas instituições são pertencentes aos bancos múltiplos.
4ª)Companhias de Arrendamento Mercantil – “Leasing”:
Estas foram reconhecidas como instituições financeiras somente em agosto de 1996 e são utilizadas como carteiras dos bancos múltiplos. A sua finalidade é a locação de bens, porém com a opção de adquiri-los ao final de um período. Trata-se de uma operação comercial onde incide o ISS e não o IOF, com alíquota de 0,50%. Os juros são cobrados através da tabela price e envolve prestações mensais e iguais e que podem sofrer a correção monetária.
Capítulo 3 – “Dinâmica do Mercado Financeiro”
3.1) Introdução Geral: 
Inicialmente, destaca-se que a ciência econômica é essencial para a compreensão dos mercados financeiros e de capitais. Através da macroeconomia pode se compreender as relações e funções mercados e de seus agentes e também entender a importância do desempenho de alguns agregados econômicos para os mercados de capitais.
Com a economia pode se obter um embasamento para uma análise mais profunda do mercado de capitais. Ao buscar o bem estar dos indivíduos, a economia estuda a melhor utilização dos recursos escassos, com um certo custo de oportunidade e num processo de produção adequado para a distribuição e o consumo. E o que visa o investidor e os outros agentes do mercado de capitais? Certamente o lucro e a boa administração de suas carteiras, o que depende da correta utilização dos recursos disponíveis.
Toda a sociedade econômica enfrenta a tríade de problemas fundamentais: O que, Como, e Para quem PRODUZIR? Existem diversas soluções, contudo a que delega ao mercado por meio do sistema de preços e de livre comércio é a que interessa a disciplina. Como o mercado irá selecionar corretamente os recursos poupados e como irá alocá-los de modo satisfatório, uma vez que, certamente, eles serão escassos.
Para tais ações, é imprescindível ressaltar o custo de oportunidade, o pleno emprego dos recursos disponíveis, a lei dos rendimentos decrescentes e os ganhos de escala. Na situação de pleno emprego, qual será o custo de oportunidade ao se substituir a utilização dos fatores disponíveis? Qual a solução mais adequada a cada caso? A organização da produção envolve rendimentos decrescentes ou ganhos de escala? Como o agente econômico pode ser mais eficiente?
Cabe ainda relembrar que a FPP (Fronteira de Possibilidades de Produção) é um conceito que relaciona alternativas de produção de dois ou mais bens quaisquer e que ao ser adequadamente analisada responde aos problemas fundamentais da economia. Ela pode ser aplicada, por exemplo, numa análise de investimentos da Bovespa. Percebe-se que a análise e a tomada de decisão no mercado financeiro, onde existe muita incerteza é subjetiva e não existem verdades definitivas.
Como as necessidades são ilimitadas, osindivíduos buscam justificativas para um consumo irrestrito e o mercado de capitais surge como uma alternativa muito viável para uma maior obtenção / maximização de recursos disponíveis. Sendo que com a globalização, os mercados se tornaram internacionais e os seus fluxos derivados também. Cabe questionar Qual é a melhor maneira de atrair os fluxos internacionais de capital? Que conseqüências negativas ou positivas podem surgir?
Quanto à economia de mercado é possível destacar que ela pode ser de livre mercado ou ainda ser um sistema misto, o qual possui um intervencionismo moderado no mercado. Note que estas diferentes situações podem influenciar significativamente o comportamento de um mercado, devido à sua formação de expectativas.
As trocas nos mercados implicam em formação de preços e geram uma informação de valor. Tal ato, apesar de exprimir uma média do comportamento coletivo exerce influência na ação de cada um dos agentes, isoladamente. Isto vale para todos os mercados, especialmente, para os que dependem da liquidez gerada através da especulação financeira, ou seja, os mercados do dinheiro (monetário, crédito, câmbio e de capitais).
Destaca-se ainda que os consumidores e os produtores reagem de modo diferente aos preços e que a sua formação pode ocorrer num modelo de equilíbrio parcial (só de um mercado agrícola) ou geral (pressupõe interdependência com outros mercados, por exemplo, o dólar).
3.2) Rendas, Investimento e Poupança: 
As rendas envolvem toda a remuneração dos agentes que participam do processo produtivo da economia (salários, juros, lucros e aluguéis). Antes de dissertar sobre os tipos de renda, cabe questionar: Como é a remuneração de cada um dos agentes no Brasil? Por que a renda é mal distribuída? Como é possível reverter este processo?
A renda interna é a dos agentes e equivale ao produto interno (nas fronteiras do país) num dado período de tempo. Já a renda nacional é a que se refere ao país, ou seja, a soma de todas as rendas auferidas por seus habitantes. No caso brasileiro, ela é medida pelo PIB.
A renda pessoal é a que efetivamente é transferida aos indivíduos depois que se deduzem: os lucros, as contribuições previdenciárias, os impostos, etc. Já a renda líquida do exterior depende do saldo dos valores recebidos e enviados. Sendo que o negativo é uma renda líquida enviada ao exterior e o positivo é um fluxo financeiro credor. Pode se perceber que nos países chamados de “pobres”, o saldo negativo de tal renda é comum, devido a sua dependência para com os países chamados de “ricos”. Então, como se pode reverter este processo?
O conceito econômico de investimento implica em ampliação de capital promovendo o aumento efetivo da sua capacidade produtiva. Sendo que este pode ocorrer em bens de capital e em estoques e resulta numa maior capacidade de gerar riquezas (rendas).
Note que o investimento é uma riqueza gerada e não uma transferência de propriedade entre agentes econômicos. A última sim pode ser considerada uma aplicação financeira. Veja uma aquisição de ações na Bovespa: normalmente, ela é uma transferência de posse de valores, por outro lado, se ocorrer um lançamento de novas ações existe a geração de riqueza para a empresa. Tal processo implica ainda, num aumento de produção futura e/ou criação de novos empregos.
A poupança é um conceito que envolve toda a renda que não foi consumida pelo agente e implica num consumo futuro. Ela é de fundamental importância porque irá financiar os investimentos e gerar futuras rendas. Em outras palavras, ela é capaz de proporcionar o crescimento econômico de um país.
Note que é necessária a ação de um intermediário financeiro (banco) para a viabilização do processo e com ele ocorre toda a realimentação do processo produtivo e até do efeito multiplicador da economia. Até que ponto a ação dos intermediários acontece de maneira ética? Como reverter o processo de ganho fabuloso dos poderosos?
Destaca-se ainda que uma baixa capacidade de poupança limita o crescimento, neste caso, o país precisa recorrer à poupança externa, a qual pode ser extremamente custosa. Até que ponto ela é viável?
Observe também que se os recursos poupados não são direcionados ao processo produtivo, como o país terá investimentos? Como irá gerar empregos? Como irá crescer? Conclui-se que se não ocorrer um direcionamento da poupança para o investimento, o ato de poupar pode se constituir num fator inibidor do crescimento.
Quanto ao produto gerado por uma nação, note que ele reflete um aumento de riquezas. Este pode se dar por uma maior capacidade produtiva ou por melhorias tecnológicas. Todavia, o ponto mais relevante é como as rendas estão sendo distribuídas aos agentes? E como a população pode, ou não, ter acesso à riqueza? O maior produto de um país implicou em melhoria do bem estar COLETIVO da população? O mercado financeiro pode também contribuir para a melhoria do produto e não necessariamente beneficiar a poucos, como? Até que ponto isto pode ser verdadeiro?
Deste modo, cabe lembrar a distinção entre crescimento e desenvolvimento econômico. O primeiro implica numa expansão da capacidade produtiva, sendo que a elevação da quantidade de bens e serviços gerada é proporcionalmente maior do que o aumento da população, de modo que aconteça um aumento de produtividade.
Já o desenvolvimento econômico irá avaliar outras variáveis como: Quais são as reais condições de vida da população, logo se trata de um conceito bem mais complexo do que o de crescimento econômico.
A economia de mercado visa, por meio da intermediação financeira, conciliar os interesses conflitantes entre poupadores e investidores. Assim, ela permitir que o crescimento econômico possa ocorrer. Com o sistema financeiro estruturado, o mercado adquire maior liquidez e uma oferta diversificada de recursos para o financiamento. O que implica num controle mais eficiente do risco inerente a tal atividade.
Note que a intermediação financeira só ocorre devido ao desequilíbrio entre a poupança e o investimento. E a sua função é cumprida quando o mercado permite uma interação eficiente entre os agentes e promove o crescimento econômico. Perceba que a eficiência, neste caso, requer que o risco que os agentes possuem possa ser diluído, logo, minimizado.
Capítulo 4 – “Moeda e Política Monetária”
4.1) Conceitos e funções da moeda:
A moeda é o meio oficial de pagamento utilizado nas transações que envolvem os produtos, ou seja, bens e serviços. Sendo que ela circula livremente e tem o poder de liberar as dívidas dos agentes econômicos. Com a moeda surge o fluxo monetário, o qual viabiliza todo o funcionamento do moderno sistema econômico.
A moeda é um intermediário financeiro que veio a substituir as trocas diretas (escambo) e com ela a economia obteve amplo desenvolvimento. Com o dinheiro foi possível eliminar problemas que dificultavam demasiadamente as trocas/negociações como: divisibilidade, dificuldades de transporte e dupla coincidência de necessidades, além do fato de algumas mercadorias serem perecíveis.
A moeda deve ser capaz de desempenhar três funções básicas: meio de troca, unidade de conta (medida de valor) e reserva de valor. Sendo que a primeira promove o intercambio dos produtos com maior agilidade nos mercados estabelecidos e proporciona um maior dinamismo na atividade econômica.
A unidade de conta é a função que possibilita as bases de comparações entre os produtos e serviços disponíveis num sistema econômico. Assim, ela serve como um parâmetro para o valor de cada um dos bens, na medida em que possibilita comparações, através dos preços entre os produtos.
A terceira função e talvez a mais importante no atual sistema capitalista em que o mundo vive, é a reserva de valor, ou seja, a capacidade de manutenção da riqueza, patrimônio dos agentes econômicos. Deste modo, percebe-se que a moeda é o ativo econômico que possui liquidez por excelência, uma vezque possui conversibilidade imediata e sem custos.
O problema surge em ambientes inflacionários, já que a moeda passa a perder o seu valor. Exatamente aí é que o mercado financeiro surge e permite a deseja contra tal processo. Isto se dá por meio das aplicações financeiras, as quais possibilitam inclusive, ganhos reais (correção monetária + lucro).
Note também que com o tempo, a moeda que possuía o lastro (garantia) no ouro passou a ser fiduciária, ou seja, baseada na confiança e na aceitação da mesma. Certamente, neste ponto, existe uma forte influência do governo que intervém com a política monetária (a ser discutida) e atualmente, até do mercado internacional, devido à globalização.
Porém, com estas mudanças, numa economia capitalista, o sistema financeiro possibilita a utilização de diversos ativos, inclusive o ouro que antes era apenas uma mercadoria. E os agentes econômicos possuem liberdade para agir em diversos mercados e com variados tipos de instrumentos.
Uma opção recente é o mercado de derivativos, o qual ganhou corpo a partir de 1970. Isto correu devido às grandes oscilações nos preços dos ativos financeiros. Tal processo implicou em riscos inesperados e fez com que a informação passasse a ser cada vez mais difundida e importante para o sucesso das operações.
Com a globalização da economia, os mercados tornaram-se cada vez mais interligados e dependentes uns dos outros. Assim, um passou a influenciar cada vez mais significativamente o comportamento do outro, veja, por exemplo, as maiores bolsas de valor do mundo. Com isto, também surgem novas opções de negociação nos mercados.
A questão mais relevante é: Os clientes das instituições financeiras e as diversas empresas passaram a demandar formas mais eficientes de financiamento e proteção para os seus investimentos e suas aplicações financeiras, logo a segurança é um ponto fundamental. O capital passou a fluir de modo mais eficiente, ou seja, com melhor retorno e menor risco.
Os derivativos podem ser definidos como contratos com o objetivo de trocar o valor dos ativos, índices ou “commodities”, sendo que este valor deriva (advém) do valor do objeto referenciado. O derivativo busca assim, transferir um risco indesejado a outra parte, assumindo em troca um risco diferente ou pagando para se livrar do risco original. Ele também é usado para definir uma grande variedade de instrumentos de financiamento que possuem características específicas de retorno.
Os derivativos envolvem diferentes mercados como: swaps (troca do resultado de aplicações entre as partes); futuros (preços de ativos referenciados em datas posteriores); opções (direito de ação previamente definidos); etc.
Pode se concluir que os derivativos prestam-se para a troca de um resultado financeiro obtido por meio de aplicações, num período de tempo, sobre um montante teórico inicial e utilizado para alterar a característica do risco do agente que o utiliza, de acordo com o seu perfil (conservador, moderado ou agressivo). 
4.2) Meios de Pagamento e Agregados Monetários:
O papel-moeda é emitido por meio de autorização legal das autoridades monetárias, porém uma parcela deste pode estar retida no Banco Central do Brasil (Bacen) e o saldo desta operação é o papel moeda em circulação na economia. Ainda pode se notar que os bancos retêm parte dos recursos em seus caixas, sendo: a moeda em circulação menos o caixa dos bancos igual ao papel-moeda em poder do público.
Os meios de pagamento são os haveres com liquidez imediata em poder do público e que servem como uma medida do nível de liquidez do sistema econômico. Este conceito possui algumas variações e já foi alterado ao longo da recente história econômica brasileira, de acordo com os interesses e as necessidades do governo e do bem estar da economia do país. Atualmente a sua classificação é a seguinte:
M1 = papel-moeda em poder do público + depósitos à vista nos bancos comerciais;
M2 = M1 + depósitos à vista nas caixas econômicas + títulos públicos disponíveis + saldos dos fundos de renda fixa;
M3 = M2 + cadernetas de poupança;
M4 = M3 + depósitos a prazo fixo + letras de câmbio e imobiliárias.
OBS.: 1) Os conceitos de M2 a M4 são os ativos considerados como “quase-moeda”.
 2) Os meios de pagamento são normalmente expressos em função do PIB e devem ser altos para que o governo possa exercer as suas funções de intermediação financeira.
Quando se percebe um processo inflacionário, reduzem os seus percentuais de M1, uma vez que tem que defender a moeda da desvalorização e assim, ocorre uma fuga para outros ativos, mesmo que não sejam os “quase-moeda”. Já com a inflação sob controle, a tendência é que o percentual de M1 se eleve.
A base monetária (M) representa, em suma, a oferta de moeda da economia: papel-moeda, depósitos à vista e encaixes (reservas) mantidas pelo Bacen. A base monetária representa a emissão primária de moeda e é muito significativa para a formulação e a avaliação da política monetária.
Para o Banco Central a base monetária é o passivo (obrigações e os seus ativos (deveres) são: reservas, empréstimos variados, carteiras de títulos públicos, etc.
4.3) Balanço do BACEN e a Base Monetária:
Aqui irá se discorrer sobre as principais contas que envolvem o balanço do BACEN:
Títulos Públicos: são as carteias de títulos públicos emitidas pelo banco e que visam controlar a liquidez da economia. Sendo que a venda de títulos capta recursos do mercado e contrai a base monetária e a compra tem o efeito inverso.
Moedas Estrangeiras: são mantidas para que se possa operar no mercado de câmbio, sendo que uma compra de moedas implica num aumento da base monetária e vice-versa.
Empréstimos ao Sistema Bancário: implicam em aumento ou redução do crédito disponível no sistema financeiro e conseqüentemente, em maior ou menor liquidez do sistema, o que ocorre de acordo com o desejo do Bacen.
Outras Contas do Ativo: são as aplicações em títulos privados, reservas em metais preciosos, empréstimos a instituições não comerciais, bens da instituição, entre outros.
Papel-moeda Emitido: é o saldo de moeda emitida que se encontra em circulação na economia.
Passivo não-Monetário: incorpora os depósitos dos bancos em geral, sendo: voluntários, compulsórios, títulos do Bacen no mercado, etc.
De acordo com os conceitos a base monetária será a diferença entre o total e os recursos não monetários que o bacen obtém. Sendo que o saldo dos recursos não monetários é que irá determinar as expansões / contrações na base monetária.
Certamente que é muito importante que o governo, através do Bacen, regule adequadamente o volume de moeda M1 = B disponível. Isto porque a sua má regulação poderá trazer sérios problemas como a inflação e ou a recessão econômica, entre os mais principais.
4.4) Demanda de Moeda:
Por que os indivíduos decidem reter moeda (M1) se é possível obter rendimentos por meio de sua aplicação? Segundo Keynes existem três razões principais:
Devido às transações: para que possam realizar pagamentos à vista e por uma certa falta de sincronia entre os recebimentos e os pagamentos. Note que o nível de renda é fundamental para que se possa avaliar este volume de recursos retido. Também cabe observar que recentemente ele vem sendo reduzido por causa das facilidades nas transações (cheques, cartões, etc.).
Devido à precaução: é a incerteza quanto a necessidade de seus fluxos. E se um indivíduo possuir boa liquidez este volume de recursos será menor.
Devido à especulação: é para que se possam aproveitar as boas oportunidades de negócios imediatos e depende da liquidez e rentabilidade das aplicações do agente.
A demanda por moeda oscila muito na economia e é fortemente influenciada pela renda (diretamente proporcional) e pelas taxas de juros, de modo inversamente proporcional. Para que se possa estabelecer um equilíbrio satisfatório no sistema econômico é muito importante definir a velocidade com a qual a moeda circula entre os agenteseconômicos. E esta nada mais é do que o modo como o estoque de moeda gira na economia. Logo:
Velocidade de Circulação da Moeda = PIB / Quantidade de Moeda.
Percebe-se que a velocidade de circulação da moeda é inversamente proporcional a quantidade ou demanda de moeda. Certamente que ela será influenciada pela taxa de juros (SELIC), aos hábitos do consumidor, as expectativas em relação ao futuro da economia (confiança no governo, Bacen, etc.).
Outro fator relevante é que os bancos comerciais podem criar moeda, o que os diferencia das outras instituições financeiras. O processo se dá através da utilização de parte dos recursos depositados pelos clientes sendo destinados para empréstimos, aplicações e como estes recursos são contabilizados como crédito em outras contas, há a criação de moeda, nesta transação. Esta criação poderia ocorrer indefinidamente, se o nível de reservas a ser mantido pelo banco não o limitasse. Na verdade cria-se moeda ao limite de (1/R).
O processo de criação de moeda é inerente ao objetivo dos bancos, ou seja, a busca do lucro. Isto porque os bancos trabalham com taxas de juros para empréstimos e outras transações, bem vantajosas. Por outro lado, o Bacen destina dois tipos de conta para os bancos comerciais:
Depósitos Compulsórios: os que são representados por um percentual dos depósitos dos bancos.
Depósitos de Livre Movimentação: é o dinheiro disponível para livre movimentação dos bancos + reservas em moeda escritural (bancária) junto ao Bacen (lastro de saldos negativos em compensação de cheques).
Note que os encaixes em moeda escritural visam atuar diretamente sobre as reservas bancárias, logo sobre a capacidade de criação de moeda pelos bancos. Já os compulsórios, representam um volume voluntário de recursos destinado pelos bancos, para tender as suas necessidades de caixa.
Assim, os últimos devem ser muito bem definido pelos bancos. Sendo fundamental estabelecer qual é a melhor relação risco retorno dos recursos, qual o nível de liquidez adequado, de oferta monetária, entre outros.
Capítulo 5 – “Formação dos Juros”
5.1) Conceitos:
Inicialmente, cabe relembrar que a taxa de juro reflete o preço do crédito, numa dimensão temporal e que o juro exprime o preço de troca dos ativos disponíveis num momento do tempo. Sabe-se que o juro oferecido pela disponibilidade imediata do bem deve remunerar o adiantamento de seu uso.
A taxa de juros, em qualquer mercado deve exprimir a remuneração exigida pelo agente econômico ao decidir postergar o seu consumo e transferir os recursos a outro agente. Deste modo, percebe-se que existe a participação de dois agentes econômicos: o poupador (consumo futuro) e o tomador (consumo presente).
Assim, a taxa de juros é definida pelas operações livremente praticadas no mercado e não imposta por decisões exógenas. Ela deve servir de balizador entre as decisões de consumo e de poupança dos agentes econômicos.
Neste sentido, Keynes afirma que: a taxa de juros deve ser uma taxa de referência do processo decisório do mercado financeiro. Assim, surgem as expectativas em relação ao retorno do capital e as opções de aplicação/investimento a serem realizadas.
É importante apresentar o conceito de “taxa preferencial temporal” dos agentes envolvidos no processo, a qual é definida em função da manifestação pessoal em relação a um consumo presente ou um consumo maior no futuro.
Pode se afirmar que num mercado livre, a taxa de juro será formada com base nas taxas de preferência temporal dos agentes possuidores de recursos e no retorno esperado dos que demandam recursos.
De certa maneira a taxa de juros exprime a confiança dos agentes em relação ao desempenho da economia e que em momentos de instabilidade econômica, as taxas de juros sobem, como reflexo da incerteza associada à decisão de seus agentes.
Cabe agora enfatizar a importância de cada agente econômico. Para tanto, relembra-se que as taxas de juros e os preços dos bens têm por finalidade homogeneizar os valores de um conjunto de bens, uma vez que os agentes ao tomar diferentes decisões permitem uma adequada distribuição temporal de suas preferências por consumo e por poupança.
As famílias que representam as pessoas físicas decidem entre compras a prazo e a vista, poupar e consumir, qual ativo aplicar, etc. E a decisão final centra-se nas taxas de juros do mercado, a qual permite uma avaliação da preferência temporal de cada um.
Ao considerar as empresas sabe-se que quanto mais baixa a taxa de juros, maior será a atratividade para novos investimentos. Para uma empresa, a taxa de juros reflete o custo de oportunidade de seu capital passivo, ou o preço a ser pago por recursos emprestados. E a decisão de investimento só deve existir quando o seu retorno esperado for superior ao custo do capital (juros).
Para o governo tem-se a noção de poder sobre a fixação da taxa de juros. Isto porque ele controla a política monetária, a qual regula temporariamente os níveis de taxa de juros do mercado. Ele também possui o monopólio dos meios de pagamento e dos títulos públicos, os quais são admitidos como ativos livres de risco.
A taxa de juro considerada pura ou livre de risco é a que precifica os ativos do governo no mercado e que serve de base para todo o sistema econômico. Porém, ela assume diversos valores de acordo com o risco oferecido pelas alternativas de aplicação.
A taxa pura embute unicamente a remuneração pelo sacrifício do consumo (poupança), logo ela representa o piso para a estrutura de taxas da economia. Assim, a remuneração de cada ativo envolve também o risco de cada uma das alternativas de investimento.
Pode se concluir que a taxa de juros do sistema econômico é a mínima e estará abaixo dos retornos oferecidos pelos ativos que não sejam títulos do governo. Também pode se afirmar que a taxa estabelecida livremente no mercado é a taxa referencial a ser comparada com os retornos oferecidos pelas aplicações e investimentos com risco disponíveis.
O COPOM foi instituído em 1996, no âmbito do BACEN e visa estabelecer as diretrizes básicas do comportamento dos juros no mercado monetário e definir as metas de acordo com os interesses das políticas econômicas do governo.
Ele realiza reuniões mensais, sendo decidida e comunicada a taxa meta para o financiamento dos títulos públicos, a SELIC. Esta pode vir acompanhada de um viés (tendência) de alta ou de baixa, o qual permite uma nova mudança de valor, durante o período até a próxima reunião.
O COPOM avalia três grupos de informação para tomar as suas decisões, são eles:
CONJUNTURA: são estudos sobre a atividade econômica e seus indicadores.
MERCADO CAMBIAL: é o que envolve o ambiente externo, as taxas de câmbio das principais moedas e o nível de reservas monetárias do país.
MERCADO FINANCEIRO: é o que envolve a liquidez do sistema bancário e do mercado aberto (títulos públicos).
5.2) Maturidade e Taxas de Juros:
Aqui será tratada a relação dos juros ao longo do tempo, ou seja, no curto e no longo prazo, considerando-se a prática dos mercados financeiro e de capitais. É importante analisar como e porque as taxas de juros variam ao tempo do tempo. Neste sentido existem três teorias mais importantes que serão discutidas a seguir:
1ª) Teoria das Expectativas:
Esta depende basicamente do comportamento dos agentes e propõe que a média geométrica das taxas de juros correntes de curto prazo e previstas para o ativo seja a sua taxa de juros de longo prazo. Certamente que isto varia com a maturação do ativo e então estas taxas oscilam, constantemente, no mercado e influenciam as decisões a serem tomadas por cada agente, uma vez que depende de sua formação de expectativas de ganho e do portfólio de investimento que desejam compor. Também é importante afirmar que a taxa de juros futura é uma projeção não viesada� das taxas esperadas de curto prazo.
Em termos práticos, o mercado financeiro oferece alternativas de investimento para os agentes e as suasexpectativas formam as taxas futuras de juros. Veja um exemplo: um ativo com prazo de dois anos rende 10% ao ano, sendo o seu rendimento acumulado de 21% no biênio [(1,10)2 – 1]. Uma estratégia de investimento envolve a compra de um ativo com prazo de um ano, rendendo 9% ao ano e deve se reaplicar o montante parcial, no ano seguinte. Assim, o rendimento esperado (TAXA FUTURA), pela TEORIA DAS EXPECTATIVAS será de 11,01% [(1,21 / 1,09 – 1)]. Neste caso, os rendimentos estariam equalizados no curto e no longo prazo.
A partir desta projeção de juros, o investidor poderá definir, ou pelo menos optar, por uma alternativa de investimento com mais segurança. Se a taxa de juros do mercado projetarem um retorno inferior aos 11,01% esperados é preferível investir no ativo de longo prazo. Já se as taxas projetadas forem superiores aos 11,01%, a melhor opção é o curto prazo. Lembre-se que toda esta análise é baseada em expectativas.
Também pode se afirmar que a análise do comportamento das taxas de juros conduz a um comportamento ESPECULATIVO do mercado financeiro, como um todo e que os investidores são indiferentes quanto à maturidade do título e irão selecionar a melhor decisão, a partir da mais alta taxa de retorno encontrada no mercado.
Quando não se esperam alterações significativas nas taxas futuras, o investidor será indiferente em qualquer prazo para aplicar os seus recursos. Certamente que a liquidez deverá ser um componente fundamental para a tomada de decisões do mercado.
(VER EXEMPLO QUE SERÁ DADO EM AULA).
2ª) Teoria da Preferência pela Liquidez:
Esta teoria admite que as taxas de juros de longo prazo devam ser superiores às de curto prazo, até mesmo porque deve se levar em conta o sacrifício do consumo realizado na opção de longo prazo. A teoria, além de afirmar que a equalização das taxas não ocorre de forma não viesada, diz que ativos com maior maturidade (prazo) devam incorporar uma remuneração adicional, pelo maior risco. Tal remuneração é o prêmio pela liquidez.
VERIFICAR GRÁFICO A SER PASSADO NO QUADRO.
De acordo com esta teoria, as taxas de juros futuras serão compostas de duas partes: as taxas futuras esperadas de curto prazo (Teoria das Expectativas) e o prêmio de liquidez. Este fato se justifica quando se considera o risco embutido em ativos de longo prazo, sem considerar a momentânea falta de liquidez. Deste modo só com a existência de um prêmio de liquidez (maior remuneração) é que se irá atrair agentes para ativos com maior maturidade.
Observe que mesmo se admitindo o reinvestimento sucessivo em outros ativos de curto prazo, a teoria da liquidez considera que os ativos de longo prazo ofereçam um retorno maior para os agentes. Também deve se considerar que quanto maior a incerteza, maior será o prêmio a ser pago pela falta de liquidez. Considera-se ainda que no caso da economia brasileira deve ser acrescentado um viés, devido as suas características especiais. E certamente que o comportamento da política econômica e em especial da política monetária é fundamental neste processo.
3ª) Teoria da Segmentação de Mercado:
Esta propõe que os agentes demonstram preferências bem definidas em relação aos prazos de vencimento dos ativos e as taxas de juros deverão ser arbitradas, livremente, pelos mecanismos de oferta e de demanda de cada mercado.
Neste caso, os mercados dos diferentes ativos tendem a encontrar o seu equilíbrio natural, de acordo com a maior ou menor presença de agentes captadores e aplicadores de recursos. Também deve se considerar, os diferentes níveis de preferência e de necessidade dos agentes que irão tomar as suas decisões de acordo com os variados tipos de ativos oferecidos no mercado (SEGMENTAÇÃO).
Pela teoria da segmentação, pode se dizer ainda que cada mercado irá encontrar o seu próprio equilíbrio, independentemente do comportamento dos outros mercados. Logo, pode ocorrer a existência de diferentes taxas de equilíbrio para os diferentes tipos de ativo existentes no mercado.
A teoria considera que as preferências por determinados prazos de vencimento são bem definidas no mercado e que não é comum um agente trocar de segmento na expectativa de obter maior retorno. Até mesmo pela minimização do risco e pela existência de informações variadas e assimétrica que circulam no mercado.
5.3) Fundamentos de Avaliação: Este item pretende estudar os diferentes tipos de taxas de juros existentes no mercado financeiro e as principais medidas estatísticas para a avaliação de ativos econômicos e para o estudo do risco no mercado financeiro. Percebe-se que a compreensão matemática dos fatos é uma importante ferramenta para a área de finanças como um todo, uma vez que muito se trabalha com dados reais e nominais, formação de expectativas, previsões, entre outros.
5. 3. 1) Principais tipos de taxas de juros:
1ª) Taxa Linear ou Proporcional: É uma taxa que sofre variações de modo linear (retilíneo) e proporcional (mantém a proporção a cada período), logo se trata da capitalização simples. Ela é utilizada no cálculo da remuneração real da caderneta de poupança, nas taxas puras (libor e prime rate), nas taxas de desconto bancário e no calculo da tabela price (financiamento). Seu cálculo será: n1 * i1 = n2 * i2 , onde: n = prazo e i = taxa de juros.
2ª) Taxa Equivalente: É uma taxa muito importante para os cálculos (raciocínio matemático) da capitalização composta, uma vez que esta possui um crescimento exponencial. Neste caso é importante saber bem as relações de intervalos de tempo e as suas padronizações no mercado financeiro. O seu cálculo será: iq = 
, onde: iq = taxa equivalente; i = taxa efetiva de juros; q = número de períodos da capitalização.
3ª) Taxa efetiva e os prazos envolvidos nos juros: Para compreender a formação da taxa de juros é muito importante saber distinguir dois prazos: 1) o prazo a que se refere, especificamente, a taxa de juros e 2) o prazo de ocorrência (capitalização) dos juros. Veja um exemplo: o juro da caderneta de poupança é de 6% ao ano, com incidência de rendimentos mensais sobre o principal. Neste caso, a taxa proporcional é de 0,5% ao mês (6% / 12 meses) e irão ocorrer 12 capitalizações no período. Logo, a taxa efetiva será:
i EF = (1 + 0,05)12 – 1 ( i EF = 6,17% ao ano.
Pode se concluir ainda que a taxa efetiva está associada ao tipo de taxa de juro utilizada nos períodos de capitalização. Sabe-se que o uso da taxa proporcional promove uma taxa efetiva mais elevada que a taxa implicitamente declarada para a operação, ocorrendo de as taxas serem absolutamente iguais na hipótese de se adotar a taxa equivalente.
4º) Taxa por dia útil (Taxa over): Esta é uma taxa de juro nominal, com capitalização diária e valida, somente, para os dias úteis do mês. Essa taxa costuma ser expressa ao mês, até para uma melhor referência para o mercado e é obtida pela simples multiplicação da taxa diária por 30. Veja um exemplo: A taxa OVER é de 2,4% ao mês e considera-se 22 dias úteis no mês. Logo, a taxa por dia útil será a proporcional (2,4% / 30) de 0,08% ao dia. Já a taxa efetiva apurada na capitalização será: i EF = (1 + 0,0008)22 – 1 = 1,77% ao mês.
Conclui-se que a transformação da taxa OVER em taxa efetiva será: i EF = [(1 + OVER / 30)du –1], onde: OVER = taxa nominal mensal; du = número de dias úteis do mês.
Já o processo inverso será: OVER = [(1 + i EF)1/du –1] * 30. Exemplo: Sendo a taxa efetiva de 2,1% ao mês, o du = 21, qual a taxa OVER? OVER = [(1 + 0,021)1/21 –1] * 30 ( OVER = 2,97% ao mês. 
5ª) Taxa Real de juros: Ela é a taxa de juros que representa a receita ou encargo financeiro livre dos efeitos inflacionários (perda de poder aquisitivo da moeda). Com ela, é possível calcular o resultado real de uma operação financeira. Sendo a taxa efetiva praticada numa operação: i EF = [(1 + r) * (1 + INF)] – 1, onde: i EF = taxa efetiva de juros que incorpora uma expectativa de inflação; r = taxa real de juros; INF = taxa de inflação (baseada num índice de preços). Veja um exemplo:O custo de um empréstimo, em dólares, atinge 15% ao ano mais a variação cambial. A taxa real cobrada é de 15% ao ano, a desvalorização da moeda nacional é de 8,5% ao ano, logo a taxa efetiva da operação será: i EF = [(1 + 0,15) * (1 + 0,085)] – 1 ( i EF = 24,78% ao ano. Deste modo Fischer deduziu a taxa real como: r = 
.
Questionário (Referência de Estudo para o 1º bimestre)
Comente a respeito das instituições bancárias brasileiras, com destaque para o Banco do Brasil.
Fale a respeito das principais funções do Bacen e comente a sua importância como autoridade monetária brasileira.
Discuta a respeito dos principais objetivos do CMN.
Discuta a respeito dos principais objetivos da CVM.
Comente a respeito das outras instituições do SFN.
Fale a respeito dos principais tipos de carteiras das instituições operativas do SFN.
Como podem ser diferenciadas as instituições monetárias das não monetárias?
Fale a respeito das principais vantagens dos Bancos Múltiplos.
Discorra sinteticamente sobre os 4 tipos de instituições não monetárias.
Comente a respeito da importância da economia para o mercado financeiro.
Como pode se aplicar os conceitos de custo de oportunidade e FPP numa situação prática do mercado financeiro?
O que você entende por especulador, risco, eficiência, incerteza e expectativas num contexto do sistema financeiro nacional?
O que você entende como equilíbrio parcial e equilíbrio geral, num contexto do mercado financeiro?
Questionário (Referência de Estudo para o 2º bimestre)
Comente a respeito da importância da economia para o mercado financeiro.
Como pode se aplicar os conceitos de custo de oportunidade e FPP numa situação prática do mercado financeiro?
O que você entende por especulador, risco, eficiência, incerteza e expectativas num contexto do sistema financeiro nacional?
O que você entende como equilíbrio parcial e equilíbrio geral, num contexto do mercado financeiro?
Defina moeda e comente a respeito de sua importância como intermediário financeiro?
Discorra a respeito das três funções básicas da moeda.
Fale sinteticamente sobre o mercado de derivativos e a sua importância para o sistema financeiro nacional.
O que se entende por meio de pagamento?
Qual a classificação atual dos meios de pagamento no sistema financeiro do Brasil? Fale o que envolve cada um deles.
 O que se entende por base monetária?
 Discorra sobre as principais contas que envolvem o balanço do BACEN.
 Segundo Keynes, quais as três razões para reter moeda?
 O que se entende por velocidade de circulação da moeda? Fale a respeito de sua importância para o sistema financeiro nacional.
 Fale sobre os dois tipos de conta que o BACEN destina para os bancos comerciais.
 Como se pode conceituar o termo “juro”?
 Qual a importância de cada agente econômico no processo de formação dos juros numa economia?
Fale a respeito do COPOM, não deixe de comentar a sua importância no atual momento da política econômica brasileira.
Cite e comente as três teorias mais importantes a respeito das taxas de juros.
� O viesamento é referente ao vício de informações. No caso de um modelo matemático, a informação viesada é viciada e vale para um resultado confiável da análise.
_1145861402.unknown
_1145865896.unknown